Querido cometa escrita por MaryDuda2000


Capítulo 12
Nada faz sentido


Notas iniciais do capítulo

Oii, gente! Tudo bem? Espero que sim.
Esse capítulo demorou um pouco para sair, mas antes tarde que nunca.
Boa leitura!



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Quando o caos se instala e tudo ao redor parece não fazer o menor sentido, surge uma voz no meio de tudo aquilo que questiona se ainda tem como piorar ou algo que possa surpreender. Nessas horas, a resposta é sim. Ou algo como:

— Puta merda...

Em qualquer outra ocasião, Shino teria repreendido Kiba com um olhar. Naquele momento, não o fez. Parecia uma expressão estranhamente apropriada.

— Rani, não é?! — o rapaz arrumou os óculos e começou a organizar as palavras. — Olha, eu agradeço, mas nós nem nos conhecemos.

— Sem problemas. Eu adoraria te conhecer. – ela sorriu. — Ah, e eu sou legal. Garanto.

Shino recobrou a postura, tentando manter o tom de voz o mais afável possível. Não estava entendendo nada daquilo, todavia não podia simplesmente ferir os sentimentos da garota.

— Talvez em outro momento. Tenho assuntos urgentes a resolver.

Ela assentiu, mantendo um sorriso no rosto com zero sinais de desapontamento.

— Nos vemos depois, então. — retrucou. — Sei que nos encontraremos de novo.

Antes de sair, Rani retirou uma das margaridas que enfeitava sua trança e pôs atrás da orelha de Shino com todo cuidado e encantamento. Abriu seu mais belo sorriso, daqueles que começam nos lábios e chegam aos olhos na mesma intensidade. Deu as costas e saiu, cantarolando.

— Cara, eu não sei o que está acontecendo, mas é cada coisa estranha aqui hoje. — Choji falou, tentando trazer a normalidade de volta ao grupo.

— Não é? Tem uma garota gostando dele! — Kiba implicou.

— Não temos tempo para isso. — Shino retomou a palavra. — Vamos nos dividir. Precisamos achar Hanabi o quanto antes.

— Tudo bem, mas somos quatro. — Tenten interveio. — Acho que se fosse cada um para uma direção, teríamos mais chances.

No instante em que o olhar de Kiba e Shino chegaram a Hinata, ela entendeu o que estavam perguntando. Não queriam deixá-la sozinha, ainda mais com tantas coisas estranhas ocorrendo ao mesmo tempo.

— Tudo bem. — a Hyuga assentiu. — Temos que achar ela logo.

— Ok. Tenten para o norte. Shino, leste. Hinata, sul. Eu, oeste. — Kiba assumiu a voz de comando pelo time.

— E eu? — Choji questionou.

— Você fica aqui, de olho nas esquisitices. — Kiba falou, dando uma piscada em seguida. — E depois me conta tudo.

Andar pelo chão parecia uma péssima ideia. Estava cheio demais e já tinham tentado isso, sem sucesso. A visão de cima parecia uma opção melhor, então foi por alto dos prédios que os quatro seguiram, logo perdendo-se de vista.

Apesar de sua experiência anterior não ter sido das melhores, Kiba resolveu optar pelos becos a oeste, que era bastantes. Lembrava que Hinata tinha falado sobre a localização da tal tenda na qual encontrara o homem misterioso. O objetivo principal era achar Hanabi, mas não seria nada mal encontrar o indivíduo que a intimidou.

Akamaru seguia ao seu lado e parecia agradecido por ter deixado a rua movimentada. Um ninken grande como ele não se sentia muito confortável em meio a tantas pessoas em direções contrárias, esbarrando nele e umas nas outras a todo momento, sem contar o episódio nada agradável com Rock Lee.

— Acho que nós somos mais capacitados para achar Hanabi. — Kiba falou, tocando no nariz com um sorriso autoconfiante. — O que os olhos não veem, o faro sente.

