Família Addams WENCLAIR escrita por raexgar001


Capítulo 7
O desafio da responsabilidade


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, erros ortográficos por favor avisar, eu já revisei algumas vezes, porém sempre pode passar algo despercebido



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Lobisomens tinham o olfato mais apurado do que qualquer outra criatura, isto é um fato, então sentir certos aromas incapazes por narizes comuns é algo normal. Tudo na vida tem um cheiro especifico, os seres humanos tinham aromas engraçados segundo Enid, odores tão específicos que só faziam sentindo para outros lobisomens. Pessoas boas variavam de “amanhecer”, “primavera”, “brisa em dia de calor”, “terra molhada”. Sempre distintas, nunca repetidas, porém odores agradáveis. E pessoas ruins, seguindo a lógica era o oposto disto, “sangue velho”, “fumaça”, “frio da madrugada”, entre tantas outras.

“Mamãe, o seu cheiro ta diferente” – Foi o que Lúcifer comentou, há dois meses atrás.

Foram dois meses que a loira ignorou o comentário do filho, achando ser apenas um “delírio” entre o sono e a realidade visto que o garotinho estava bastante cansado e logo adormeceu. Um erro? Talvez. Ela deveria ter levado em conta que, como um licantropo, ele estaria sujeito a notar certas mudanças assim como ela e os demais lobisomens – e até certos vampiros – percebiam. Definitivamente se seguisse este raciocínio não teria ficado tão desesperada quanto ficou ao sentir fortes dores – que a princípio achou serem cólicas menstruais – no baixo ventre. 

Gravidez silenciosa era o nome. Não foi sentida e nem identificada durante os longos nove meses que gerava seu terceiro bebê. Wednesday preparava o almoço quando teve que socorrer Enid, por ser um final de semana as crianças estavam na mansão Addams brincando com os primos, então as mulheres fizeram o trajeto sozinhas no carro. Quando o médico lhes informou que Enid estava em trabalho de parto Wednesday riu, pela primeira vez, na frente de alguém que não era um familiar ou conhecido. Em meio ao desespero de socorrer a esposa a latina achou graça no humor do médico, piadas em momentos inoportunos, ela apreciava isso, porém eram poucos os que o faziam com perfeição na opinião dela, por este motivo não achava graça na esmagadora maioria das vezes. Enid a princípio achou engraçado assim como a mais baixa, mas ao sentir novamente mais uma contração ela entrou em desespero pela possibilidade de ser real.

Não houve “tempo”, nem preparo familiar para a chegada da criança, antes mesmo de processar a informação como sendo correta, a primogênita dos Addams já estava devidamente vestida com a roupa hospitalar, Enid acabará de quebrar sua mão ao apertar com força depois de sentir uma forte contração e minutos depois o choro do terceiro mundo delas.

— Eu não posso acreditar – Riu chorosa Enid, os cabelos grudando no rosto, a pele suada pelo esforço, quase duas horas de trabalho de parto, nos seus braços embolado em um lençol branco de hospital estava uma bebê que mamava faminta – Eu não consigo acreditar que... Ela é tão linda.

— Ela é perfeita mi cariño – Wednesday deixou com que a recém nascida agarrasse seu indicador com sua mãozinha apertando com toda força que um bebê que acabará de nascer possuía – Qual será o nome?

— Eu não sei... – Riu mais uma vez, a voz um pouco chorosa ainda, Enid estava cansada, porém radiante – Que tal Emma?

— Bem vinda ao mundo Emma, você nos deu um baita susto – A latina sorriu, ela ainda não sabia o que sentir direito, além de muito amor e felicidade, claro.

Assim como Enid a latina não conseguia acreditar, mas estava ali na sua frente, segurando com força seu dedo e aconchegada nos braços da mulher da sua vida. Emma tinha cabelinhos ralos e pretos como Wednesday, na verdade, a pequena era uma perfeita cópia da morena. As bochechas salpicadas com sardas, a pele meio pálida, e surpreendentes olhos tão negros que chegavam a ser mais escuros que os da própria Wed e sua filha Larissa. Aos poucos a ficha ia caindo, elas tiveram mais um bebê!

Enquanto Enid descansava e Emma estava na incubadora, Wednesday terminava de enfaixar sua mão, a enfermeira que se pôs a lhe ajudar ficou surpresa quando a morena sozinha colocou sua mão – que tinha apenas se deslocado – de volta no lugar, sem gritos, sem expressão de dor, apenas um pequeno sorriso. Quando terminou levantou-se e seguiu para fora do hospital, entrou no carro e dirigiu até a loja de bebê mais próxima comprando tudo que lhe agradava.

