Moeda de Troca escrita por Miss Siozo


Capítulo 12
Novo destino


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Como este é o primeiro capítulo que posto em 2023, desejo a todos um feliz ano novo!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/807884/chapter/12

Após lidar com o pequeno inconveniente de Radamanthys, Hades seguiu rumo a cela de castigo, onde Shun estava há três dias. Ao ver pelo ponto de vista de um governante, o jovem Amamiya precisava ser punido como questão de exemplo, pois caso não o fizesse, daria brechas para suposições erradas e por consequência, teorias conspiratórias. Mesmo com tudo isso Hades não se sentia satisfeito.

 

Antes de abrir o portão que o separava do garoto, Hades chamou num canto o guarda da cela para realizar algumas perguntas.

 

— Então Célio, como foi a estada do pequeno rebelde?

 

— Tranquila até demais, senhor — explicava o guarda — Eu e Joshua temos nos revezado aqui. O jovem Amamiya passa a maior parte do tempo quieto. O único inconveniente é com a parte das refeições.

 

— Como assim?

— Os remédios foram enviados, ele até aceitou, mas das refeições pega apenas o pão e a água — comentou — Parece que o rapaz não aceitou os privilégios que teve.

 

— Apenas pedi que a alimentação dele fosse melhor visando o estado de saúde atual do rapaz. Ele precisava estar bem para os planos que tenho em mente — deu um suspiro longo ao revirar os olhos — Moleque teimoso!

 

— Quer que eu abra a porta, senhor Hades?

 

— Por favor, Célio.

 

O guarda abriu a porta e Hades teve a visão de Shun sentado no chão escorado nas paredes que delimitam o espaço desagradável. Seus olhos estavam fechados e havia um rastro de lágrimas por ali. As caixas de medicamentos estavam no chão próximo a ele e talvez tenha sido aquilo que o salvou nos últimos dias. O ex-cavaleiro estava sufocado em meio a sentimentos e pensamentos turbulentos. Ele não conseguia permitir a si mesmo uma nova chance naquela nova realidade.

 

O Senhor do Submundo continuava a observar o jovem que não esboçava reação e tampouco parecia sentir a presença de outro ser no recinto. Tirando o fato de estar sujo, o japonês não estava ferido, sinal de que as ordens superiores ultrapassam o desejo de alguns de praticar algum ato covarde contra o consultor.

 

— Shun? Está acordado? — não utilizava seu tom austero habitual. Na verdade, falava baixo e com uma certa mansidão com o rapaz. Seria compaixão?

 

— Quem? — abria seus olhos vagarosamente e procurava o dono da voz até seus olhos irem de encontro com a luz da tocha acesa que Hades segurava — É o senhor mesmo ou será outro sonho?

 

— De certo que sou real, mas caso queira comprovar isso, levante-se — aproximou-se mais e estendeu a mão — Vamos!

 

No primeiro momento, Shun ficou receoso, mas não demorou muito para ceder e aceitar ajuda para levantar. O rapaz segurou a mão do deus e finalmente pode acreditar que ele era real, o que deixou-o tímido com uma leve coloração avermelhada na região das bochechas. Percebendo o incômodo de seu consultor, Hades logo soltou a mão dele e se afastou para pendurar a tocha em um suporte.

 

— Bom, agora que tem a certeza de que falas comigo e não está em um sonho, eu posso perguntar sobre o que achou da sua estadia aqui?

 

— Eu a mereço — limitou-se a dizer — Eu lamento o tom que usei e as palavras que proferi contra o senhor.

 

— Certamente, mas eu também acabei sendo um pouco duro contigo, haviam coisas das quais não eram de meu conhecimento. Não sou o deus insensível que pintam por aí. Houve um tempo em que eu demonstrava mais os sentimentos positivos, não significa que eu os perdi — quando percebeu que a própria mente divagava sobre coisas do passado, tratou de recuperar seu raciocínio — Consegui entender o seu lado, Shun. Ainda recordo das condições que o trouxeram a mim. Eu mesmo o trouxe. Uso-o em benefício próprio, mas não queria enxergar os danos que isso trouxe a ti.

 

— Perdoe-me, por mais que eu tente, eu sei que não pertenço a este lugar como os outros — apoiava-se, fraco, na parede de pedra ao lado — Não é que todos sejam hostis comigo, alguns são bem gentis, como Pandora, Markino, Lune e Minos. O problema está comigo, um bloqueio, como o Muro das Lamentações, que não consigo me libertar — naquele momento, nem a vergonha que sentia o impediu de chorar na frente do deus, completamente vulnerável.

 

— Vamos agora discutir sobre o futuro, não tem como remoer o que aconteceu. Sua punição acabou e vejo que você mesmo tentou agravá-la mais.

