Cálice de Fogo escrita por Sak


Capítulo 11
A Conclusão da Primeira Tarefa


Notas iniciais do capítulo

Olá para todo mundo!!!

Capítulo do mês prontinho, espero que gostem!!!

Bom final de domingo e uma boa semana pra vcs!!!



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Havia centenas e mais centenas de rostos nas arquibancadas que o olhavam, que tinham se materializado desde a última vez que ele estivera naquele lugar. E havia o Rabo Córneo, do outro lado do cercado, deitado sobre sua ninhada de ovos, as asas meio fechadas, os olhos amarelos e malignos fixos nele, um lagarto negro, monstruoso e coberto de escamas, sacudindo com força o rabo de chifres, que deixava marcas de um metro de comprimento escavadas no chão duro. A multidão fazia uma barulheira infernal, mas se era simpática ou não a ele, Naruto não sabia nem se importava. Era hora de fazer o que tinha de fazer... focalizar a mente, inteira e absolutamente, na coisa que era sua única chance...

Ele parou diante do dragão.

A multidão parou junto.

 

Naruto respirou fundo e murmurou, apontando a varinha em direção ao castelo, o feitiço que tanto havia treinado:

— Accio Firebolt.

Então, esperou e esperou… Cada fibra de seu corpo desejando e pedindo... Mas e se não funcionasse? E se sua vassoura não estivesse a caminho? Ele não tinha nenhum plano B. É verdade que acreditava que um plano B só atrapalhava o plano A, mas talvez devesse ter pensado em algo antes… Fazer o que? O jeito seria improvisar… Ele contemplou as coisas à sua volta através de uma barreira transparente e luminosa, como uma névoa de vapor quente, que fazia as centenas de rostos que o rodeavam flutuar estranhamente…

O rabo córneo fez um movimento como se fosse avançar no garoto.

Naruto desviou e então a ouviu, cortando o ar às suas costas, ele se virou e viu a Firebolt disparando em sua direção, começando a sobrevoar a floresta, chegando ao cercado e parando imóvel no ar, aguardando que ele a montasse. A multidão fez estardalhaço... Nawaki gritou alguma coisa... mas os ouvidos de Naruto não estavam mais ouvindo bem... ouvir não era mais importante...

Ele sorriu ao correr em direção a ela, passando a perna por cima da vassoura e deu impulso contra o chão. Um segundo depois, uma coisa milagrosa aconteceu...

À medida que ele ganhava altura, à medida que o vento passava sacudia seus cabelos, à medida que os rostos da multidão se transformavam em meros pontinhos lá embaixo e o Rabo Córneo se reduzia ao tamanho de um gato, ele percebeu que deixara para trás, não só o chão, mas também o resto de medo que ameaçava avançar, ele havia mentido para todos, inclusive para a melhor amiga, sobre não ter medo, é claro que não queria preocupá-la... 

Mas ele se energizou e ganhou de volta a velha confiança que sempre sentia antes de uma partida de quadribol. Ele estava de volta ao lugar a que pertencia.

Era apenas mais uma partida de quadribol, nada mais... apenas mais uma partida de quadribol e aquele dragão era apenas mais um time adversário desagradável que ele tinha que vencer.

Ele olhou para a ninhada de ovos e localizou o ovo de ouro brilhando entre os demais que tinham uma cor acinzentada, agrupados em segurança entre as pernas dianteiras do bicho.

— OK – Naruto disse a si mesmo –, uma tática diversiva... vamos...

E mergulhou. A cabeça do Rabo Córneo o acompanhou, o garoto sabia o que ia fazer e se recuperou do mergulho bem na hora: o dragão cuspiu um jorro de fogo exatamente no ponto em que ele estaria se não tivesse se desviado, mas Naruto não se importou e sorriu selvagem, aquilo era o mesmo que se desviar de um balaço...

— Nossa, como ele sabe voar! – berrou Nawaki, enquanto a multidão gritava e exclamava. – O senhor está assistindo a isso, senhor Uchiha?

