Dualitas escrita por EsterNW


Capítulo 47
Capítulo XLVII




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Matias encarava fixamente os objetos sobre a escrivaninha do primo, uma pequena pintura de barcos em um porto e outra de uma mulher com um bebê sobre os joelhos. Sequer reparara nelas quando viera ali da outra vez, com preocupações demais lhe enchendo a cabeça.

Não que daquela vez não houvesse ― pelo contrário, era muito pior ―, contudo, estava começando a ficar impaciente de ter que esperar pelo primo no escritório dele. Questionava-se se ele ainda estaria furioso após a discussão dos dois ou se realmente se recusaria a vê-lo caso não pedisse desculpas. Bem, se Rui se recusasse a encontrá-lo, como pediria desculpas?

À mente veio-lhe a memória da carta da tia que a mãe nunca abrira. Ela desejava conversar, porém Brigite recusara-se a vê-la a todo custo.

Será que Inês conseguira se reencontrar com a irmã antes de morrer? Será que houvera uma última conversa entre elas? Eram perguntas que infelizmente ficariam sem respostas, no entanto, considerando tudo que conseguira desde a descoberta daquela carta, já era mais do que o suficiente.

A porta do escritório foi aberta e Rui logo começou a falar:

― Perdão por te deixar enfurnado nesse cubículo que eu chamo de escritório por tanto tempo, mas realmente precisava terminar meu banho em paz. ― O primo fechou a porta atrás de si. No rosto, seu sorriso zombeteiro de sempre e os cabelos castanho-escuro um pouco mais escurecidos por ainda estarem úmidos. ― Que bom ver que a decoração feita no seu rosto pelo nosso querido amante dos Salazarte já sumiu, porque as minhas... ― Soltou um assobio. ― Minha esposa sofreu até poder voltar a apreciar a obra de arte que é a minha face.

― Desculpe-me pelo último encontro. ― Foi a primeira coisa que Matias disse, pulando qualquer cumprimento e pondo-se de pé.

Rui pareceu perdido por um momento, o sorriso desaparecendo e dando lugar a um cenho franzido. Em seguida, gargalhou.

― Ah, seu primo desmiolado, eu que esmurro o seu orgulho e você quem me pede desculpas? Quer algo mais típico você do que isso? ― Aproximando-se dele, Rui o puxou para um abraço caloroso, que terminou com direito a um tapinha nas costas. ― Confesso que estava curioso para saber quando você teria coragem para juntar os pedaços do seu orgulho e vir falar comigo. ― Ele riu outra vez e encaminhou-se para sua cadeira na escrivaninha, fazendo o convidado retornar para seu lugar. ― Mas, se você não tivesse vindo até aqui, eu teria te procurado essa semana mesmo. Descobri algumas coisas preocupantes sobre Baltazar… 

Matias engoliu em seco, recordando-se das últimas duas noites. E que passavam por seus pensamentos com frequência. Se fosse mesmo tentar analisar seus pensamentos, quase não pensara em outra coisa que não fosse aquilo ou Irina nas últimas horas.  

― Eu sei ― Salazarte interrompeu qualquer relato do primo antes que começasse. ― Baltazar é irmão do lobisomem que matou minha mãe.

― Teve coragem de colocar seu querido pai contra a parede, então? ― Rui provocou, mesmo que não parecesse intencional debochar. Dobrou uma perna sobre a outra na cadeira. ― Tem certeza que essa pessoa na minha frente é realmente o meu primo? ― Ele riu, não podendo evitar. ― Bem, o que meu querido tio que ama subornar tem para contar?

Nos minutos em que se seguiram, Matias tentou dar um relato o mais conciso e resumido que conseguia. Mesmo sendo da família ― e sobrinho de Brigite ―, havia detalhes que não se arriscaria contar nem para Rui.

Por mais que os segredos do pai tivessem trazido aos Salazarte tanto tormento, seus sentimentos pertenciam somente a ele e assim ficaria. Tudo que Rui precisava saber era sobre o pacto de Inês para salvar a irmã e as tentativas de Leônidas para quebrar a influência da Sombra sobre ela.