 

— Não seria justo pelo o que soube de outras pessoas que passaram por aqui. Meu único privilégio foi a medicação que eu agradeço por permitirem trazer.

 

—  Está bem — encerrou o assunto — Você sairá daqui direto para a enfermaria e tomara que fique novo em folha logo, pois não desisti da ideia do colégio — após ver o garoto assentir, continuou: — Creio que novos ares o farão bem. Além disso, pode comunicar o seu irmão para onde vai, desde que esteja seguro de que ele não revelará sua localização para Athena. O restante dos detalhes, eu deixo com Pandora. Estamos entendidos?

 

— Sim senhor.

 

— Ótimo! Vamos sair daqui — estalou os dedos e deixaram a prisão para trás.

 

 

Enquanto isso, no Santuário, Athena colocava em prática uma parte de sua nova estratégia. Ela convocava seus cavaleiros em pequenos grupos, assim garantia que a mensagem seria passada sem dúvidas. Desse modo, a possibilidade de ter brechas para uma má interpretação era mínima. Saori percebeu que sua imagem não era bem vista por todos desde o dia que deu as notícias na arena para todos.

Primeiro começou pela elite dourada, a maioria deles, em primeiro momento, ficaria pelo Santuário.  Em seguida falou com seus cavaleiros e amazonas de prata, além de enviar cartas com suas instruções para aqueles que já se encontravam distantes. Os cavaleiros de bronze estavam sendo comunicados na mesma semana também, mas um grupo em especial precisava de uma atenção maior, os que sempre a acompanharam.

 

A jovem precisava resgatar a conexão com os três que estavam ali diante dela. O caso de Ikki era mais delicado e precisava dar um jeito de trazê-lo de volta sem apelar para a força, pois a ave fênix poderia fazer algo de que se arrependeria mais tarde. Após a explicação, Saori abriu o espaço para as perguntas e pelo visto teria um certo trabalho para se fazer entendida.

 

— Então quer dizer que agora nós ganhamos a liberdade dos civis? — Seiya perguntou confuso — Saori, eu não entendo. Como podemos viver tranquilos quando aquele maldito está tramando contra nós?

 

— Eu disse que podem viver uma vida próxima a dos civis enquanto cumprem com suas missões — repetiu pela segunda vez o que havia dito anteriormente — Quanto a Hades, pelo o que parece não há planos para romper com o acordo tão breve…

 

— E para onde essas missões vão nos levar? — disse Shiryu.

 

— Nem todos deixarão o Santuário, que precisa sempre de proteção — suspirou — Eu retornarei ao Japão assim que falar pessoalmente com cada um. Como ainda não há um novo Grande Mestre, terão que se reportar a mim ou a pessoa que eu designar como responsável temporário.

 

— Então nós fazemos parte do grupo que irá acompanhá-la?

 

— Não, Hyoga. Nem todos irão me acompanhar — apontou para o Seiya — Ele virá comigo e Aiolos ao Japão. O cavaleiro de Sagitário o treinará lá. Quanto aos dois, seus mestres os levarão para os países onde treinaram para aprimorar o treinamento de vocês. Fiquem sempre atentos a qualquer evento estranho, causado ou não por deuses, caso tenha algo que precise agir rápido, consultem os seus mestres. 

 

— E caso não, nós nos reportamos a ti, correto?

 

— Isso mesmo!

 

— Já conseguiu contatar o Ikki? — Hyoga lembrou do dia que a fênix partiu — Ou no momento ele não faz parte de seus planos?

 

— Ainda não o contatei, mas creio que a intuição dele está o levando até onde precisa estar.

 

— Acha que ele foi atrás do Shun? — perguntou o Pégaso — Sei que não posso fazer nada contra o “homem de preto”, mas precisamos ficar afastados do nosso amigo e sem notícias para sempre?

 

— É uma boa pergunta, Seiya. Queria saber como respondê-la — refletia sobre a conversa que teve meses antes com Poseidon — Não sei o que meu tio decidiu fazer com nosso amigo, mas se manteve a palavra, creio que esteja bem. Se o veremos ou teremos alguma notícia, isso dependerá de Hades. Não creio que ele dará tamanha autonomia para um antigo inimigo.

 

— Não creio que Ikki se conformará com isso. Está difícil para nós — o sagitariano olhou para os demais.

 

— Então eu espero que ele diga que está por conta própria e desafiando a mim — respondeu em tom sério — Caso Hades venha com uma reclamação formal de algum de vocês, terei de puni-los como exemplo, para que assim uma nova guerra não venha à tona. Estamos entendidos?

 

— Não temos outra opção… — suspirou o russo.

