Checkpoint - Love Is a Laserquest (Percabeth) escrita por pixxieme


Capítulo 16
Capítulo 16 - Acquainted.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite galerinha do mal!! Gente me perdoem pela demora pra atualizar, minhas aulas na faculdade voltaram, estou enlouquecendo!!! De qualquer forma tá pronto o sorvetinho, espero que gostem ♥33



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“Baby you're no good 

Think I fell for you 

You got me touchin' on your body 

To say that we're in love is dangerous 

But girl I'm so glad we're acquainted” 

 

Toda a água quente do mundo não seria capaz de relaxar os músculos de Annabeth. A garota estava debaixo do chuveiro a tanto tempo que já não sentia os dedos ou as pálpebras, mas ainda assim mantinha-se completamente tensa. Quando pensava racionalmente sobre a situação, não havia motivo algum para estar se sentindo daquele jeito. Afinal, qual era a grande implicação de estar sozinha com Percy? Eles não eram animais, não iriam se atracar um num outro assim que se vissem. Bom, certamente que também não seria um cenário tão impossível assim, considerando que nem mesmo com pessoas presentes na casa eles conseguiam tirar as mãos um do outro. De qualquer forma, definitivamente não era isso que Annabeth mais pensava! De modo algum! Claro, o fato de ter a casa vazia a despertava alguns pensamentos mais... Lascivos. Mas eram apenas vislumbres, o tipo de devaneio normal de se ter ao ficar próximo de alguém com quem tinha um certo grau de atração. Isso não mudava nada, não significava que ela cederia aos desejos. A garota estava focada em ter uma conversa séria com o garoto e resolver as questões entre eles de uma vez por todas.  

Annabeth finalmente desligou o chuveiro. Ela se enrolou numa toalha e encarou-se no espelho completamente embaçado pelo vapor. A loira respirou fundo e saiu do banheiro, sentindo-se determinada. Era ridículo duvidar de seu autocontrole, aquilo era a vida real, não uma fanfic! A garota estava tão decidida que resolveu não fazer nenhuma grande produção, não passou nenhuma maquiagem, colocou um vestido simples com estampas de gatinhos que normalmente usaria para dormir e deixou o cabelo secar naturalmente. Deuses, ela nem mesmo combinou a roupa íntima! Pura determinação. Tudo o que usava era um pouco de protetor solar e um body splash de limão, a loira fez questão de nem mesmo usar seu perfume. Annabeth respirou fundo e saiu do quarto indo em passos firmes até a cozinha, onde não encontrou nenhum sinal de Percy. A loira sentiu os ombros relaxarem um pouco, visto que não tinha que enfrentar o problema logo de cara. Aproveitando que estava lá, decidiu tomar alguns goles de água e umedecer a garganta seca. Quando estava guardando o copo se deu conta de que alguma coisa tocava ao longe, a melodia de uma música familiar. A loira seguiu o som pelo corredor até chegar na sala. 

Foi impressionante, Annabeth não sabia que era capaz de mudar de ideia tão rápido. Percy estava parado em pé na sala a alguns passos da TV, na qual ele atentamente assistia o show de uma banda chamada “The Strokes”. Ele usava uma calça de moletom cinza, mas nenhuma camisa. Claramente tinha acabado de sair do banho, pois ainda enxugava o cabelo com a toalha que estava em volta da nuca. Ainda era possível ver algumas gotas de água escorrendo por seus ombros, costas e parte do peitoral. O garoto balançava a cabeça levemente no ritmo da música agitada e também cantava baixinho a letra. Annabeth engoliu em seco sentindo-se sedenta, apesar de ter bebido água a pouco. Aquilo era certamente difícil de ignorar. A pele de Percy parecia esculpida, dado o jeito que os músculos dele repousavam embaixo dela. Apesar de tudo isso, o que fez o coração da loira parar foi quando ele se virou, notando a presença dela e abriu um sorriso extenso em sua direção. Ele deu uma carreirinha na direção dela, como um cachorro animado em ver o dono e então parou na sua frente. O moreno a olhou de cima abaixo enquanto enxugava o cabelo.  

—Combinou, sempre te achei uma gatinha! - Disse, claramente muito satisfeito com sua piada completamente sem graça sobre o pijama da garota. Para piorar a situação, Annabeth não conseguiu evitar de sorrir. De repente nem se lembrava mais de estar tão tensa, Percy tinha esse efeito sobre ela. - Por favor nunca tente virar comediante, ninguém quer mais uma pessoa passando fome no mundo - A loira implicou, apesar de estar sorrindo.  

— É mesmo? Engraçado que se meu salário dependesse da quantidade de sorrisos que eu tiro de você, eu estaria rico. - O garoto se aproximou dela ao falar. Annabeth suspirou inconscientemente ao sentir o cheiro dele mais perto. Sabão e maresia, era como se Percy carregasse uma praia inteira no bolso não importava qual fosse o lugar. A loira abriu a boca para rebater, mas a mente ficou completamente em branco. Tudo o que conseguia pensar era na gota de água que escorria pelo ombro dele e no olhar indecente que ele a lançava. - Caramba, os sorrisos eu já tinha começado a me acostumar agora te deixar sem palavras? Essa foi inesperada. - O moreno sorriu, implicante. Annabeth revirou os olhos e empurrou o ombro dele.  

