Terapia Compulsória escrita por Miss Siozo


Capítulo 2
A raiz do problema


Notas iniciais do capítulo

[Echeveria] Oi pessoal! Primeira vez que eu posto algo sobre esse glorioso universo que eu tive o prazer de acompanhar e agora tenho o prazer de escrever sobre... Bem cedinho porque eu não ia aguentar esperar!
Nós nos divertimos muito escrevendo esse capítulo, aproveitem!

Boa leitura :)



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A terapeuta havia chegado ao templo de uma forma abrupta e estava confusa sobre como havia chegado ali até que veio a “explicação”.

— Esse cara aqui te trouxe por meio de um poder que é desencadeado pelo cosmo — Milo começou a explicar — Ele foi capaz de abrir um portal que te trouxe lá da barreira até o último templo que…

— Sem monólogos, pelo amor da Deusa! — disse Shion impaciente — Você deve ser a senhorita Agatha, certo?

— Isso! Fui designada para vir aqui por causa de uma denúncia anônima. Não esperava ver tanta gente logo de uma vez — estava hipnotizada pela beleza dos presentes, mas fechou os olhos rapidamente e respirou fundo antes de prosseguir — Vamos nos sentar nas cadeiras e começar pela raiz do problema! — deu um sorriso otimista.

— Eu acho que ela está falando sobre nós, Saga — disse Aiolos um pouco cabisbaixo — Senhorita Agatha, eu posso começar?

— Claro, meu rapaz. Seus nomes foram anotados aqui em uma ordem de prioridade, apenas para manter alguma organização — a fala atraiu um sorriso tímido de Shaka, afinal é só falar em organização para deixá-lo minimamente satisfeito — Os nomes em destaque para essa primeira rodada são: Aiolos, Saga, Shion e Shura.

— Não acredito que me deixaram para o segundo plano — resmungou o leonino chateado — Logo eu?

— Baixa um pouco essa bolinha, leãozinho — disse o pisciano — Ela vai tentar resolver o caso deles primeiro porque é a treta mais antiga e séria. Esperar um pouco não fará mal.

— Obrigada pela ajuda!

— De nada! As pessoas precisam aprender a ficar mais de boa — Afrodite fez sinal de paz e amor com a mão.

— O lado bom é que vai dar tempo de tirar um cochilo até nossa vez — Mu disse já voltando para se sentar.

— Creio que não será um cochilo longo, já que o próximo grupo é encabeçado por Mu e Aioria — disse a terapeuta — Me pediram para separar um tempo especial somente para os dois.

— Ora essa! — bufou irritado o ariano.

— O primeiro grupo está pronto para começar? — os quatro acenaram — Ótimo! 

Todos se dirigiram para dentro do templo, organizando-se em uma sala de visitas — a mesma onde Hades teve seu café da tarde. Sentaram-se e uma serva serviu-lhes água e café, logo se retirando.

— Muito bom, podemos começar. Preciso de uma perspectiva do que aconteceu há dezoito anos atrás, a origem do conflito todo.

 — Bem, senhorita. Eu já planejava me aposentar de todo o estresse que veio no pacote de ser o Grande Mestre do Santuário. Então na época haviam dois cavaleiros que tinham um certo potencial e eu os orientava pessoalmente sobre tudo.

— O motivo da briga então foi a sucessão?

— Vamos chegar lá — pigarreou o ancião — Um belo dia o bebê Athena finalmente reencarnou e aquele chororô estava me enlouquecendo. Então pedi para o Saga pegar os meus comprimidos para relaxar e eu tomei demais, logo apaguei ali.

— Então eu peguei uma túnica e fiquei perambulando por aí cobrindo o turno do velho — disse o geminiano — Daí eu fui ver como a pirralha divina estava e eu vi que ela estava levitando uma adaga perto do berço, um perigo para crianças!

— Então foi isso? — questionou Aiolos — Eu entrei no quarto e te peguei com a adaga na mão! Isso que eu vi o Shion desfalecido no chão. Acho que sua pressão arterial caiu tanto que eu pensei que tivesse batido as botas!

— Ok. Acho que entendi como a confusão começou — disse a terapeuta — Agora como Shura se meteu nisso e como Aiolos morreu?

