Checkpoint - Love Is a Laserquest (Percabeth) escrita por pixxieme


Capítulo 3
Capítulo 3 - Body Language.


Notas iniciais do capítulo

gente olha pela fé, esse capítulo ficou tão grande que eu pensei em dividir em 2 pra não ficar cansativo, mas vou postar assim e espero que não me odeiem
mais uma vez, a revisão não tá completa, então me perdoem se tiver algum errinho, estarei arrumando quando tiver um tempo
queria agradecer tb a todo mundo que ta acompanhando gente, vocês são uns fofos
obrigada pelos comentários, amo vcs
boa leitura galera!



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" I think I need something new 

Something you got for me."  

Annabeth tinha passado os últimos três dias inteiros num ciclo incansável. Ela desbloqueava a tela do celular, olhava a pequena e inconveniente notificação que pairava acima do aplicativo recentemente baixado, sentia cócegas em seu estômago e então bloqueava o aparelho novamente. Estava terminando de pôr a mesa para o jantar enquanto seu pai finalizava a macarronada, tinha o celular em uma das mãos e o prato em outra. Estava o posicionando sobre a mesa quando uma nova notificação a tirou a atenção, continuou descendo o objeto para a superfície, mas os olhos estavam na tela.  

— Ei, ei! - O pai exclamou enquanto se aproximava. Frederick rapidamente segurou o copo de vidro na mão da filha, que estava prestes a colocá-lo na beirada da mesa. - O que você tanto olha nesse celular? Está desatenta desde que chegamos de viagem, quase quebrou o copo.  

— Aí, pai. Desculpa. Eu estou só… lendo um arquivo. 

— É mesmo? Sobre o quê?  

— Prédios.  

— Só… Prédios?  

— Prédios no Egito.  

— Ah sim, parece ser interessante. Vou pegar a macarronada. – O pai saiu da sala de jantar e Annabeth agradeceu mentalmente por ele não ser do tipo de perguntar demais. Sentou-se na mesa e olhou pôr fim a tela do pequeno aparelho, mas a notificação era só um alerta de pouco espaço de armazenamento. A loira suspirou e posicionou o celular ao lado do prato. Apoiou o queixo na mão, encarando um dos quadros na parede atrás da mesa, sentia-se frustrada e ansiosa, mas não conseguia descobrir exatamente o porquê. Talvez estivesse com medo do que significava interagir de fato com alguém naquele aplicativo. Tinha mantido uma fidelidade sem fundamento a Luke durante anos e apesar de ter se envolvido com alguns garotos aqui e ali, não era nada como isso.  

Um dos garotos ela conhecera no aniversário de 14 de Silena, um menino ruivo, quase tão baixo quanto ela. Ele a pediu um beijo e como estava entediada, disse sim. Ele beijava um pouco estranho e tinha lábios muito gelados. Quando a loira fez 15, um garoto da escola disse estar apaixonado por ela, mas a garota o rejeitou. O deu um beijo de desculpas para deixá-lo mais feliz e apesar de ter sido melancólico, obteve a proeza de ser melhor que o que tivera com o garoto ruivo. O único casinho que se envolvera de fato foi Adrian. Ele era um garoto mais velho, alto e moreno. Annabeth o conhecera numa das festas que Thalia a arrastara quando tinha 16 anos, ele tinha 20. Óbvio, não era exatamente ideal se envolver com alguém daquela idade, mas Adrian tinha olhos castanhos lindos e Annabeth muitos hormônios. Eles passaram a ficar várias vezes considerando que por um período de tempo o garoto marcava presença em todas as festas que seus amigos organizavam, mas os dois não tinham nada em comum, não nada sério, nenhum dos dois demonstrava muitos sentimentos além da atração mútua e tampouco passavam dos beijos.  

Aquilo não era a mesma coisa. Annabeth não podia negar que além dos pensamentos mórbidos das últimas semanas, ela conseguia esquecer de Luke por alguns míseros segundos quando se lembrava do garoto que discutira por poucos minutos e beijara por tempo insuficiente no dia da festa de formatura. Ainda conseguia lembrar dos lábios dele, do humor provocante que tinha conhecido tão brevemente. Ele a tinha deixado com um gosto de quero mais, como comer uma única unidade de bis de uma caixa. 

 Percy era intrigante, ele era algo novo. Algo que Annabeth precisava. Não podia passar o resto da vida se lamentando por perder algo que nunca fora seu, era ridículo. Nunca seria tão jovem e cheia de vida quanto naquele momento. A loira bateu a mão decididamente na mesa e agarrou o celular. O aplicativo brilhou na tela, a notificação vermelha parecia desafiá-la. Pressionou sobre a tela e ele se abriu. O moreno ainda estava na página principal, esperando uma resposta. A foto principal de Percy era impecável, ele estava sentado na areia de alguma praia linda, ensolarada e de água tão azul que parecia de mentira. Estava sem camisa e sorria enquanto fazia carinho num cachorro grande e de pelo negro. Annabeth deslizou a foto para a direita e uma mensagem surgiu na tela. 

“VOCÊ PEDIU A REVANCHE! NÃO ESPERE QUE O OUTRO LADO ATAQUE PRIMEIRO, MANDE UMA MENSAGEM AGORA!”  

A loira suspirou. O pai chegava com a travessa de macarronada, então resolveu ser rápida. Queria que sua mensagem parecesse espontânea, então digitou a primeira coisa que veio à cabeça.  

“Não acredito que dei match com um homem que coloca uma foto sem camisa no perfil. Exibido.”  

E enviado. Ela pressionou os lábios para esconder o sorriso. O pai a olhava com curiosidade.  