O rosto do primo perdeu qualquer sombra de riso ou sorriso que fosse. Até ajeitara a própria postura na cadeira principal da escrivaninha.

― Eu nunca iria imaginar... ― Aquino começou mais para si mesmo, após terminar de ouvir tudo o que o primo tinha para contar. ― Quem diria que o seu pai... ― disse uma sequência de “não’s” para si mesmo, como se duvidasse dos próprios pensamentos. Por experiência própria, Matias sabia que aquilo era inútil. ― No que ele foi enfiar vocês... O que ele foi fazer com a nossa família?! ― exclamou, batendo a própria perna contra a madeira enquanto a cadeira se movia pela sua agitação.

Matias guardou para si a surpresa que o “nossa” causou. Ninguém além dele se importava com Rui entre os Salazarte e mesmo assim ele estava lá, se afligindo por algo que pouco iria afetá-lo de fato.

― Eu... ― Salazarte começou. ― Não sei o que fazer. Tentei convencer Matilda a mudar de ideia sobre Baltazar, tentei fazer meu pai mudar de ideia...

Rui riu, bem diferente de sua gargalhada de sempre.

― Mudar de ideia, Matias? Como você espera fazer seu pai mudar de ideia se essa é a única solução?

― Nós não podemos... ― Matias ia começar a argumentar, contudo, a face do primo falou por ele antes que o próprio verbalizasse o que pensava.

― Não podemos passar por cima de nossa moral, como seu pai e nossa tia fizeram? ― Ele tentou dar o que parecia um sorriso triste, mas parou no meio do caminho, restando somente uma expressão um pouco assombrosa. ― Pela primeira e última vez na vida eu vou ter que concordar com o seu pai, Matias, é sobre a nossa família que estamos falando.

Rui se pôs de pé, impedindo o primo de começar uma de suas fracas tentativas de argumentar. Mesmo que, daquela vez, ele fosse ter argumentos fortes o suficiente.

― É a morte ou a ruína, Matias, é a morte de Baltazar ou será a morte de seu pai. Qual deles você prefere perder?

— Tem que haver uma possibilidade! — Salazarte imitou Aquino e também se pôs de pé, mais como um impulso. — Quantas pessoas mais terão que morrer nisso? — Seu lamento saiu quase como um choramingo. 

O olhar de Rui transformou-se para pena, Matias o reconhecia, o mesmo de quando começara a se arrepender do tormento juvenil que causara ao primo. No passado, aquele fora o início de um amadurecimento para ao menos um dos três envolvidos. 

— Diga-me o que planeja fazer, então — Aquino pediu, voltando a se sentar. Não foi imitado. 

— Eu vou procurar Baltazar. 

— E para que?! — ele exclamou assim que a resposta foi dita. — Pelo amor da Mãe Terra, Matias, deixe de ser teimoso! 

— Isso não é teimosia! — Salazarte gritou, apoiando as mãos no encosto da cadeira em que estivera. — Isso é tentar quebrar o ciclo de mortes que nossa tia e meu pai começaram! 

Rui mordeu o lado interno da bochecha, analisando-o. Sem chistes e sem a sombra do Rui que Matias conhecera por tantos anos. O Rui que sentava-se à sua frente era um homem maduro, com um filho para se preocupar. E também carregando o peso do segredo daquela família sobre os ombros.

— Quando você planeja visitar Baltazar? — ele questionou por fim.  Matias soltou uma longa respiração, aliviado por aquela briga terminar ali. — Se você disser amanhã, eu mesmo descubro o endereço desse infeliz e termino o serviço que comecei na cara dele. 

Salazarte deixou as mãos caírem do encosto da cadeira. 

— A carruagem está lá fora. 

 

 

― Baltazar! ― Matias chamou mais uma vez, continuando a socar a porta. Nenhuma resposta do lado de dentro há bons minutos.

― Parece não haver ninguém em casa. ― Rui retornou depois de ter dado uma volta completa na pequena residência. ― Tem certeza de que é aqui mesmo?