“Enid não vai gostar, mas ela não está podendo escolher no momento” – Pensou enquanto jogava no carrinho alguns macacõezinhos pretos para a filha. Tudo no carrinho seguia a mesma paleta de cores, preto ou listrados preto e branco.

No domingo as mulheres não apareceram para almoçar com os Addams como normalmente faziam e muito menos no fim do dia foram buscar os gêmeos. Wednesday apenas ligou rapidamente sendo atendida por Tropeço que estava próximo ao telefone residencial, disse-lhe que não poderiam ir naquele dia e pediu para que as crianças passassem mais uma noite com os avós, depois ela explicaria. Lúcifer que passava pelo local escutou brevemente a conversa e contou a irmã, por um breve momento os gêmeos ficaram preocupados, porém logo abandonaram o sentimento, eram Enid e Wednesday Addams afinal, nada abalava as mães, logo mais estariam por ali na manhã seguinte e de fato estavam certos.

Segunda as 10h da manhã o carro da família estacionou na frente da mansão mal assombrada, as crianças animaram-se quando avistaram o automóvel passar pelos grandes portões da entrada, suas mães estavam de volta! Mortícia e Gomez saíram para acompanhar os netos até o carro e se despedirem acreditando que a filha e a nora não ficariam para o almoço visto que Enid estaria trabalhando naquele dia, mas quando Wednesday abriu a porta do passageiro e revelou o pequeno embrulho nos braços de Enid eles pararam o caminhar, extremamente surpresos.

— Surpresa! – Enid riu achando graça das expressões dos sogros, bem parecidas com a sua quando descobriu que estava em trabalho de parto.

— Mamãe, Papai, quero lhes apresentar Emma Addams – Wednesday exibiu aquele sorriso orgulhoso, o mesmo que dera ao noticiar a família sobre a primeira gravidez que gerou os gêmeos.

— Um bebê?! – O gritinho fino de indignação de Lúcifer chamou a atenção das mães para ele e a irmã que mesmo tendo uma expressão bem neutra em seu olhar aparentava estar tão “indignada” quanto o gêmeo ao lado.

— Pugsley, Ophelia venham aqui! – Gomez gritou animado pelo casal dentro da mansão, rindo de braços abertos aproximou-se das mulheres lhes dando um abraço caloroso – Parabéns meu escorpiãozinho!

— Obrigada pai – Wednesday respondeu prontamente, sua mão repousando carinhosamente na cintura de Enid, a latina estava orgulhosa e contente pela nova vida que criaram juntas.

— Parabéns minha querida – Mortícia direcionou seu olhar a Enid enquanto afagava-lhe os cabelos carinhosamente.

— Obrigada Mortícia – A licantropo sorriu abertamente, feliz demais pela recepção.

Enid sabia que os Addams não fariam alarde por causa da gravidez “não contada”. Como repórter, ela já havia entrevistado alguns casos de modelos e estilistas que tiveram a carreira interrompida por causa da gravidez silenciosa, geralmente não tendo apoio de familiares ou amigos que as julgavam, pensavam que havia sido uma escolha da mulher não contar sobre a gestação e que ela os “excluíram” de certos eventos, evitando gastar dinheiro com o bebê para manter o padrão de vida antigo – encaravam isso como uma forma de “não amor a criança”, como se a mãe não se importasse com o bebê, apenas consigo mesma - No fim, eles não tentavam entender o lado dessas mulheres e ignoravam a possibilidade real de existir uma gravidez silenciosa. Não era falta de amor pelo filho, não era pela ganancia, não era para excluir os amigos, apenas era porque não sabiam que estavam gravidas e isto é normal, esse tipo de gravidez existe, elas não eram monstros por passarem por isso e Enid tinha sorte pela família ser tão acolhedora, nem mesmo Wednesday ficará com “raiva” ao saber apenas naquele momento que a loira já estava em trabalho de parto, muitos parceiros ficavam irritados por pensarem que as esposas haviam omitido sobre a gravidez.

— Ah não fode! – O grito de Pugsley fora ouvido das escadarias que levavam a porta principal de entrada da mansão. O homem barrigudinho com bigodes perfeitamente aparados iguais aos do pai, tinha seus olhos arregalados perante o sorriso satisfeito da irmã – Não é justo querer empatar essa competição de bebês logo agora Wednesday!

