As Crônicas de Aethel (II): O Livro das Bruxas escrita por Aldemir94


Capítulo 30
O Legado dos Atlântis




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/807901/chapter/30

Embora tivesse perdido a preciosa armadura de Maeve, Nealie ainda era uma das feiticeiras mais poderosas do mundo: seu sopro poderia provocar tempestades de neve em regiões remotas, seu olhar era capaz de ver países fantásticos e seus lábios ainda guardavam a astúcia de uma mulher pouco confiável.

Apesar de tudo, a bruxa não tinha  mais vontade de lutar, já que haviam lhe tirado aquilo pelo qual ela lutara por tantos anos, desde a era de Vortigern, o rei.

Cheio de piedade, Aethel convenceu Nealie a caminhar um pouco com ele, enquanto as tropas ghalaryanas comemoravam o fim das batalhas contra Juba.

Após extensos minutos, o imperador e sua adversária chegaram a alguns termos, a começar por um acordo de paz temporário entre ambos, tendo sido incluído nas determinações promessas de não-agressão durante os próximos três dias.

Isso só foi possível depois que Aethel cedeu e aceitou a exigência maior daquela mulher astuciosa: “revogar o decreto de Salazar”, o que, na prática, significava extinguir os tribunais inquisitoriais.

Por outro lado, o jovem rei conseguiu que Nealie concordasse em instigar as bruxas da capital a marcharem junto a ele, em resistência à injustificada perseguição do ditador.

Na verdade, o rapaz não gostava muito de lidar com as pessoas, mesmo após vitórias, no entanto, demonstrava talento nesse ofício; aos poucos, Aethel tornava-se o mais virtuoso dos imperadores ghalaryanos.

Após dar suas últimas determinações para a feiticeira, o garoto atendeu ao chamado do Cavaleiro Verde, que comentou sobre um grupo de soldados que havia encontrado, durante sua cavalgada até os Campos Alexandrinos:

— Eram soldados de Ghalary – respondeu o guerreiro – Após interrogá-los, descobri que tinham como missão matar as duas garotas e o menino dragão. Fico pensando no que está acontecendo naquele palácio.

— Muito bem – disse Aethel – Façamos assim: Gael, busque Merlin! vocês dois irão junto com Nealie até a cidade de Ghalary e libertarão os prisioneiros; Jake e Danny, vocês virão comigo até o palácio e me darão apoio contra os soldados de Salazar, pois, de outra forma, jamais chegarei até aquele usurpador; Rosa, Dipper e Mabel, vocês juntarão nossos outros amigos e ajudarão a reunir o povo; se as pessoas se unirem as bruxinhas, poderemos mover a cidade inteira contra as unidades traidoras de James. Por fim, Mael trará seu exército de dragões e, com a ajuda de Atreu e dos soldados aqui presentes, atacará as legiões do ditador que estiverem fora da capital. Alguma pergunta?

Antes que alguém pudesse falar, Mael perguntou como poderia achar o exército de Salazar, supondo que eles não estivessem mais próximos a cidade, ao que Nealie disse que seria fácil, bastando apenas um feitiço básico de localização.

Como a mulher se propôs a resolver o problema, Aethel pediu que Gael abrisse um portal que desse próximo ao palácio, permitindo que o jovem rei e seus amigos pudessem se infiltrar:

— James não me receberá de braços abertos – disse o garoto – Para ser tão ousado, com certeza pensa que estou morto. Dentro de mim eu ainda guardava certa dúvida, ainda que soubesse quem Salazar é… e o que ele fez. Esse homem matou a minha família, conspirou contra mim e usurpou meu trono.

Mabel se aproximou, incrédula com o que escutou:

— Ele fez o quê?! Péra, então quer dizer que a sua família se foi… por culpa desse cara? Eu, quer dizer, sinto muito, de verdade, mas… O que vai fazer? Pelo que você falou, esse cara é problema; vai mandá-lo pra cadeia?

— Mabel… – respondeu Aethel – esse facínora foi responsável pela morte da família imperial: meu pai e minha mãe morreram por causa desse monstro. Vou encontrá-lo, Mabel… Alguém tão perigoso não pode ficar solto por aí, ele precisa morrer.

Neste momento, a garoto abraçou Aethel, com força, enquanto segurava algumas lágrimas:

— Queria que as coisas fossem diferentes. Eu te am… “gosto” de você. Sabe, cê tá meio “mudado”, parece um príncipe encantado 2.0, tipo como em “Príncipes Gatões – Parte 37 (Versão da Diretora)”...

