Querido cometa escrita por MaryDuda2000


Capítulo 14
Conte um conto


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Como vão?
Espero que estejam todos muito bem.
Devagar e sempre, venho aqui trazer a continuação do "último" capítulo que foi, certamente, uma baita surpresa.
Desejo a todos uma boa leitura.



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A cabeça de Naruto latejava, protestando a cada pulsação pela dor que sentia. Parecia ter levado uma forte paulada ou caído de cabeça numa pedra após se atirar de um penhasco. Ao abrir os olhos, ela foi uma de suas primeiras visões. Falava aos montes, ainda que Naruto não soubesse dizer exatamente do que se tratava. Tudo que ouvia era um zumbido irritante.

Havia também outros rostos familiares. Tenten, Rock Lee e Jiraya. Local, restaurante do Ichiraku.

— Ei, garoto! Você está bem? — o Ero Sannin perguntou preocupado.

— Parece que uma bomba explodiu dentro da minha cabeça. — Naruto reclamou. — O que aconteceu?

— Eu quem pergunto. — Sakura o encarou. — O que pensa que estava fazendo?

— Como? — ele a encarou, sentindo uma gota escorrer do topo da cabeça e deslizar por entre os olhos. — Por que eu estou molhado?

— Apesar de você ter desmaiado, achamos melhor jogar um pouco de água no seu rosto para ver se estaria em si quando acordasse. — Tenten explicou.

— Ainda que eu ache que o soco de Sakura tenha servido. — Rock Lee o analisava, assim como os demais. — Está bem inchado.

Naruto tocou o rosto. Na têmpora direita tinha um galo do tamanho de um ovo. Bastou um toque para que a dor irradiasse.

— Por que raios você me bateu? — o loiro encarou a colega de time. — Nem no festival eu tenho folga disso?

— Não finja que não sabe o motivo. — a garota o encarou. — O que tinha na cabeça quando fez aquilo?

— Sakura, eu acho que ele não se lembra. — Tenten tocou em seu ombro, tentando acalmá-la. — Foi a mesma coisa com Neji. Ele ficou desnorteado por um tempo antes de voltar ao normal.

A rosada abriu a boca para dizer algo mais, todavia a chegada de Neji, Shino e Akamaru a interrompeu.

— Por acaso a Hinata passou por aqui? — o Hyuga perguntou.

— Achei que estivesse com vocês. — Rock Lee falou. — E o Kiba?

— Também sumiu. — Shino comunicou, pensativo. — Nem mesmo Akamaru está conseguindo encontrá-los e o faro dos ninkens é extremamente aguçado.

— Isso é culpa sua, Naruto! — Sakura o acusou.

— Por que minha? — o loiro protestou.

— Você deveria estar com ela.

— E você com o Sasuke. Era o que você tanto queria, não é?! Ficar junto dele por causa dessa história de cometa do amor? Adivinha? Nós dois os perdemos de vista e agora estamos sem saber aonde foram.

Podia jurar ter visto seus olhos assumirem um tom avermelhado incomum. A irritação na voz de Naruto fez com que Sakura se calasse por um tempo, especialmente porque, mesmo sem querer admitir, ele tinha um tanto de razão. Só que ela não conseguia ainda entender como as coisas se deram para chegarem à fatídica cena que presenciou dos dois naquele beco.

— Acalmem-se, ok? — Jiraya interveio. — Vocês estão todos muito tensos. Não sei ainda o que o garoto fez, mas deve haver uma boa explicação. Precisamos focar agora no sumiço de dois ninjas da Folha. Isso não pode ser ignorado.

Ambos assentiram, recolhendo as farpas que continuassem a discussão.

O grupo se reuniu numa das mesas nos fundos do restaurante. Ichiraku ofereceu gelo para Naruto colocar no inchaço enquanto garantiu que para o Ero Sannin que não haveria interrupções.

Shino contou todos os acontecimentos no festival, do encontro com Hinata assustada, a ameaça enigmática, a procura por Hanabi e o desaparecimento dela, Kiba e a criança perdida.

Sakura e Tenten pouco acrescentaram, enquanto Naruto se mantinha de olhos arregalados, surpresos e intrigados com todas as informações que recebeu. Como as coisas tinham saído do controle daquela forma?

— Por que Hinata não me procurou assim que encontrou esse tal EL? — Neji questionou, visivelmente preocupado e um tanto irritado.

— Você estava todo estranho. Não sei se mudaria muito as coisas. — Tenten falou, tocando o ombro do colega de time.

Rock Lee fez o mesmo. Sabiam o quanto ele se sentia responsável pela prima.