Matias olhou ao seu redor. Um carro de bois passava na rua e levantava poeira junto, levada para dentro das pequenas casas que mantinham suas janelas abertas. Eram quase todas iguais em sua não uniformidade, cada uma feita de um material diferente, desde madeira, barro a tijolo, e com janelas e portas voltadas para direções diferentes.

― Bergoy garantiu que o endereço era esse ― Salazarte respondeu para o primo, desistindo de socar a madeira velha da porta. Assim como Rui, voltou-se para a rua, o carro de boi se afastando e deixando apenas poeira para trás. ― É um bairro de lobisomens.

E que aparentava ser um bairro pobre como qualquer outro na cidade, contudo, apenas os membros do Submundo poderiam saber o que aconteceria ali em noites de lua cheia. E aquela seria uma delas.

― Vocês estão procurando o irmão do Henrique? ― uma mulher, que veio para sacudir um tapete pela janela da casa do outro lado da rua, perguntou. ― Ele saiu.

― A senhora poderia nos informar se ele costuma demorar para voltar? Ou se tem alguma noção de para onde ele foi? ― Rui devolveu com mais perguntas, atravessando a rua.

― Ihh, isso eu não sei responder pro senhor. ― Ela estendeu o tapete pela janela aberta, a ponta quase alcançando o chão. ― Esse aí sumiu desde ontem à noite e sei lá onde foi parar. Mas se eu fosse os senhores tomava cuidado, porque esse aí não é boa gente, não.

Mesmo com a rua os separando, Rui voltou o olhar para o primo, que quase soltou um resmungo para os céus, como se a Terra fosse ouvi-lo. Não custava tentar, afinal, rezar parecia ser a única opção para evitar uma tragédia.

 

 

Matias voltou trazendo apenas mais preocupação e pensamentos carregados de temor para casa. Deixara Rui na residência dos Aquino ― ainda insistindo no seu ponto, que o primo chamava de teimosia ― e retornara direto para casa, pior do que quando saíra.

Tudo estava se fechando ao redor de uma única opção e tinha certeza de que o tempo também estava se esgotando, pois a paciência de Baltazar não duraria para sempre. Naquela mesma noite algo poderia acontecer. Ou poderiam acordar com o Submundo já sabendo de tudo e Leônidas com uma condenação que somente precisaria receber o veredicto do Conselho para que fosse cumprida. Alguém iria morrer e parecia não haver outro final para aquilo.

Matias abriu a porta de entrada e, enquanto planejava subir direto para o quarto no segundo andar, teve sua rota desviada ao ouvir a voz do mordomo:

― A Srta. Gutiérrez o aguarda na biblioteca. ― O bruxo estacou no mesmo instante. ― Como os dois costumam se encontrar lá e não na sala de visitas...

A ordem dos pensamentos de Matias foi quebrada no mesmo instante.

― Ela está esperando há muito tempo?

― Um pouco. Mas levei um pouco de suco e biscoitos, como os dois...

O relato do empregado foi solenemente ignorado pelo filho do patrão, que somente disse um “obrigado” e dirigiu-se ao cômodo citado no mesmo instante. Passadas longas e que mal tocavam o piso fizeram-no chegar à biblioteca antes que o mordomo pudesse sequer pedir por seu casaco. A porta estava aberta e entrou, bebendo do que seus olhos viam. 

O ambiente em que passava horas e horas permanecia tediosamente inalterado e Irina estava voltada na direção da janela, a luz fria e cinzenta que tornara-se frequente nos fins de tarde enchendo a biblioteca de luz. As tardes pareciam ter se tornado o horário deles. 

― Irina? ― ele chamou e Irina voltou-se para trás no mesmo instante, as saias fazendo um rush-rush ao seu redor. 

Matias caminhou até ela, vendo a figura de seus sonhos tornar-se mais nítida a cada passo. Banhada em luz, tão diferente daquela que sempre o visitava em sonhos, tomada pela escuridão da noite. Como na tarde anterior, um sorriso brotou no mesmo instante. 