— Imagino que deva ser realmente muito interessante esse arquivo, conseguiu até arrancar um sorriso dos seus lábios. – O homem se sentou na frente da filha.  

— Artigos bem escritos me deixam feliz, o que posso dizer? Meu deus que cheiro bom, vamos comer logo. – Frederick se serviu e então passou o pegador para Annabeth. Ela colocou uma quantidade considerável no prato e logo começou a comer.  

— Vou numa conferência na quarta-feira em outra cidade, então você vai ficar sozinha por alguns dias. – O homem disse entre garfadas. 

— Tudo bem, posso trazer companhia?  

— Claro, desde que não destrua a casa. - Annabeth deu uma leve risada. 

— Toda vez que você diz isso me pergunto de quem você acha que é pai.  

— Bem, quando você me pergunta se pode trazer amigos pra casa, me pergunto de quem você acha que é filha. – O pai rebateu. Annabeth riu novamente.  

— Mas é claro que eu tenho que te perguntar, a casa é sua.  

— Pelos Deuses, as vezes acho que te eduquei bem demais. A casa está no meu nome, mas só funciona com você, então é nossa. – O homem piscou para ela e voltou a se concentrar no seu prato. Annabeth sorriu e seguiu seu exemplo. Logo ambos estavam satisfeitos, lavaram os pratos juntos e a loira subiu até seu quarto. Verificou o celular novamente e viu que havia recebido uma mensagem nova de Thalia. Não tinha encontrado com a amiga desde que voltara, não sabia se conseguiria fingir tão bem pra ela, as duas se conheciam bem demais. Entretanto, sentia tanta falta dela que doía fisicamente. Resolveu respondê-la.  

A: “Ei, já voltei pra Manhattan. Estou em casa.”  

T: “Estarei na sua casa em exatos 5 minutos.”  

Annabeth não sabia como aquilo seria possível, considerando que a amiga morava a pelo menos 20 minutos dali. Mas para sua surpresa, ouviu batidas aceleradas em sua porta poucos minutos depois, a morena adentrou o lugar logo em seguida.  

— Mas como diabos… 

— Eu já estava vindo, seu pai é extremamente fácil de fazer falar.   

— Engraçado, você não é a primeira pessoa a dizer isso essa semana – Annabeth riu. 

— Não ouse rir, sua mocreia insana! – A morena se aproximou da outra garota e a agarrou pelos ombros - Como que você ousa me deixar por três meses sem explicações?  E ainda por cima não responder minhas mensagens? – Thalia a chacoalhava tanto que estava ficando tonta. 

— Pelos Deuses Thalia, eu estava de férias. 

— DE FÉRIAS? Você SUMIU depois da formatura, se não fosse por Frederick eu ia achar que você tinha morrido! Ou sei lá, fugido com seu namorado secreto. VOCÊ NEM ME DISSE COMO QUE AS COISAS TERMINARAM COM SUA DECLARAÇÃO SECRETA, ANNABETH. VOCÊ ENTENDE COMO FOI PRA MIM SEGURAR ESSA CURIOSIDADE?  

— MAS PELA FÉ PARE DE GRITAR. 

— PARE VOCÊ – Thalia bufou. Ela soltou os ombros da amiga e se sentou ao lado dela na cama. Inesperadamente abraçou Annabeth com muita força. A loira retribuiu o carinho depois de perceber o que estava acontecendo. 

— Desculpa… - Murmurou depois de um tempo. 

— Não faz mais isso, sua doida. Eu quase morri de preocupação.  

— Achei que eu fosse a mãe entre nós duas. – Aa garotas se afastaram. 

— E você é, me senti abandonada. Você literalmente me traumatizou, eu nunca vou me recuperar disso.  

— Se eu pagar um sorvetinho ajuda? 

— Você acha que eu sou tão facilmente comprada? 

— Sim, ajuda ou não?  

— Um pouco.  

— Ótimo, então vamos. – Annabeth trocou de roupa rapidamente e as duas saíram em direção a sorveteria mais próxima. Thalia chegou a perguntar o final do fatídico episódio da formatura e claro, a loira foi obrigada a omitir a verdade. Disse apenas que não tinha funcionado e que o felizardo que não deveria ser nomeado tinha namorada, o que não era totalmente mentira. O destino era bem próximo e elas demoraram apenas alguns minutos para chegarem. Pediram dois sorvetes de 2 bolas, Thalia de chocomenta no pote e Annabeth de “amor perfeito”, que era basicamente um sorvete de morango com leite condensado. Elas colocaram os assuntos dos últimos 3 meses em dia, Annabeth contou sobre as escassas partes emocionantes de suas férias e Thalia contou sobre seus preparamentos pra faculdade e claro, sobre como estava o relacionamento dela com Luke. 

— Sabe, eu achei que você ficaria brava conosco. - A morena disse. Annabeth quase se engasgou com o sorvete. 

— Brava? Por que eu ficaria brava com vocês? - A loira disse em um tom quase agudo demais.  

— Ah, não sei. Sempre fomos nós 3 em absolutamente tudo. Eu não sei se ficaria exatamente feliz se fosse o contrário, sabe? Me senti muito culpada por causa disso, mas acho que foi só uma coisa boba da minha cabeça. - Annabeth levou uma colherada de sorvete até a boca, um pouco desgostosa. Naquele ponto já não sabia se aquele sentimento se dava por Luke ou pelo que Thalia acabara de falar. Não tinha pensado muito no quanto aquela situação poderia afastá-los. Afinal, é claro que os dois se tornariam próximos em maneiras que Annabeth jamais conseguiria entender. A loira balançou a cabeça levemente e sorriu.  