— E eles são um time. Normal que confiem uns nos outros. — a garota completou.

— Sobre essa pérola, sabem como ela conseguiu? — Jiraya perguntou, retornando ao ponto principal.

Toda postura outrora libidinosa tinha desaparecido. Seu semblante era sério e os dedos das mãos entrelaçando-se davam um ar pensativo, uma postura de um shinobi respeitável e experiente.

— Foi um presente de Hanabi. — Neji esclareceu. — Ela disse que era perfeita para Hinata. Saímos mais cedo para buscar a roupa que tinham encomendado para o festival e, quando chegamos a casa, ela mesma trançou a pulseira. Estava muito entusiasmada, principalmente com a ideia de passar mais tempo com a irmã.

— Ela não contou como conseguiu? — o sábio dos sapos inquiriu.

— Só disse que caiu do céu ou algo assim. Que era um presente do céu.

— Talvez presente "do EL"? — sugeriu Rock Lee.

Cogitar a possibilidade fez o maxilar de Neji ficar tenso.

— Quando foi a última vez que viu Hanabi? — Sakura quem se manifestou.

— Pouco depois que chegamos. Os companheiros de time dela apareceram. Chamaram-na para fazer algo juntos, aproveitarem o festival. Nem eu nem Hinata achamos que tinha algum problema nisso.

— Não deveria. — Jiraya falou. — Diga-me, Shino, notou alguma mudança comportamental em Hinata?

O Aburame não demorou em responder:

— Estava apreensiva com esse encontro e confusa quanto a ideia da pérola, mas nada grave. Hinata sempre foi boa em controlar as emoções durante as missões, por mais críticas que as circunstâncias parecessem.

— Então essa história de pérola não passa de faz de conta? — Rock Lee questionou.

— Acho que não. — Sakura interveio. — Sei que a Hinata é tímida, mas, depois do que aconteceu hoje, quando vimos... — olhou para o Naruto. — Aquela cena... Eu fiquei em choque, mas ela parecia bem controlada. Não parecia prestes a desmoronar por causa de um coração partido. Na verdade, quando ela me tocou, estava quente. Tipo, muito mais quente que uma pessoa em estado normal. Como se tivesse dentro das fontes termais durante todo tempo.

— Talvez tenha sido você quem gelou por ter visto aquela cena, não? — Tenten supôs.

— Sakura não está errada. — Shino interveio. — Quando a encontramos, ela estava um tanto febril. Senti isso quando coloquei de volta as flores que caíram de seu cabelo, porém achei que fosse por estar correndo do tal vidente. Depois os insetos me alertaram que a temperatura dela continuava alta e talvez aumentando. Quando paramos para comer aqui no Ichiraku, deixei um de meus besouros preso em suas roupas por precaução. Uma fêmea. O macho consegue localizá-la há quilômetros de distância por conta do aroma que ela emite, mas também sem sucesso.

— Não percebi isso quando nos falamos mais cedo. — Tenten observou. — Mas ela não parecia corada. Hinata é bem pálida. Geralmente fica vermelha muito rápido, ainda mais quando encontra o Naruto.

— Aquela situação foi mesmo constrangedora, mas ela pareceu estranhamente normal. — Rock Lee completou.

Jiraya levantou o dedo indicador, atraindo a atenção de todos. Seus olhos permaneceram perdidos sobre a mesa por alguns segundos antes de encará-los.

— Viajei muito para conseguir inspiração para meus livros e ouvi muitas histórias pelos lugares que passei, umas mais inusitadas que outras. Certa vez esbarrei numa cartomante que tentou me vender uma pérola do amor. Disse que bastava eu presentear minha amada que seu coração seria meu. Bom, ela era muito bonita, mas nada convincente. Com o tanto de pérolas que tinha ali, qualquer um podia se apaixonar. A ideia de algo raro é que quase nunca se acha e só ela tinha pelo menos dez iguais. Deviam ser sementes comuns ou balas de açúcar pintadas.

— Então acha que essa pérola é que nem a história do cometa, só abobrinha, sábio tarado? — Naruto proferiu pela primeira vez desde a discussão com Sakura.

Jiraya o encarou, como se tivesse esquecido que ele ainda estava ali. Talvez por permanecer calado sem reclamar há tanto tempo.

— Não interrompa, idiota! — a rosada o repreendeu.

— Parem vocês dois! — a seriedade de Shino os calou. — Continue, por favor.