— Não estou competindo irmão – A latina soltou com desdém, divertindo-se internamente com o desespero do caçula, Ophelia esposa de Pugsley, havia feito recentemente uma cirurgia para não gerar mais filhos - Caso contrário você perderia de qualquer forma – Deu de ombros por fim.

— Parabéns Enid, é a carinha da Wednesday, qual o nome? – Ophelia ignorou o marido aproximando-se para enxergar melhor o bebê, atrás dela vinham os filhos curiosos, todos uma perfeita mistura de ambos os pais.

— Emma – Sorriu em resposta.

Enquanto a pequena Emma que acabará de chegar ao mundo recebia toda atenção dos avós, tios e primos – inclusive de Thing e Tropeço – os gêmeos trocavam olhares invejosos. Suas mães esqueceram deles por causa daquela coisinha?

 Emma Addams estava com seus dias contados!

[...]

A volta para casa havia sido silenciosa, as crianças não demonstraram interesse em conhecer a irmãzinha. As mães até tinham lhes apresentado a caçula antes de entrarem no carro, os gêmeos, porém apenas encararam a bebê rapidamente, analisando o alvo. Logo depois, sem abraços, beijos ou palavras de cumprimento e afeto, como normalmente fariam, entraram no veiculo e esperaram que as duas adultas fizessem o mesmo.

Almoçaram em um restaurante e ao chegarem em casa, tiveram que ajudar Wednesday com a mudança do escritório para outro quarto, visto que ele era o maior da casa e acharam que Emma merecia já que não era uma suíte como os quartos dos gêmeos e do casal. Após a mudança, também ajudaram a mãe com a montagem dos moveis da caçula, mesmo com oito anos, eles eram espertos e habilidosos em diversas coisas, marcenaria estava inclusa. Terminaram tudo perto do jantar, exaustos foram tomar um banho e quando desceram para comer a mesa não estava posta e muito menos havia algum indicio de comida preparada ou sendo feita.

— Desculpem crianças, a mãe de vocês está descansando no quarto – Wednesday surgiu balançando uma bebê sonolenta nos braços – E estou a algum tempo tentando por a Emma para dormir, acabei não tendo tempo de cozinhar algo. Vocês se viram né?

Os gêmeos se entreolharam compartilhando de uma raiva que crescia pouco a pouco pela fala de atenção das mães. Cozinhar não era problema, eles sabiam preparar diversas comidas, eram habilidosos em cortes com faca e, mesmo a contra gosto de Enid, eles eram bons com o fogo.

— Tudo bem – Larissa foi quem respondeu antes de seguir caminho para a cozinha junto ao irmão.

— Obrigada, vocês são incríveis – Wednesday elogiou de fato agradecida pelos filhos lhe ajudarem, fazia tempo que ela não enfrentava o tal do “desafio da adaptação”, com a chegada repentina da pequena não houve qualquer preparo até mesmo para instruir e explicar aos filhos certas coisas.

Os gêmeos prepararam juntos o jantar daquela noite, Emma adormeceu quando a comida ficou pronta e Enid se juntou a mesa segundos antes de sentaram-se para comer. Por um período de tempo os irmãos haviam esquecido do incomodo que dormia em um berço de cor branca no quarto acima deles. Conversaram normalmente, coisas do dia a dia, dicas interessantes que Wednesday dava sobre algumas espécies de monstros, piadas que Enid contava e que Lúcifer ria até sair suco pelo nariz.

Um fim de noite normal e perfeito.

Mas então um choro cortou a noite. Cada qual em sua cama e em seu devido quarto. Reviraram-se quando a bebê acordou chorando, ouviram os passos das mães passando pelo corredor indo para o quarto ao lado de Larissa. Lúcifer tapou os ouvidos com o travesseiro, sua audição apurada fez-se presente para tortura-lo com os berros da caçula. Larissa não estava tão distante da tortura que o irmão sofria, pois dormia no quarto ao lado da irmã, escutava tudo perfeitamente. E isto se repetiu diversas vezes ao longo da noite e madrugada a dentro. Por um momento Lúcifer saiu para reclamar a mãe que sua audição lupina estava lhe incomodando, mas ela não lhe deu atenção.

— Desculpa meu amor, eu estou tentando fazer sua irmã dormir. Podemos conversar amanhã?

Lúcifer nunca havia sido ignorado, ela sempre arrumava um jeito de lhe escutar, sempre. Aquilo lhe deixou levemente bravo.