Naruto voou mais alto desenhando um círculo com a vassoura no ar, o Rabo Córneo continuava acompanhando o progresso do garoto, sua cabeça girava sobre o longo pescoço – se continuasse a fazer isso, ia ficar bem enjoado –, mas era melhor não insistir muito ou o bicho iria recomeçar a cuspir fogo de novo...

Naruto se deixou afundar rapidamente na hora em que o dragão abriu a boca, mas desta vez teve menos sorte: ele escapou das chamas, mas o bicho chicoteou o rabo para o alto ao seu encontro e, quando ele virou para a esquerda, um dos longos chifres arranhou seu ombro, rasgando suas vestes...

O garoto sentiu o ombro arder, ouviu os gritos e gemidos da multidão, mas o corte não parecia ser muito fundo... agora, ao passar rapidamente pelas costas do Rabo Córneo lhe ocorreu uma possibilidade...

O dragão não parecia estar querendo voar, parecia mais preocupado em proteger os ovos. Embora se contorcesse, abrisse e fechasse as asas sem tirar aqueles medonhos olhos amarelos de Naruto no ar, parecia ter medo de se afastar demais de sua ninhada, mas o garoto precisava persuadi-lo a fazer isso ou jamais chegaria perto deles... o truque era fazer isso cautelosamente, gradualmente, talvez se irritasse o bicho...

Naruto começou a voar, primeiro para um lado, depois para o outro, suficientemente longe para o bafo do bicho não o perfurar, mas, ainda assim, oferecendo uma ameaça suficientemente forte para o dragão não tirar os olhos dele. A cabeça do bicho virava para um lado e para o outro, vigiando o garoto com aquelas pupilas verticais, as presas à mostra...

Naruto voou mais alto. A cabeça do Rabo Córneo se ergueu com ele, o pescoço agora se esticava ao máximo, ainda se movendo, como uma serpente diante do seu encantador...

O garoto subiu mais alguns palmos e o bicho soltou um rugido de exasperação. Naruto era uma mosca para ele, uma mosca que o bicho gostaria de esmagar, é claro, seu rabo tornou a chicotear, mas o garoto estava alto demais para que pudesse alcançá-lo... o dragão cuspiu fogo para o ar, Naruto se desviou... as mandíbulas do bicho se escancararam...

— Anda – rogou Naruto, fazendo voltas no ar –, anda, vem me pegar... levanta, agora… – o loiro fez uma careta provocando o bicho.

Então o dragão se empinou, abrindo finalmente as poderosas asas negras de couro, grandes como as de um avião e Naruto mergulhou. Antes que o dragão percebesse o que ele fez, ou como ele desapareceu, o garoto estava voando a toda velocidade para o chão em direção aos ovos, agora sem a proteção das patas com garras do dragão… Naruto soltou as mãos da Firebolt e agarrou o ovo de ouro...

E, com um grande arranco, tornou a subir e parou no ar, sobre as arquibancadas, o pesado ovo bem preso sob o braço bom e… Era como se alguém tivesse acabado de aumentar o volume do som, pela primeira vez ele realmente tomou consciência do barulho da multidão, que gritava e aplaudia com tanto estardalhaço quanto os torcedores dos brasileiros na Copa Mundial… Tá bom, talvez não chegasse a tanto, mas ainda assim…

— Olhem só para isso! – berrava Nawaki Senju. – Por favor olhem para isso! Nosso campeão mais jovem, o campeão de Hogwarts, foi o mais rápido a apanhar o ovo de ouro!

Naruto viu os guardadores de dragões se adiantarem correndo para dominar o bicho e, lá na entrada do cercado, a professora Tsunade, o professor Kakashi e seu padrinho Jiraya corriam ao seu encontro, todos acenando para que ele descesse da vassoura, seus sorrisos visíveis mesmo àquela distância. Ele tornou a sobrevoar as arquibancadas, a algazarra da multidão batucando seus tímpanos, então desceu suavemente para pousar, o coração mais leve do que esteve em semanas. Tinha conseguido cumprir a primeira tarefa, tinha ficado cara a cara com um dragão e tinha sobrevivido!