— Basicamente Aiolos pegou a bebê Athena e saiu correndo. Eu, como estava fingindo ser o Grande Mestre, sai correndo atrás dele. Nisso, o Shura estava no salão fazendo… o que você estava fazendo mesmo?

— Eu tinha acabado de brincar com a Afrodite e tinha subido para relatar o dia, porque o Shaka estava faxinando a casa e eu me ofereci para dar o relatório em seu lugar. Enfim, o que eu vi foi o Aiolos correndo igual um animal e a neném chorando. Tipo, era normal ela chorar, mas dessa vez ela estava chorando MUITO. Ele passou por mim como se eu fosse um fantasma. E em seguida veio o suposto Grande Mestre e me disse para pará-lo. Então eu fiz o que me foi ordenado: parar Aiolos e recuperar a bebê Athena.

— O que nós não esperávamos é que ele fosse me matar.

— Não foi por querer, você era meu melhor amigo! Eu dei um golpe e pensei que você havia morrido, a bebê sumiu e eu fui correndo chamar a equipe de busca do Santuário, porque, imagina que horrível, eu seria responsável pelo desaparecimento da nossa Deusa! — estava sendo dramático, justificando todos os seus atos, temendo qualquer tipo de julgamento — É a pior coisa que poderia acontecer na minha carreira, que na época ainda estava no início… 

— Éé… eu havia escondido a Athena perto do desfiladeiro, pra não encontrarem ela. Quando eu percebi que o Shura estava em uma distância segura, continuei me arrastando até longe, quando entreguei a bebê para um senhor que estava passando.

— Espera aí… — Saga olhou, surpreso — Você entregou uma bebê, uma DIVINDADE bebê para um completo desconhecido?!

— Deu certo, não deu?

— A sua ingenuidade me assusta, sabia? — disse Shion — Sabe-se lá quem era aquele velho e o que ele fazia da vida?

— Poderia ser um traficante ou um pedófilo, ou os dois?! — disse Shura — A sorte é que era um velho rico. Pelo menos algo decente você fez.

— Nem tanto. Enquanto os cavaleiros de bronze limpavam a imundice que fizeram na minha casa, acabei ouvindo algumas coisas bem peculiares do jovem Andrômeda — se pronunciou Shaka — Realmente, nossa deusa foi bem cuidada, ou eu diria, mimada. O mesmo não pode ser dito das outras cem crianças que estavam sob a tutela daquele senhor.

— Eu estou preocupada — disse a terapeuta — Que tipo de pessoa o senhor Aiolos entregou aos cuidados um bebê? Compreendo que foi um momento desesperado, mas é preocupante.

— Isso aí, Budinha. Conta mais… — Saga ligou o gravador escondido em suas vestes.

— Basicamente explorou os pobres coitados. Temos suspeitas de que alguns dos órfãos fossem até filhos dele, mas foram tratados pior do que cães de rua — o virginiano se recordava das falas do jovem — Se alimentavam mal, treinavam exaustivamente, eram os capachos da senhorita Atena.

— Definiu a rotina de um aspirante a cavaleiro que vive em um local inóspito — disse Milo.

— Havia um velho careca que batia neles, também dormiam numa imundice de quarto. O rapaz chegou a ser internado por causa das consequências daquele mofo, coitado! — continuou — Fora isso, dos 100 moleques, temos apenas notícias de 10 deles. Isso significa que os outros nesse momento podem estar desaparecidos ou mortos.

— Ok. Já entendi. Então, basicamente eu sou o culpado de uma enorme merda? — perguntou Aiolos.

— Isso tá meio óbvio, potranco — disse Camus — Entendo a confusão toda e que as coisas não estavam no seu controle…

— Então eu tô isento da culpa?

— Por Buda! É um jumento! — bufou — Posso me ausentar por alguns minutinhos, senhorita?

— Algum problema?

— Acho que vou tirar a fala desse infeliz ou vou bater com a minha cabeça contra a pilastra, mas a segunda opção envolve sangue e eu não quero me sujar. Então, com licença — se levantou e foi embora em direção ao jardim.

