Grãos de Areia a Beira Mar escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 22
Capítulo 22




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O ritmo de trabalho de Shuri com certeza diminuiu conforme sua gravidez avançava, e embora ela insistisse em dizer que estava bem e que não estava doente, entendia completamente a importância de descansar, de se manter em equilíbrio pelo bem do bebê. Não deixaria de se ocupar com a ciência que amava tanto, mas também repousaria e se manteria tranquila e calma nos momentos necessários.

Projetos tecnológicos estavam a todo vapor em Talokan, e a rainha ficou muito aliviada e contente com o progresso que tinha feito na área científica ali no último ano, tinha formado uma equipe talentosa, tanto de velhos alquimistas responsáveis por manter a cidade em funcionamento, tanto como jovens que quiseram se voluntariar para esse trabalho, fascinados com tudo que a rainha Shuri tinha trazido de Wakanda, combinado com o que tinha ali no reino submerso. Era um trabalho em perfeita harmonia, que agora, devido à gestação de Shuri, era apenas supervisionado por ela, confiando no instinto e talento da equipe que tinha formado.

Ku'kul'kan se ocupava em organizar tudo, ouvia as mais variadas pessoas ao aconselhá-las, supervisionava o trabalho duro de cada grupo, e antes que o dia se findasse, voltava à cabana.

Era difícil encontrar Shuri completamente quieta, não era típico dela, mas pelo bem do seu bebê, ela tentava. Era comum encontrá-la assistindo alguma coisa, filmes, era o termo que os definia, que ele se lembrava, e assim se juntava a ela, perguntando do que se tratava, das alegorias que representava.

Um dia, porém, as coisas pareciam diferentes. Namor não a encontrou repousando, ou assistindo, mas completamente concentrada, apesar de ver de longe a empolgação que fazia os olhos dela brilharem.

—Shuri, está tudo bem? - ele se aproximou, a tirando daquele estado de concentração momentâneo.

—Está sim, oi! - ela olhou pra ele e o abraçou, o recebendo em casa. 

—Eu achei que estaria descansando, o que está te ocupando desse jeito tão hipnotizante? - ele perguntou por curiosidade, chegando a sorrir.

—Aconteceram duas coisas hoje, tem uma que na verdade queria ver sua opinião quanto a isso, já que pode ser uma novidade pra você - ela tentou explicar sem esclarecer muita coisa, contando com a expressão confusa típica de seu marido - aliás, tenho certeza de que é novidade pra você.

—Está me tratando como um troglodita primitivo outra vez - ele cruzou os braços, ligeiramente mal-humorado - se me permite dizer, minha rainha, eu acho que evoluí muito no último ano sobre sua cultura da superfície, além disso, eu andei estudando muita coisa sozinho, sem suas explicações.

—Olha só pra ele, tão orgulhoso... - Shuri entrou em seu tom condescendente, brincando com ele - o aluno superou o mestre.

—Essa é uma frase típica dos seus filmes - ele apontou rindo - mas me explique, minha esposa, o que é novidade pra mim.

—Claro, primeiro, queria contar que o bebê chutou hoje, eu me levantei pra pegar um café e ele chutou, comecei a rir sem parar, foi simplesmente incrível e queria que você estivesse aqui comigo pra vivenciar isso - ela contou com toda alegria.

—Isso é maravilhoso - Namor não hesitou em tocar o ventre dela logo em seguida, admirando seu tamanho consideravelmente maior agora - quem sabe ele faça isso de novo, quando eu estiver por perto.

—É algo imprevisível, mas podemos esperar por isso - ela confirmou - o que eu queria te dizer é que há um processo na superfície que permite saber se vamos ter um menino ou uma menina, e minha preocupação é que não faço ideia se isso seria... eu não sei, permitido em Talokan, ou se é uma tradição esperar que o bebê nasça pra descobrirmos isso e escolhermos um nome.