A vantagem de ter um companheiro como Akamaru era poder contar com o dobro dos sentidos e cobrir a área duas vezes melhor que muitos ninjas. Eles trabalhavam como um só, então achar Hanabi não poderia ser tão difícil assim.

Um atento à rua principal, outro ao beco. Trocavam. Como numa vigilância de rotina para garantir a segurança de Konoha.

Quando Akamaru soltou o que quase parecia um resmungo, Kiba se aprumou rapidamente para ver. Lá embaixo, visualizou Hana falando algo com Neji, colocar a mão em seu ombro e sorrir. Por um momento, ele sentiu o corpo gelar.

"Não. Por favor, não.", mentalizou e suspirou aliviado ao ver que seguiram em direções opostas.

Uma coisa era tentar atacar Gai impulsivamente. Parte de Kiba tinha plena consciência que o jounin não iria revidar e isso era um bônus. Com Neji, por outro lado, não teria tanta sorte. Além de que possivelmente ainda teria que enfrentar a irmã e a mãe furiosa por arrumar brigas por aí.

Seu pensamento foi desviado com a imagem de Iruka sensei a passos rápidos. Parecia assustado, quase tanto quanto Jiraya quando invadiu o Ichiraku. A diferença é que não teria o restaurante para se refugiar.

No instante seguinte, Iruka estava em cima do telhado, pouco distante do rapaz.

— Kiba? O que faz aqui? Aprontando alguma coisa?

— Não, senhor. — o rapaz se defendeu. — Por que pensa isso?

— Eu lembro muito bem como você, Naruto, Shikamaru e Choji aprontavam nas minhas aulas.

— Tudo bem. Meu passado me condena. — Kiba admitiu com as mãos atrás da cabeça. — Mas isso faz tempo. Eu não sou mais um garoto.

— E não é mesmo! — Iruka repreendeu. — O que faz aqui em cima?

— Procurando Hanabi. O senhor viu ela em algum lugar?

— Hanabi Hyuga? Não. Algum problema? — o sensei se aproximou. — O que aconteceu?

Antes que Kiba tivesse a chance de responder ou inventar alguma desculpa para não precisar contar toda história para Iruka sensei, uma nova presença acima daquele prédio mudou totalmente os rumos da conversa.

Kakashi chegou silencioso, algo bastante compatível com sua habilidade, porém sua postura descontraída com as mãos nos bolsos parecia um contraste.

O olhar de Kiba deslizou para Iruka sensei, que tinha dado dois passos para trás e parecia alarmado.

Lá estava o motivo dele ter ido parar ali.

— Kakashi, é melhor você parar. — Iruka advertiu. — Olha onde estamos! Cadê o respeito?

O jounin deu mais um passo em direção ao sensei, despreocupado. Pelo pouco que podia ver do rosto dele, Kiba podia jurar que estava sorrindo por trás da máscara

— Eu estou faltando com respeito? Claro que não. Sabe que te considero muito.

— Sinceramente... — Iruka arquejou.

— Qual foi, Iruka? — Kakashi apareceu atrás do sensei nesse instante, menos de três passos de distância. — Eu estou solteiro, você está solteiro. Somos livres. A noite está agradável. Falta tão pouco para ficar perfeita.

Iruka deu um passo para trás, encontrando-se encurralado entre a parede e o jounin.

Kiba e Akamaru, por outro lado, assistiam tudo, como se os dois senseis estivessem totalmente alheios a suas presenças.

— Isso realmente não está certo.

— Não seja assim...

Kakashi apoiou uma das mãos na parede, na mesma posição que Kiba tinha visto a irmã mais cedo. Estava bem próximo a Iruka e fez questão de baixar o tom da voz, aproveitando para fixar o olhar no rosto do outro.

— Sei que você também está no clima. Eu vi como ficou me olhando mais cedo.

— Kakashi! — Iruka exclamou, sentindo o rosto queimar de vergonha.

— Eu garanto que você vai se surpreender. Não apenas quando eu tirar a máscara, mas também porque sou muito bom além da luta e das palavras.

