La Belle Anglaise escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 14
13. Sensações.




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Parada na frente de Wilhelm, a princesa prendia sua respiração. Surpreso, o príncipe apenas encarava a esposa, calado.

— Eu estou aqui, Wilhelm.— Embora ela ainda não acreditasse nisso. Poderiam acontecer duas coisas com Katherine, e uma seria sua ruína.— Não vai falar nada?

Com essa nova pergunta ele saiu do próprio transe.

— Me surpreende que você mesma tenha vindo.

— Eu não fujo das minhas lutas. Você sabe disso.— O que não significava que ela sempre vencia. Dando de ombros, o príncipe sentou na cama e sinalizou para ela continuar.— Não, quem deve falar é você. Agora que meu romance com Frederik Adolf foi descoberto, o que você fará?

Afinal, Wilhelm era um homem, ele tinha muitos privilégios. Anular o casamento era impossível, mas Katherine não tinha a menor ideia das dimensões dos sentimentos de Wilhelm. Ela... tinha um pouco de medo. Um medo que ficava maior com o silêncio dele.

— Eu? O que eu poderia fazer?— Muitas coisas. Wilhelm riu irônico.— Você ama outro, esse é o fato.

— Você dirá apenas isso?— Estava saindo muito barato.

— Estou magoado, se era essa sua dúvida, está sanada agora.— Wilhelm falava tão direto que doía.— Eu... eu pensava que tínhamos um vínculo, Katherine, que havia algo nos aproximando, mas... eu estava enganado.

— Somos casados, Wilhelm.— Um sorriso irônico surgiu nos lábios do príncipe, ele negou com a cabeça.— Não faça assim. Nós temos um vínculo.

— Será mesmo?— O que ele queria dizer com isso? Estava doendo, mas ela permanecia em pé dignamente.— Somos casados realmente, mas você não me ama.

— Existem milhares de casamentos sem amor nesse mundo!— Não conseguindo aguentar, Katherine respondeu alterada.

— Você ama outro!— A resposta de Wilhelm foi igualmente alta, o rosto da princesa suavizou.— Me pergunto se você sabe realmente o que é amor e paixão?

— Meus sentimentos por Frederik Adolf são sinceros.— Apesar de tentar, Wilhelm desviou o olhar ferido. O coração de Katherine doeu com essa visão, mas ela continuou com voz trêmula.— E os dele também são.

Pelo menos era isso que ela acreditava, que Frederik Adolf a fez acreditar. O casal novamente ficou em silêncio, para ambos essa conversa estava sendo difícil. Tentando aproximar-se do marido, Katherine deu alguns passos para perto de Wilhelm, mas ela parou. Percebendo essa aproximação, ele voltou a encará-la.

Esse olhar... Katherine mordeu os lábios para não falar nada, ou sua voz iria tremer. Os olhos de Wilhelm estavam tão cheios de... dor.

— Mas e nós? E eu!? O que você sente por mim, Katherine!?— Muitas coisas, tantas que ela nem poderia falar. Percebendo suas próprias palavras o príncipe virou o rosto.— Você acha que é bom dormir com sua esposa, sabendo que ela ama outro?

— Não seja assim tão orgulhoso, Wilhelm.— Dessa Katherine nem mesmo se importou com a voz trêmula e caminhou para o marido.— Não posso fazer nada!

— Orgulho? Isso não é orgulho é a verdade!— Ofendido com as palavras dela, Wilhelm levantou e falou alto.— É como eu me sinto!

Tudo não passava de sentimentos, e sentimentos muito fortes. Percebendo sua própria alteração, Wilhelm voltou a sentar na cama, agora escondendo seu rosto entre as mãos. O que eles poderiam fazer? O que ela poderia fazer? Ambos eram casados, estavam juntos e tinham fortes sentimentos, mas... havia Frederik Adolf.

Fechando seus olhos, Katherine tentou acalmar seus sentimentos. Quando isso tornou-se impossível, ela simplesmente caminhou até Wilhelm e silenciosamente sentou ao lado dele. Tudo isso era tão angustiante, mas por algum motivo, Katherine sempre sentia um calor e ternura quando estava com o marido.

— Devemos aceitar e viver, Wilhelm.— Ele continuou calado, com o rosto escondido.— Não existe outra opção.

— E isso é o pior de tudo.— A voz saiu abafada, mas a tristeza ainda era perceptível a Katherine.