A lembrança do dia anterior era misturada entre alegria e temor. Temor por acreditar que não a veria tão cedo ou, se a visse, seria para se entranhar ainda mais na rede de problemas em que estavam envolvidos. Os dois também estavam ficando sem saída. E alegria por somente vê-la e poderem dialogar mais uma vez, mesmo depois do dia anterior. Ela ainda estava disposta a conversar após ele ter ultrapassado todos os limites do cavalheirismo em um beijo como aquele. Mas simplesmente não conseguira conter mais os próprios impulsos, a pressão os derrubara, para o bem e para o mal. 

― Como você está? ― ele questionou, vendo-a fitá-lo fixamente, com os lábios pressionados um contra o outro. ― Isaac disse algo ou Eze...

― Eu aceito a sua proposta ― ela soltou à meia-voz, quase em um atropelo. 

Matias estacou novamente, daquela vez mantendo um braço de distância entre eles, pois, ainda pensando no dia anterior, distância era algo que queria permitir a ela. Mesmo que sua vontade fosse totalmente o oposto. 

― Tem plena certeza disso? ― Ele deu um passo em sua direção, erguendo a mão para tocá-la e baixando-a em seguida. ― Não quero que decida por pressão, eu posso resolver esse problema. 

O como não fazia ideia, mas tinha de dar espaço. Não queria que ela o aceitasse apenas por pressão externa. Não quando ela parecia ter tanto para resolver internamente. 

― Eu o desejo, Matias. E o amo. ― Ela cortou tentativas de desculpas por uma afirmação, dando uma profunda respiração. Seus olhos se fecharam e ele cedeu, acabando com o braço de distância que os separava. Como no dia anterior, tocou-lhe o rosto com ambas as mãos, envolvendo as laterais em suas palmas, que se encaixavam tão bem ali. ― Mas também tenho medo. Eu temo em vê-lo sofrer...

― Pois eu não temo. ― Ele aproximou seu rosto do dela, contendo-se em depositar um beijo entre as sobrancelhas, mais uma vez atropelando todos os limites. Sentiu o peito dela subir e descer e viu os olhos se abrirem. Encantadores e assustados, como na tarde anterior. ― Meu temor é pensar que irei passar uma vida sem você, junto a outra mulher que sei que não amaria como amo você ― completou, trazendo à tona alguns dos pensamentos que tomavam sua mente desde a última conversa com o pai. 

Era a história de Leônidas, mas também poderia ser a dele. Amando uma pessoa por uma vida inteira e separados por uma força que estava além deles. Separados pelo temor de algo que não poderiam controlar. 

Ela entreabriu um pouco os lábios e Matias sentiu um leve ar quente escapar por ali. Sua vontade era beijá-la como no dia anterior, a delicadeza cedendo a uma sensação de desespero, como se aquele fosse o primeiro e o último. 

― Eu também temo por mim ― Irina confessou, os dedos abrindo e fechando incertos ao lado dele. ― Eu temo ter que passar por tudo isso outra vez. 

Matias deixou que sua testa encostasse contra a dela, sentindo o rosto quente sob suas mãos e em sua própria face. As mãos de Irina continuavam incertas no que fazer, agarrando-se às próprias saias como se fosse rasgá-las de tanta força. Seus olhos, porém, prendiam-se a ele da forma que o corpo ainda não arriscava fazer.

― Eu não posso prometer que todos os seus dias ao meu lado serão felizes. ― Os dedos dele escorregaram para o lado, caminhando para explorar a nuca e a raiz dos cabelos loiros como não se permitira no dia anterior. ― Mas eu posso prometer que sempre estarei ao seu lado em todos eles. Não importa o que a Luz ou a Terra farão para nós... Eu sempre estarei ao seu lado para tentar amenizar a sua dor.

Os dedos de Irina agarraram-se ao seu casaco, prendendo-o em um abraço que o fazia sentir todo o seu corpo contra o dele. Sentia sua respiração e seu coração contra si. Deixou que ela o segurasse como quisesse, enquanto seus dedos exploravam a parte de trás de seu pescoço.