— Claro que foi, uma coisa tão boba não seria o bastante pra nos afastar. - Thalia sorriu e Annabeth retribuiu com certo esforço. Não sabia por quanto tempo poderia manter a atuação, então resolveu mudar os ares da conversa – Então, sabe a Mags?  

— Sim, sua prima caipira. 

— Ei, pare de tentar ofender os outros só porque está com ciúme.  

— Justo, parei.  

— Enfim, ela me mostrou um aplicativo... De namoro. - Foi a vez de Thalia quase se engasgar com seu sorvete. 

— OI? - perguntou, talvez um pouco alto demais.  

— Me deixe terminar. Se chama Checkpoint e tem um conceito bem legal até.  

— Você está usando um aplicativo de namoro? 

— Sim. 

— Annabeth Chase num aplicativo de namoro. Pelos Deuses, eu só não estou mais extasiada por não ter sido a autora desse feito. Gosto da Mags, se um dia xinguei não me recordo. Ai, eles crescem tão rápido! - Thalia fingiu enxugar uma lágrima do olho esquerdo. 

— Você é inexplicável.  

— Mas e aí? Já descolou algum namoradinho?  

— Namoradinho, Thalia?  

— Você foi literalmente criada por mim, acho que tenho a permissão para usar a palavra namoradinho, loirinha. Descolocou ou não?  

— Não exatamente, é complicado. Sabe, na formatura eu meio que... Beijei um menino desconhecido no bar? 

— ANNABETH CHASE! - Thalia gritou. 

— SHHH! Thalia! - Annabeth sussurrou enquanto gesticulava – Pare de ser louca, as pessoas estão olhando! 
— Mas isso é um ESCÂNDALO! Isso é matéria de primeira página.  

— Por tudo que é sagrado! Pare de exagerar! Enfim, esse garoto apareceu pra mim no aplicativo e ele me deu o que equivale a um superlike. 

— E? Você já saiu com ele? Já está namorado? Já deu? Sua safada você já! 

— Thalia! 

— Okay, desculpa. Me empolguei. Mas já? - Annabeth bufou.  

— Eu nem sequer conversei com ele ainda, mandei a primeira mensagem quase agora.  

— Uau, você falou primeiro? Nossa... - Thalia bateu algumas palmas – Eu nunca estive tão orgulhosa de você, nunca!  

— Nossa, mas nunca? Eu sou literalmente a pessoa mais inteligente que você conhece. 

— É, mas isso você faz sem esforço. Agora flertar? Isso é gigante! GIGANTE! Não sabia que sua vida estava tão badalada, a coisa mais emocionante que me aconteceu desde a formatura foi meu primo vir morar comigo. 

— Morar com você? E desde quando Zeus faz caridade? - A morena deu de ombros. 

— Ele se resolveu com meu tio e agora eles vivem grudados. Meu pai até convenceu ele a pescar, você acredita? O garoto é vegetariano!  

— Zeus é realmente inacreditável.  

— Enfim, esse meu primo vai fazer faculdade por aqui e precisava de um lugar pra ficar enquanto não consegue apartamento. Ele é bem legal até, quando você for lá em casa te apresento. Ele chegou a ir pra formatura, era o “amigo” que Jason queria trazer, meu pobre irmão realmente não tem amigos.  

— Uma pena, podia ter conhecido ele lá.  

— Pois é. Mas você preferiu sair por aí e beijar garotos misteriosos e depois sumir. Complicou um pouco as coisas. - Annabeth a deu a língua. Nesse ponto da conversa elas já tinha devorado todo o sorvete. A loira pagou e apesar de Thalia ter protestado muito, combinaram de sair no final de semana ao invés do dia seguinte. Se despedira e Annabeth andou em passos preguiçosos até sua casa, observando o trânsito da cidade. Estava próximo à rua de casa quando sentiu o celular vibrar no bolso traseiro.  

Era uma mensagem de Percy Jackson.  

A loira não hesitou por muito tempo, estava ansiosa para saber o que ele respondera.  

P: “Olha só, não achei que você corresponderia. Continua me surpreendendo. E sobre a foto, é necessário cativar o público.”  

Annabeth riu. Ele era completamente ridículo.  

A: “E é só o que você tem a oferecer?”  

P: “Acredito que ambos sabemos que a resposta pra isso é não.” Touche. Mas Annabeth não deixaria as coisas tão fáceis pra ele. Tinha que provocar um pouco. 

A: “Não tenho certeza se sei sobre o que você está falando” 

P: “Então talvez eu devesse te lembrar.”  

A: “Você realmente é bom nisso.” 

P: “Qual parte? O flerte ou no que você está fingindo que esqueceu?” 

A: “Pelos deuses, como você é descarado.” 

P: “Eu tento. Você mora em Manhattan mesmo? A localização da gente tá bem próxima.”  

A: “Aham, e você.” 

P: “Me mudei faz pouco tempo, sou da California.” 

A “Isso explica muita coisa.” 

P: “Tipo a beleza e humor impecáveis?” 

A: “Tipo o narcisismo, o bronzeado exagerado e o cheiro de maresia.” 

P: “Você lembra até do meu cheiro? Achei que você tinha dito que não ia se apaixonar.” Annabeth riu novamente. A troca de mensagens a causava um tipo diferente de incômodo no estômago. O jeito que ele falava com ela era tão provocativo, tão instigante. Ninguém que conhecia a tratava daquele jeito. De repente se sentiu diferente, saber que ele queria tanto provocá-la a fez se sentir poderosa, no controle daquela situação.  