— Foi excelente, Uzumaki! – exclamou a professora Tsunade quando ele desmontou a Firebolt, o que vindo dela era um elogio e tanto. Naruto reparou que a mão da professora tremia quando apontou para o seu ombro. – Vai precisar procurar Madame Sula antes que os juízes anunciem sua nota... ali, ela já teve que fazer um curativo no Uchiha...

— Você conseguiu, Naruto! – exclamou Jiraya rouco depois de tanto gritar pelo afilhado. – Você conseguiu! E ainda por cima contra o Rabo Córneo e, sabe, aquele domador disse que esse era o pior...

— Obrigado, Jiraya – disse Naruto em voz alta, para que o mais velho não se atrapalhasse e acabasse revelando que, na véspera, tinha mostrado os dragões ao garoto.

O professor Kakashi parecia muito satisfeito.

— Muito bem, soube aproveitar bem os seus pontos fortes – foi tudo o que ele disse.

— Obrigado professor – o aluno agradeceu.

Naruto saiu do cercado ainda ofegante e viu Madame Sula parada na entrada da segunda barraca com ar preocupado.

— Dragões! – exclamou ela com a voz desgostosa, puxando o garoto para dentro.

A barraca era dividida em cubículos, ele viu a silhueta do Uchiha através da lona, mas o campeão não parecia muito machucado, pelo menos estava sentado.

Madame Sula examinou o ombro de Naruto, falando nervosamente, sem parar, o tempo todo: 

— No ano passado foram os dementadores, este ano são os dragões, o que mais vão trazer para esta escola? Você teve muita sorte... o corte é bem superficial... mas será preciso limpá-lo antes de fechar...

Ela limpou o corte com um pedaço de algodão molhado em um líquido arroxeado que fumegava e ardia, mas depois tocou o ombro dele com a varinha e o garoto sentiu o corte se fechar instantaneamente.

— Agora se sente quieto um minuto, sente-se! Depois pode ir receber a sua nota.

A enfermeira saiu apressada da barraca e ele a ouviu entrar na porta vizinha e dizer:

— Como é que você está se sentindo agora, senhor Uchiha?

Naruto não queria ficar sentado imóvel, ele continuava cheio de adrenalina. Se levantou, querendo ver o que estava acontecendo lá fora, mas antes que chegasse à entrada da barraca, duas pessoas entraram: Sakura e Karin.

— Você foi melhor do que eu poderia ter imaginado – a amiga exclamou em voz alta.

— Pelo menos aquela vassoura velha serviu para alguma coisa – acrescentou a irmã, cruzando os braços em seguida.

— Puxa – soltou Naruto – e isso porque supostamente vocês estavam torcendo por mim – reclamou o garoto.

A ruiva revirou os olhos, mas soltou:

— Você foi muito bem, pirralho.

Era o máximo que teria dela.

Quando Karin se foi, Sakura desatou a falar, estava tão empolgada quanto o amigo:

— Por um momento eu achei que o feitiço não ia funcionar, principalmente depois que eu vi você erguer a varinha e fazer uma cara de desespero, mas aí eu vi a vassoura e soube que tudo ia ficar bem. E a ferida no seu ombro?

— Tá tudo certo, a Madame Sula já cuidou – mostrou a cicatriz do ferimento para ela.

— Às vezes eu esqueço que a magia é praticamente um milagre quando se trata de medicina no mundo mágico – soltou a amiga em um suspiro.

Naruto inclinou a cabeça sem entender nada do que ela havia dito.

— Vamos lá, eles vão anunciar as suas notas…  – ela o chamou.

