Penumbra escrita por Dafne Guedes


Capítulo 3
A Sociedade Esmeralda


Notas iniciais do capítulo

Algumas surpresas para esse capítulo... espero que curtam!



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                A sala de poções parecia-se mais com um porão do que com uma sala de aula. A ventilação era escassa e os vapores de poções se acumulavam rente ao teto, espirais coloridas de aparência malévola. Olívia, que vivera a vida estudando em uma sala de poções no topo do casarão onde tinham as aulas em Ilvermorny, arejado, aberto e claro, não tinha certeza de como os seus colegas sequer conseguiam acertar as fórmulas. Como saber se sua poção exibia um brilho perolado quando tudo parecia escuro?

                À Olívia, restava usar a intuição. Estava fazendo dupla com um lufano chamado Rolf Scamander, que agira com estrema simpatia, mas que parecia muito mais perdido do que ela no que se tratava do preparo de poções. Na bancada ao lado, Astória fazia sua poção com calma, enquanto os vapores deixavam o cabelo geralmente liso de Mina mais e mais cheio.

                De certa forma, poções sempre fora, para Olívia, extremamente instintivo. Ela sempre sabia, quando estava cozinhando, porque a massa estava muito seca, ou muito molhada, e como resolver. O mesmo princípio se aplicava às poções; ela conseguia dizer se acabara por colocar muito óleo de murtisco em uma poção, e o que fazer para neutralizá-lo.

                A professora Bloxam estava passando de bancada em bancada, observando o andar da poção de cada aluno, fazendo comentários e dando sugestões. Ela era boa. Nunca dava a resposta. Quando parou ao lado do caldeirão de Romilda Vane, franziu a testa pálida levemente para a colher corroída da aluna.

—Corrosão indica que a sua poção está com o P.H muito básico. –Comentou. –O que você pode fazer para mudar isso?

                Romilda, cujos cabelos negros muito cheios estavam presos num coque em cima da cabeça, baixou os olhos para o livro, enquanto a professora esperava pacientemente ao seu lado.

—Preciso adicionar algum ingrediente ácido, mas que não afete o efeito da mistura. –Romilda considerou por um segundo.

—Valeriana? –Romilda perguntou lentamente, como que com medo de ser rechaçada se errasse.

                A professora Bloxam considerou por um momento, os olhos distantes.

—Talvez. –Concedeu. –Mas vai diminuir a validade da poção. Você vai ter que anotar isso.

                A professora andou mais um pouco pela sala, até parar na bancada que sua prima, Gina, dividia com a melhor amiga, Luna Lovegood. Olívia gostava de Luna; a corvina sempre era gentil com ela, mostrando os melhores caminhos pelo castelo. Também era a única das amigas da prima que não a tratava como se ela tivesse a contagiosa varíola de dragão.

—Lovegood. –Chamou a professora Bloxam, e agora sua voz tinha uma borda afiada que fez os pelos da nuca de Olívia se eriçarem com a proximidade do perigo. –O que está fazendo?

                Luna havia pego as flores secas de amarílis, ingrediente para a Poção do Morto-Vivo, feito algum feitiço para fazê-las reganharem o viço, e as posto no cabelo amarelado, como adorno. Agora, estava separando as pedras da lua com cordões, amarrando-as em um colar de aparência secular.

—A Poção do Morto-Vivo tem más energias. –Luna explicou calmamente, sem levantar os olhos de seu trabalho em trançar as cordas com as pedras. –Mas flores de amarílis são boas para limpar a aura. –Ela finalmente olhou para a professora, que havia estreitado os olhos até que fossem suas fendas verdes. –Aqui. Coloque uma em seu cabelo também.

                Cordélia encarou Lovegood por um segundo como se estivesse considerando manda-la embora de sua sala de aula, mas então pareceu pensar melhor e se afastou da mesa da Corvina. Olívia, quando notou que a professora vinha em direção à sua bancada, concentrou-se novamente no que estava fazendo.

                A srta. Bloxam passou os olhos rapidamente pela poção borbulhante de Scamander, e depois pela de Olívia. Nesta segunda, ela parou e deu uma grande inspiração, sentindo bem os vapores da poção. Então, pegou a colher que Olívia estava usando para mexer, e a rodou dentro da poção para um lado, então para o outro.

—Está perfeita. –Anunciou num tom de suspeita. Ela olhou bem para Olívia. –Você estava em algum curso avançado de poções?

                Seu tom era um pouco impressionado.