— Eu gosto de você, Wilhelm. Quando estamos juntos sinto-me tão... eu me sinto quente, protegida e... f-feliz.— Que coisa mais difícil de falar. O coração de Katherine quase pulava da boca. Lentamente Wilhelm voltou a encarar a esposa, surpreso.— Olhe como os sentimentos são estranhos.

— É assim que você tenta me alegrar?— A princesa sorriu e deu os ombros. O príncipe fechou os olhos.— O que faremos agora?

Ele estava perguntando a ela? Wilhelm realmente estava deixando Katherine escolher? Isso era tão... A princesa estava sem palavras. A única coisa que Katherine fez, foi pegar a mão do marido, sentir o reconforto e sorrir.

— Vamos viver, Wilhelm. Vamos aproveitar nossa vida. Nosso casamento.— Até talvez um dia Frederik Adolf desaparecer. Voltando-se a esposa, Wilhelm acariciou o rosto de Katherine com a outra mão.— Façamos isso, apesar das sombras... algumas mais escuras que outras.

As carícias de Wilhelm continuaram, ele encarava a esposa com paixão. O olhar de Katherine estava focado nos dois oceanos azuis do marido. Wilhelm aproximou-se e a princesa fechou os olhos.

— É isso que você quer?— Apertando novamente a mão dele, Katherine assentiu. O rosto de Wilhelm estava tão próximo, ela já sentia os lábios...— Você quer?

A voz de Wilhelm estava tão cheia de anseio, desejo, súplica e... paixão. A resposta de da princesa foi pegar o rosto do marido e beijá-lo. Não um beijo tímido e doce, mas cheio de desejo e sem vergonha alguma. Logo os dois estavam deitados na cama, com Katherine tirando a camisa de Wilhelm.

*****

Dia seguinte| Buckingham House, Londres

Um pouco depois das três da tarde a princesa Charlotte de Niedersieg, ou arquiduquesa Maximilian Franz, como seria chamada de agora em diante, despediu-se da família em Greenwich. Foi um momento triste e emocionante, mas que era preciso acontecer. Os Bristol nunca mais iriam ver a jovem princesa, a casa dela agora era a Áustria e a Monarquia dos Habsburg.

Mas depois da despedida e de Charlotte finalmente embarcar no navio, os Bristol não voltaram para Tudor House, afim de preparar a mudança de volta para Hampton Court, na verdade eles foram para Buckingham House, ou Queen House, uma das residências reais em Londres.

Essa mudança de roteiro não era muito esperada, talvez até mesmo estranha, mas todas as vezes que perguntou ao pai o motivo, Katherine não recebeu resposta alguma. O marquês e a marquesa pareciam preocupados com o casal real. Mas essa foi uma preocupação que se mostrou desnecessária.

Quando os Bristol foram levados para a sala onde estavam o rei a rainha, eles encontraram uma visão... curiosa.

O rei tinha em seus braços a princesa Sophia e o príncipe Octavius, ele estava rodando, brincando e rindo, e a princesa Mary estava junto. Até mesmo a rainha estava achando divertido, embora mostrasse isso de uma forma mais contida. Porém, assim que a realeza percebeu a presença dos Bristol, os risos pararam e a porta foi fechada com força.

— Talvez tenhamos nos preocupado sem razão.— Segurando uma risadinha, a marquesa comentou.— Mas que visão... familiar.

— Tão familiar.— Ironicamente Wilhelm repetiu.

Não demorou muito e a porta foi subitamente aberta. Dessa vez o rei a rainha estavam como sempre, exalando soberania.

— Que alegria vê-lo, Alfred. Mas eu pensava que vocês só chegariam mais tarde.— O rei comprimentou e assentiu as mesuras de todos.— E viriam sozinhos.

— Não era urgente, Sua Majestade?— Evitando causar mais vergonha ao amigo, o marquês evitou o assunto de antes.— É a guerra?

— Sim! De fato é algo urgente.— Como Alfred havia dito antes. Não dando importância a isso, George apontou para o mais afastado.— Venha, vamos conversar. Entretenha nossos convidados, Charlotte.

Os dois homens se afastaram do grupo, já iniciando uma conversa, era algo sobre França, Espanha e uma frota.

— Peço perdão pelo que viram. Estávamos em um momento íntimo.— Sempre digna e real, a rainha chamou a atenção de todos.— George e eu aproveitamos todos os momentos.

— Não tente se explicar, Charlotte.— A marquesa respondeu conciliadora, ganhando da monarca um sorriso.— Os filhos crescem tão rápido, que se não aproveitarmos a infância deles, logo estarão casando.

