Grãos de Areia a Beira Mar escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 4
Capítulo 4




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A cerimônia de casamento se iniciou com o som poderoso, porém melódico de vozes cantando e instrumentos acompanhando, principalmente os tambores, se destacando no meio de todo som. Os músicos deram passagem para os sacerdotes, que tomaram seus lugares, já os noivos, vieram caminhando numa passagem cheia de flores, jogadas conforme andavam. T'Challa veio primeiro, aguardando Nakia, ao lado dos sacerdotes. A noiva apareceu então, a futura rainha de Wakanda, adornada da cabeça aos pés por um vestido verde claro com detalhes dourados, representando a tribo do rio, o enfeite de cabeça mostrando sua importância como noiva e como rainha.

Shuri observou tudo desde o início, atenta ao sorriso de seu irmão, ele não conseguia conter sua felicidade e não era nada menos que o direito dele desfrutar de um pouco de alegria. Nakia sim parecia mais contida, mas seu olhar apaixonado não deixava dúvidas de que queria estar ali.

A cerimônia prosseguiu, com as palavras ditas em Wakandano, por um momento, Shuri pensou se Namor e sua comitiva estavam compreendendo tudo, por um momento, foi mais além, imaginando como seriam os casamentos em Talokan, se teriam algo em comum com os de Wakanda. Provavelmente não, ou talvez sim... sem entender muito de onde estava vindo tudo aquilo deixou isso para trás. Os Talokani sabiam que era um casamento e era só disso que precisavam saber, eram inteligentes o suficiente para deduzirem o que estava acontecendo.

Para os convidados de Talokan, tudo parecia no mínimo interessante, convidativo, ainda assim eles tentavam ignorar alguns olhares desconfiados de outros espectadores. Essa suspeita pesou mais em Namor do que previa sentir, do que queria sentir.

Defenderia seu povo até o último momento, usaria vantagens de Wakanda se pudesse, mas naquele momento reconheceu que teria que fazer muito mais para compensar a péssima impressão que tinha causado a eles. Ele sabia, eles estavam certos em pensar assim.

Tirando-o de seus pensamentos, a cerimônia terminou com um beijo apaixonado dos noivos e gritos de celebração por todo salão. Namor achou melhor ao menos bater palmas para não parecer tão estático e indiferente. Namora e Attuma apenas o olharam, percebendo que seu líder fazia ao menos um pouco de esforço para se encaixar.

Depois de T'Challa e Nakia receberem os devidos parabéns de várias pessoas, um banquete foi servido a todos, um convite para que todos se sentassem. Como membro da família real, Shuri estava ali perto do rei e da rainha, e sem pensar em mais nada, sentindo-se um pouco cansada de ficar em pé por um longo tempo, começou a degustar um pouco da comida do seu prato.

—Está com tanta pressa que nem pode parabenizar o noivo antes de comer? - T'Challa brincou com a irmã.

—Ah que isso, T'Challa, eu estou feliz, muito feliz por você, de verdade! Eu dei os parabéns antes do casamento e sempre vou dar - ela deu de ombros, de bom humor, olhando para o irmão - vocês finalmente se acertaram, isso me deixa feliz o suficiente.

—Obrigado, Shuri, espero mesmo que esteja bem - mesmo sendo o centro dos holofotes naquele dia, ele se preocupou com sua irmãzinha.

—Ah se preocupe com você, é o seu dia, podemos falar mais de mim depois, está bem?  - ela fez seu melhor para se esquivar, mesmo sabendo que não conseguiria fugir de uma conversa séria com T'Challa por muito tempo.

Para seu alívio e curiosidade, Namor se levantou, indo diretamente até o seu anfitrião.

—Meus parabéns pelo seu casamento, majestade - ele desejou genuinamente - que você e sua rainha vivam uma vida feliz ao lado um do outro.

—Obrigado Namor, eu também agradeço por ter vindo, mais uma vez - T'Challa respondeu - espero que estejam apreciando a festa.

—Estamos, sua hospitalidade é marcante - o rei de Talokan elogiou - me sentiria honrado em conhecer mais de Wakanda, talvez uma volta por seu palácio, se possível.

—Eu posso acompanhá-lo, se quiser - Shuri se ofereceu, para a surpresa de todos, impulsionada por um sentimento de diplomacia, a qual ela deveria manter.

—Seria agradável ter sua companhia outra vez - Namor aceitou a oferta.

T'Challa e Nakia não disseram mais nada enquanto observaram Shuri sair na companhia de seu aliado. Alguma coisa entre eles os preocupava, mas confiaram que ela resolveria tudo da melhor maneira possível.