Os dois trocaram mensagens durante toda a tarde da segunda-feira, não dispensando a madrugada da segunda pra terça e todo o período do dia também. Eles tinham tantas coisas em divergência quanto coisas em comum, ele era sarcástico, atiçador. Chegaram até a falar por ligação uma vez, a voz dele era agradável e soalheira, conseguiria escutá-lo falando por horas. Chegaram a conversar sobre a formatura, Annabeth o explicou sobre a choradeira e as ações impulsivas, ele apenas achou graça e xingou muito Luke. A garota não desgrudou do celular até a terça à noite, quando ele a chamou pra sair. O garoto queria vê-la de todo jeito, ofereceu que ela escolhesse o lugar e até mesmo o que fariam. Annabeth estava hesitante, não sabia se sentia pronta para algo assim.  

P: “Sai comigo, vai. Garanto não te matar de tédio, mas de raiva não posso prometer nada.” 

A: “KKKKKKKK, não é isso. Eu só... Você sabe, eu te expliquei sobre aquele garoto. Não sei se quero me envolver com alguém agora.” 

P: “Então não precisa, eu também acabei de sair de um relacionamento, não estou procurando outro. Apenas saia comigo, te acho divertida e quero sua companhia, nada além disso. Mas você tem que me prometer que não vai pedir outro beijo, eu não nego pedido de mulher bonita.” 

 A loira riu mais uma vez. Em algum lugar dentro de si sabia que aquilo não fazia o menor sentido, afinal, eles estavam num aplicativo de namoro, flertando, já tinham até se beijado antes e não havia motivo eminente para negar a química que tinham até mesmo por uma tela de celular, mas ainda sabendo de todas as razões para repensar, a garota não sentia vontade alguma de dizer não. Na verdade, apesar de não querer admitir, Annabeth queria muito ir.  

A: “Um cavalheiro, realmente. Tudo bem, Perseu. Eu saio com você. E não se preocupe, eu não vou te pedir beijo nenhum.” 

O resto do dia decorrera da mesma forma, com mensagens incansáveis trocadas dos dois lados. Eles se davam tão bem pela tela que Annabeth começou a se questionar se funcionaria da mesma forma quando estivesse em pessoa. Claro, eles tinham sido bem rápidos em “fazer amizade” na primeira vez que se viram, mas era diferente. Dessa vez estariam sóbrios e sozinhos, pensar nisso a fazia ficar mais ansiosa ainda. Começou a ponderar também sobre a possibilidade de ser sequestrada, então quando foram marcar um local para se encontrar no dia seguinte ela escolheu uma praça bastante movimentada e não tão longe de onde morava, mas ainda teria que pegar um ônibus para voltar.  

P: “Mal posso esperar pra te ver de novo amanhã” 

A: “É mesmo? Depois eu que estou apaixonada” 

P: “Eu nunca neguei nada” 

A: “Muito engraçado. Eu deveria ir dormir, já está ficando tarde” 

P: “Eu provavelmente deveria dormir bem também, tenho planos muitíssimo importantes amanhã.” 

A: “Você deveria dormir bem sempre, noites mal dormidas podem de te dar uma porrada de problemas de saúde. Tipo diabete, depressão, você pode até ter um AVC!!!”  

P: “Você é toda sabidinha né, minha enciclopédia pessoal” 

A: “Vai se foder, quando estiver tendo um AVC por ai não diga que eu não avisei” 

P: “KKKKKKKKK, caaaalma! Já to na cama, sabidinha, sem estresse” 

A: “Esse é o apelido agora?” 

P: “Acho que combina com você, tenho certeza de que vai arrumar um pra mim também.” 

A: “Posso fazer um esforço. Boa noite, Perseu.” 

P: “Boa noite, sabidinha. Até amanhã.” 

Annabeth acordou uma completa pilha de nervos. Havia combinado de encontrar-se com Percy as 14:00, mas tinha esquecido que o pai sairia mais cedo que isso. Quando o relógio bateu 11:50, Frederick a acordou às pressas, dizendo já estar atrasado.  A loira levantou-se da cama num pulo, correndo até o banheiro na tentativa de ficar pronta logo. Para sua felicidade, já tinha separado exatamente a roupa que usaria, um suéter azul marinho e uma saia plissada preta. Bonita, mas não arrumada o bastante pra parecer arrumada demais. Aplicou também seu perfume cítrico de limão e uma maquiagem mais leve, corretivo, blush, rímel e um gloss de morango nos lábios. Estava terminando de desembaraçar os cabelos quando o pai entrou no quarto. 

— Minha filha, pelos deuses, eu vou perder meu avião. - O homem disse em aflição.  

— Desculpa pai! Só falta isso – ela terminou de escovar os cabelos e então virou-se para o pai – Como estou? 

— Não poderia imaginar mais bela e mais atrasada. Vamos? - a loira riu e passou pela porta do quarto, o pai a seguia. Eles almoçaram rapidamente e seguiram para no carro, mas só quando Frederick deu partida que as perguntas começaram - Com quem você vai sair mesmo?  

— Thalia, vamos na biblioteca. - Annabeth não queria mentir para o pai, mas também não queria mais perguntas.  

— Ah, é mesmo? Posso passar na casa dela para pegá-la, então. - A loira sentiu o coração palpitar, mas rapidamente inventou uma desculpa. 

— Não precisa, ela me mandou mensagem dizendo já estar lá. Teve que ir ao... Banco! Isso, ao banco. Com o primo dela, ele se mudou faz pouco tempo e precisava sacar dinheiro, mas não sabia onde ficava.  

— Ah, muito altruísta da parte dela. E esse primo vai sair com vocês?  