—Não. –Olívia adicionou a descurinária antes que a poção esfriasse. –Eu gosto de cozinhar.

                O olhar da professora esfriou.

—Está comparando a sutil arte do preparo de poções, capaz de engarrafar a morte, cozinhar a fama, obrigar um homem a viver seus piores pesadelos.... a cozinhar?

                Algo disse a Olívia que era hora de retroceder, mas eram raras as ocasiões em que seu cérebro era capaz de controlar a língua.

                Ela encolheu os ombros, sentindo o olhar de toda a sala sobre si.

—O paladar é um dos nossos melhores sentidos. –Argumentou. –Capaz de dar prazer e evocar boas memórias.

—Eu já vi um homem tomar uma poção que amenizou a dor de se transformar mensalmente em uma fera sanguinária capaz de passar licantropia para os seus iguais. –O tom da professora parecia capaz de fazer se arrepiar mesmo um morto. –Receio que não seja como receita de bolo.

                Olívia poderia ter respondido; embora ainda não soubesse bem o que dizer, mas a professora já havia se afastado, em um redemoinho de capa e vestido que parecia furioso.

 

                Passos muito próximos acompanharam Olívia para fora de aula quando ela saiu. A grifinória se virou, esperando encontrar-se na companhia de Astória e Mina, com quem ela sempre saia da sala para a próxima aula naqueles dias. Ao invés disso, deu-se cara-a-cara com Gina Weasley, parecendo irritada.

                Olívia observava a prima mais do que se permitiria admitir. Com curiosidade, seguia Gina com os olhos quando ela entrava na sala comunal; sempre acompanhada, como abelhas atraídas pelo mel, embora fosse difícil dizer se era Gina a abelha ou o mel. De qualquer forma, muito ao contrário da prima, Gina nunca estava sozinha.

                Era um fenômeno novo, aquele da solidão, e havia apenas aparecido como um sintoma de Hogwarts. Em Ilvermorny, Olívia tinha seu bom grupo de amigos. Gostaria de dizer isso aos seus colegas grifinórios.

—Você tem que manter a cabeça baixa. –Disse Gina sem a cumprimentar. Olívia não deixou de notar que, a cada vez que falou com a prima, ou o melhor amigo dela, Neville, eles queriam a dizer o que fazer. –Não pode arrumar confusão com os professores, especialmente não com Bloxam. O diretor Snape foi quem a colocou no cargo, isso não é boa coisa.

                Olívia olhou ao redor, procurando suas novas amigas, mas as primas estavam sozinhas.

—Seus conselhos não têm sido úteis até agora. –Olívia apontou. –Não vejo porque começariam a ser.

                Gina franziu a testa, deixando suas sobrancelhas angulosas. Olívia não havia conhecido sua família paterna até poucos meses antes, e jamais havia imaginado que havia, no mundo, alguém tão parecida com ela como Gina era. O cabelo delas tinha o mesmo tom de ruivo, as sardas eram cobre como as suas. Exceto pelos olhos, os de Olívia sendo azuis, e os de Gina castanhos, elas poderiam ter sido irmãs.

—Eu sei com quem você tem andado. –O seu tom era sombrio.

—Sei que sabe. –Olívia não tinha deixado de notar os olhares de Gina quando ela entrava e saia do grande salão, acompanhada dos sonserinos. –Nenhuma maldição parece ter caído sobre minha cabeça até agora.

                O vinco entre as sobrancelhas da prima ficou mais profundo.

—É essa a sua estratégia? –Perguntou, aborrecida. –Estar do lado deles para ser poupada?

                Lá estavam eles: os malditos lados mais uma vez. O motivo de Hogwarts parecer ser dividida entre dois tipos de alunos. Haviam os maus, e os bons.

                Se estivesse em Ilvermorny, seus amigos estariam fazendo planos para o Halloween na vila de Salem. Abóboras e maçã. O ar teria cheiro de açúcar caramelizado, e tudo seria vermelho e laranja, tão forte que a própria Olívia, e seu cabelo de fogo, iriam parecer parte da paisagem outonal.

                Ao invés disso, estava sendo questionada sobre sua posição em uma guerra na qual não tinha nenhum interesse.

—Eu não tenho estratégia. –Olívia confessou. –Você agiu como se não me conhecesse, e Astória e Mina foram legais comigo. Isso é tudo.

