Cálice de Fogo escrita por Sak


Capítulo 8
Os Quatro Campeões


Notas iniciais do capítulo

Olá todo mundo!!!

Espero que estejam bem nessa véspera do dia dos pais!!!

Agradeço do fundo do coração a todos que tem me incentivado, isso ajuda demais!!! Vcs ñ tem nem ideia
Então a todos que favoritam e que me mandam suas mensagens: MUITO OBRIGADA



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Sakura se virou feliz para o amigo e o abraçou.

— Parabéns! Você conseguiu! – O parabenizou.

Naruto estava em estado de choque, ficou sentado ali, consciente de que cada cabeça no Salão Principal se virava para ele. Sentia-se atordoado. Entorpecido. Sem dúvida estava sonhando.

Não ouvira direito.

— Anda – murmurou Sakura, dando um leve empurrão em Naruto.

O garoto ficou em pé, pisou sem querer na barra da capa do uniforme, mas se recompôs rapidamente. Andou por entre as mesas da Grifinória e da Lufa-Lufa até parar em frente à mesa dos professores, recebendo cumprimentos e parabenizações dos colegas ao longo do caminho. A mesa de Sonserina era a única que não se mexia, indignados que o campeão de Hogwarts era alguém da Grifinória. Karin bateu palmas discretamente, como era em geral dela, mas tinha um discreto sorriso orgulhoso no rosto.

— Senhoras e senhores – disse o diretor Hiruzen – uma salva de palmas para os quatro campeões do Torneio Tribruxo.

Dentro de poucos minutos os quatro escolhidos foram direcionados a uma câmara particular onde um belo fogo crepitava na lareira e as paredes estavam cobertas de retratos a óleo de bruxas e bruxos de outros tempos.   

Sasuke Uchiha, Utakata Uton e Ino Yamanaka, Naruto repassou os nomes deles na cabeça, seriam seus adversários. A ficha de que tinha sido o escolhido como campeão para representar Hogwarts ainda estava caindo e de que seria adversário direto de seu ídolo.

Eles se reuniram em torno da lareira. Pareciam estranhamente imponentes contra as chamas. Sasuke, apoiado na coluna de tijolos e ligeiramente afastado dos outros, parecia pensativo. Utakata e Ino iniciaram uma breve conversa. Naruto lembrou que apenas Ilvermorny tinha trazido alunos do sexto ano também e o garoto não se lembrava de Uton em nenhuma das aulas, então devia ser do sétimo ano, o que queria dizer que provavelmente Naruto era o mais novo dos quatro.

A porta às costas dele se abriu e o diretor Hiruzen entrou acompanhado pelos senhores Senju, a professora Tsunade e os diretores das outras escolas. Foi possível ouvir o zum-zum de centenas de estudantes antes da professora fechar a porta.

— Meus parabéns aos quatro – disse Nawaki, esfregando as mãos e sorrindo para eles. – Temos que agilizar isso. Pai, quer fazer as honras? Estou animado demais com esse torneio.

— Vamos às instruções – começou o senhor Hashirama caminhando em direção a claridade das chamas da lareira. – A primeira tarefa será realizada no dia 24 de novembro perante os demais estudantes e a banca de juízes. A primeira tarefa se destina a testar a coragem dos campeões, por isso não vamos lhes dizer qual é. A coragem do desconhecido é uma qualidade muito importante em um bruxo – os avisou.

‘É proibido aos campeões pedir aos seus professores, ou aceitar deles, ajuda de qualquer tipo para realizar as tarefas do torneio. Os campeões enfrentarão o primeiro desafio armados apenas de varinhas. Receberão informações sobre a segunda tarefa quando a primeira estiver concluída. Por força da natureza árdua e demorada do torneio, os campeões estão dispensados dos exames do fim do ano letivo.

O senhor Hashirama se virou para encarar Hiruzen.

— Acho que é isso, não é? – perguntou para ele.

— Acredito que sim – respondeu o diretor. – Estão dispensados.

Enquanto os diretores das outras escolas conduziam seus campeões, a professora Tsunade pediu para que Naruto a acompanhasse. O garoto engoliu em seco com certo receio, mas suas preocupações foram dissipadas quando a professora disse:

— Muito bem Uzumaki – ela o parabenizou. – Como sempre, sendo imprevisível, espero que saiba usar seus pontos fortes nas tarefas que lhe esperam.