—Eu nunca ouvi falar de tal coisa, temos outras maneiras medicinais de monitorar uma gravidez, mas não conseguimos descobrir sobre isso até que o bebê nasça - ele respondeu sobre suas próprias tradições - isso certamente é algo novo e no mínimo intrigante, você está ansiosa pra saber se é um menino ou menina?

—Eu sinceramente me acho um pouco tola por estar ansiosa, mas admito que sim, eu estou - ela confessou, rindo - pode ser influência da minha cultura da superfície, quer dizer, talvez em Wakanda somos mais pacientes, mas outros lugares do mundo com certeza mal podem esperar pra descobrir o que é o bebê.

—O que você acharia melhor fazer? Esperar ou descobrir? - Namor deixou que ela decidisse.

—O Talokani aqui é você, sou eu que não quero ofender sua cultura - Shuri ergueu as mãos, na defensiva.

—Mas você é a rainha deles - ele respondeu rindo - o que decidir, vão respeitar.

—Ou eu posso fazer uma má escolha e ofendê-los e perder a confiança que levei todo esse tempo pra conquistar - ela contrapôs - quer saber, meu amor? Eu vou esperar, não há problema nisso, vai ser legal sermos surpreendidos.

—Está bem, na minha opinião, também acho melhor - ele acabou concordando - apesar de tudo que aprendi da superfície, há tradições que eu prefiro que sejam mantidas, essa é uma delas.

—Sim, não vejo porque não - Shuri liberou um longo suspiro, aliviada depois de toda aquela conversa.

De repente, ela se sobressaltou e num ato de reflexo de proteção, Namor tocou a barriga dela, bem a tempo de sentir um chute.

—Imprevisível, mas mais cedo do que esperávamos - ele riu alto, completamente admirado e feliz - seria isso um bom ou mal sinal?

—Acredito que um bom sinal! Essa criança está feliz e bem! - comentou a mãe dela, animada - mas entendi o que quer dizer, o significado do chute, se concorda em esperarmos ou não, bom, já decidimos sobre isso, vamos saber se você é príncipe ou princesa de Talokan só quando nascer, criança.

Shuri riu mais um pouco, o que agitou o bebê outra vez e o fez chutar novamente. Seus pais ficaram ali, em um silêncio mútuo e venerável, apenas aproveitando o momento de alegria.

Mesmo com a espera escolhida, Namor e Shuri não hesitaram em pensar em algum nome para seu filho.  Pensativo e relaxado, ele se deixou deitar a cabeça no colo da esposa, dividindo o pouco espaço que ainda tinha ali, já que faltava pouco tempo para o bebê nascer a essa altura.

—Eu sei que sempre falamos do que o nascimento do nosso filho significa pro reino, mas eu gosto de pensar nele como uma criança comum, quer dizer, fora dos seus títulos - ela contou distraidamente, como se conseguisse ver seu filho já ali.

—Eu nunca tive esse privilégio, ser uma criança normal - Namor confessou seu sentimento - desde meu nascimento me foi imposto a responsabilidade de ser o rei deles, seu protetor, e eu nunca fugi de cumprir o meu papel, quero que seja diferente pro nosso filho, queremos que sejamos uma família, antes de qualquer coisa.

—Que bom que pensamos igual nisso - Shuri olhou para baixo, sorrindo pra frente - ser diferente, penso isso sobre o nome dele ou dela também.

—Como assim, meu amor? - ele redobrou sua atenção.

—Dar a ele um nome que honre suas duas nações, nem talokani nem wakandano, mas a junção dos dois - Shuri compartilhou o que tinha em mente.

—T'hani - ele pronunciou suavemente, uma mistura de sílabas que soava bem aos seus ouvidos - é algo único, sem um significado específico, mas que simbolizaria nossa criança.

—Me soa muito bem... - ela comentou, admirada - T'hani então.

Trocando o mesmo sorriso de satisfação e alegria, ambos estavam contentes com sua decisão. Conversar sobre seu filho, tornava a experiência de esperar por ele cada vez mais concreta, aumentando sua percepção de que em breve ele estaria bem ali no meio deles.


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