Um Reino de Monstros Vol. 3 escrita por Caliel Alves


Capítulo 3
Capítulo 1: Avante revolução! - Parte 2




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Um adjetivo para resumir o lugar seria “espelunca”, e isso era ser demasiadamente gentil. A realidade era tão crua que havia apodrecido na 1º Estação.

Se em algum momento o serviço de hospedagem da FCN já ganhou cinco estrelas e era considerado o melhor do mundo, esse tempo parece ter ficado há muitos anos atrás!

Uma caveira com um robe na cabeça, e de avental puído, atendeu os guerreiros disfarçados. Saragat, devido ao seu desempenho no portal, tomou novamente a palavra:

— Bom dia, elegante dama. Eu e meus amigos gostaríamos de pernoitar por alguns dias neste belo recinto e...

A ladina bocejou manifestando repúdio ao mascarado que parou de repente.

Você deveria ganhar um prêmio por sua atuação, capa-preta: a de pior ator do mundo!

A caveira limpando a fossa nasal com um dos seus dedos ossudos, lhe disse:

— Diária de trinta peças de Ouros por pessoa.

Êta diária cara do...

— Sem problema. Nós queremos a suíte, se não se importar?

Todos olharam para Rosicler. Uma gota de suor escorria dos seus rostos.

— Não tem problema nenhum... desde que paguem quando der baixa, pois, se não derem... O elevador tá quebrado. Queiram subir pela escada, sim.

Saragat estava tão irritado que quase botou o seu disfarce a perder.

— E a gente tem opção, seu esqueleto maldito?

— Quê disse, senhor?

— Nada, um pouco de exercício é bem-vindo!

Tell, embora receasse perguntar, indagou sobre a ausência de humanos na região. Até agora só tinha visto monstros desfilarem pelas ruas.

— Os habitantes da região abandonaram o local por não abraçar o nosso culto como vocês. Agora eles estão longe, e graças ao nosso bom deus Enug, só mineradores vêm à noite se divertir na 1º Estação.

A gerente da espelunca, digo pensão, lhe deu a chave da suíte.

Através de um carimbo, cada um recebeu um selo mágico em sua mão direita, indicando o passe-livre pela rota comercial.

Liderando-os, a gatuna subiu pela escada em caracol até a cobertura. Lá, eles teriam uma visão privilegiada, pois esse era o maior edifício da vila. Era possível até ver a 2º Estação da Rota das Montanhas.

— Nós não temos dinheiro nem pra pagar meia-hora nesse lugar. Como é que você foi contratar logo a suíte, sua besta?

— Calminho aí, seu mascarado zoado. Graças aos meus talentos natos de ganhar dinheiro, eu terei a quantia necessária para arcar com os nossos gastos.

Você é só uma trombadinha mesmo, hein!?

Após atravessarem um longo corredor com papel de parede em frangalhos e piso de madeira rangente, chegaram a uma escadaria que levava à uma suíte. Por incrível que pareça... A suíte era um chiqueiro! Aliás, o estábulo da hospedaria era mais limpo do que aquele pavoroso recinto.

— Tem certeza que isso aqui é uma suíte?

Letícia estava completamente corada. O reboco da parede do banheiro havia caído.

Como é que vamos tomar banho? Aliás, será que aqui tem água encanada?

O mago-espadachim pôs sua mochila no chão, e automaticamente, um pedaço de gesso caiu do teto, especificamente em cima da cabeça do servo de Nalab.

— Não durmam em cima da cama, pode haver pulgas...

— É mesmo, gênio? Pelo jeito que anda esse bagulho, deve ter até um cadáver no armário.

A ladra sentou num divã de forro esfarrapado, não sem antes bater o pó com um lenço.

— Só de olhar pra esses vergalhões aí, tu pode pegar tétano.

O restante do grupo se entreolhou perguntando-se o que realmente faziam ali.

— Precisamos fazer os nossos preparativos...

E o mascarado pousou o Cajado Nebuloso sob a cômoda. O móvel se desmanchou e desabou no piso.

— É melhor começarmos antes que estejamos mortos.

A alquimista fez um comentário tão tétrico que Tell sentiu calafrios.

— E o que você sugere “oh, grande líder”?

— Rosicler, você realmente não sabe com quem você tá mexendo!

A garota fingindo que não o ouvia, caminhou até as persianas e as abriu, lançando uma luz mortiça nos hóspedes.

— Continuando, Tell, mantenha Index no tomo, ele chama muita atenção. Objetos pessoais devem ficar conosco. Olhos e ouvidos vigilantes. Mantenham o personagem e andem sempre em dupla, é mais seguro. Nós ficaremos aqui o tempo suficiente para colher informações.

— Já que é assim, vou sair por aí. Sem hora pra voltar, se ligou, rapaziada?

— Rosicler...

Saragat cruzou os braços numa postura paternalista, a ladina parecia até a sua filha.

— Que é?

— Esqueça essa ideia de roubar por aí. O melhor mesmo é fugirmos daqui o quanto antes. Dia menos dia teremos que purificá-los.

— Desencana vai, fui!

Ela saiu pelo corredor. Saragat expirou fundo e desabou na cama de casal.

— Ah, ela é o tipo de “garota problema”.

Tell e a militar tentaram deixar o ambiente “mais agradável”. Utilizando uma velha vassoura e um espanador com duas penas, os dois passaram a limpar o ambiente.

O conjurador resmungava em cima da cama. A alfonsina e o garoto fizeram em poucos minutos o que a camareira tinha deixado de fazer a meses.

Só espero que ela não denuncie a nossa posição!


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