— Obrigado, professora – ele sorriu ligeiro e até um pouco sem graça, a professora não era de dar elogios à toa.

— Tenho certeza que os alunos da Grifinória estão lhe aguardando para comemorarem e seria uma pena privá-los dessa excelente desculpa para fazerem barulho e causarem confusão. Divirta-se – Naruto olhou estupefato para as costas da professora enquanto a mesma se afastava.

Ela tinha mesmo deixado eles darem uma festa?

O garoto andou apressado para a torre da Grifinória.

Quando parou em frente ao quadro de entrada para o salão comunal foi uma surpresa ver uma bruxa encarquilhada do lado da protetora do quadro vestida de seda roxa, Naruto tinha certeza que tinha visto ela na sala onde tinha entrado com os outros escolhidos pelo cálice e teve certeza quando a bruxa disse:

— Ora, muito bem – disse a de roxo –, Violeta acaba de me contar tudo. Você foi escolhido pelo cálice?

— Sim, asnice – respondeu.

— Que mal educado – soltou a bruxa encarquilhada.

— Não, Vi – negou a bruxa de roxo e explicou: – É a senha.

A bruxa encarquilhada se empertigou mais calma. Ela devia ter corrido e muito por todos os quadros das sete escadas do castelo para chegar ali antes dele.

A mulher de seda roxa rodou nas dobradiças para deixar Naruto entrar na sala comunal.

O estardalhaço que ouviu feriu os ouvidos de Naruto quando o mesmo entrou e quase o derrubou de costas. A próxima coisa de que teve consciência foi que estava sendo arrastado para dentro da sala por uns doze pares de mãos, diante dos alunos da Grifinória em peso, que gritavam, aplaudiam e assobiavam.

Muitos alunos o parabenizaram, mais velhos e mais novos, Naruto viu os amigos mais afastados, em uma das janelas perto da lareira. Sakura sorriu para ele de longe.

Nagato havia cavucado em algum lugar conseguindo uma bandeira da Grifinória e insistia enrolá-la em Naruto como se fosse uma capa. Os colegas mantinham seu copo cheio de cerveja amanteigada não importava o quanto bebesse, lá estava o copo cheio novamente; salgadinhos, doces e lanches sempre vinham parar em seu colo. O garoto nunca tinha se sentido tão centro das atenções antes e não se sentia muito confortável com isso no momento tão de repente. Ainda estava digerindo a ideia…

E nem tinha conseguido conversar com os amigos, alguém sempre o impedia!

A comemoração foi até altas horas da madrugada.

E não foi surpresa nenhuma que os alunos da Grifinória não conseguiam se concentrar nas aulas do dia seguinte. Nem Sakura, que era o exemplo perfeito de aluna, conseguiu segurar os bocejos ou evitar de piscar algumas vezes entre uma aula e outra.

 

. . . 

 

Os dias foram passando naquela semana e Naruto sentiu diferenças consideráveis depois de ter sido anunciado como o campeão de Hogwarts.

Os alunos sempre iam esmorecidos para as aulas de história com o professor Orochimaru, então quando Konohamaru adentrou a sala antes mesmo do professor falar e se dirigiu à escrivaninha, todos focaram a atenção no garoto.

— O que foi? – Orochimaru perguntou rispidamente.

— Por favor, professor – o garoto disse timidamente. – Me mandaram levar Naruto Uzumaki lá em cima.

— A aula começou agora, o Uzumaki subirá quando a aula terminar – disse o professor com aquele rosto azedo.

O garoto parecia querer sumir da vista de todos.

— Professor, o senhor Senju é quem está chamando – disse nervoso. – Todos os campeões têm que ir…

— Muito bem – retorquiu Orochimaru –, Uzumaki deixe seu material e depois retorne para que…

— Professor – o garotinho foi corajoso ao interromper o professor – ele tem que levar o material – engoliu nervoso. – Todos os campeões…

— Uzumaki! – o professor se irritou. – Pegue suas coisas e desapareça da minha frente!