Recolhendo o ovo de ouro e a Firebolt, se sentia mais eufórico do que teria acreditado ser possível uma hora atrás, Naruto se abaixou para sair da barraca, mas assim que eles saíram foram abordados pelo jornalista Kabuto.

— Ah, que maravilha – soltou o homem, um sorriso pronto para destilar veneno. – Exatamente quem eu queria ver.

Naruto e Sakura paralisaram de surpresa, foi a deixa para o fotógrafo tirar uma foto deles.

— Gostaria de me dar uma palavrinha de como está se sentindo, campeão de Hogwarts?

Naruto fechou a cara, Sakura o puxou, mas não sem antes dele dizer em alto e bom som:

— Pra quê? Pra você distorcer tudo como fez da outra vez?

— Imagine, isso é besteira – o jornalista fez um gesto de pouco caso. – São apenas detalhes para manter os leitores mais envolvidos.

— Envolvidos em mentiras ao que parece – ironizou Sakura.

A pena já se agitava em cima de um pedaço de pergaminho, anotando sabe-se lá o que.

De repente dois pares de mãos agarraram o pergaminho, enquanto que outros dois pares puxaram Sakura e Naruto com eles.

Eram Temari e Kankuro.

Os quatro correram juntos aos berros do jornalista em suas costas:

— Liberdade de imprensa é garantido pelas leis da magia!

— Não há liberdade na mentira! – Temari gritou de volta.

— Corram! – gritou Kankuro.

Quando estavam longe, respiraram fundo, tentando recuperar o fôlego.

— Você pode correr, né? – Temari perguntou preocupada para Naruto.

— Aquela ferida foi bem feia – Kankuro acrescentou. 

— Eu tô bem – disse Naruto, a voz apaziguada.

— Que bom – os irmãos soltaram ao mesmo tempo.

Então eles se olharam. De verdade, pela primeira vez em semanas.

Kankuro e Naruto sorriram um para o outro e correram para se abraçar, chorando logo em seguida e pedindo desculpas.

— Fácil assim? – Temari exclamou indignada.

— Garotos – Sakura soltou, balançando a cabeça de um lado para o outro.

Mas as duas fizeram exatamente as mesmas coisas que os garotos: se abraçaram, choraram e pediram desculpas uma à outra pela briga.

E, fácil assim, era como se aquelas semanas que passaram sem se falar fossem como se nunca tivessem acontecido.

Kankuro desatou a falar:

— Você foi o melhor, sabe, ninguém foi páreo para você. Utakata fez uma coisa estranha, transfigurou uma pedra no chão, transformando em cachorro. Acho que ele estava tentando fazer o dragão avançar no cachorro e não nele. Bem, foi uma transfiguração legal e até funcionou porque ele apanhou o ovo, mas ele também se queimou, o dragão mudou de ideia no meio do caminho e decidiu que preferia pegar ele em vez do labrador, Utakata escapou por um triz. 

— A Ino tentou uma espécie de feitiço – Temari intercedeu –, acho que estava querendo fazer o dragão entrar em transe, bom, isso também funcionou, o bicho ficou sonolento, mas aí soltou um ronco e cuspiu um grande jorro de chamas e a saia dela pegou fogo, ela apagou com um pouco de água tirada da varinha. Dos quatro, ela foi a única que não se feriu, por incrível que pareça.

— O Uchiha, você não vai acreditar – continuou Kankuro –, mas ele nem pensou em voar! Mas, provavelmente, foi o melhor depois de você. Atacou o dragão com um feitiço bem no olho. Só teve um problema, o bicho saiu andando agoniado e amassou metade dos ovos de verdade, ele perdeu pontos por causa disso, ele não devia ter danificado a ninhada.

Eles chegaram ao cercado em poucos instantes. Agora que o Rabo Córneo tinha sido levado, Naruto pôde ver onde os cinco juízes estavam sentados: bem na outra extremidade, em assentos altos cobertos de tecido dourado.