— Ainda bem que não é a vez dele — Milo sorriu — Enfim, Aiolos, isso significa que a culpa é quase toda sua. Talvez em um percentual de 70% sua, porque você agiu por impulso e isso fez a merda. 

— Não é você quem deveria dizer isso, mas eu concordo — Saga revirou os olhos — E ainda por cima, mestre Shion, era ele quem ia herdar seu cargo? Ora, tenha santa paciência. 

— Naquela época parecia uma boa opção, tendo em vista que o restante era um bando de pirralhos chatos.

— Então, hoje em dia, qual seria a sua melhor opção, senhor Shion? — perguntou a terapeuta.

— Dar adeus a minha aposentadoria, pois vejo que estou cercado de idiotas — suspirou alto — Ninguém aqui parece a altura do cargo. Talvez a sua terapia dê um jeito em alguma coisa, mas a minha intuição diz que está para nascer alguém para me substituir.

— Isso soou tão arrogante e olha que o aquariano sou eu, hein.

— Bom. Eu acho que com isso tenho material suficiente para entender esse primeiro conflito — parou de escrever no bloquinho — O senhor Shion se encontra muito cansado de exercer suas funções e nada mais justo do que treinar um substituto, mas seus aspirantes eram jovens demais para tais responsabilidades.

— A senhorita tem um ponto.

— Creio que os quatro envolvidos entenderam que tudo não passou de um grande mal entendido, certo?

— Sim — disseram em uníssono.

— Algo que precisamos trabalhar bem aqui é a comunicação. Assim, não tirar conclusões precipitadas de uma situação. Isso vale para vocês dois — apontou para Aiolos e Shura.

— Compreendo que a minha imaturidade trouxe uma consequência irreparável. Me perdoe, Aiolos.

— Tá suave, só não quero ter que bater as botas tão cedo de novo, ok?

— Está bem.

— Aiolos, também precisamos trabalhar essa sua questão de confiança — pontuou — Desconfiou de seu companheiro, nem deu tempo dele explicar nada e saiu correndo, mas entregou um bebê para um idoso desconhecido foi bastante problemático.

— Mandei mal mesmo, desculpa Saga.

— Tá tudo bem, Los. 

— Tenho mais uma questão antes de fechar esse assunto — leu no bloquinho — Quem foi que espalhou essa história do Aiolos ter sido um traidor?

— Essa história me afetou bastante — disse o leonino — Cresci com um estigma por causa disso.

— Eu assumo, fui eu! — o geminiano levantou a mão — Aiolos tava morto e a bebê Athena tinha sumido. Então eu precisei inventar algumas mentiras para manter a paz no Santuário e funcionou por dezoito anos.

— Quem mais estava ciente dessas mentiras?

— O mestre Shion sabia de tudo. Contei ao Dite uma vez, mas acho que ele tava “altinho” demais para ter entendido.

— Ah tá! Eu pensei que você tava inventando mais uma daquelas suas histórias — estava prendendo os cabelos em um rabo de cavalo — Lamento, Saga, mas a tua má fama de fofoqueiro me fez desconfiar de muita coisa.

— Não é fama, cacete. O que eu ia dizer? Que ele roubou a bebê e depois morreu, ou melhor, depois foi morto? Parece uma história completa de traição. Afinal, vocês devem saber — olhou para seus companheiros — Traição só tem duas punições: morte ou exílio!

— Realmente, isso é verdade — Aioria comentou — Mas pelo menos podia dizer para a gente, os doze principais, a grande conspiração por detrás dos panos! Qual é, ficamos sendo figurantes, marionetes do sistema durante dezoito anos, só porque você é um mentiroso compulsivo!

Saga bateu na mesa, levantou-se, ofendido e agora irritado:

— Não podia dizer porque se não vocês iam surtar! Vocês todos são loucos, surtados, malucos! Não é segredo para NINGUÉM — apontou especificamente para o irmão do suposto traidor — E você, com esse ego gigante, ia sair espalhando para todo mundo, tentar me dar um golpe de estado e ser o “salvador do Santuário”! Eu te conheço!

— Sente-se, Saga. Vai assustar a moça — Shion disse com o pulso firme, o mais jovem logo obedeceu, cruzando os braços, aborrecido.