Naruto atirou a mochila por cima do ombro, se levantou e caminhou rapidamente em direção a porta. Konohamaru o acompanhou ligeiro.

— É fantástico, não é Naruto? – disse o mais novo assim que saíram do corredor onde se encontrava a sala do professor Orochimaru. – Você ser campeão?

— Acho que sim – respondeu o mais velho. – Você sabe para que estão chamando os campeões?

— Não sei exatamente, mas eu vi um pessoal do Profeta Diário – respondeu o garoto. – É aqui – ele apontou quando chegaram em frente a uma porta. – Boa sorte – desejou antes de se afastar e seguir o próprio rumo.

Naruto respirou fundo e bateu na porta, entrando logo em seguida.

Era uma sala de aula relativamente pequena, a maior parte das carteiras estava afastada para o fundo do aposento, deixando um amplo espaço no meio; três delas, no entanto, tinham sido enfileiradas lado a lado, diante do quadro-negro e cobertas com uma toalha de veludo. Cinco cadeiras tinham sido arrumadas atrás das mesas cobertas de veludo e Hashirama Senju estava sentado em uma delas conversando com um bruxo que Naruto nunca viu antes e que usava um terno de veludo em tom de verde musgo.

Sasuke Uchiha estava em pé, pensativo em um canto, como de costume, sem falar com ninguém. Utakata e Ino estavam entretidos conversando, a garota parecia muito mais feliz do que Naruto tinha visto até então, ela não parava de jogar a cabeça para trás de modo que os cabelos longos e prateados refletissem a luz. Um homem barrigudo, segurando uma grande máquina fotográfica que soltava uma leve fumaça, observava Ino pelo canto do olho.

O senhor Senju de repente viu Naruto, se levantou depressa e foi ao encontro do garoto.

— Ah, aqui está ele. O campeão número quatro! Entre Naruto, entre... não tem com o que se preocupar, é apenas a cerimônia de pesagem das varinhas, os outros juízes estão chegando...

— Pesagem das varinhas? – repetiu Naruto, um tanto nervoso.

— Temos que verificar se as varinhas estão em perfeitas condições de funcionamento, sem problemas, entende?! Porque são os instrumentos mais importantes nas tarefas que vocês têm pela frente – disse o homem. – O perito está lá em cima com Hiruzen, agora. E depois vai haver uma pequena sessão de fotos. Este é Kabuto Yakushi – acrescentou, indicando com um gesto o bruxo de vestes carmim –, está escrevendo um pequeno artigo sobre o torneio para o Profeta Diário...

— Talvez não seja tão pequeno assim, Senju – disse ele, com os olhos em Naruto. – Gostaria de saber se poderia dar uma palavrinha com Naruto antes de começarmos? – pediu ele a Hashirama, mas ainda com os olhos fixos em Naruto, como se uma ideia brilhante tivesse surgido. – O campeão mais novo, entende... para dar um toque mais pitoresco?

Naruto estranhou, ele nem era tão novo assim comparado aos outros campeões, dois anos de diferença no máximo.

— Certamente! – exclamou Hashirama. – Isto é, se Naruto não fizer objeção?

— Hum... – Naruto soltou incerto.

— Perfeito – respondeu o repórter e, num segundo, seus dedos tinham segurado com surpreendente firmeza o braço do garoto, o conduzindo para fora da sala e abriu uma porta próxima.

Era um armário de vassouras.

— Aqui está ótimo – disse e virou um balde virado de boca para baixo, fazendo Naruto se sentar em uma caixa de papelão e fechou a porta, mergulhando-os na escuridão. – Vejamos agora...

Kabuto tirou de dentro do terno um punhado de velas, que acendeu com um aceno da varinha, e colocou-as suspensas no ar, de modo a iluminar o que faziam.

— Você não se importa, Naruto, se eu usar uma pena-de-repetição-rápida? Assim fico livre para conversar com você normalmente...

— Uma o quê? – perguntou Naruto confuso.