                Gina pareceu constrangida, o que a fez se sentir um pouco melhor, mesmo contra a sua vontade. Então a prima deu um sorriso amarelo para ela. O sorriso de Gina era daquele jeito, coisa de menina. Fazia você pensar que ela aprontara alguma coisa.

—Pensei que se ficasse claro que não éramos amigas, talvez você chamasse menos atenção das pessoas erradas. –Admitiu. –Não pensei que fosse acontecer o contrário.

                Olívia deu a si mesma um segundo para digerir a informação que acabara de receber. Achara, durante aquelas semanas, que Gina não gostava dela por algum motivo, ou talvez quisesse ser a punica ruiva da Grifinória (por mais tolo que isso houvesse soado mesmo apenas em sua cabeça).

                A americana piscou, olhando para longe da prima.

—Isso é tocante. –Comentou, sem saber o que dizer. Gina não parecia preocupada. –Mas está errada. –Limpou a garganta. –Sobre os sonserinos.

                O sorriso esmoreceu no rosto de Gina.

—Não acho que esteja. –Insistiu a outra. –Também não acho que precisamos discutir isso agora.

                Olívia deu de ombros; não se preocupava com a opinião de Gina sobre os seus amigos. Estava disposta a fazer aquela aposta. Gina imitiu seu gesto, e deu de ombros também. As duas garotas foram andando pelo corredor de pedras, em direção à próxima aula. De repente, as sombras lançadas pelos archotes nas paredes, o som de seus passos ecoando na pedra, tudo passou a parecer familiar, ao invés de estranho. Talvez ela tivesse de fato, sangue inglês.

—Você joga quadribol? –Perguntou Gina depois de três corredores em silêncio.

—Sou artilheira. –Olívia admitiu.

                O sorriso de Gina era arteiro.

 

                À noite, depois de passar o dia com Gina –apenas as duas, no entanto, nada de Longbottom ou Luna–, Olívia fez seu caminho descendo o castelo na direção das masmorras, seguindo as instruções de uma Astória Greengrass afobada, segurando uma bandeja de muffins crocantes de maçã; sua receita preferida de outono.

                As sombras dos archotes iluminavam os rostos das meninas de amarelo conforme elas desciam mais e mais profundamente nas entranhas do castelo. Naquelas poucas semanas, Olívia não tivera muitas oportunidades de explorar as masmorras, e naquele momento elas desciam por um corredor inoportunamente estreito, tão estreito que tinha que ser iluminado por velas ao invés de archotes, com portas de madeira escuras espreitando de cada lado.

                O som de vozes começou a crescer com um burburinho. Eram todas familiares; e estavam mais e mais familiares conforme Olívia vinha andando com os sonserinos.

                Uma das portas bem ao fim do corredor estava entreaberta, deixando passar luz amarela, que se deitava no chão como uma pintura. Astória a escancarou e passou por ela, seguida de perto por Olívia.

                A sala era maior do que parecia por lado de fora, fosse esse efeito perpetuado por feitiços ou pelo modo como fora construída. Não tinha cadeiras, apenas uma escrivaninha, sobre a qual Theodore Nott estava inclinando com julgamento. O resto da sala era um vão; no centro dela encontravam-se Blaise, Dafne, Mina, Pansy e uma garota grande que Olívia não conhecia. Os cinco estavam espalhados por pontos diferentes, e jogavam feitiços uns nos outros, a maioria silenciosa.

                Astória andou na direção da escrivaninha sem preocupações, mas Olívia ficou mais para trás. Em seu primeiro ano em Beauxbatons, entrara sem aviso na sala de duelos e fora atingida por um feitiço de furúnculos bem na testa. A dor não fora nada se comparada à humilhação, e, além disso, ela tinha a impressão de que seus colegas estavam usando feitiços mais perigosos do que aquele.

—Há uma barreira nos protegendo. –Disse uma voz por de trás da escrivaninha. Olívia espichou o pescoço, e notou Draco Malfoy jogado no chão, usando um cachecol com estampa de teclas de piano, e escrevendo em um caderno de couro negro. –Os feitiços não podem nos atingir.

                Olívia seguiu Astória para dentro da sala. A sonserina se postara ao lado de Theodore, ignorando Draco, que estava, mais uma vez, ignorando a todos. As bochechas dela estavam suspeitosamente vermelhas.

                Por outro lado, a grifinória não tinha tido a oportunidade de conversar com Theodore desde o dia em que ele os apressou para fora da cozinha. O sonserino pousou os olhos na bandeja de muffins que ela vinha carregando.