— Não sei, acho que não. Não chegamos dessa parte da conversa. - Estavam chegando perto da praça, então Annabeth resolveu cortar logo a conversa – Ali, vou ficar na praça, vamos comer alguma coisa antes de ir – Frederick estacionou o veículo de frente para a praça.  

— Se cuide, ok? Estarei de volta na segunda. Deixei dinheiro na sua conta e no pote de “biscoitos” no armário. Me ligue se absolutamente qualquer coisa acontecer.  

— Pai, não precisa se preocupar tanto. Não sou mais criança.  

— Eu sei, mas você sempre vai ser no meu coração. - Frederick depositou um beijo na testa da filha, que sorriu.  

— Até depois papai, boa viagem.  

— Até depois querida, obrigada. - A loira saiu do carro, observando enquanto o veículo sumia na avenida. Arrumou a bolsa no ombro e olhou o relógio, 13:37, ainda tinha um tempinho até Percy chegar.  

A: “Já estou por aqui, procure uma loira sentada numa árvore, não deve ser muito difícil.” E enviado, mas a mensagem não chegou no celular dele. Deu de ombros, provavelmente estava sem internet. Annabeth deu uma olhada na praça, procurando um bom lugar. No centro do lugar estava uma grande macieira que ela considerou ser o lugar perfeito. Se acomodou ao pé da árvore e se arrumou de um livro que trouxera na sua ecobag, o título era “Marina” do Carlos Ruiz Zafón. Era um dos livros favoritos da garota, costumava falar que era o mais multigênero que jamais lera para qualquer pessoa que tivesse oportunidade.  

— Por que que eu adivinhei que você ia estar debaixo de alguma árvore com um livro na mão? - Uma voz soou acima de Annabeth. Ela olhou para cima e se deparou com um garoto a olhando com cabelos molhados, e a camisa pendurada nos ombros. 

— Bem, eu definitivamente não adivinhei que você aparecia molhado e sem camisa.  

— O produto tem que se parecer com a foto, essa é minha opinião - Annabeth deu uma risada.  

— Mas você vai me explicar o porquê de estar molhado?  

— Posso, mas você vai achar que estou tentando te conquistar. - Percy se abaixou e sentou-se ao lado da loira. Ela por outro lado não foi capaz de ignorar o quão bonito ele ficava daquele jeito. Os cabelos dele eram incrivelmente pretos e os olhos verdes brilhavam ainda mais na luz do dia. Era simplesmente de tirar o fôlego.  

— Me teste.  

— Então, estava prestes a te mandar uma mensagem quando vi um garotinho de uns 7 anos chorando desesperadamente na beira do lago. O frisbee dele tinha caído bem no meio e ele estava com a avó, que obviamente não ia entrar no lago e tampouco deixar ele entrar. Eu, como bom samaritano que sou, mergulhei lá para resgatar o tão querido frisbee. 

— Uau, realmente parece que você está tentando me conquistar. Ajudar crianças e velhinhas em desespero? Você está usando golpes muito baixos. - Percy deu uma risada e encostou a cabeça na árvore e só então Annabeth percebeu que ele tinha algumas coisas presas no cabelo. - Você tem... Algas, tem algas no seu cabelo. 

— Tem o quê? Ah, mas que droga. - Percy começou a catar as plantinhas do cabelo, enquanto a loira ria e tentava o ajudar. - Está rindo, sabidinha? É muito feio rir da desgraça dos outros, viu.  

— Quieto cabeça de alga, estou tentando te ajudar aqui. Gosto desse apelido, acho que escolho esse pra você.  

— Mas que ótima primeira impressão, ein? Molhado e com o cabelo cheio de planta gosmenta.  

— É melhor do que a verdadeira primeira impressão que foi um galinha sarcástico.  

— E ainda assim me rendeu um beijo. - Annabeth propositalmente puxou um fio de cabelo dele – EI! Sem machucar.  

— Não se gabe ou eu vou te deixar careca! - O garoto fez cara feia, mas sorriu em seguida. Logo, a loira tinha conseguido tirar todas as plantinhas do cabelo dele. - Achei que você tinha me encontrado por causa da mensagem que te mandei, mas não faria sentido, nem chegou no seu celular.  

— Ah, não, não, eu nem cheguei a ver a... PUTA QUE PARIU – Percy exasperadamente enfiou a mão nos bolsos, tirando de lá um aparelho telefônico completamente encharcado – Eu não acredito.  

— Puta merda. O altruísmo não fez muito por você hoje. - Eles se olharam e apesar da péssima situação, caíram na risada.  

— Bem, aparentemente não. - Ele a olhou de cima abaixo, reprimindo um sorriso - Você está linda, me sinto até desleixado.  

— Esse trapinho aqui? Não estou usando nem 50% do meu poder. - Annabeth brincou. Percy sorriu maliciosamente. 

— Não duvido. Mas achei que você ficaria pelo menos um pouco menos bonita agora que estou sóbrio, não está deixando as coisas fáceis pra mim.  

— Não tenho a intenção de facilitar sua vida. - Percy sorriu novamente e balançou a cabeça como se estivesse afastando um pensamento.  

— O que está lendo? - Ele chegou mais perto, a fim de tentar ler a página do livro. Annabeth sentiu o coração palpitar com a proximidade. Estava prestes a responder em palavras que provavelmente sairiam emboladas, quando uma voz baixinha a interrompeu.  

— Tio Percy? - Um menininho baixinho, esguio e de bochechas rosadas surgiu timidamente por trás da árvore. 

— Ei campeão! Onde está a sua avó? 

— Tyler, volte aqui! - Uma senhora rechonchuda com cabelos grisalhos se aproximou. Parecia ofegante de correr atrás do menino. - Finalmente te alcancei, pare de atrapalhar seu amigo, não vê que ele está com a namorada? - ela disse. Annabeth sentiu engasgar-se. 