— Eu queria fazer apenas um pedido — ela retomou a fala aos murmúrios, soando incerta. As palavras que sempre vinham firmes tomavam outra forma. Pediu para que continuasse com um "hum". — Sei que meu pedido passa dos limites quando você já me deu tanto… 

— Você também me deu muito, Irina, mesmo sem saber. — Ao passar outra vez a ponta dos dedos por trás do pescoço, sentiu a pele dela se arrepiar. 

— E você ajudou-me a encontrar as respostas que eu precisava e escolhe unir-se a mim, mesmo sabendo de tudo que virá junto ao me escolher, o que eu poderia lhe dar de bom? 

Matias sorriu, guardando o riso para si, afastou sua testa da dela e depositou outro beijo por entre as sobrancelhas. 

— Você mesma. — As bochechas de Irina foram corando como se tivesse carregado no rouge e beijou novamente seu rosto, descendo pelo nariz. — Diga-me o que quer. 

Ele continuou a descer pelo rosto dela, com um beijo na ponta do nariz, e sentiu-a apertar ainda mais o tecido de sua roupa, amassando-o. Cedia ao desejo de tocá-la. Tocar a verdadeira Irina e não mais um sonho. 

Esperava do fundo do coração que aquilo não fosse mais um sonho, apesar de parecer real demais. 

— Permita-me que eu traga Ezequiel comigo, eu não conseguiria… — Salazarte finalizou com um rápido beijo sobre os lábios dela, percebendo que ela engoliu em seco e respirou fundo. Tentava se controlar tanto quanto ele. — Eu não conseguiria ficar longe dele. Ainda mais quando não sei quanto tempo nos resta… 

— Traga-o. — Deu mais um beijo sobre os lábios dela, demorando-se um pouco mais do que o toque de beija-flor do último. — Não se preocupe quanto à minha família. Se assim quiser, traga-o. 

Sabia que aquilo não seria bem recebido por nenhum dos lados, mas… Por que negar? O depois era o depois. 

Matias beijou-a mais uma vez, permitindo-se demorar mais um pouco e sentindo-a soltar um suspiro demorado. 

— Dessa forma você está tirando minha sanidade — Irina reclamou, no entanto, um sorriso dançou pelos lábios.

O medo havia se perdido nos olhos cinzentos, dando lugar àquela Irina que gostava e gostaria de ver mais vezes. Como naquela noite que compartilharam na estalagem e dera início a toda a cadeia de acontecimentos que os aproximara ainda mais. 

Era como se aquele dia — e aquela noite —, aquela tempestade tivesse acontecido justamente para fazê-los chegar àquele ponto. 

— A minha sanidade já escapou do meu controle desde que você chegou aqui. 

Ela riu, o aperto em suas roupas finalmente se suavizando. Matias tinha certeza que sonharia com aquilo quando a noite chegasse. E, pela primeira vez, podia ter certeza que não estaria preso aos sonhos para ter um momento de paz. Irina aceitara ser sua esposa e estaria não somente em suas noites, mas em seus dias. Seus olhos a admiravam alegres, vendo-a sob a luz. E em suas mãos.

Sem dizer mais uma única palavra, Irina uniu os lábios aos seus. Ele usava o tempo para apreciá-la, memorizando cada gesto, cada reação, gravando como se fosse perdê-la. 

Ela beijava como se fosse perdê-lo, restando a ele manter a calmaria e mostrar que não havia necessidade de pressa, porque não iria embora. Prometera-lhe que estaria junto dela em todos os seus dias, e faria questão de cumprir. 

— Matias! — a voz de Meredith veio ecoando pelo corredor, chegando ao cômodo antes dela. 

Pôde sentir Irina sobressaltar-se, quase dando um passo para trás no mesmo segundo. Ele desceu a mão para suas costas, impedindo-a de se afastar, e virou o tronco na direção da entrada. 

Meredith estava arfando, os grandes olhos castanhos mais abertos do que o normal. 

— Ele a levou. 


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