— Ou gastando fortunas. Mas venha, temos muito que conversar.— Charlotte apontou para um sofá, onde a marquesa logo foi sentar. Antes de fazer o mesmo, a rainha olhou para os jovens.— Podem brincar com minhas crianças, crianças.

Então a presença deles era desnecessária? Por que o marquês não mandou as filhas e o genro para casa?

Sentanda com o príncipe Octavius nos braço, Katherine tentava escutar o que era dito pelo rei e pela rainha, mas enquanto as palavras do soberano eram indecifráveis, as da consorte facilmente poderiam ser identificadas.

— Sei bem o que Charlotte deve estar sentindo.— A marquesa suspirou com as palavras da rainha.— Quando me casei, passei toda a viagem tentando aprender "God Save The King", apenas para...

— Chegar aqui parecendo um fantasma enjoado. Lembro-me bem.— As duas riram, antes de um olhar pensativo tomar conta de Elizabeth.— Que pensamento curioso, minha filha mais nova casou e foi embora.

— É assim mesmo, querida Elizabeth. Deus queira que minhas filhas nunca casem.— Menos a princesa real.— Mas meus filhos sim, esses devem casar, alguém tem que unir nossas famílias, não?

O grande sonho da rainha e da marquesa: juntar os Hanôver e os Tudor-Habsburg pelo casamento. Era um alívio que o príncipe de Gales não tivesse nem dezessete anos.

A conversa das duas consortes não era assim tão interessante, então Katherine voltou sua atenção para perto de si mesma. Wilhelm estava tendo alguns problemas com a princesa Sophia, parecia até que ele não sabia segurar um bebê. A princesa sorriu divertida com o esforço do marido.

— Você parece estar com problemas, Wilhelm.— Em oposição Octavius estava quietinho.— Quer uma criança mais calma?

— Eu peguei essa por um motivo, Katherine. Ela é maior, então é mais difícil de quebrar.— Quebrar? Ela riu das palavras do marido.— Não ria de mim.

— É um bebê, não uma das minhas bonecas de porcelana, Wilhelm.— Se bem que ele havia quebrado uma delas brincando ccom Vilhelm. ..— Parece até que você nunca segurou um bebê... Não! Você não pode estar falando sério!

O príncipe, segurando sem jeito a princesa Sophia, assentiu com uma careta. Isso era... hilariante! Não conseguindo aguentar, Katherine começou a rir zombeteira de Wilhelm.

— Como eu poderia segurar um bebê!? Nem sobrinhos tenho!— Encarando o marido, a princesa balançou a cabeça. Haviam muitas formas, como por exemplo...— Também não tenho afilhados, e mesmo se tivesse, estariam muito longe para eu pegar no colo.

Novamente Katherine riu, como a vida era ruim com ele. Por pena ela acabou pegando Sophia e deu Octavius para o marido segurar. Inicialmente Wilhelm parecia até com medo de "quebrar" o pequeno príncipe, mas logo esse medo diminuiu.

— O grande Wilhelm da Dinamarca com medo de um bebê.— Ele revirou os olhos e encarou a criança.— Nunca pensei que viria isso.

— Esses bebês são filhos do rei da Grã-Bretanha e eu sou dinamarquês.

E o George III odiava os dinamarqueses. Katherine balançou sarcástica a cabeça e voltou sua atenção para a princesa Sophia. Era tão bonitinha, não tinha nem dois anos, mas era adorável. Olhando para bebês assim, as vezes ela questionava se...

— Como serão nosso filhos, Wilhelm?— O príncipe olhou para a esposa sem entender. A princesa sorriu imaginando.— Será que serão como as crianças reais?

— Não faço a mínima ideia.— O sorriso de Katherine morreu com a irreverência de Wilhelm. Era bom que os filhos deles tivessem apenas a altura e beleza do pai.— Minha dúvida é se... se vou ser um bom pai?

— Por que dessa pergunta? Claro que seremos bons pais.— Katherine tinha certeza que seria uma boa mãe.

Mas logo ela percebeu que não era isso que Wilhelm perguntava. Sorriu melancólico para ela, depois olhou para Elizabeth brincando com a princesa Mary e, por fim, encarou Octavius.

— Pelo menos você saber com ser mãe, tendo vivendo com uma, e com um pai também — Ele riu irônico.— Eu tive um carrasco e um fantasma.

Um carrasco? Katherine sabia que Wilhelm não gostava do pai, mas a esse ponto. O príncipe Carl poderia ser tão ruim assim? E... um fantasma?