— Mais tarde nesse dia, fui acolhido por um grupo nômade, o mesmo que a tal cartomante fazia parte. Ela ficou inclusive bem desconcertada quando me viu. Enfim, durante a noite, eles faziam uma fogueira e cantavam sobre os seres celestes, deuses e grandes feitos. Uma delas falava sobre uma tal pérola da confusão. A anciã me contou sobre essa história de pérola quando soube do incidente com a cartomante. De acordo com a lenda, seria o presente de uma ninfa dos amores.

O Ero Sannin fez uma pausa breve, tomando um gole de sua bebida antes de prosseguir.

— Basicamente ela escolhia a dedo pessoas que tivessem grandes fontes afetivas para presentear com uma pérola lunar, diferente de tudo que já viu, feita de energia tão única quanto uma estrela, contudo só a pessoa enxergaria essa singularidade. A pérola seria quase libertadora. Instigava ao máximo suas emoções, dando autoconfiança e coragem. Tudo que a pessoa precisa para atingir seu pico emocional, achar que tem o controle de tudo. Como uma droga que faz a pessoa querer o máximo daquilo, ela fica egoísta e se corrompe. Só que a pérola também funciona como um parasita. Em algum momento, esses hospedeiros simplesmente não conseguem expor esses sentimentos. Tudo se tranca dentro de si e eles queimam em confusão, tão grande que a própria pessoa fica cega, como num nevoeiro.

— Isso explicaria por que ela estava tão quente. — Shino constatou.

— Mas Hinata estava agindo normal, não é? — Tenten indagou. — Será que não surtiu efeito nela?

— Hinata é tímida, o alvo perfeito, mas também muito controlada em suas emoções. — Neji constatou. — Capturar Hanabi seria a melhor maneira de fazer com que ela entre em conflito.

— Então precisamos encontrá-la logo. —  Rock Lee protestou. — Encontrar Hanabi pode ser a maior chance de acharmos Hinata.

— Mas o que acontece com a pessoa que tinha a pérola no final? — Naruto questionou, tentando se ater ao fato principal: a segurança de Hinata.

— Não sei bem... — Jiraya refletiu. — Se alguém se perder dentro de si, confusa demais, também se torna suscetível. Fica mais fácil para dominar suas ações, sua mente, seu corpo até.

— Como no jutsu de possessão de mente do clã Yamanaka? — Tenten supôs.

— Isso. — o homem continuou. — Se Hinata se perder dentro de si, talvez haja quem conseguisse assumir o controle da pérola e pudesse também controlá-la como um fantoche.

— Acha que foi mesmo uma ninfa quem fez isso? — Sakura questionou. — Li na biblioteca algo sobre elas certa vez, mas a senhora Tsunade disse que não passavam de histórias bobas.

Jiraya soltou uma breve risada, mais amarga que por achar algo engraçado de fato. Já tinha escutado muito aquilo da Hokage.

— Minha cara, toda história tem um pingo de verdade. A questão é que, mesmo não sendo um ser fantasioso, ainda pode ser alguém que tenha conhecimento dessa técnica. Se for, está usando em um membro de um dos clãs mais fortes e confiáveis da Vila. Percebe o quão perigoso isso pode ser?

— Acha que isso tem a ver com o byakugan? — Neji perguntou.

— Hinata mencionou algo sobre isso. — Shino proferiu. — Quando nos encontramos, ela disse algo sobre o tal EL tê-la chamado de "Princesa do byakugan".

Aquilo foi como a confirmação para a teoria.

— Se Hinata era a presa perfeita, por que ela não estaria cedendo aos encantos da pérola? — Rock Lee questionou.

— Kurenai sensei. — foi Shino quem respondeu. — Fomos muito bem treinados para saber lidar com genjutsus, o que também envolvia controle das emoções. Ela é muito capaz disso. Talvez Hinata já tenha notado que havia algo errado, mas está preocupada demais com Hanabi ou tentando resolver por conta própria.

— Vocês estão esquecendo do mais importante. — Naruto protestou, um tanto exaltado. — Como consertar isso? Tem como evitar que aconteça algo com a Hinata, não é? Diz que sabe. Vai, sábio tarado. Você sabe de tudo.

— Calma, garoto. Eu não sei dizer agora, mas posso procurar em minhas coisas. Talvez eu tenha feito anotações para talvez usar no futuro em alguma história, de maneira mais romântica.

Aquilo foi o bastante para que o loiro despertasse por completo. Deixou o gelo de lado. O galo na cabeça não doía mais. Era outra coisa dentro de si que se contorcia.

Sua mente só conseguia pensar em uma coisa: Hinata. Não devia ter se deixado guiar pelo estômago. Se tivesse ficado junto dela o tempo todo, talvez pudesse notar as diferenças que a tal pérola provocava nela.