O sorriso de Kabuto se abriu. Naruto sentiu um ligeiro arrepio, mas ignorou. Mais uma vez ele meteu a mão no terno e tirou uma pena comprida verde-ácido e um rolo de pergaminho, que abriu entre os dois em cima de uma caixa de Removedor Mágico Multiuso. Ele levou a ponta da pena verde à boca, chupou-a por um instante com cara de quem estava gostando, depois colocou-a em pé sobre o pergaminho, onde a pena ficou equilibrada tremendo ligeiramente.

— Teste... meu nome é Kabuto Yakushi, repórter do Profeta Diário.

Naruto olhou depressa para a pena. No momento em que o repórter falou, ela começou a escrever, deslizando sobre o pergaminho.

O repórter rasgou a parte de cima do pergaminho em que a pena tinha riscado e começou a entrevista com o garoto:

— Então, Naruto... o que fez você decidir entrar no Torneio Tribruxo?

— Hum... – disse Naruto outra vez, mas foi distraído pela pena. Embora não estivesse falando, ela continuava a correr pelo pergaminho.

— Não dê atenção à pena, Naruto – disse Kabuto Yakushi com firmeza. Relutante, o garoto ergueu os olhos para ele. – Agora, por que decidiu entrar para o torneio, Naruto?

— Porque é uma oportunidade única ser escolhido pelo Cálice de Fogo como Campeão de Hogwarts – Naruto se parabenizou por não ter gaguejado nenhuma vez.

— E como é que você se sente com relação às tarefas que o aguardam? – perguntou o repórter ávido. – Excitado? Nervoso?

— Ainda não pensei realmente... é, nervoso, suponho – disse Naruto. Ao falar suas entranhas reviraram desconfortavelmente.

— Houve campeões que morreram no passado, não é? – disse Kabuto com eficiência. – Você chegou a pensar nisso? Não tem medo?

— Bom... dizem que vai ser muito mais seguro este ano. Então não, não tenho medo, sou da Grifinória, afinal.

A pena correu veloz pelo pergaminho entre os dois, para a frente e para trás, como se estivesse patinando.

— E sobre os outros campeões? Acha que é páreo para eles?

— Estou só um ano atrás – pensou o garoto. – Não acho que vou ter tantas dificuldades. Mas confesso que estou nervoso por Sasuke Uchiha também ser campeão, eu sou um grande fã dele, sabe?

Os olhos do jornalista pareceram brilhar ainda mais com a informação, mas antes que ele pudesse dizer uma palavra, a porta do armário de vassouras se escancarou. Naruto olhou à volta, piscando para a claridade. O diretor Hiruzen estava parado ali, contemplando os dois apertados no armário.

— Hiruzen! – exclamou Kabuto, parecendo encantado, mas Naruto reparou que a pena e o pergaminho tinham repentinamente desaparecido da caixa de Removedor Mágico e os dedos do jornalista fechavam apressadamente os botões do terno. – Como vai? – perguntou ele se erguendo e estendendo uma das mãos ao diretor. – Espero que tenha visto o meu artigo durante o verão sobre a conferência da Confederação Internacional de Bruxos?

— Encantadoramente maldoso – respondeu o diretor com os olhos cintilantes. – Gostei principalmente da descrição que fez de mim como um debiloide ultrapassado.

O repórter não pareceu sequer remotamente desconcertado.

— Eu só estava tentando mostrar que algumas de suas ideias são um tanto antiquadas, Hiruzen, e que muitos bruxos...

— Ficarei encantado de ouvir o raciocínio que fundamentou a grosseria, Kabuto – disse Hiruzen, com uma reverência cortês e um sorriso –, mas receio que tenhamos de discutir esse assunto mais tarde. A pesagem das varinhas vai começar e não pode ser realizada se um dos campeões estiver escondido em um armário de vassouras.

Satisfeitíssimo de se afastar de Kabuto Yakushi, Naruto correu de volta à sala. Os outros campeões estavam agora nas cadeiras junto à porta, e ele se sentou depressa na cadeira vazia ao lado de Utakata, com os olhos na mesa coberta de veludo, onde agora havia quatro dos cinco juízes – o diretor Daniel, Madame Mei, o diretor Danzou, o senhor Senju e o diretor Hiruzen. Kabuto Yakushi se acomodou a um canto; Naruto o viu tirar discretamente o pergaminho do terno, abri-lo sobre um joelho, chupar a ponta da pena-de-repetição-rápida e equilibrá-la mais uma vez sobre o pergaminho.