—Vamos ter a oportunidade de testar os seus dotes culinários? –Ele levantou as sobrancelhas. –Nos enfeitiçar com o paladar? O que tem aí? Pena de dedo-duro?

—Não é uma poção da verdade. –Olívia respondeu ao comentário dele sobre o ingrediente. –Apenas maçã, canela, noz-moscada, cravo-da-índia e biscoito crocante.

                Theodore sorriu para ela com displicência, mas então um feitiço atingiu a barreira com força o suficiente para que eles vissem pequenas rachaduras no ar ondulante, e a atenção dele foi perdida novamente. Olívia hesitou, então foi se sentar no chão, ao lado de Draco Malfoy.

                Quando viu que ela se aproximava, o garoto louro ajeitou a postura, dando espaço para Olívia ao seu lado. Ela colocou a bandeja de muffins entre eles, e dobrou as pernas embaixo de si. Podia sentir que tanto Astória quanto Theodore os observavam pelo canto do olho, mas lembrou-se do que Mina dissera sobre o Malfoy ser apaixonado por uma nascida-trouxa, e se deixou relaxar ao seu lado.

                O garoto esticou uma mão longa e pálida para os seus muffins, pegando um e o levando para perto do rosto, onde ficou observando a crosta mais dura, tão diferente do interior macio e caramelizado. Olívia suspirou audivelmente.

—Então, o que é isso? –Finalmente perguntou, fazendo um gesto para os outros colegas, que ainda duelavam uns com os outros. Dafne tinha um corte sangrando no canto da boca, e o cabelo de Pansy fora transformado em tentáculos, a fazendo parecer com a medusa.

—Reforço. –Draco respondeu, finalmente fincando os dentes no muffin. –Não estamos tendo aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, apenas aula de como torturar e matar nossos inimigos, e estamos numa guerra. Teremos que nos defender em breve.

                A camisa branca de botões que ele usava tinha a aparência cara, parecia de bom material. Mas o linho deixava transpassar a curva acentuada e escura da marca negra em seu braço. Olívia havia sido avisada sobre e, de qualquer forma, não conhecia nenhum comensal.

—Defender ou atacar? –Perguntou, pensando nos seus colegas grifinórios.

—Eu entendo a sua pergunta. –Draco sorriu, mas era um sorriso amargo, sem nenhuma diversão. –Mas você não conhece os nossos motivos.

                Olívia riu.

—Não conheço. –Admitiu. –Gina me disse isso hoje mesmo, na verdade.

                O sorriso de Draco ficou mais amplo quando ele encarou Olívia.

—O que você respondeu?

—Estou aqui, pagando para ver, não é? –Olívia levantou as sobrancelhas em questionamento. Agora, mais do que antes, o sonserino parecia relaxado e tranquilo. Olívia sabia que era uma pergunta pessoal, mas a fez mesmo assim: –É verdade que você é apaixonado por uma nascida-trouxa?

                Draco engasgou levemente, todo o corpo tenso mais uma vez, chamando atenção de Astória e Theodore. Os dois viraram a cabeça na direção deles, mas Olívia fingiu que não viu, e Draco também não os deu nenhuma atenção.

—Quem disse isso a você?

                Agora era uma questão de lealdade; Olívia não poderia entregar as amigas.

—Ouvi por aí. –Mentiu. Draco devia saber que estava mentindo, mas não pareceu se importar com isso.

                Ele hesitou, olhando para longe de Grace, na direção das costas de Astória. A menina tinha os cabelos cor de mogno presos num coque na nuca, e a cabeça pendia ligeiramente de lado, deixando que o brinco de esmeralda em sua orelha brilhasse na luz. Ocorreu a Olívia que ela teria que ser realmente incrível para fazê-lo cego para a sonserina.

—O nome dela é Grace. –Com essa frase, Olívia soube que a garota que ela conhecia como a namorada quieta e gentil de seu primo Fred tinha que ter algo a mais por debaixo da pele. Olívia não tinha prestado atenção nela nas poucas vezes que a vira pela Toca, usando jeans e botinhas, e agora desejou ter reparado.

                Draco falou o seu nome como quem profere uma magia. Como um devoto.

—Eu a conheço. –Admitiu Olívia, o que fez Draco se virar para ela com intensidade. –Ela é namorada do meu primo.

                Ele não parecia surpreso com aquilo; não devia ser nenhuma novidade. Se quer parecia desanimado, ou menos devoto. Era esse tipo de amor, ela supôs. Naquele momento, soube que Astória não tinha chances. Draco parecia com um homem que viveria para aquela mulher, fosse ela dele ou não.