— Cada um dá notas de um a dez – explicou Sakura ao notar o olhar do amigo. Naruto apertou os olhos na direção do campo e viu o primeiro juiz, Madame Mei, erguer a varinha no ar. Dela saiu uma comprida fita prateada que desenhou um grande oito no ar.

— Nada mal! – disse Kankuro, enquanto a multidão aplaudia. – Suponho que tenha descontado pontos pelo seu ferimento no ombro...

O senhor Hashirama foi o seguinte. Lançou um número nove no ar.

— Está indo bem! – berrou Kankuro, batendo nas costas de Naruto.

Depois, o diretor Hiruzen. Ele também projetou um nove. A multidão aplaudia com mais entusiasmo que nunca.

Na varinha de Nawaki foi projetado uma nota dez.

— Dez? – disse Naruto incrédulo. – Mas... eu me machuquei... qual é a dele?

— Não reclama, Naruto! – berrou Temari animada.

E agora Daniel ergueu a varinha. Parou um momento e em seguida saiu um número de sua varinha também – quatro.

— Quê? – bradou Kankuro furioso. – Quatro? Seu desonesto, você deu dez ao Uchiha sabendo que ele não merecia! Seu trapaceiro!

As meninas concordaram, mas não disseram nada.

Naruto não se importou, não teria se importado se Daniel lhe desse zero, a indignação de Kankuro e Temari por sua causa valia uns cem pontos para ele. Não disse isso aos amigos, é claro, mas seu coração estava mais leve do que o ar quando ele deu meia volta para se retirar do cercado. E não foi apenas os amigos… não foram apenas os alunos da Grifinória que aplaudiram no meio da multidão.

Quando chegou a hora, quando viram o que Naruto precisava enfrentar, a maioria da escola tinha ficado do seu lado. Ele não se importava com os alunos da Sonserina, podia suportar o que quer que lhe dissessem.

— Vocês estão empatados no primeiro lugar, Naruto! Você e o Uchiha! – Konohamaru apareceu correndo ao encontro deles quando os garotos voltavam à escola. – Escutem, tenho que correr, tenho que mandar uma coruja à mamãe, jurei que contaria a ela tudo o que acontecesse, mas foi inacreditável! Ah, e me mandaram te avisar que você precisa ficar por aqui mais uns minutinhos… o senhor Hashirama quer falar com você na barraca dos campeões.

Os amigos disseram que o esperariam, de modo que Naruto tornou a entrar na barraca, parecia diferente agora, de certa forma: simpática e hospitaleira. Ele lembrou a sensação que teve no momento que enfrentava o Rabo Córneo e a comparou à longa espera antes de sair para enfrentá-lo... não havia comparação, a espera fora imensuravelmente pior.

Ino, Utakata e Uchiha entraram juntos, um atrás do outro.

Um lado da cabeça de Utakata estava coberto com uma grossa pasta laranja, que presumivelmente estava curando sua queimadura. O Uchiha também tinha uma faixa na cabeça, mas que cobria mais a testa.

— Muito bons, todos vocês! – disse o senhor Hashirama Senju, entrando lépido na barraca e parecendo satisfeito como se ele próprio tivesse enfrentado a guarda de um dragão. – Agora, só umas palavrinhas. Vocês têm um bom intervalo até a segunda tarefa, que terá lugar às nove e meia da manhã de 24 de fevereiro, mas vamos lhes dar alguma coisa em que pensar durante esse tempo! Se examinarem os ovos de ouro que estão segurando, verão que eles se abrem... estão vendo as dobradiças? – Naruto olhou para o ovo em mãos. – Vocês precisam decifrar a pista que está dentro do ovo, porque ela dirá qual vai ser a segunda tarefa e permitirá que se preparem! Ficou claro? – todos acenaram. – Têm certeza? Tudo bem, podem ir, então!

Naruto deixou a barraca, tornou a se juntar aos amigos e eles começaram a andar pela floresta, conversando animados. Naruto queria saber com maiores detalhes o que os outros campeões tinham feito e em que ele se diferenciava…

— E o Uchiha usou aquele feitiço… – Kankuro tentou se lembrar.