O garoto sorriu e afagou os cabelos castanhos da amiga, dizendo em voz serena:

— Antes eu não precisava cuidar de tantas pessoas, minha fadinha açucarada. Não entendi essa de “gatões”, porém, garanto: posso parecer diferente, mas a essência ainda é a original.

— Promete que não vai matar ninguém – pediu Mabel, segurando as lágrimas – Por favorzinho… chega de toda essa matança.

— Mabel, eu… – respondeu o garoto – Salazar matou minha família e agora está tentando causar um genocídio; por favor, entenda, não posso fechar os olhos para crimes tão graves…

Diante dessas palavras, Danny se aproximou e, meio sem jeito, entrou na conversa:

— Cara… olha, sei como você está se sentindo, na boa… Uma vez dei uma mancada enorme e vi as consequências dela. Eu nunca imaginei minha vida sem meus pais, a Jazz, o Tucker ou a Sam… Família faz falta, eu sei, mas…

— Danny - interrompeu o imperador – Salazar é um assassino e eu vou matá-lo. No meu império não há espaço para assassinos!

— E se matá-lo – disse uma voz feminina –, você vai ser o quê?

Olhando ao redor, Aethel viu Sam, acompanhada de Merlin e por todos os outros que haviam ficado no morro do sacrifício.

Samantha tinha um ponto moral importante, no entanto, o imperador já não queria se estender naquele assunto para o qual não possuía resposta definitiva.

Por essa razão, inteirou os recém-chegados de seus planos e ignorou o que faria com James quando colocasse as mãos nele.

Preparando-se para partir, Arquimedes voou até o garoto e lhe jogou o arco de Quíron (que lhe fora tão útil em tempos difíceis), fazendo-o sorrir; “faz tanto tempo” sussurrou Aethel, enquanto colocava a aljava nas costas e desenhava a runa de Merlin nas flechas com um pouco de sangue do chão (resquícios da batalha).

Com sua mágica, Gael abriu uma porta encantada que poderia levar Aethel e seus amigos até o escritório do imperador:

— Se quer um conselho, “senhor do mundo” – debochou o mago sombrio – Justiça e vingança são coisas distintas; e só uma delas o faz igual a Vortigern.

— Fala por experiência própria… – disse Arquimedes, que logo se calou ante o olhar ferino do feiticeiro.

 Sem mais demora, o jovem rei cruzou a porta encantada e se viu no interior de seu antigo escritório, com a mesa cheia de documentos, cadeira fora do lugar, tapete com sinais de ter sido pisado recentemente e janela com cortinas semi-abertas.

Se aproximando com cuidado das cortinas, Aethel viu um grupo de soldados revolucionários no pátio, recebendo comandos de um oficial e assumindo postura de combate.

Pensativo, o rapaz fechou as cortinas e se perguntou quais seriam as reais intenções do 2° cônsul, mas logo foi tirado de suas divagações quando Dipper, estalando os dedos, atraiu a atenção do imperador:

— Não acredito! – exclamou Aethel – O que está fazendo aqui? Dei ordens expressas para que…

— Tá, tá – respondeu Mabel – A gente não vai deixar você encarar tudo sozinho.

Sam e Rosa concordaram, para extremo desgosto do rei: ele só precisava de Jake e Danny como apoio, porém, Dipper e as garotas o haviam desobedecido deliberadamente.

Pensativo, o imperador apenas pediu que procurassem o decreto de Salazar, ao que o gêmeo perguntou se isso fazia sentido:

— Só encontrar esse documento vai fazer diferença? Quer dizer, o cara tá com poder total, então, não é um papel que vai parar com toda essa loucura.

— Ele está certo, Aethel – respondeu Sam – Além do mais, estamos procurando o decreto, mas ele não está em lugar nenhum.

Pensando um pouco, o rei supôs que Salazar já houvesse enviado o manuscrito para os arquivos do senado, que se localizavam em outro edifício, de modo que não faria sentido continuar a procurá-lo:

— Quando os senadores forem libertados – disse Aethel – Poderão revogar o documento. Como nunca estive nos arquivos do senado, não tenho ideia de onde ele possa ficar. O jeito agora é procurar o usurpador e matá-lo.

Ninguém no grupo gostou da ideia, mas suas atenções foram roubadas por Dipper, que sentiu uma corrente de ar próxima a estante:

— Tem alguma coisa aqui atrás – disse o gêmeo – Vamos, galera, me ajudem aqui.