                Que engraçado. Olívia a considerara perfeitamente comum quando a conhecera, mas agora tinha a impressão de que não olharia para a garota com os mesmos olhos novamente.

                Olívia queria dizer alguma coisa; que Grace estava bem da última vez que a vira, dar alguma notícia a Draco, porque ele tinha a aparência de um homem faminto; faminto por qualquer pedaço de informação que pudesse tirar sobre ela. Mas então os feitiços cessaram, a barreira foi desfeita, seus amigos começaram a ir todos na direção da escrivaninha, onde magicamente haviam aparecido alguns copos de água e suco e abóbora, e, quando ela olhou novamente para Draco, ele era a imagem da frieza.

                Ele se levantou, bateu a calça, e estendeu uma mão para ajudá-la a se levantar com a bandeja de muffins. Eles se juntaram ao resto do grupo. Todos pegaram um muffin para dar consistência ao suco de abóbora, e logo barulhos de satisfação começaram a ecoar pela sala.

—Você tem que me passar essa receita. –Dafne disse, pegando um segundo muffin.

—Você não cozinha, Daf. –Apontou Blaise Zabini.

                Mina pousou o seu copo de suco de abóbora na mesa com um floreio.

—E então? Alguém contou a ela sobre a Sociedade Esmeralda?

                Gemidos de insatisfação ecoaram pela sala.

—Ninguém concordou com esse nome. –Blaise revirou os olhos. –É terrível.

—A Armada de Dumbledore tem um nome! –Mina argumentou. –Os Grifinórios deram nome ao clube deles.

—Se isso não é prova de que não deveríamos ter um nome, não sei o que seria. –O Tom de Theodore era amargo, mas então ele notou o olhar de Olívia e se recompôs. –Sem ofensa.

                Olívia deu de ombros. Não era da Grifinória há tempo o suficiente para tomar as dores por sua casa. Se ele houvesse falado da Pukwudgie, por outro lado...

—O nome não interessa. –Interviu Pansy altivamente. –Interessa o que estamos fazendo. Ninguém na Armada de Dumbledore vai chamar um sonserino para fazer parte. Porém, também precisamos aprender a nos defender. Então, temos nos reunido aqui, do quarto ano para cima. –Ela olhou ao redor. –Embora hoje só tenhamos vindo sexto e sétimo.

—Onde estão Crabbe e Goyle? –Perguntou a garota de ossos graúdos que Olívia não conhecia.

—Eles não vão precisar disso. –Garantiu Draco, em um tom sombrio.

                Olívia estava prestes a perguntar quem eram Crabbe e Goyle, e quem era aquela menina, quando Theodore surgiu por de trás dela, falando em seu ouvido baixo o suficiente para que apenas ela ouvisse.

—Crabb e Goyle são setimanistas como nós. Os pais são comensais da morte, como os pais de Draco e Pansy. Mas eles estão perfeitamente de acordo e alinhados com as ideias do partido das trevas, diferente de nós. –Olívia conseguia sentir os lábios de Theodore se movendo contra o seu lóbulo conforme ele falava. –Esta é Emília Bulstrode. O irmão dela está escondido após ter recusado os comensais.

                Ele se afastou tão rápido e inesperadamente quanto havia se aproximado, deixando Olívia ligeiramente tonta. Do outro lado da escrivaninha, Mina os observava com seus olhos azuis de vidro curiosos.

                No segundo seguinte, os muffins, assim como os copos de água e suco, estavam acabados, e Blaise começou a organizá-los em duplas para treinar duelos. Depois de parear Dafne e Draco, Theodore e Pansy, e Emily e Mina, ele se virou para Olívia com um ar arrogante.

—E então? –Perguntou. –Está pronta?

                Ele perguntou aquilo como se quisesse dizer “está pronta para lidar com o que estamos vivendo?”. Olívia não sabia se estava, mas havia um sentimento dentro dela agora, de pertencimento, e ela não estava pronta para abrir mão daquilo.

—Claro respondeu.

                Mas estava pensando na cara de sua prima quando descobrisse –embora ela mesma não fosse contar –que Olívia estivera certa.


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Notas finais do capítulo

Então? Que tal a revelação do capítulo? Vou fazer um esforço agora para desenvolver melhor a relação entre as primas...
Próximo capítulo na próxima semana, se tudo der certo!
XOXO



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