— Como foi a sua infância, Wilhelm?

A pergunta não trouxe bons sentimentos a ele, o príncipe fechou fortemente os olhos, como se estivesse recordando tudo. E quando abriu, uma sombra havia recaído sobre Wilhelm.

— Uma que ninguém merece.— Katherine não conseguia nem imaginar. Mas ele voltou a sorrir percebendo o príncipe Octavius sorrindo também.— Sim, sorria pequeno. Katherine, eu não serei o meu pai.

*****

Josephean Hall, Plymouth

Oficialmente Wilhelm não sabia nada sobre a Inglaterra, ele não conhecia seus problemas, guerras, costumes e muito menos sua geografia. A história era a única coisa que o príncipe conhecia, e apenas porque ela se cruzava com a história dinamarquesa.

Haviam também os assuntos atuais, que novamente, Wilhelm tinha conhecimento apenas porque alguém tinha dito. E no momento ele achava que nada de importante estava acontecendo, a não ser uma declaração que dava liberdade aos escravos que fugissem dos rebeldes americanos. Nada foi dito a ele, embora Wilhelm sentisse que havia algo errado.

O marquês novamente ficou doente, então eles se mudaram novamente, agora para Plymouth, uma cidade portuária.

Não foi exatamente uma recomendação muito festejada, Wilhelm ouviu bem Katherine dizer que não entendia isso, não seria melhor ir para o Castelo de Ocenia que ficava próximo a St. Ives, um lugar pequeno e insignificante?

Mas eles não poderiam fazer nada, o verão e metade do outono seria passado em Plymouth. E isso se mostrou uma fonte de mais preocupações para o marquês, toda a família e, talvez, para o resto da Grã-Bretanha.

No final do mês de julho, Katherine descobriu que estava novamente grávida. Dessa vez a notícia trouxe muito mais atenção, não seria agradável se acontecesse o mesmo que no ano passado. Isso significava que as preocupações estavam proibidas, tanto para ela como para o marquês.

Mas não sentir preocupações era impossível! Agora mais do que nunca. Na madrugada de 15 de agosto, os Bristol foram acordados por mensageiros vindos de Windsor. Eles traziam mensagens do rei. E quando todos da casa estavam juntos, ainda com roupas de dormir, o marquês leu a mensagem:

— Meu caro amigo Alfred, tenho a mais terrível das notícias. Sessenta e seis navios de guerra franco-espanhóis atravessaram o canal e no dia 14 eles foram avistados rumo a costa leste. É uma ameaça de invasão e talvez seja a crise mais séria que a nação já conheceu desde a Invencível Armada.— A sala entrou em um profundo silêncio, todos ainda pareciam estar digerindo essa notícia.— Uma... invasão?

— Sessenta e seis navios de guerra! Temos só uns quarenta para proteger o canal.— A marquesa gritou assustada.— Estamos indefesos, não temos como nos proteger!

— Apenas a Invencível Armada supera essa frota.— Katherine exclamou e olhou para o marquês.— O que faremos, papai?

Todos esperavam que o marquês desse uma solução. Mas até mesmo ele não sabia ao certo o que fazer. A respiração de Alfred parecia até mais pesada.

— Papai, o senhor está bem?— A resposta para Elizabeth talvez fosse um não.

— Devemos chamar um médico!— Indo para perto do marido, a marquesa implorou.

— Ainda não, Elizabeth.— Pelo menos Alfred conseguiu recuperar a fala.— Devemos nos lembrar que somos a "rainha do mar", já vencemos uma armada espanhola no século 16, venceremos novamente. Temos os melhores navios e os melhores almirantes.

— Mas e enquanto isso não acontece?— Até o momento Wilhelm manteve-se calado, mas ele estava curioso.— Vamos ficar aqui esperando pela armada?

O marquês novamente voltou a respirar pesado, fazendo com a marquesa mandasse Lady Kent chamar o médico.

— Elizabeth, por favor, eu tenho uma tarefa.— Mas a marquesa não parecia nada disposta a obedecer.— Você está certo, Wilhelm, vamos apenas esperar. Não temos nada a fazer, apenas esperar notícias. Podemos voltar a nossos aposentos, mas antes eu gostaria que mandassem chamar meu conselho.

O barão Norton, que também estava na sala, apenas assentiu e correu para o escritório do marquês. Depois disso todos os criados voltaram para seus afazeres, embora ainda muito agitados.