— Conjunctivitus — murmurou Sakura.

— Isso, porque os olhos do dragão são o seu ponto fraco – continuou o garoto.

— Mas você foi completamente surpreendente – disse Temari.

— É! – Kankuro exclamou animado. – Quem é que ia pensar em usar uma vassoura? Quer dizer, nem o Uchiha pensou nisso!

— Você ficou muito quieta Sakura – Naruto chamou, a garota estava com a cabeça longe.

— Só estava pensando – ela deu de ombros.

— Pois pode começar a colocar para fora esses pensamentos aí – mandou Temari.

— Tá bem – Sakura sorriu. – Só… Acho que o Cálice não ia escolher um campeão que fosse igual ao outro — então a garota foi enumerando com os dedos das mãos. – Pelo que eu pude perceber o Uchiha é forte, Ino é esperta, Utakata é meticuloso, mas você? – apontou para o loiro. – É como a professora Tsunade sempre diz: imprevisível.

— Isso bizarramente faz sentido – Temari concordou.

— Acho que não é possível que as outras tarefas sejam tão perigosas. Como poderiam ser? – prosseguiu Kankuro enquanto caminhavam pela entrada do castelo. – Sabe de uma coisa? Acho que você pode mesmo vencer esse torneio, Naruto, estou falando sério.

Temari concordou com um aceno de cabeça.

Naruto sabia que Kankuro só estava dizendo isso para compensar o seu comportamento nas últimas semanas, mas assim mesmo gostou. Sakura, no entanto, cruzou os braços e falou:

— Não cante vitória antes do tempo, o Naruto tem um longo caminho a percorrer até o fim do torneio – disse ela séria. – Se essa foi a primeira tarefa, nem quero pensar qual vai ser a próxima.

— Você é um raiozinho luminoso de sol, não é não? Você e a professora Anko deviam se reunir um dia desses. Aliás, você não teve mais nenhuma visão de lá pra cá não? – Kankuro provocou a garota. Sakura se eriçou com o comentário.

Naruto estancou as costas da amiga e fez que não com a cabeça para o outro garoto.

— Eu não tenho visões! – exclamou Sakura nervosamente. – Tenho sensações — corrigiu. – E não – mentiu. – Não tive nenhuma nos últimos tempos – e saiu andando na frente.

— Nossa, ela tá sensível quanto a isso, hein – reparou Temari.

— Vocês sabem como ela é, por que ainda ficam provocando? – Naruto suspirou.

— Ela tem um dom – apontou Temari.

— Que ela devia usar mais – acrescentou Kankuro, concordando com a irmã. – Bom, é melhor subirmos para a sua festa surpresa, Naruto, a esta altura, Nagato e Yahiko já devem ter pilhado comida suficiente das cozinhas.

— Se é uma festa surpresa não devia me contar, né cabeção? – reclamou Naruto.

Mas por dentro ele estava muito contente.

E não deu outra. Quando entraram, a sala comunal da Grifinória explodiu em vivas e gritos outra vez. Havia montanhas de bolos, garrafões de suco de abóbora e cerveja amanteigada em cima de cada móvel. Havia até alguns alunos de outras casas, como Lee que soltou alguns dos seus Fogos Fabulosos do Dr. Filibusteiro Sem Fumaça Nem Calor, por isso o ar estava denso de estrelas e faíscas; e Sai, que era muito bom em desenho, tinha pendurado magníficas bandeiras novas, a maioria das quais mostrava Naruto voando na Firebolt em volta da cabeça do dragão.

Naruto se serviu da comida e se sentou com Sakura, que parecia bem mais calma. Não conseguia acreditar na felicidade que sentia, tinha feito as pazes com Kankuro e Temari, tinha dado conta da primeira tarefa e só teria que enfrentar a segunda dali a três meses.