"Ai... Meu... Deus...", pensou Kiba. "Cenas traumáticas atualizadas com sucesso."

Um latido de Akamaru interrompeu sua onda de análises em torno do que tinha acabado de presenciar, somado aos demais comportamentos atípicos da noite.

Seguindo o companheiro e deixando os senseis para trás (que sequer deram por sua saída), Kiba se viu novamente no chão, num beco parcialmente escuro.

O cheiro de almíscar voltou, pungente.

Kiba respirou fundo, tentando distinguir o caminho até a fonte do aroma, contudo foi um grito infantil que o fez correr até a parte mais escura do beco.

Ali, entre caixotes de madeira, encontrava-se uma garota sentada e encolhida contra a parede.
Akamaru latiu mais uma vez e a menina se encolheu ainda mais.

— Calma, amigão! — Kiba afastou Akamaru e agachou próximo a ela. — Oi! Desculpa se te assustamos. Tudo bem?

A garota demorou um pouco para olhá-lo. Seu rosto estava marcado de lágrimas, apesar dos olhos não parecerem inchados. Não devia estar naquela situação há tanto tempo.

— O que faz aqui? — ele tentou novamente.

— Eu me perdi da minha irmã. — respondeu com voz chorosa. — E não consigo achar.

Kiba assentiu, tentando ser compreensível. Na verdade, a situação parecia ser. Com tudo que estava acontecendo naquele festival, tantas pessoas e o caos se espalhando, uma criança se perder da família era bastante plausível.

— Eu posso te ajudar, que tal? — Kiba se ofereceu. — Qual seu nome?

Aoi. — a garota disse, desviado o olhar para Akamaru.

— Não se preocupe. Ele não vai te machucar. — ele garantiu, fazendo carinho na cabeça de seu companheiro antes de estender a mão para que Aoi se levantasse. — Vamos?

Ela aceitou sua ajuda.



◇ ♤ ◇

Hinata tinha seguido ao sul. Durante os dias anteriores, mentalizou como seria o festival. Encarou o céu dominado por estrelas. Buscou algum sinal do cometa.

Nada. No íntimo, era como se aquele evento fosse a contagem regressiva de um relógio. Queria poder achar Hanabi antes dele cruzar o céu. Queria poder estar ao lado da irmã nesse momento especial.

Inevitavelmente o pensamento de que não era uma boa irmã voltou. Estava tudo tão confuso, mas sua mente fazia questão de trazer à tona certas coisas. Essa era uma delas.

Hinata sentou-se por um momento sobre o telhado de uma das casas. Respirou fundo e retomou a visão normal. Usava o byakugan desde que se separou dos outros e não tinha encontrado ainda qualquer sinal de Hanabi.

Olhou para baixo. Não se lembrava de ter visto as ruas tão movimentadas assim antes. Quase sempre a Vila era tranquila de caminhar, um retrato de calmaria que contrastava com certas missões destinadas aos ninjas.

Apesar de todo comportamento no mínimo curioso que observou, o festival era belo de se ver. Ali de cima, todos pareciam ter esquecido os tempos difíceis, ao menos temporariamente. Dali podia ver sorrisos, ouvir gargalhadas, vozes misturadas de diversas conversas e até música.

Um som suave e quase hipnotizante de flauta a fez fechar os olhos por um instante e relaxar. Precisava manter toda calma para encontrar Hanabi. Não era sobre EL ou pérola alguma. Era sobre sua irmã que poderia estar em perigo ou apenas se divertindo com os amigos em algum lugar lá embaixo. Torcia para que a última opção fosse a correta.

— Hinata? — a voz de Sakura a despertou. — O que faz aqui?

— Procurando a Hanabi. — a Hyuga se levantou. — Nos desencontramos. E você?

— Procurando Sasuke e Naruto. — ela falou, soltando um suspiro frustrado. — Eu não sei onde possam estar. — fez uma breve pausa. — Estava tudo indo tão bem. Eu só fui pegar um bolinho e do nada ele sumiu.