— Nós não somos... - Começou a dizer, mas Percy interrompeu. 

— Está tudo bem dona Carmen, o que foi amiguinho? Pode dizer. - O menino parecia encabulado, mas começou a falar. 

— Eu queria que você jogasse um pouco comigo... Pode trazer sua namorada também, ela é bonita. - Annabeth sorriu, o garotinho era adorável. 

— Hmm, eu vou ter que checar com ela, pode ser? - o menininho assentiu, Percy virou-se para Annabeth e falou num tom mais baixo - Você se importa? Ele vai cansar logo, já estava brincando faz tempo quando eu cheguei.  

— Vamos, mas você vai perder. - A garota respondeu no mesmo volume. O moreno sorriu, desafiador.  

— É o que veremos, sabidinha. - Percy virou-se novamente para o pequeno Tyler – Ela disse sim! - O garotinho comemorou com um pulo e correu para abraçar a loira, que retribuiu um pouco sem jeito. Todos andaram até uma parte mais aberta do lugar, um pouco mais longe dali Annabeth conseguiu ver algumas pessoas fazendo piqueniques. Percy e o garoto já estavam jogando, mas a senhora se aproximava de uma garota sentada sobre uma tolha, usando o celular. Parecia ter a mesma idade que Annabeth. 

— Querida, qual é o seu nome?  

— Annabeth, senhora.  

— Annabeth, essa é minha neta, Drew. É irmã mais velha do pequeno. - A menina de cabelos negros olhou para cima, encarando a loira com desdém.  

— Quem é essa?  

— É a namorada do rapaz que ajudou seu irmão, seja educada.  

— Nós não namoramos, na verdade... 

— Claro que não, né. Ele é um gostoso. - Annabeth franziu a testa para o projeto de menina malvada que a encarava. - Quer dizer, ele namoraria alguém a altura dele, obviamente. Tipo eu. Você é meio... Sem sal.  

— Drew! Peça desculpas agora! - A avô disse exasperada. A garota revirou os olhos. 

— Desculpa, né. - Ela voltou a olhar o celular. A mulher pediu desculpas para Annabeth em seu lugar, mas a loira disse que ela esquecesse. Sabia que era infantil, mas tinha lidado com meninas como ela no ensino médio e sentiu uma grande vontade de lhe dar uma lição. 

— Acho que vou jogar com os garotos. Drew, por que você não vem? Não dá pra fazer time com 3 - A garota sentada encarou a loira novamente e então os olhos examinaram Percy, sem camisa, correndo pelo campo.  

— Acho que eu posso jogar um pouco. - Annabeth forçou um sorriso e a andou até onde os meninos estavam, 

— Vamos jogar com vocês.  

— Ah, é? Que bom. Meninos contra meninas?  

— Pode ser. - Drew se aproximava e havia tirado seu cardigan. Estava usando um top e um short, parecia ter puxado um pouco os seios para cima, Annabeth segurou um riso. Percy parecia confuso.  

— Okay... Enfim. Vamos começar. - O moreno explicou as duas como funcionava o jogo, ambas aprenderam rápido. O jogo começou empatando, as duas trabalhavam melhor do que Annabeth esperava. Ainda assim, Percy virou o placar rapidamente. Elas eram mais rápidas, mas ele era mais experiente. Tyler estava extasiado de estar ganhando de tantos pontos na frente e dava um gritinho toda vez que marcava. A partida chegou numa altura onde elas já estavam perdendo tão feio que Annabeth se cansou. Decidiu que colocaria seu plano em ação. Drew estava vindo em sua direção na tentativa de pegar o frisbee, quando ela estava próxima o bastante, a loira deu um passo discreto para o lado e elas acabaram se colidindo. Annabeth dramaticamente caiu no chão, segurando o tornozelo. Drew caiu sentada ao lado dela. Percy imediatamente correu até a loira, se abaixando na sua altura. 

— Você está bem? Se machucou? - Annabeth gemeu quando ele tocou no seu tornozelo. Ele parecia tão preocupado que uma veia pulsava em sua testa. A loira discretamente se aproximou dele. 

— Relaxa, eu tô bem. Só segue o meu comando. - Sussurrou.  

— O que você está fazendo? - Percy disse entre risos discretos. 

— Infiltrando humildade naquela pirralha pra que ela um dia vire um ser humano, me ajuda aqui! - O moreno ficou confuso, mas ela colocou o braço sobre o pescoço dele e então ele entendeu que devia carregá-la. A senhora se aproximava aflita. 

— Meu deus! Você está bem?  

— Estou, mas acho que torci o tornozelo. - No canto, Drew havia levantado e limpava raivosamente a poeira do short. - Acho que temos que ir embora. - Ela olhou para Percy sugestivamente e ele assentiu. 

— Isso! Vou... Levar ela no hospital. Foi bom jogar com você, campeão. Vamos brincar mais vezes.  

— Tchau tio Percy! Espero que sua namorada bonita fique bem! - O menininho disse, Annabeth quase se sentiu mal, mas era por uma boa causa. Eles se despediram de todos e saíram parque afora, Annabeth explicou a situação enquanto se afastavam. Quando já estavam longe o bastante, a loira pediu para que ele a colocasse no chão. 

— Já te falaram que você é maluquinha?  

— Já, mas não acho que essa situação se aplica ao fato – Percy não tirava o sorriso dos lábios. 

— Minha blusa cheira a cachorro molhado, você se importaria se eu trocasse de roupa rapidinho? Minha casa não é muito longe daqui.  