— Putz, isso é pesado – comentou Kankuro levantando o ovo dourado, que Naruto deixou em cima de uma mesa, pesando-o nas mãos. – Abra, Naruto, vamos! Vamos ver o que tem dentro!

— Ele tem que decifrar a pista sozinho – Sakura avisou depressa. – É a regra do torneio...

— Eu devia arranjar um jeito de passar pelo dragão sozinho, também – murmurou Naruto, de modo que somente Sakura o ouvisse, fazendo com que ela soltasse um suspiro resignado.

— É, anda, Naruto, abra! – gritou Nagato, acompanhado do coro de vários colegas.

— Abre! Abre! Abre!

Kankuro passou o ovo ao loiro e o garoto enfiou as unhas no fecho que corria por volta do objeto, forçando o ovo a abrir.

Estava oco e completamente vazio por dentro, mas no momento em que Naruto o abriu, um som terrível, alto e agudo com um agouro, encheu a sala. A coisa mais próxima àquilo que Naruto já tinha ouvido na vida fora a orquestra fantasma na festa do aniversário de morte de um dos fantasmas do castelo, em que todos os componentes tocavam um serrote musical.

— Fecha isso! – mandou Konan, as mãos tampando os ouvidos.

— O que é isso? – perguntou Yahiko, olhando o ovo enquanto Naruto tornava a fechá-lo com um estalo. – Parecia um espírito agourento... quem sabe você vai ter que passar por um deles da próxima vez, Naruto!

— Era alguém sendo torturado! – amedrontou Nagato. – Você vai ter que enfrentar a Maldição Cruciatus!

— Deixa de ser babaca, Nagato, isso é ilegal – disse Konan. – Não usariam a Maldição Cruciatus contra os campeões. Na verdade, achei que lembrava um pouco você cantando... quem sabe você vai ter que atacar ele quando estiver debaixo do chuveiro, Naruto.

E os dois começaram a discutir com pequenas intervenções de Yahiko.

— O que a olhos de lua tá fazendo? – Kankuro apontou para Hinata do outro lado da sala, ela se mexia de um jeito diferenciado, um prato com bolo em uma das mãos enquanto a outra se movia no ar, sua costumeira varinha estava atrás da orelha como sempre. Ao lado dela estava Tenten e Karui.

— Não chama ela assim! – Sakura reclamou.

— Provavelmente ela está tentando se livrar de um zomzóbulo – Naruto respondeu com seriedado.

Os amigos olharam sem entender para ele. O garoto caiu na gargalhada. Hinata sorriu para ele do outro lado da sala, como se tivesse o ouvido.

Era quase uma hora da manhã quando Naruto finalmente subiu para o dormitório em companhia de Kankuro. Antes de fechar as cortinas de sua cama, o garoto colocou a miniatura do Rabo Córneo Húngaro em cima da mesa de cabeceira, onde o dragão bocejou, se enroscou e fechou os olhos. Para ser sincero, pensou Naruto, ao correr as cortinas da cama, seu padrinho tinha uma certa razão... eles eram realmente legais, os dragões...

 

Continua…

 


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Notas finais do capítulo

Gostaram? espero que sim!!!

Dúvidas? Perguntas? Sugestões? Opiniões? Me digam que estão achando, vou adorar saber

Minha recomendação de leitura para esse mês é “A Quinta Estação” de N. K. Jemisin
Alguém já leu? Eu ainda não, mas está na minha interminável lista de livros para ler, aliás, alguém aqui usa o Skoob? Pra quem não sabe é um site/app para organizar leituras, eu adoro e recomendo, minha vida como leitora melhorou muito (uso assiduamente desde 2018)
Outra coisa que melhorou minha vida como leitora foi usar o app do kindle, no celular mesmo, a quantidade de livros gratuitos que eu já peguei, principalmente nacionais, esse ano tá muito em cima, mas ano que vem não vai me faltar livro pra ler kkkkk

Por enquanto é isso, beijinhos e até o próximo capítulo



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