Hinata sabia que Sakura estava falando de Sasuke. Tinha visto todo brilho nos olhos dela quando ele apareceu mais cedo e foram caminhar juntos. Não era segredo para ninguém sua paixão platônica pelo rapaz, que perdurou mesmo quando ele tinha se tornado um nukenin.

O brilho escapou de seus olhos e deu espaço para aflição. Todo e qualquer traço de animação pelo festival não estava mais ali.

— Vamos achar os dois. — Hinata disse, tocando no ombro da colega para que soubesse não estar sozinha.

— Obrigada... — devolveu numa fala baixa, quase um sussurro.

Sakura respirou fundo e tentou disfarçar o abatimento. Olhou ao redor e perguntou mais sobre Hanabi, se tinha acontecido algo, quando foi a última vez que se viram. Pelas suas palavras, parecia que estava há tanto tempo procurando por Sasuke e Naruto que sequer notou os comportamentos estranhos de outros membros da aldeia. Se sim, não comentou.

Hinata pensou se deveria contar a Sakura o que tinha presenciado, mas saberia que aquela história renderia outras perguntas que ela não saberia responder — ou talvez não quisesse. Então se ateve apenas aos detalhes básicos que mencionou anteriormente.

— Fica tranquila. Vamos encontrar sua irmã. — foi a vez de Sakura tentar tranquilizar a Hyuga.

Bastou uma olhada para a rua movimentada e outro assunto ganhou destaque.

— Eu não acredito que a Ino realmente conseguiu dobrar o Sai. — a garota exclamou.

Não demorou para que Hinata os encontrasse próximos a uma barraca de jogos de derrubar latas. O rapaz tinha acabado de acertar o alvo e ganhar um ursinho de pelúcia como prêmio, que entregou a Ino. A loira deu um sorriso tão grande quanto possível, sem se esforçar em disfarçar como estava alegre com sua conquista. Era, sem dúvidas, a mais animada com o festival dentre elas, desde que ouviu as senhoras comentando sobre o cometa na floricultura.

"Pelo menos as coisas estão saindo como o planejado para alguém.", Hinata mentalizou.

Um som de algo quebrando chamou a atenção das duas. Vinha de algum canto mais afastado de onde o festival acontecia, a sudoeste. Trocaram olhares rapidamente antes de seguirem em direção ao estrondo, que foi seguido por outro.

O som de metal, chutes, socos e grunhidos se tornou mais identificável conforme se aproximaram.

Ainda sobre um dos prédios, viram shurikens cortando o ar e cravando na parede abaixo de onde estavam.

Mais a frente, Naruto tinha acabado de desviar do golpe de Sasuke, que parecia bastante em forma para quem utilizava apenas um dos braços. O loiro retirou kunais de sua sacola e disparou, antes de avançar e tentar acertar o outro com um soco, o qual não atingiu o rosto do Uchiha e sim o ombro do braço ferido.

O som de metal de kunais se chocando deu espaço a outro estrondo, quando um barril que estava no caminho acabou sendo destruído quando Sasuke foi jogado para trás após um chute de Naruto.

— O que está acontecendo? — Kiba perguntou.

Hinata o olhou e balançou a cabeça, sem saber o que dizer. Notou rapidamente que havia uma garota em suas costas. Deveria ter mais ou menos a mesma idade de Hanabi. Talvez mais nova.

Um gemido atraiu sua atenção novamente para a luta.

Naruto tinha acabado de ser atingido. Havia um corte em seu antebraço, a princípio superficial, pois não havia presença significativa de sangue no ferimento.

— O que vocês dois estão fazendo? — Sakura gritou, saltando do telhado e tentando se aproximar, mas também mantendo uma distância segura deles.

— Não se meta! — ambos gritaram, antes de se repelirem.

Estavam ofegantes, todavia nenhum dos dois parecia disposto a desistir do combate.

— Sasuke dando problema de novo? — Kiba perguntou, mas novamente Hinata não soube responder.

— Quem é? — ela optou por indagar sobre a garota.