— Gostaria de lhes apresentar a senhora Chiyo Akasuna – disse Hiruzen, ocupando seu lugar à mesa dos juízes e se dirigindo aos campeões. – Ela vai verificar suas varinhas para garantir que estejam em boas condições antes do torneio.

Naruto olhou para os lados e, com um choque de surpresa. O garoto já tinha encontrado a senhora antes – era a fabricante de quem Naruto comprara a própria varinha, havia mais de seis anos no Beco Diagonal.

— Mademoiselle Yamanaka, poderia vir até aqui primeiro, por favor? – disse a senhora Akasuna postando-se no espaço vazio no centro da sala.

Ino Yamanaka fez o que a bruxa pediu e lhe entregou a varinha.

— Humm... – disse ela.

A senhora Akasuna girou a varinha entre os dedos longos como se fosse um bastão, e ela emitiu várias faíscas rosas e douradas. Depois aproximou-a dos olhos e a examinou atentamente.

— É – disse baixinho –, vinte e quatro centímetros... inflexível... jacarandá... e contém... por Merlim! – exclamou.

— Um fio de cabelos de fairy – disse Ino com orgulho. – Uma das minhas avós.

Então Ino era em parte fada, pensou Naruto, anotando a informação mentalmente para contar a Sakura...

— Confere – disse a senhora Chiyo –, eu nunca usei cabelo de fairy – adotou a palavra que a garota dissera –, naturalmente. Acho que produz varinhas temperamentais... no entanto, se ela lhe serve...

A senhora Akasuna correu os dedos pela varinha, aparentemente à procura de arranhões ou saliências, então murmurou “Orchideous!” e saiu um ramo de flores da ponta da varinha.

— Muito bem, está em ótimas condições de funcionamento – disse a bruxa mais velha, por fim, recolhendo as flores e oferecendo-as a Ino juntamente com a varinha. – Senhor Uton, agora é o senhor.

Ino retornou delicadamente à sua cadeira e sorriu para Utakata quando o garoto passou.

— Muito bem cuidada, não? – admirou a senhora, com muito mais entusiasmo, quando Utakata lhe entregou a varinha. – Que interessante, contém uma espinha do Monstro do Rio Branco… Trinta centímetros... freixo... agradavelmente flexível. Está em boas condições... – elogiou mais uma vez – o senhor cuida dela periodicamente?

— Lustrei-a à noite passada – disse Utakata sorrindo.

Naruto olhou a própria varinha. Dava para ver marcas de dedos em toda a extensão. Ele agarrou um bocado de pano das vestes na altura dos joelhos e tentou limpá-la discretamente. Várias faíscas douradas voaram de sua ponta.

Ino Yamanaka lhe lançou um olhar condescendente e ele desistiu.

A senhora Akasuna disparou uma sequência de anéis de fumaça prateada pela sala da ponta da varinha de Utakata, declarando-se satisfeita e, em seguida, disse:

— Sua vez, senhor Uchiha.

Sasuke Uchiha se levantou e foi até a bruxa. Entregou a varinha e ficou parado, de cara fechada e mãos nos bolsos das vestes.

— Humm – disse a senhora Akasuna –, é uma criação de Otsutsuki, a não ser que eu esteja enganada. Um excelente fabricante de varinhas, embora o estilo nunca seja bem o que eu... – murmurou – contudo...

Ergueu a varinha e examinou-a minuciosamente, revirando-a várias vezes diante dos olhos.

— É... carvalho e corda de coração de dragão? – perguntou ao Uchiha, que confirmou com um simples aceno de cabeça. – Um pouco mais grossa do que se vê normalmente… bastante rígida... trinta centímetros... Avis!

A varinha de carvalho produziu um estampido como o de uma pistola e um bando de passarinhos chilreantes saiu voando de sua ponta, pela janela aberta, em direção ao sol desbotado.

— Ótimo – exclamou a senhora Akasuna e devolveu a varinha ao Uchiha. – Resta agora... o senhor Uzumaki.

Naruto se levantou depressa, passou pelo Uchiha para chegar até a bruxa e entregou sua varinha.