— Isso é um plano pra você entrar nas minhas calças? 

— Claro que não, Annabeth. Mais uma vez, você está de saia! - Percy piscou para ela. Os dois seguiram conversando durante todo o percurso. A loira estava tão entretida na conversa que só foi reparar que estava num lugar familiar DEMAIS quando o moreno estava abrindo a porta. 

— Espera, ESPERA! - Ela gritou, mas a porta já havia sido aberta. Do outro lado dela, Thalia estava de pé, arrumada e com uma feição muito confusa. Annabeth sentiu o coração despencar do peito. 

— Am... Oi? - A morena disse.  

— Ah, que bom que você está em casa, Annabeth essa é... 

— THALIA! Minha MELHOR AMIGA DE TODOS OS TEMPOS! - disse arregalando os olhos para Percy. Ela abraçou a morena, na tentativa de distraí-la. Só aí então o garoto arregalou os olhos de volta, entendendo o que se passava.  

— ISSO. Minha grande PRIMA Thalia, eu... Encontrei com sua amiga Anna... - Ele gesticulou como se estivesse tentando lembrar o nome.  

— BETH! Annabeth.  

— Isso, Annabeth. Eu estava vindo trocar de roupa e encontrei com ela ali na frente. Ela disse que era sua amiga, então deixei entrar. 

— Okay...? Como vocês são estranhos, pelos deuses. Por que diabos você está molhado? 

— Mergulhei num lago pra recuperar um frisbee. 

— Okay... Eu acho. Mas de qualquer forma, foi bom que se conheceram, fiquei de apresentar vocês 

— sso, foi ótimo, ótimo de conhecer. Muito bom. - Annabeth disse.  

— Sim, sim, igualmente. - Um silêncio estranho pairou no ambiente. Os três se entreolharam e Thalia tinha uma expressão confusa no rosto – Enfim! Vou... Trocar de roupa, cheiro de cachorro molhado. Tchau, Annabeth. Foi bom te ve... Te conhecer! Até a próxima! - Percy saiu subindo as escadas, a morena voltou a atenção para a amiga.  

— Não que eu não tenha gostado da visita, mas você não aparece sem avisar.  

— AH! É que eu fui à biblioteca aqui perto e... Vim pegar aquela minha blusa que ficou aqui.  

— Blusa? Qual das trezentas?  

— Aquela... Preta, com decote. Eu queria usar ela pra ir... Jantar com um amigo.  

— Amigo, né? Sua safada. Vem, tá no meu armário. - As duas subiram as escadas e de relance Annabeth conseguiu ver Percy chamando a atenção dela de uma frecha da porta, a loira esperou a amiga entrar no quarto antes de sinalizar para que ele esperasse.  

— Ah, eu vou no banheiro antes.  

— Tudo bem, eu vou procurando enquanto você vai. - Annabeth assentiu e fechou a porta, correndo até o fim do corredor e entrando no cômodo, empurrando Percy para dentro e fechando a porta atrás de si. A loira estava encostada na parede ao lado da porta e o garoto na frente dela, a única luz ali dentro era de uma cortina entreaberta, quase não conseguia ver-lo.  

— Você é o primo que veio morar aqui?! - disse em voz baixa, porém exasperada.  

— Você é a amiga que levou um pé na bunda? É do namorado dela que você falou?! Mas que merda, eu gostava do cara! - o moreno disse no mesmo tom,  

— Meus deuses, que confusão. - Annabeth correu as mãos pelos cabelos – Ela não pode saber que a gente se beijou, ok? Thalia provavelmente não se importaria, mas eu tenho um código de não me envolver com família de amigos. 

— Bem, um pouco tarde pra isso, não? - Percy sorriu maliciosamente e se aproximou da garota, Annabeth piscou nervosamente. Somente com esse ato ela percebeu que o cômodo que estavam era o velho quarto de hóspedes, que agora pertencia a ele. Por definição, estava sozinha com Percy em seu quarto.  

— Eu não diria isso, não temos planos de ser mais do que somos, certo? - Percy sorriu mais ainda, os olhos grudados nos lábios de Annabeth.  

— Se é isso que você diz. - O garoto se aproximou mais ainda, mas então mordeu o lábio inferior e se afastou. - E o que faremos agora? 

— Eu tenho que ir embora, vou voltar de ônibus.  

— Eu te levo no ponto, segura ela no quarto enquanto eu troco de roupa, vou sair na frente e te esperar na esquina.  

— Ok, não demore, eu sou uma péssima mentirosa.  

— Você é adorável. 

— Idiota, tchau. - Annabeth saiu voando do quarto enquanto via mais um sorriso se formar no rosto do garoto. Andou em passos silenciosos até o quarto de Thalia, respirou fundo antes de entrar no cômodo.  

— Mas que demora, loirinha. Já estava indo de procurar. Toma, tá aqui sua blusa. - A garota jogou a blusa para Annabeth, que agarrou o objeto. - Você quer fazer alguma coisa? Eu estava indo me encontrar com Luke, mas ele pode esperar.  

— A-ah, na verdade eu... Eu queria sua... Opinião.  

— Opinião? 

— É, é que eu acho que não tenho nada que combine com essa blusa.  

— Ué, você sempre a usa com aquela saia xadrez marrom.  

— É, mas eu queria algo mais... Sedutor, sabe? - Thalia levantou as sobrancelhas.  

— Annabeth Chase, você continua me surpreendendo. Tenho algo aqui que pode funcionar, espera. - A loira assentiu e olhou a amiga começar a procurar algo no armário. Soltou a respiração que não percebeu estar segurando em alívio. De longe, ouviu a porta da frente fazendo um barulho, Percy já havia saído. - Olha, essa saia preta é colada e bem curtinha, faz um milagre pela bunda que você nem... 