— Eu e Akamaru encontramos num beco. — explicou, colocando-a no telhado. — Ela se perdeu da irmã também. Não podia deixar ela sozinha.

Hinata assentiu. Sabia o quanto era desesperador não saber o paradeiro de Hanabi. Imagina para uma criança mais nova? Não sabia se a irmã era mais nova ou mais velha, mas era desesperador de qualquer forma.

— Qual seu nome? — Hinata perguntou, tentando tranquilizá-la.

— Aoi... Me ajuda a encontrar a Aika?

A Hyuga assentiu. Não tinha como negar aquele pedido.

A garota deu um passo em direção a Hinata, mas uma shuriken voou a poucos centímetros de seu rosto, fazendo com que ela se desequilibrasse. Kiba a segurou a tempo.

— Melhor descermos. — ele respondeu.

"É melhor sair daqui, isso sim.", o Inuzuka pensou. Seja lá qual fosse o problema de Naruto e Sasuke, não podia colocar Aoi em perigo.

Uma bomba de fumaça foi lançada e dominou a rua abaixo. Sakura deu alguns passos para trás, por precaução.

Nenhum som mais foi escutado de Naruto e Sasuke, que estavam perdido em meio ao gás branco.

Hinata segurou Aoi e desceu, sendo seguida por Kiba e Akamaru, e se posicionando ao lado de Sakura, a qual segurava firme uma kunai, pronta para desviar qualquer arma ninja que por acaso pudesse voar em sua direção.

Aos poucos, a fumaça foi se dissipando e as silhuetas se tornavam visíveis. Estavam extremamente próximos, cara a cara. Sasuke segurava uma kunai bem próxima ao pescoço de Naruto, o que indicava claramente que a batalha acabaria ali. Entretanto, o loiro tinha uma direcionada ao peito do rapaz. Logo atrás, um clone de Naruto se tornou visível, segurando outra kunai bem próxima ao pescoço do Uchiha.

— Sabia que você não ia resistir em usar seus clones das sombras. — Sasuke provocou.

— Era para ser uma briga de taijutsu, mas você usou seu jutsu bola de fogo. Então está valendo.

Eles se encararam por alguns segundos antes de um sorriso ladino surgir em ambos os rostos.

O clone de Naruto desapareceu, contudo permaneceram na mesma posição.

As kunais foram abaixadas, mas a distância se manteve, até que os dois decidissem infringi-la. Numa fração de segundos, suas mãos envolviam a cintura um do outro enquanto os lábios pareciam travar uma luta voraz.

Hinata, Kiba e Sakura estavam boquiabertos. Akamaru não ficou para trás. Sua expressão, se fosse humano, também contaria com sobrancelhas erguidas pela surpresa — ou seria espanto?!

— Que bonito! — a voz suave de Aoi rompeu o silêncio. — Eles se amam.

Foi o gatilho para que Sakura explodisse.

— QUE MERDA VOCÊS PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO? — ela gritou.

Uma kunai atravessou o ar, passando próximo ao seu rosto antes de cravar na parede atrás dela.

Sakura olhou espantada para Sasuke e seus olhos vermelhos abertos durante o beijo, os quais se fecharam no segundo seguinte, aprofundando o ato.

Ela apenas caiu ajoelhada, encarando o chão. Sentia o coração acelerado e ao mesmo tempo lento, dolorido, partido.

Hinata agachou ao seu lado, tentando consolar a amiga de alguma forma, se é que fosse possível. Nem ela mesma fazia ideia do que estava sentindo.

Seu olhar cruzou rapidamente com a pérola presa a seu pulso. A cor agora estava escura, como a confusão que se passava em sua mente.

O beijo de Naruto e Sasuke terminou, no entanto os dois tinham sido deixados em segundo plano, terceiro ou quarto.

Hinata podia sentir algo ruminando dentro de si. Algo que começava em sua barriga como um redemoinho que se transformava em tornado e parecia querer subir por sua garganta, ainda que a Hyuga tentasse conter.