— Eu acompanho você até o quarto – Wednesday que estava ao lado da loira para lhe dar assistência se propôs a acompanhar o filho.

— Não – Respondeu rapidamente, o semblante fechado - Eu sei o caminho.

O garotinho não esperou respostas, comentários ou nada do tipo. Virou-se e a passos pesados e irritados voltou para a cama, no processo bateu a porta com força.

— Já entramos na fase da rebeldia? – Wednesday questionou a esposa sobre o filho, Enid rapidamente negou enquanto ainda encarava o caminho que o pequeno fizera. Assim como Wedneday, Enid ficou confusa e surpresa pela reação repentina.  

[...]

Nos dias que se seguiram foram de inveja acumulada pela irmãzinha e tentativas falhas de se livrarem da pequena. Os irmãos mais velhos tinham ciúmes da atenção que a mais nova recebia, das desculpas que as mães davam e do trabalho que eles estavam tendo, tanto nas tarefas da casa quanto nas ideias de se livrarem de Emma. Tentaram fazer Lion atacar a garotinha que mesmo tendo poucos dias de vida conseguiu fazer com que a tarântula se apegasse a ela e consequentemente não a machucasse. Tentaram colocar ela na lata de lixo no dia da coleta, na esperança de que o caminhão de lixo a levasse, porém Wednesday a encontrou quando foi descartar alguns papeis velhos e lhe trouxe de volta. Tentaram até mesmo derrubarem com os – recentes descobertos – poderes psíquicos de Larissa o mobile de facas – outro presente de primo It que soube que o antigo mobile que ele dera no nascimento dos gêmeos havia sumido misteriosamente. Enid desta vez não teve escapatória, pois a latina o pendurou acima do berço -   porém quando o objeto de enfeite caiu descobriram que as facas eram de borracha, espantando até mesmo Enid que nunca havia visto trabalho tão realista na vida.

Tentaram de tudo que poderiam imaginar, mas o universo parecia querer manter Emma respirando e ao lado das mães, onde eles deveriam estar e não ela. Neste meio tempo, Lúcifer e Larissa ficaram meio ariscos, poucas palavras – algo comum vindo da garotinha, porém incomum para o menino – e tons irritados nas falas eram quase sempre presentes o que deixaram as mães preocupadas, elas suspeitavam do motivo e tinham ciência das tentativas dos filhos em sumirem com Emma – Obrigando Enid a marcar terapia para ambos os filhos pelas tendências psicopatas parecidas com as de Wednesday, eram Addams afinal, todos os membros tinham gostos e tendências bem incomuns, mas tinha medo de que as crianças realmente fizessem algo do nível “tirar a vida de alguém” – Também tinha conhecimento que precisavam conversar com eles e escutarem suas frustações para que pudessem sana-las.

— Crianças, vocês têm um minutinho pra conversar? – Enid perguntou ao aproximar-se junto a esposa dos filhos que estavam deitados no sofá assistindo a um filme de terror infantil sobre olhos de botões ou algo do gênero, Enid não prestou atenção na tela da TV.

Os pequenos se entreolharam rapidamente antes de Lúcifer responder com certo desdém:

— Nós temos, mas e vocês? Emma não está precisando de atenção ou algo assim?

Desta vez foram as mais velhas que trocaram olhares antes de Enid continuar:

— Queremos falar justamente sobre isso – A lupina sentou-se ao lado do garotinho - Desses ciúmes que vocês sentem dela.

— Não temos ciúmes – Respondeu Larissa, parecia que ela estava ofendida com acusação.

— Nós sabemos o que tentaram fazer – Wednesday tomou a fala ao sentar ao lado da menina – Inclusive tive até algumas visões.

Por isso o plano com o vazamento de gás não funcionou — Larissa murmurou baixinho irritada.

Enid piscou algumas vezes, surpresa que eles realmente tentaram fazer algo do tipo. Se Wednesday não tivesse solucionado o problema ela muito provavelmente teria sentido o cheiro com o seu olfato apurado e faria algo a respeito. Ainda assim, eles foram longe demais.

— Vocês não amam sua irmã? – Enid questionou.

— Pra que ela precisa do nosso amor se já tem o de vocês só pra ela? – Lúcifer respondeu bravo cruzando os braços.

— Isso não é verdade! – Enid rebateu magoada, seu peito apertou com a resposta, ela amava todos igualmente, pensou que demonstrasse isso mas pelo visto estava enganada.