Com força, o grupo puxou o pesado móvel e revelou uma passagem antiga, com uma escadaria que ainda mantinha marcas de pegadas sobre a poeira.

Desembainhando a Excalibur, o rei fez sinal para que o seguissem com cautela, mantendo silêncio.

O grupo desceu as escadarias e seguiu por um corredor até chegar no depósito secreto, onde o quadro de Nikolas e toda sorte de parafernalhas eram guardadas.

Aethel não sabia da existência de passagens secretas ou esconderijos dentro do palácio, então foi grande sua surpresa quando o grupo encontrou uma porta secreta e seguiu até o salão antigo primitivo, onde o grupo se impressionou com as pinturas nas paredes, a fonte com os leões, os azulejos e colunatas, tingidas de vermelho.

Mabel caminhou até a fonte de água cristalina, deslumbrada com o bonito (embora deteriorado) lugar:

— Aethel, que lugar é esse? – perguntou a gêmea.

— Não sei, Mabel – admitiu o rapaz – nunca ouvi dizer que existia algo assim debaixo do palácio.

— Surpreso? – uma voz masculina perguntou.

Aethel olhou ao redor e deparou-se com James Salazar, que usava uma capa escura, luvas brancas como a neve do norte e seu uniforme formal por baixo.

Na verdade não era nada exagerado (pois os ghalaryanos escarneciam o luxo vulgar e desmedido): calças e camisa escuras, um colete cinza e uma faixa púrpura que partia do ombro direito e seguia até o lado esquerdo da cintura (sua regalia como cônsul do império).

Com um sorriso amável, o ditador saudou seu senhor e soberano:

— Seja bem vindo, divino Aethel, ao lugar onde a lenda de Clito e seu amado deixam o terreno dos mitos… e adentram o campo do concreto.

— Que lugar é esse? – perguntou Aethel.

— Este é o salão de repouso do príncipe Atlas, descendente de Clito e primeiro imperador de Ghalary. Levei anos para encontrar esse lugar, mas tudo ficou mais fácil quando você, meu divino senhor, se afastou da cidade na busca por aquele oráculo sem importância. Claro que Juba também ajudou, prosseguindo com essa guerra estúpida e tirando Felipe daqui… junto de Atreu, o simplório idealista que tanto me atormentou.

Aethel ordenou que o ditador se calasse e questionou seus crimes, a começar pela morte da família imperial, o que deixou o homem intrigado:

— Que diferença isso faz? – perguntou Salazar – Isso foi há vinte anos e você só chegou aqui há um mês. Na verdade, estou intrigado; como sobreviveu ao débito com o Cavaleiro Verde?

— Não sobrevivi – respondeu o rei, não sendo entendido pelo ditador – James, seus soldados estão sendo rendidos por uma legião de dragões agora; o povo já deve estar se revoltando contra suas forças na cidade; Ambrósius e os senadores logo serão libertados; e as legiões de Felipe derrotaram Juba: você perdeu, seu grande traidor!

James ficou em silêncio, dando pouca atenção às palavras do garoto; seus planos haviam sofrido golpes muito graves, mas o fundamental ainda estava em suas mãos: Aethel e seus amigos eram um problema, no entanto, o cônsul já esperava que alguém fizesse algo desde o dia em que Merlin resgatou a todos do fuzilamento. Averiguar a verdade nunca foi um problema, já que os soldados petrificados voltaram ao normal muitas horas depois.

De qualquer modo, o homem sabia que não poderia se defender de Danny, Jack e do portador da Excalibur.

Embora hesitante, o ditador tirou de seu colete um pequeno frasco vermelho e o atirou no chão, cegando a todos com fumaça e correndo em direção a uma passagem na parede leste, escavada recentemente.

“Maldito Aethel” suspirou James, “eu não estava preparado para isso”, lamentou, enquanto seguia por um corredor estreito, com afrescos de pescadores, deuses do mar, mulheres de vestido com ânforas e crianças dançando em barquinhos, rodeadas pelos pais.

Com velocidade, Salazar chegou até uma pequena câmara rodeada por colunas vermelhas, onde havia um trono de pedra ao centro.

O piso quadrado era rodeado por desenhos geométricos, mas a ilustração central era o que chamava mais atenção: um tridente rodeado por quatro círculos concêntricos, entre os quais se viam canais de água onde se viam peixes, serpentes marinhas, pequenos barcos de pesca e conchas.