— PERFEITO! - Annabeth pegou a peça das mãos da morena, que a olhou surpresa. - Muito obrigada, vou embora logo, não quero te atrasar. 

— Ah, você não está... 

— Tchaau amiga, beeeeijo – Annabeth abraçou Thalia rapidamente e saiu rapidamente do quarto, deixando sua amiga bastante confusa para trás. Andou rapidamente até o lado de fora da casa, virando a esquina logo em seguida. Percy estava parado encostado na parede, agora usava uma calça jeans preta e uma camiseta azul. - Rápido, rápido! Ela vai sair de casa logo – Annabeth disse e o empurrou rua afora.  

— Você é fortinha, ein? Não apostaria nisso. 

— Eu fiz jiu jitsu, cabeça de alga. Poderia te colocar de joelhos agora se quisesse.  

— Olha, nisso eu apostaria. - Percy sorriu e piscou para ela. Annabeth revirou os olhos, o que o fez sorrir mais ainda. Andaram alguns segundos em silêncio até a loira começar o surto de palavras.  

— Isso é impossível. Como que isso foi acontecer? Quais as chances?  

— Relaxe, sabidinha. Ela não vai saber. Não de mim, pelo menos.  

— Ótimo, vamos manter assim. - eles haviam chegado ao ponto de ônibus. Algumas pessoas estavam paradas lá esperando também.  

— E essas roupas? Vai levar na mão? - Só então Annabeth reparou que carregava as peças que Thalia a dera nas mãos. 

— Pelos Deuses, estava pensando tanto que nem percebi – a garota começou a organizar as roupas dentro da bolsa.  

— Você não precisa se preocupar tanto assim, eu também prefiro que ela não saiba pra não ter que responder perguntas, mas não seria tão terrível assim. 

— Ah, seria péssimo. Thalia iria criar uma expectativa imensa sobre nós dois, como uma grande história de amor ou algo assim. Nunca me deixaria em paz sobre isso.  

— Justo, mas não se preocupe, nem tem tanto assim que ela possa descobrir, certo? 

— Eu suponho que você está certo. - Os dois encararam a esquina por onde o ônibus chegaria em silêncio. Annabeth ainda pensava na quantidade de coisas que estava escondendo de Thalia, a lista continuava crescendo.  

— Mas, se quiser mudar isso, você poderia dormir com a Thalia e me visitar durante a noite. - A loira não o olhou, mas deu uma leve risada.  

— Muito engraçado, Perseu. 

— Não estou brincando. - Annabeth o olhou. Percy sorria, mas não com o sorriso que usava para tirar sarro.  

— Achei que tínhamos combinado que isso não passar de uma amizade estranha. Você não quer mais que isso, eu também não.  

— Eu sei, eu só... - Percy balançou a cabeça, tentando encontrar palavras, mas não disse mais nada. Ele a olhou nos olhos intensamente, como se estivesse tentando adivinhar o que ela estava pensando.  

Annabeth o encarou por longos segundos. Os cabelos dele caiam tão lindamente sob os olhos que ela teve que segurar um suspiro. Eventualmente o garoto torceu os lábios em um leve sorriso divertido, porém que dizia mais que isso. Já estava ficando um pouco tarde, e somente na luz alaranjada do sol de fim de tarde a loira percebeu o quanto queria beijá-lo, queria tanto que se forçou a quebrar o contato visual entre eles olhando para o lado, viu então que o ônibus se aproximava no fim da rua, mas ainda demoraria uns segundos. Quando olhou para Percy novamente na intenção de avisá-lo, ele a beijou rapidamente, um selinho demorando e quase tímido que a fez se sentir a única garota existente na terra. Ele parou o beijo e a encarou novamente, mas não tinha timidez em seu rosto, estava com uma expressão quase... Curiosa, como se ele mesmo não soubesse o que tinha feito. O moreno tinha dado o primeiro passo e queria descobrir se ela retribuiria. Os rostos ainda estavam próximos, entretanto eles já não se olhavam, os olhos explorando os lábios um do outro. 

— Você não deveria ter feito isso. -  Annabeth conseguiu dizer, mas em sua voz não tinha censura, soava mais uma súplica. Percy riu levemente. 

— Eu sei – Ambos investiram em outro selar de lábios ao mesmo tempo. Esse beijo era muito diferente do outro, o garoto não demonstrava nenhum resquício de dúvida no que estava fazendo. A loira enlaçou os braços em torno de seu pescoço e ele desceu as mãos até as curvas de sua cintura. Era um beijo lento e sem muito avanço, considerando que eles não poderiam demonstrar tal coisa em público, mas ainda assim carregado de desejo, era óbvio que os dois estavam pensando naquele momento. Não demoraram muito para se soltarem, o ônibus já estava próximo. Se encararam em silêncio e então caíram na risada, nervosos e encantados um com o outro. O veículo já estava estacionado atrás deles, e quase todos os passageiros já tinham embarcado.  

— Eu tenho que ir. - Sussurrou.  

— Fica. - Percy disse quase que automaticamente, as mãos firmes na cintura dela. Annabeth sorriu e mordeu o lábio inferior.  

— Tchau, Perseu. - A loira depositou um beijo em sua bochecha e então se livrou rapidamente das mãos do garoto, entrando no ônibus logo em seguida.  


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Notas finais do capítulo

gente comentarios ajudam demaaais a gente, por favor quem se sentir confortável por favor deixa uma review aqui, muito obrigada a todo mundo pela leitura e até o próximo capitulo!!!



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