— Como não é verdade? A senhora nem quis saber do meu problema por causa da Emma — Sibilou o nome da caçula – Agora é só Emma isso, Emma aquilo.

— Eu te ouvi filho – A loira retirou do bolso uma caixinha – Demorei a te entregar porque é difícil encontrar um desses, principalmente se você for um exilado.

Curioso o garotinho pegou a caixinha entre os dedos, ela era preta com uma pata de lobo desenhada em dourado na tampa, quando abriu deparou-se com seu interior simples de madeira e pintado de vermelho, dentro havia dois tampões de ouvido especiais para lupinos, caros e raros.

— O choro dela te incomoda, então achei que isto serviria – Explicou quando notou a expressão surpresa de Lúcifer ao abrir a caixinha.

 O garotinho parecia agora não mais bravo, porém envergonhado de achar que ela não se importou de fato com seu problema auditivo, culpou-se por desejar que se Emma também fosse lobisomem sofresse do mesmo tanto.

— Ta o Lúcifer agora vai dormir, mas e eu? – Larissa se pronunciou indignada.

— Posso arrumar alguns abafadores de ouvido para você – Wednesday respondeu – Usávamos com as mandrágoras na aula de herbologia em Never More, devem servir.

— Sei que eu e sua mãe não devemos ter agido da melhor forma com vocês – Enid retomou a conversa – Ignoramos o fato de que assim como nós duas vocês também não estavam preparados para a chegada de Emma.

— Deveríamos ter conversado antes, explicado como é ter um bebê na casa – A latina continuou - Se para nós é difícil para vocês não deve ser legal passar por isso sem nem um tipo de instrução ou ajuda.

— Não foi fácil mesmo – Lúcifer respondeu meio choroso, ele era o mais sensível e havia sofrido com a falta de atenção incomum.

— Eu sei, me desculpe – A loira abraçou o filho rapidamente deixando um beijo no topo da sua cabeça - Agora as coisas vão ser diferentes.

— Só peço que da próxima vez nos avisem se algo estiver incomodando vocês – Wednesday pediu – Adultos também erram, nem sempre vamos conseguir ser as melhores mães do mundo, mas vamos tentar. Tudo bem? – Estendeu o dedinho mindinho para Larissa que prontamente entrelaçou com o seu.

— Tudo bem mama.

Houve alguns longos segundos de silêncio, os irmãos pensativos demais sobre a forma como agiram com a caçula da família. Sentiram-se imaturos, mesmo que as mães não estivessem lhes cobrando maturidade – até mesmo porque são apenas crianças ainda e estavam agindo como tal – eles pensaram que poderiam agir de forma melhor e que a mais nova não tinha culpa alguma.

Naquele mesmo dia os irmãos começaram a participar mais no processo de cuidar da bebê, ajudando com o banho ou vigiando ela no carrinho enquanto assistiam Tv na sala. Com o passar dos meses os três tornaram-se inseparáveis, quando os mais velhos voltavam da escola corriam para cumprimentar a irmã no berço, Lúcifer lia os contos de romance e Larissa recontava os contos de terror que Wednesday criava, gostavam de ficar os três na cama de casal das mães com um projetor virado para o teto, onde podiam ver as estrelas projetadas já que Emma não podia ficar do lado de fora por ser frio demais para ela. Larissa apontava para as constelações contando sobre suas histórias enquanto Lúcifer comentava sobre cada conto, dando sua opinião dos personagens e das suas atitudes as vezes idiotas, Emma acabava dormindo durante essas conversas.

— Ei cara mia.

— Sim mi amor? – Enid parou o caminhar, estava voltando do quarto de Larissa onde tinha acabado de guardar suas roupas recém lavadas.

— Eles dormiram novamente – Wednesday apontou com a cabeça para dentro do quarto, ela tinha ido verificar o motivo do silêncio dos filhos quando os notou dormindo na cama, o teto ainda exibindo estrelas que o projetor transmitia.

— Oh meus bebês – Enid sorriu boba, se aproximando da esposa para ver melhor os filhos – Deixamos eles dormindo ou levamos pros quartos?

— Deixa eles, não quero ter trabalho.

— Preguiçosa – Enid riu abafado – Onde vamos dormir então?

Wednesday observou os filhos dormindo profundamente depois voltou sua atenção para a licantropo e então sorriu maliciosamente.

— E quem disse que vamos dormir esta noite?


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