Em poucos instantes, o grupo de Aethel chegou até a câmara, encontrando Salazar sentado no trono, perdido em seus pensamentos:

— Não era bem o que eu esperava – admitiu o ditador – Que pena, talvez aqui seja o lugar errado.

— Do que está falando, seu assassino?! – perguntou Aethel, aborrecido – Vou fazê-lo pagar pelo que fez com meus pais.

— Seus pais? – perguntou James, intrigado – Garoto, eu o conheço a um mês, e até onde sei, você não tem família, só um nome amaldiçoado… Quem é você?

Sem perder tempo com mais conversas, Aethel ordenou que o ditador pegasse uma espada e se defendesse, mas Salazar disse que não havia qualquer coisa desse tipo ali, pedindo então que o jovem rei se acalmasse.

Apontando para a parede logo atrás do trono, o 2°cônsul mostrou algumas inscrições que, de acordo com ele, eram iguais a uma das mensagens que Gemma e Carlos estavam tentando decifrar:

— Na verdade, esses dois idiotas terminaram de traduzir a segunda mensagem ontem, gostaria de ouvir? Então me permita: “O dragão que desce dos céus, erradica a vida, seca os mares do deus furioso, cujo tridente faz a terra estremecer. Grande rei; senhor dos mares, ouça o chamado do filho, Tritão; ele vos oferece a carruagem de ouro fino, decorada com joias e conchas do Oceano. A amada que reina na ilha circular, aquela que detém a grande beleza: Clito, mãe dos Atlântis, que faz o dragão adormecer com os presentes dos deuses. Que o belo Atlas, forte como o touro dos mares, se arme com os tesouros do Olimpo, para honrar a mãe Clito e fazer jus a linhagem do pai.

Aethel ouviu as palavras, mas não consegui entender muito, ao que o cônsul não fez pouco caso:

— Não é vergonha – disse Salazar – Nem eu entendo bem o que o texto quer dizer, mas acredito que o tema central seja o amor de Poseidon por Clito e de como o filho de ambos, Atlas, derrotou o “dragão que desceu dos céus”. Mas isso não faz mais diferença… bem, depois que terminarem, vamos conversar mais um pouco.

As enigmáticas palavras de James logo fizeram sentido, quando um grupo de vinte guardas armados entrou pela passagem e se deparou com Aethel e seus amigos.

“Matem todos", ordenou o ditador, como se aquilo não fosse nada e, após ajeitar sua roupa, retornou para a superfície do palácio.

É claro que Jake e Danny não tiveram dificuldades em lidar com os guardas, que ficaram totalmente impotentes diante do fogo do sino-americano e dos raios verdes do garoto fantasma.

Aethel, porém, socou uma das colunas com força:

— Com a cidade sob ataque, era lógico pensar que o ditador seria procurado para sua proteção; Salazar precisava de tempo, então nos enganou. Porque eu não acabei com ele quando tive a chance?

Mabel segurou a mão direita do rapaz, com um sorriso gentil e, de forma rápida, todos seguiram para o escritório, sem esperanças de encontrar James.

Neste momento, Rosa sorriu e pediu que Jake usasse seu faro de dragão para localizar o “meliante”, sendo prontamente atendida.

Seguindo o sino-americano, o grupo cruzou os corredores do palácio, freneticamente, até chegar ao salão do trono imperial, onde encontraram o homem rodeado por guardas e portanto uma espada.

Do lado de fora, ouviam-se gritos de militares, súditos brigando com as tropas do cônsul, rugidos de dragões e um canto de protesto: “vivemos nossa vida remexendo o caldeirão, servimos a Aethel: ele é o rei dessa nação!”.

Com um sorriso, o imperador disse que aquele era o canto dos homens e mulheres que o ditador desejava queimar na fogueira:

— Está ouvindo, seu criminoso sem alma? – perguntou o garoto – O povo fica zangado quando é perseguido!

— Você dançou! – disse Mabel – Seu grande otário!

Sob comando do cônsul os soldados começaram a atirar, provocando marcas de balas no salão, porém, Jake protegeu a todos com seu corpo de dragão.

Danny usou seus poderes para disparar raios em direção aos soldados, que enfileiraram-se e continuaram a disparar.

Enquanto isso, Aethel avançou até James, determinado a pôr um fim naquilo; bastaram alguns segundos para que as espadas de ambos se cruzassem.

