Desejo e Poder, O Império de Han escrita por MyraNLacerda


Capítulo 8
007 O Príncipe Espião




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Reino de Zhao, Cidade de Yin

 

As areias vermelhas rodopiavam no céu em uma intensa tempestade de areia. No reino de Zhao existem três tipos de areia. A amarela que percorre os limites do povoado. A branca no sul do reino que se mistura com os resquícios do inverno que vem de Yuan. E a vermelha, a mais quente e utilizada em rituais do povo do deserto. Não há nada de especial ou mágico nelas, apesar de que o povo acredita que a areia vermelha deve ser utilizada na cura e recuperação daqueles que ficaram enfermos ou impossibilitados de atuar no exército. As dunas de areia cercam cada construção do reino de Zhao, os escondendo e os protegendo de forasteiros.

Em Yin estava um grupo de soldados que escoltavam o príncipe mais velho. O homem de pele dourada se iluminava pelo sol que o beijava em seu ponto mais alto. Ele era dono de uma beleza inigualável. Ombros largos e fortes, braços firmes e mãos calejadas. Seu rosto era calmo e tomado por uma barba por fazer, e o seu sorriso fazia qualquer mulher estremecer, ainda mais quando ele dançava.

O príncipe possuía o costume de vagar entre as cidades e parar nos estabelecimentos que investiu. Aquele era o seu favorito, por exemplo, A Fragrância, uma casa ocupada por belos homens e mulheres em trajes finos e transparentes que trabalhavam em prol do prazer carnal, mas por baixo dos panos traziam informações de todo o continente.

A Fragrância é um estabelecimento que impõe poder e curiosidade, as pessoas que o frequentam são clientes da nobreza e em sua maioria estrangeiros, mal sabem eles o propósito real daquele lugar.

Su Tu estava em um aposento vermelho, aquele era especial, tecidos de seda deslizavam do teto aberto e arejado, tapetes brancos preenchiam o piso e os assentos de madeira eram reclinados. Sua escolta aguardava do lado de fora enquanto ele se jogava no assento e esperava o show começar. A música iniciou segundos depois, e três dançarinas entraram. Suas vestes vermelhas deslizavam por seus corpos em uma transparência que não reservava nada para a imaginação.

O príncipe sorriu. Ele amava aquela atenção, aquele desejo e o cheiro entorpecente que o deixava alucinado e louco. Não demorou muito para que se levantasse e se jogasse nos braços das mulheres de peles douradas — da cor do povo de Zhao — e dançasse como se não houvesse amanhã.

Seus corpos se misturavam e se envolviam em uma dança erótica. Ele se curvava em direção ao pescoço mais próximo e o beijava devagar. Seus lábios deslizaram para o lóbulo da orelha da mulher e ele ronronou para ela — O que descobriu?

A mulher tocou seus cabelos com delicadeza, sua boca desceu sobre a garganta do príncipe e o mordiscou ali enquanto seus corpos ainda balançavam pelo ritmo acelerado do músico.

— É como você disse — sussurrou contra sua pele bronzeada — haverá uma competição em breve e uma exibição de poder para todos os nobres presentes.

Ele avançou sobre a mulher que dançava colada em suas costas, seu corpo se moldando ao dele. Suas pernas se encaixaram e ele tomou seus lábios nos dele e murmurou quase como um sussurro, inaudível para quem estivesse do lado de fora.

— Quem estará presente?

Entre beijos e gemidos contidos, a mulher lhe respondeu — Representantes de todos os reinos de nosso continente. Convites ainda estão sendo enviados, e outros exigidos.

Su Tu arrastou seus lábios para o ombro da mulher que se enroscava contra si e questionou o que ela dissera, e então respondeu — Alguns estão se oferecendo, há boatos de que o Rei dará sua primogênita em casamento.

Ele se afastou e a olhou como se procurasse qualquer indício de mentira. Ela dissera a verdade, algo estava abalando as estruturas de Han, e talvez, fosse aquela garotinha.

O príncipe se afastou — Podem se retirar — e caminhou para o assento reclinado.

A ordem não precisou ser repetida, elas saíram e o músico as seguiu, mas não antes de acenar respeitosamente para o príncipe e receber um bilhete secreto. Uma nova missão.

Su Tu deixou sua cabeça descansar no assento e encarou o teto aberto respirando com dificuldade. Não tinha muito tempo que o nome da princesa estava em todos os cantos do continente, boatos e mais boatos começaram a surgir nos últimos meses sobre a garota. Ele franziu a testa enquanto tentava organizar os pensamentos. Todos sabiam que no continente não existiam mulheres no centro ou em qualquer posição de poder e comando, mas os boatos que surgiram eram todos voltados a esse assunto. A mudança do século. O Reino de Han, um que muitos anos atrás estava em guerra, e que murmúrios de novas guerras eram comentados em outros reinos, possuem cerca de quatro príncipes, e nenhum ser capaz de governar é simplesmente ridículo. Talvez…

Ele se levantou, estava começando a entender o que se passava na cabeça da mulher que nunca conhecera, mas que recentemente começara a incomodá-lo.

A porta do aposento vermelho se abriu, era um mensageiro.

O garoto baixo e magro se curvou em respeito ao príncipe e ofereceu a mensagem que estava em suas mãos.

— O Rei ordenou que se preparasse para ocupar o lugar de emissário para o Reino de Han.

Su Tu abriu o envelope que mantinha a mensagem conservada, e olhou o convite que acabara de escutar da mulher… aquela que ele sequer prestou atenção.

Um convite para observar a batalha de nomeação do príncipe herdeiro entre os filhos do Rei. Seu pai possuía aquela informação antes dele, e ele não entendeu como. Acreditava ser o centro de inteligência e informação de Zhao, mas seu pai ainda tinha muito a lhe ensinar.

— Qual a probabilidade disso ser uma coincidência? — perguntou, mais para si do que para o garoto à sua frente.

— Zero — o menino sorriu em simpatia — O Rei continua sendo mais inteligente que Vossa Alteza — o garoto se curvou e se retirou mantendo a porta aberta.

Su Tu trincou os dentes irritado, não diria nada ao menino, afinal, ele era servo de seu pai e ele não tinha poder nenhum sobre o jovem.

— Alteza, — disse um dos guardas que o escoltava — devemos ir? Suas malas estão prontas e já carregamos os presentes.

O príncipe tentou suavizar a expressão em seu rosto, mas não conseguiu se acalmar totalmente.

— Não, mudanças de planos. Vamos a Han.


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