— Cara... Eu não estou entendendo mais nada. — Kiba falou, coçando a nuca. — Que porra de fumaça é essa?

Ele inalou, fazendo uma careta. Aquele cheiro...

— E como isso não fez a gente agir que nem uns doidos tarados também? — completou o questionamento.

Shino, Tenten, Rock Lee e Neji se aproximaram.

— Sakura! O que aconteceu? — Lee se ajoelhou ao seu lado, visivelmente preocupado.

— O que houve aqui? — Neji perguntou, olhando as shurikens e kunais aqui e ali, além de coisas quebradas, chamuscadas e marcas de socos em algumas paredes.

Kiba o encarou, não deixando de reparar que o rapaz estava molhado da cabeça até pouco abaixo dos ombros. Antes que pudesse perguntar, Tenten tratou de responder:

— Eu joguei um balde de água nele. — deu um leve sorriso, meio constrangida. — Não foi a melhor ideia, mas tenho que agradecer ao Ichiraku por estar limpando o chão na hora. Pelo menos o Neji voltou ao normal.

O Inuzuka assentiu. Aquilo justificava o cheiro de pano sujo que vinha dele. Aroma que só perdia para o cheiro de almíscar que começava a se espalhar de novo, mais intenso dessa vez.

— Aika!

Aoi saiu correndo em direção a um dos becos.

Hinata se levantou e a seguiu.

Estava apenas alguns segundos atrás da garota, porém Aoi parecia estar cada vez mais distante.

Kiba e Akamaru também fizeram o mesmo. A cada passo dado, o cheiro ficava ainda mais lancinante. A fumaça lilás ficava mais espessa e atrapalhava sua visão, fazia seus pulmões arderem, além de afetar seu equilíbrio.

Uma crise de tosse. Kiba prendeu o ar e correu o mais rápido possível, vendo Hinata desaparecer a poucos metros. Mesmo assim, não desistiu. Nem mesmo quando um grande paredão negro começou a se estender diante dele, muito repentinamente para que parasse a tempo e evitar uma colisão dolorosa.

Entretanto, não bateu em nada sólido.

Seu corpo cambaleou para frente, caindo de joelhos no chão.

Mais uma tosse. Seus pulmões ardiam, tanto pelo cheiro da fumaça quanto pelo esforço que tinha acabado de fazer.

Tentou recuperar o fôlego e ficar de pé. Olhou ao redor.

Escuridão.

Acima de si, uma luz forte se acendeu, quase o cegando. Pouco a pouco, outras luzes se acendiam, revelando diversas versões distorcidas de si. Um Kiba mais esticado, outro baixo, mais estreito, mais largo.

Os espelhos distorciam sua imagem.

Menos um.

Kiba olhou para frente e viu a si mesmo. Vestia a mesma roupa de sempre e um sorriso arrogante que ele próprio não exibia naquele momento.

Num puxão, o outro Kiba trouxe Hanabi para perto de si, mantendo uma kunai bem próxima a seu pescoço, a ponto de poder dar espaço para que uma gota de sangue escorresse pelo pescoço alvo da garota e atingisse o tecido amarelo do vestido.

Ao piscar os olhos, a imagem mudou de Hanabi para Aoi, com olhos cheios de lágrimas e naquela mesma condição. Em seguida, era Hinata que estava ali.

Rapidamente tentou se libertar do genjutsu, mas não conseguiu. Talvez não fosse um.

— Ora ora... Parece que temos companhia. A que devo a honra dessa intromissão?!


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Parece que o festival continua rendendo diversas surpresas. Quais seriam os planos do cometa do amor para Konoha? Ou talvez fosse melhor chamar de cometa do caos?
Tivemos o aparecimento de uma nova personagem original, Aoi. O avatar dela também peguei emprestado do tio Google. Se pertence a algum anime, não faço ideia de qual.
Espero que tenham gostado e continuem acompanhando essa turma no desenrolar desse mistério do cometa.
Até a próxima!



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