— Se for mesmo a pérola da lenda, Hinata já entrou em combustão. Precisamos encontrá-la logo. Ela está se privando demais. Não sabemos as consequências disso. — Jiraya advertiu.

— E o que EL tem a ver com tudo isso? Ele parecia saber bastante sobre essa tal pérola do nevoeiro, da confusão, sei lá qual seja o nome. — Naruto indagou.

—  A vila recebeu muitos viajantes para montarem o parque e as outras atrações para o festival. — Sakura lembrou. — Talvez seja só mais um vidente mentiroso ou alguém que saiba da história real e talvez até como livrar Hinata dessa praga.

Foi o bastante para que todos se levantassem para suas respectivas buscas.

Tenten, Rock Lee e Neji ficaram responsáveis por tentar localizar Hanabi, por mais que o Hyuga preferisse buscar pelo tal EL por conta própria e fazê-lo revelar tudo que sabia sobre essa pérola.

Sakura, Shino e Akamaru ficaram responsáveis por procurar Hinata, Kiba e a garotinha com quem desapareceram. O Aburame fez questão de liberar parte de seus insetos para ter maior alcance.

Jiraya se certificou que buscaria pelas próprias coisas em seus aposentos e logo retornaria.

— Por que eu não posso ir com eles? — Naruto protestou assim que ficaram apenas os dois. — Eu quero ajudar a encontrar Hinata. Ela pode estar em perigo.

— Garoto, tem algo muito estranho acontecendo. Não só com Hinata, mas todos a volta. Pessoas não se apaixonam tão fácil. Mesmo que o cometa seja algo romântico, não é suspeito que todos queiram se declarar na mesma noite? — o homem esclareceu. — Akamaru estava incomodado com algo durante todo tempo. Acho que algo possa estar atrapalhando seu faro. O mais lógico é que esteja sendo disseminado pelo ar. Muito discreto a ponto que não consigamos sentir em meio ao cheiro de comida, pólvora dos fogos de artifício e aromas das fumaças coloridas, mas forte o suficiente para fazer com que a irmã de Kiba beijasse Gai.

— Como? — o loiro fez uma careta com a descoberta. — Então isso não tem nada a ver com o cometa? Acha que tudo não passa dessa ideia de ninfa brincando com os sentimentos de todos?

— Ou talvez alguém que esteja aproveitando o festival como ponto de vulnerabilidade. Temos dois kages aqui. — ressaltou. — E dois jinchuurikis também.

Naruto o encarou. Se estivesse entendendo o que Jiraya sugeria, as coisas estavam tomando um rumo ainda mais inesperado e nada amistoso.

— Acha que pode ser um plano do Orochimaru ou algum outro ninja renegado, tipo o restante da Akatsuki?

— Não sei dizer ainda, garoto. Talvez tenhamos uma ninfa louca, um grupo de patifes, os dois ou nenhum deles. Só acho estranho que Tsunade e Gaara, mesmo sendo tão centrados, tenham recaído para algo assim. Ou você. Diga, Naruto, você realmente não se lembra de nada que aconteceu antes de recuperar a consciência do soco da Sakura?

O loiro negou.

— Certo. Precisamos checar muito mais que a história da pérola. Temos que ver se estamos prontos para qualquer emergência. Não sabemos o que estamos enfrentando.

Jiraya deixou o restaurante, sendo seguido pelo aprendiz.

Olhando de cima de um dos prédios, Naruto recordou de um sonho que teve dias antes. Nele, estava o festival em harmonia, Hinata e algo que vinha do céu antes de tudo ficar escuro. Não tinha entendido o que significava nem mesmo saberia dizer o que tinha sonhado assim que despertou pela manhã, todavia a lembrança invadia sua mente naquele momento.

Aquilo fez com que uma sensação esquisita se espalhasse por suas entranhas. Não queria acreditar que fosse algo maior que uma ninfa louca e que precisasse salvar a todos na Vila. Já tinham passado por momentos difíceis o bastante. No entanto, a ideia de que Hinata estava em perigo e ele não pudesse fazer nada era assustadora.

Mentir também não ajudava.

Ele lembrava. Era turvo e desconexo, como flashes, mas havia algo antes do soco gravado em sua mente. Só que nem mesmo ele saberia explicar como saiu dos braços de Hinata e acabou nos de Sasuke naquela noite.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Esse capítulo veio para esclarecer e confundir muita coisa. Teorias surgindo? O que acham que pode estar mesmo acontecendo em Konoha?
Espero que tenham gostado. Até a próxima!



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