Antes que caminhassem, Namor foi apresentado pela princesa para cada um dos anciãos, o que fez ele se inteirar ainda mais sobre as tribos que ela tinha mencionado antes. Ali estava a sabedoria e a tradição de Wakanda, o observando e o julgando de cima abaixo, de forma discreta, embora sua figura imponente, porém relaxada devido à ocasião de festa, era no mínimo intimidante.

Namor se aproveitou da situação a seu favor, conversando, perguntando, entendendo mais sobre como 5 tribos tão diferentes podiam formar um só povo. Shuri o observou ali, com um ocasional comentário entre a conversa, mediando o que achasse necessário. Ela sabia que ele era um homem bastante inteligente, mas ver como estava interessado na surperfície, ainda mais sobre o seu país, a deixou surpresa, contente até. Talvez ele estivesse devolvendo o interesse que ela mesma sentiu por Talokan.

Deixando o salão cheio, Shuri mostrou outros arredores, ele viu as paredes maciças, antigas, tradicionais. De repente, tirou o silêncio da caminhada.

—Seria Wakanda tão antiga quanto Talokan? - Namor perguntou a ela.

—Ah acredito que não tanto, talvez 1500 a 2000 anos de diferença - ela deduziu, pensando na resposta mais próxima à questão - por que acha isso?

—Estava reparando nas paredes, parece uma construção antiga, que perpetuou por gerações, apesar de toda tecnologia presente - ele mencionou.

—É, acredito que balanceamos bem uma coisa com a outra - ela deu de ombros, gesticulando com as mãos - apesar de eu receber críticas pesadas das mesmas pessoas com quem você estava sendo tão amigável agora há pouco...

—O que quer dizer exatamente? - ele ficou genuinamente curioso.

—Eu não quero me gabar, mas eu sou a responsável tecnológica por tudo isso, dediquei toda a minha vida a isso, sempre senti essa espécie de... chamado, vocação, sei lá, mas é o que eu sei fazer e sou boa nisso, mas nem sempre minhas ideias são bem vindas - Shuri contou sobre seu dilema.

—Eu notei o quanto é talentosa com tudo isso, não se sinta mal por críticas ruins, acredito que é o seu jeito de fazer o melhor pelo seu país - Namor não mediu esforços para elogiá-la novamente, mais uma vez naquele dia, Shuri notou.

—Acho que posso dizer o mesmo de você, tem sua própria forma de defender o seu povo e... bem, a forma como age demonstra o quanto se importa com eles, são sua família - ela compartilhou sua opinião também.

—Você é dessa forma também, temos isso em comum - ele apontou, o que deixou Shuri um pouco confusa, e ao mesmo tempo, perceber e admitir que ele estava certo.

Os dois tinham se tornado vingativos pelo mesmo motivo, uma característica destrutiva, mas agora admitia que o amor pelos seus povos era algo bom que tinham em comum.

—Isso é bom... - ela decidiu admitir em voz alta.

—Concordo - ele disse, igualmente quieto.

Parece que Shuri tinha tirado as palavras dele, o que lhe deu uma sensação de satisfação. Aproveitando sua vantagem na conversa, resolveu dar um pouco de voz à sua curiosidade também.

—Eu não tenho os hábitos de uma típica princesa - ela constatou - não me ocupo com o que esperava de alguém como eu.

—Entendo o que quer dizer - Namor se deixou rir, percebendo que ela estava descontraída - ainda assim está usando algo digno da sua posição.

Por um momento, ela não soube exatamente ao que exatamente ele estava se referindo, até notar seu pulso.

—Ah isso - Shuri observou a pulseira, a admirando mais uma vez - eu a usei de propósito, mostrando que considero Talokan.

—Pensei que talvez tivesse se desfeito dela - ele confessou.

—Não, eu não pensei nisso - Shuri se comoveu ao ouvir isso, chegando até a tocar seu braço delicadamente como forma de conforto - isso foi um presente, uma lembrança de um lugar especial, não conseguiria fazer isso.

—Agradeço sua consideração - ele agradeceu, se sentindo comovido.

—Adoraria ir até lá outra vez - Shuri deixou sua empolgação transparecer aos poucos - estudar mais sobre sua tecnologia, conversar com o povo, brincar com as crianças, se possível...

—Gostou mesmo de lá, não foi? - ele se permitiu sorrir - posso dizer o mesmo daqui, e viria mais vezes a Wakanda também.

—É bom saber que te impressionamos - ela sorriu de vez.

—Não esperava menos da nação mais poderosa da terra - Namor elogiou, devolvendo o sorriso.

Era engraçado e no mínimo peculiar como tinham esquecido naquele momento os conflitos do passado e estavam ali agora, juntos, aos risos, como velhos amigos.

Sua aproximação não passou despercebida por quem os observava.

 


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