— E nós, papai? O que faremos?— Antes que o marquês e a marquesa pudessem voltar para o quarto, Katherine os impediu.— Devemos fazer algo?

— Voltar a dormir seria bom.— E eles conseguiriam? Mesmo não sendo inglês, o pensamento de um invasão não era agradável a Wilhelm.— Quando os milordes chegarem vou pedir que você se junte a nós Katherine.

Mesmo não desejando, a princesa assentiu. Agora a preocupação era maior, embora todos tenham conseguido voltar a dormir depois. Os lords foram chamados como havia sido solicitado, mas chegariam apenas no dia seguinte.

Nesse meio tempo o marquês recebia notícias de todo o país, o rei fez questão de enviar tudo. Em resumo: toda a Grã-Bretanha estava aterrorizada com a armada franco-espanhola, embora esse medo não fosse tão expoente em Plymouth.

No mesmo dia Katherine teve que substituir a marquesa em uma visita ao Hospital Naval Real de Plymouth, isso fazia parte das obrigações para aumentar a moral dos britânicos, assim como para ajudar na, nunca boa, popularidade da família.

Wilhelm não acompanhou Katherine, mas a princesa teve muito prazer em falar tudo. Segundo ela, não havia nada de muito chocante no hospital, esconderam que ela poderia achar muito ruim. Katherine conversou com alguns pacientes, previamente escolhidos, e pode conhecer a administração. Mas a coisa que a princesa achou mais chocante, foi saber que as operações eram feitas nas enfermarias, a vista de todos.

— Eu devo confessar que naquele momento senti um grande nojo, assim como uma grande pena daquelas pobres almas.

— Deve ser algo inédito para você.

— Não vou discordar.— E mesmo com raiva Katherine concordou.

E como não concordaria? Eles eram pessoas privilegiadas, a realeza, apesar das limitações, tudo tinham. A vida real, dos menos favorecidos, era terrível. Mas logo toda essa pena de Katherine foi apagada pelo medo.

No dia seguinte a frota franco-espanhola foi visto no Largo de Plymouth, fazenda toda a cidade entrar em pânico. O HMS Ardent havia sido recomissionado para se juntar a Sir Charles Hardy, nas Ilhas Scill, para patrulhar o canal. Plymouth estava desprotegida, a armada estava indo muito ao leste e chegando cada vez mais perto da cidade.

Mas, como os próprios lords do conselho falaram, os Bristol não poderiam fazer nada. A não ser esperar, orar, ser confiantes e esperar por um milagre.

Nos dias seguintes chegaram mais notícias, uma delas sendo que o Ardent havia sido capturado pelos franceses, isso depois de render-se em uma batalha no Largo de Plymouth. Depois disso, as notícias foram que um vento afastou a armada para o oeste. Pareciam ser boas notícias, mas nada estava garantido.

Em meio a tudo isso, o conde Baster morreu e Lady Elizabeth passou de Lady Elizabeth Lennox, a baronesa Lennox, a 4° condessa Baster. Era uma pena que Katherine não pudesse deixar Plymouth, nenhum deles poderia. Ela tentou pedir ao marquês, implorou. Mas o máximo que a princesa conseguiu foi enviar Lady Pembroke.

E mais notícias da armada chegaram, os franco-espanhóis descobriram a localização de Sir Charles Hardy e por isso mudaram a direção para encontrá-lo. Isso... era terrível! Poderia ser o fim. Se Sir Charles Hardy caísse, toda a proteção do canal cairia junto, a Grã-Bretanha estaria praticamente indefesa, haveria apenas a proteção terrestre, mas os britânicos não eram conhecidos por guerras em casa. Apenas um milagre, como o que aconteceu com a Invencível Armada, poderia salvá-los...

Incrivelmente, Sir Charles Hardy conseguiu se esquivar da frota franco-espanhola, e mesmo sendo inicialmente perseguido, em 03 de setembro a frota britânica chegou na base de Solent e começou a se preparar para uma batalha. A rainha do mar acordou e estava pronta para contra-atacar.

 

Mas realmente, como que por um milagre, naquele mesmo dia a frota franco-espanhola abandonou a campanha e recuou. Foi uma surpresa. A Invencível Armada foi vendida pela natureza e a Armada Franco-Espanhola pela doença.

Do mesmo modo que chegada da armada se espalhou rapidamente, também se espalhou a notícia de que eles fugiram. A Grã-Bretanha poderia novamente respirar em paz, e pôde ainda mais com a notícia da vitória britânica na Expedição Penobscot.


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