— Ah, esta é uma das minhas, não? – disse a senhora Akasuna, com muito mais entusiasmo. – É, lembro-me bem dela. Contém um único pêlo da cauda de um unicórnio macho particularmente belo… devia ter um metro e setenta; quase me deu uma chifrada quando lhe arranquei um fio da cauda… Aaah, sim – soltou ela, seus olhos repentinamente brilhando. – Sim, sim, sim. Lembro-me muito bem.

Naruto se lembrava também. Lembrava-se como se tivesse sido ainda ontem…

Há seis anos atrás, ele entrara na loja da senhora Akasuna com seu pai para comprar uma varinha. A bruxa tirara suas medidas e em seguida começara a lhe dar varinhas para experimentar. Naruto teve a impressão de que desprezara todas as varinhas da loja, até finalmente encontrar a que lhe servia – aquela, que era feita de mogno, vinte e oito centímetros e continha um único pêlo da cauda de um unicórnio. A senhora Akasuna se mostrara muito surpresa que Naruto fosse tão compatível com essa varinha.

A bruxa passou mais tempo examinando a varinha de Naruto do que a dos demais. Por fim, porém, fez jorrar uma fonte de vinho da varinha e devolveu a Naruto, anunciando que o objeto continuava em perfeitas condições, o que aliviou o garoto.

— Muito obrigado a todos – disse o diretor Hiruzen, se levantando da mesa dos juízes. – Vocês podem voltar às suas aulas agora, ou talvez seja mais rápido descerem logo para jantar, já que elas estão prestes a terminar...

Naruto estava pronto para sair, quando o homem com a máquina fotográfica preta deu um pulo da cadeira e pigarreou.

— Fotos, Hiruzen, fotos – exclamou Hashirama, excitado. – Todos os juízes e campeões. Que é que você acha, Kabuto?

— Hum... certo, vamos fazer essas primeiras – respondeu o repórter, cujos olhos estavam fixos no Uchiha. – E depois talvez umas fotos individuais – o olhar dele se desviou para Naruto.

As fotos consumiram muito tempo. Madame Mei queria que ela e Ino ficassem no meio por serem as únicas mulheres, mas não ficava satisfeita com a luz ou com o ângulo da câmera e o fotógrafo precisou se desdobrar para enquadrá-las do jeito que a madame queria. O diretor Daniel não parava de torcer o cavanhaque com o dedo para lhe acrescentar mais um cacho; o Uchiha, que Naruto imaginava estar acostumado a esse tipo de coisa, tinha uma cara impaciente no rosto. Utakata insistia em jogar o cabelo para trás enquanto o diretor Danzou tinha a mesma cara fechada de sempre. Depois das fotos em com todos juntos Kabuto insistiu para que fizessem fotos separadas dos campeões. E, finalmente, todos foram liberados.

Naruto desceu para jantar. Sakura não estava lá, ele supôs que a amiga tivesse dado um pulo na biblioteca como fazia na maioria das vezes. Ele comeu sozinho na ponta da mesa, depois voltou à Torre da Grifinória, pensando em todos os deveres suplementares que ainda não havia feito e que estavam começando a acumular…

 

. . . 

 

Os próximos dias foram suficientes para ele perceber que o choque de se ver no papel de campeão da escola agora já diminuiu um pouquinho, e o medo do que o aguardava estava começando a penetrar fundo em sua mente. A primeira tarefa se aproximava; o garoto tinha a sensação de que ela estava de tocaia logo ali, como um monstro aterrorizante, barrando o seu avanço. Nunca se sentira tão nervoso; ultrapassava e muito qualquer sentimento que tinha experimentado antes de uma partida de quadribol, até mesmo a última contra a Sonserina, que decidiu quem ganharia a Taça de Quadribol no ano anterior. Naruto estava achando difícil pensar no futuro, sentia que a sua vida inteira o conduzia à primeira tarefa e nela terminaria...

— É só nervosismo – disse Sakura em uma tarde em que estavam na biblioteca.