 

— E eu preciso cumprir o que prometi ao Shun…

 

— Tomara que o destino nos coloque frente a frente novamente e sem batalhas.

 

— Tomara mesmo, Shiryu — disse a jovem deusa.



 

Shun saía da enfermaria quando encontrou com Pandora nos corredores. Ele estava com um semblante cansado e carregava um frasco cheio de vitaminas que precisava repor. Já a moça parecia mais apressada, mas não deixou de dar um breve sorriso para passar a tranquilidade que o virginiano precisava naquele momento.

 

— Oi, Shun! Como está?

 

— Olá, Pandora! — a cumprimentou no estilo oriental — Eu estou um pouco melhor e seguirei à risca as instruções da enfermeira. Levei uma bronca enorme dela enquanto cuidava de mim.

 

— Você é um paciente teimoso, mesmo assim acho que ela sentirá sua falta — comentou — Preciso que me acompanhe, por favor, creio que não tenha se esquecido do que iremos fazer, não é?

 

— Não esqueci. Voltaremos para a superfície para termos uma vida “normal” — disse a última palavra com um certo estranhamento — Desculpe. Ainda é difícil de acreditar, depois de tudo o que aconteceu fica complicado de entender porque nosso senhor não mudou de ideia quanto a isso.

 

— O senhor Hades não é de voltar atrás em sua palavra. Raríssimas são as exceções — segurou a mão dele — Acredite, você apenas o irritou um pouco naquele dia. Ele me deu a versão dele dos fatos. Não fizera nada grave para que mudasse de planos.

 

— Entendo — sua mente divagava sobre o que Pandora disse sobre o imperador — Quando partiremos?

 

— Ainda hoje. Eu sei que quando veio para cá vieste apenas com a roupa do corpo e foram arranjadas túnicas para que usasse. Então providenciei algumas roupas civis para ti e quando chegarmos em Londres poderá comprar as que mais se adequarem ao seu gosto.

 

— Agradeço pela preocupação. Realmente seria estranho viajar com esses trajes pela superfície, se bem que já me habituei a usá-los aqui — sorriu pela primeira vez naquele dia — Eu realmente espero que as coisas deem certo nesse novo destino.

— Acho que deveria relaxar e não se preocupar tanto. Vamos desfrutar um pouco da vida humana e expandir os nossos conhecimentos. Tudo tem uma utilidade — chegaram à porta do quarto de Shun — Ah! Acabei de me recordar de algo.

 

— O que houve? É sério?

 

— Seu irmão deixou um e-mail para ti há alguns dias atrás. Eu não o abri, mas acho que seria bom responder antes de partirmos. Do jeito que aquela fênix é impaciente, deve estar espumando por uma resposta — riu — Desculpe, mas não resisti em fazer uma piada com ele.

 

— Tudo bem. Ele é assim mesmo, impaciente e bastante protetor — riu — Queria reencontrá-lo, mas não é prudente, né?

 

— Quem sabe? Não precisa dizer para onde vai. Falando nisso, preciso repassar as instruções que foram dadas pelo senhor Hades sobre essa viagem. A primeira delas está aqui — retirou uma caixinha de sua bolsa.

 

— Um anel? Para que serve?

 

— Ocultar seu cosmo. É uma precaução a ser tomada para não atrair…

 

— Os cavaleiros do Santuário? — seu tom era triste.

 

— Não só eles, Shun. O acordo é entre três deuses, não todos. Aliados e desafetos todos eles têm, incluindo o nosso senhor. Por isso que nós quando despertamos a consciência ancestral, mal ficamos na superfície e nos resguardamos em nosso reino.

 

— Então você também tem um desses?

 

— Tenho, o herdei da Pandora ancestral. Consigo controlar bem o meu cosmo e ocultar quando necessário, mas isso aqui é uma garantia maior. Apenas altas elevações de cosmo que não passam despercebidas por aqui. Então evite ao máximo utilizar de seu cosmo, entendeu?

 

— Entendi. Até porque meu cosmo ainda não está curado totalmente e já evito expandi-lo desde então…

 

— Acredito que com treinamento isso melhore com o tempo.

 

— Sabe bem como não desejo mais lutar…

 

— Mas nunca se sabe quando precisará lutar, principalmente para se defender. Então, até lá precisa estar pronto para essa possibilidade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Novos tempos estão chegando e alguns assuntos precisam ser resolvidos antes disso. É bom que Shun consiga partir em paz, mas precisa falar com o irmão antes.
Já os outros cavaleiros de bronze também terão uma "vida normal". Será uma coincidência o pensamento dos deuses se alinharem a esse ponto? Qual será a motivação de Saori?
Até breve!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Moeda de Troca" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.