O jovem rei ficou surpreso pela espada de Salazar não ter se partido diante da Excalibur, mas como não havia tempo para pensar em tais questões, o garoto prosseguiu com seus ataques.

Partindo de baixo, Aethel fez um corte que rasgou parte do casaco de seu adversário que, no último instante, conseguiu se afastar e desferir um ataque partindo de cima, sendo facilmente defendido pela Excalibur.

O cônsul era experiente, mas o imperador estava em sua plena juventude, sendo por essa razão, mais ágil e resistente.

Avançando contra o garoto, James cruzou sua lâmina com a espada inimiga e pesou o corpo contra o adversário, no intuito de fazê-lo ajoelhar e cair.

Porém, como Aethel permanecia impassível, o cônsul sussurrou alguma coisa e, de forma inesperada, a espada do ditador incendiou-se.

Com o calor, o garoto precisou se afastar, mas Salazar não abriria mão daquela vantagem:

— A noite está muito fria, não acha? – zombou o ditador – Me permita “esquentar” um pouco as coisas.

Neste momento, Aethel caiu mas, de forma rápida, chutou o colete de James, conseguindo afastar seu astucioso oponente.

Enquanto se levantava, o rapaz viu o ditador apontar a espada contra ele e disparar chamas infernais, que acabaram incendiando as cortinas do salão:

— Maldito Salazar! – exclamou o rapaz – Pare de incendiar o meu palácio!

— Demorou um pouco para aprender – disse o cônsul traidor – Não consegui prender Merlin, mas com todos aqueles livros… Hahaha, até que serviram muito bem, não acha?

O cheiro de pólvora enchia o ambiente, os gritos dos soldados aumentavam e a fumaça dos disparos e das chamas começava a cobrir o ambiente, de modo que ficou cada vez mais difícil para Mabel e os outros conseguirem enxergar Aethel.

Aproveitando-se da confusão, Salazar guardou a espada, pegou um mosquete caído e mirou na primeira coisa que viu à sua frente: Mabel Pines.

— Não é o que eu esperava – sorriu o cônsul – Mas me dará tempo… Adeus, senhorita.

Antes, porém, que o mosquete fizesse o disparo mortal, Salazar sentiu o ferro esquentar, como se tivesse acabado de sair o da forja de um ferreiro, forçando-o a largar o objeto rapidamente.

Com as mãos feridas, James olhou ao redor e viu a origem do fogo inimigo: Aethel, cuja mão esquerda cobria-se de chamas azuis.

Ante a expressão de choque do ditador, o rei disse, de forma séria:

— Fique longe dela, seu patife sem honra!

Cada vez mais acuado, o ditador correu até uma porta no fundo do salão e entrou, seguindo até os jardins do palácio, onde alguns homens enfrentavam camponeses armados com enxadas, pedaços de madeira e espadas.

“Está tudo desmoronando” sussurrou o cônsul, enquanto cobria a mão direita (mais ferida que a esquerda) com sua capa.

Seguindo até a fonte e passando por algumas esculturas helênicas, Salazar cruzou um arco rodeado por flores, mas não pôde continuar seu caminho: logo à frente, quatro bruxinhas de azul atiravam raios e poções em um grupo de soldados, que gemiam de dor.

“Vamos ensiná-los a perseguir gente inocente, seus poltrões!” gritavam as garotas, provocando risos em um grupo de crianças.

De repente, Salazar ouviu passos atrás de si, entendendo que suas horas estavam se esgotando:

— Então… é o fim? – perguntou o ditador, caminhando altivo até uma amurada – Aethel… Porque você não morreu?

De repente, o homem avistou a floresta sombria e sorriu:

— O tabuleiro está um pouco “poluído”, meu senhor – sussurrou James – Acho que… precisamos alterar o “campo de guerra”, não concorda?

Neste momento, Aethel e seus amigos chegaram, ainda em tempo de ver o ditador correr até a grande floresta.

“E a caçada começa” pensou o imperador, enquanto seguia com os amigos até seu novo destino…


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Patife:
1. Pessoa que já não tem mais vergonha; indivíduo cujas ações e/ou comportamentos estão carregados de malícia; aquele que é vil; canalha; infame. 2. "Patife" também pode ser usado como sinônimo de "covarde", embora tal significado seja menos usual.

Poltrão:
Indivíduo covarde ou medroso (mini Aurélio; 2010; 8° edição)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As Crônicas de Aethel (II): O Livro das Bruxas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.