Naruto sabia que era mais do que isso, ele percebeu que nem todos em Hogwarts estavam felizes com a escolha do cálice de ele ser o campeão. Os alunos de Sonserina não era uma surpresa, mas ficou surpreso por receber olhares condescendentes de alguns de Lufa-Lufa e Corvinal, havia até alguns na Grifinória que expressaram isso.

Naruto olhou bem para a amiga concentrada com dois livros abertos e uma pena deslizando pelo pergaminho enquanto ela murmurava.

— Devia ter sido você – ele soltou, percebendo então.

Claro que Sakura era a favorita de todos para ser a campeã. Todos deviam estar pensando a mesma coisa.

— O quê ? – a garota olhou para ele, a cabeça ainda no dever.

— Por que o Cálice me escolheu e não você?

Sakura deu de ombros simplesmente.

— O Cálice de Fogo é um objeto mágico como o Chapéu Seletor – disse ela. – Você acha que o Chapéu errou em te colocar na Grifinória?

— Não – ele respondeu ofendido.

— Então não comece a questionar o Cálice – ela apontou.

Naruto sentiu o peito mais leve com as palavras da amiga, mas tinha algo que não saia de sua cabeça.

— Você não ficou nem um pouco chateada pelo Cálice não ter te escolhido?

Aquilo fez Sakura titubear e o amigo ficou apreensivo.

— Você queria ter sido escolhida – ele percebeu.

— Olha, se o fosse para ser eu o Cálice teria me escolhido, não comece a duvidar de você agora – disse ela, sem negar a afirmação. – Além disso, claro que eu gostaria de ter sido escolhida, é uma honra e é algo único. Só… – suspirou – Às vezes, a família dos campeões é convidada para assistir as tarefas e… – hesitou por um momento, o olhar longe. – Não vou mentir: seria legal… Trazer meus pais para conhecerem Hogwarts.

Naruto pegou a mão da amiga por cima da mesa e apertou em apoio.

— Você vai trazer seus pais para conhecerem Hogwarts um dia – ele afirmou. – Guarde minhas palavras.

Sakura sorriu e enxugou o canto do olho direito antes que uma lágrima caísse.

— Tá tendo pressentimentos agora?

— Por falar em pressentimento… – contou tudo o que aconteceu com a entrevista e como esse sentimento de que alguma coisa ia dar errado persistia nos dias seguintes ao ponto dele não conseguir mais ignorar.

— Ai Naruto… – a amiga soltou apreensiva. 

— O quê? – ele perguntou temeroso.

— Kabuto Yakushi tá mais pra repórter de fofocas do que de notícias – revelou ela.

— Mas eu não falei nada demais – disse o loiro confuso.

Como é que Sakura explicava para o amigo que não bastava boas intenções, as pessoas poderiam distorcer ao bel prazer delas para contar a história que queriam, mas temia deixar o amigo mais nervoso do que ele já estava.

— Então você não tem nada para se preocupar no momento além das suas tarefas acumuladas – apontou com a cabeça em direção a mochila do amigo no chão transbordando de livros e pergaminhos.

Naruto pegou a mochila e despejou sobre a mesa vendo que a amiga tinha razão.

— É muito dever, não sei nem por onde começar – ele reclamou antes de se concentrar pelos que precisavam ser entregues nos próximos dias.

 

Continua…

 


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Notas finais do capítulo

Estão gostando? Espero muito que sim!!!

Dúvidas? Teorias? Comentários? Sugestões? Me deixem saber o que estão achando!!!

Confesso q ñ ando lendo muito, tô numa ressaca literária do tipo que tudo o q eu começo a ler me dá preguiça e aí eu desisto kkkk
Tudo o que meu corpo quer saber é de assistir série, vê se eu posso com um negócio desses???
Eu finalmente parei para maratonar "The Last of Us" e amei!!!! Só q eu ñ me aguento e fui atrás de saber o que acontece no segundo jogo, resultado: fiquei devastada

Enfim, minha recomendação da vez é uma que tá na minha lista de um dia pretendo ler kkkkkk
Se chama "Aru Shah e o fim dos tempos", parece que é o primeiro livro de uma série e que tem o selo do Rick Riordan (escritor de Percy Jackson), me deixou bastante interessada!!!

Por enquanto é isso, beijinhos e até o próximo capítulo



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