— Acho que você está sofrendo antecipadamente, meu amigo — Aldebaran acordou com a gritaria, teve que chupar um fio de baba que escorria de sua boca — As coisas quase nunca acontecem do jeito que nós pensamos, então pra que ficar se doendo assim? Acho que você realmente precisa ir para o templo de Peixes e ficar um pouco mais de boa.

— Obrigado! — Afrodite ficou lisonjeado.

— Pessoal, nós estamos perdendo o foco aqui — a moça tentava não demonstrar seu nervosismo — Agora eu entendo bem a razão de terem me mandado aqui. Nem consigo imaginar como você conseguiu segurar tudo isso por dezoito anos, senhor Saga…

— Foi um desafio, senhorita.

— Imagino o quanto, mas nem sempre conseguimos dar conta de tudo sozinhos e podemos acabar negligenciando certas situações que em alguma hora vão colapsar.

— Acho que ela usou palavras bonitinhas para te chamar de incompetente — disse o Milo — O Shura que costuma falar desse jeito.

— Não ponha palavras na minha boca, senhor Milo. O seu caso é bem sério também, mas vamos enfrentar um leão por vez.

— Falou em leão? — Aiolia deu um sorriso galante.

— Não foi você, trouxa! — respondeu Camus — Foi uma figura de linguagem.

— Acho que vou precisar convocar uma equipe pra cá, não é possível. Vocês só sabem discutir! — estava perdendo a paciência — O primeiro grupo conseguiu entender o que se passou naquela época e como isso afetou aos demais. O resto da lavação de roupa suja de vocês quatro fica para outro dia, caso queiram.

— Então não teremos apenas essa sessão? — perguntou Shura — Olha, doutora, eu admiro muito a sua profissão, só que eu não quero mais perder tempo com isso. Além de cavaleiro, eu sou um homem de negócios e tempo é dinheiro. Sabe bem, não é?

— Me falaram que havia alguém aqui com compulsão por trabalho. Então é você.

— Não diria compulsão, mas se me colocarem do lado de alguns preguiçosos, com certeza eu viro o mais trabalhador daqui — gabou-se.

— Não vou colocar isso em pauta agora — suspirou — Então pessoal, vamos fazer uma pausa de uns dez minutinhos. Estou precisando de um cafézinho para continuar com o grupo 2: Mu, Milo e Aioria.

— Com licença, senhorita — Afrodite chegou perto da terapeuta — Posso lhe falar alguns instantes?

— Claro. Pode me mostrar onde eu posso pegar um café?

— Por aqui — a guiou — Se bem que um chá faria bem aos seus nervos. Essa foi a primeira vez em muito tempo que todos nós nos reunimos e o clima está um tanto…

— Caótico? Sim!

— Creio que terá que vir mais vezes aqui.

— Ou então alguns de vocês podem participar de sessões individuais no meu consultório — serviu-se do café — Acho que não vou querer reunir esse grupão todo sozinha tão cedo.

— Aceita um bolinho?

— É de quê?

— Chocolate com uma pitada de camomila.

— Combinação peculiar. Acho que vou experimentar — deu uma mordida — Até que é gostoso — mastigou mais — E relaxante também. Tem certeza que tem só chocolate e camomila aqui?

— É uma receita especial, por isso recomendo que coma apenas esse e beba o seu cafézinho, senão vai acabar apagando.

— Então é você a pessoa que tem uns gostos um tanto exóticos? — ficou preocupada — Isso não vai me fazer mal, né?

— Só vai te deixar um pouco mais de boa — riu — Estou te preparando para aqueles três, a sua paciência precisa ser quase infinita.

— Só me ajuda a chegar até a cadeira — apoiou sua mão no braço do cavaleiro — Poderia ter me avisado antes. Acho que nem um balde de café vai conseguir me acelerar agora.

— Então a pausa vai se estender por mais meia hora…

— Certamente.


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Notas finais do capítulo

[Echeveria] E nesse momento a pobre Agatha já sentiu um pouco da água batendo na bunda, mas ela já havia passado pelo primeiro portão do inferno e não havia a opção de retornar...



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