— Cale a boca, cabeça de algas.  

— Ué, mas aí ficaríamos num eterno silêncio! 

— Eu vou grampear essa sua língua! - A garota ameaçou, mas Percy apenas deu uma risada.  

— Que agressividade! - O moreno se afastou e sentou-se no sofá, ainda olhando para ela. - Olha, eu consigo pensar em outras coisas melhores para você fazer com minha língua. - Percy disse com o sorriso mais malicioso de todos os tempos traçando os lábios. Annabeth respirou fundo, resistindo a tentação de aceitar a proposta. Sim, o garoto era insuportavelmente bonito. Mas, Deuses, como Annabeth desejava que beleza fosse o único problema. O fato de que ele sabia exatamente como desarmá-la era muito mais perigoso, apenas um rostinho bonito nunca seria capaz de fazer seu coração bater tão rápido.  

— Vou precisar mandar você calar a boca de novo? - A loira cruzou os braços, o encarando enfurecida. 

— Talvez, mas nesse caso eu vou ter que apelar pro “Vem calar” e aí você vai ficar toda nervosa e vermelha de novo. - Annabeth bufou e balançou a cabeça negativamente.  

— Escute aqui Perseu Jackson, se você acha que eu vou simplesmente ceder assim do nada sem uma conversa séria você tá muito enganado! - A loira bateu o pé no chão, enfatizando suas palavras - Então eu acho bom você parar com essas piadinhas sedutoras e essa... Coisa que você faz com os olhos! 

— Que coisa? - Percy perguntou com uma falsa inocência, enquanto fazia a dita coisa com os olhos.  

— UGH! - Annabeth grunhiu, frustrada. - Chega! Até amanhã, Perseu. - A loira deu meia volta e começou a andar na direção dos quartos. 

— Ei, ei, ei! Calma! - O moreno disse, correndo na direção dela. Ele se colocou em sua frente, segurando os ombros dela gentilmente. A loira suspirou impacientemente, mas o olhou. - Não pode ir embora no meio de uma conversa, é rude! 

— Nós não estávamos conversando, seu pateta! Esse é exatamente o meu ponto!  

— Pateta? - O garoto disse, rindo do xingamento antiquado.  

— PERCY! - Annabeth exaltou-se, já sem paciência.  

— Desculpa! Desculpa. Desculpa, ok? - O garoto gesticulou com as mãos formando uma súplica e depois para os ombros dela novamente. Ele respirou fundo e comprimiu os lábios, hesitante. - Isso é... Caramba. Eu fiquei meio nervoso, okay? - A loira o encarou com desconfiança, mas o olhar agitado de Percy entregavam o anseio dele com clareza. Ela respirou fundo e cruzou os braços.  

— Por que você estaria nervoso? - Perguntou, apesar de ter uma ideia da razão.  

— Claro que por sua causa. - Annabeth arqueou uma das sobrancelhas, ele parecia estar dando novamente um tom malicioso para a conversa, era difícil não deixar quando ele estava tão próximo dela, mas a garota manteve a postura. 

— O que você quer dizer com isso? - A loira esperou a resposta pronta para desferir um soco na barriga dele. Provavelmente não faria tanto estrago, considerando a camada de músculos que ele tinha o mantendo protegido, mas ela certamente estava pronta para tentar. Para sua surpresa, Percy respirou fundo e se cruzou os próprios braços, ficando numa posição quase tão defensiva quanto a dela. 

— Eu não tenho a menor ideia, na verdade. - O moreno falou. Parecia tão contrariado com as próprias palavras que quase fez Annabeth rir. A loira comprimiu os lábios e apertou as têmporas com os dedos. - Eu realmente não sei, okay?! Eu não sei sobre o que você quer conversar, não sei mais o que você quer comigo depois do que aconteceu. Você me ama? Você me odeia? Você quer uma vingança sanguinária? EU NÃO SEI! - O garoto desabafou, gesticulando com as mãos enquanto falava.  

— Vingança... Sanguinária...? Mas do que diabos você tá falando?  

— EU... Não sei bem... - Percy se afastou dela e se jogou no sofá da sala novamente, derrotado, com o rosto entre as mãos. Annabeth o encarou completamente confusa, enquanto ele definhava no estofado. E então como se nada, o garoto respirou fundo e levantou o rosto, tomando uma postura ereta e determinada. - OK. Você quer conversar, não é? - O moreno puxou a poltrona do lado do sofá e a colocou na frente dele. - Então vamos conversar. - Annabeth encarou a cadeira e depois olhou para o garoto.  

— Você não quer colocar uma blusa antes? - A loira sugeriu. Percy abriu um sorriso.  

— Por acaso estou te distraindo? - Annabeth trocou o peso entre os pés, desconfortável com a pergunta. 

— Bem, sim. - Admitiu.  

— Então não quero. Agora sente. - O moreno apontou para a poltrona. Annabeth revirou os olhos, mas andou até ele e sentou-se em sua frente. Percy encostou-se no sofá e cruzou os braços, a encarando. - Sobre o que exatamente você quer conversar?  

— Obviamente sobre seja lá o que está acontecendo entre nós.  

— Okay. - Percy hesitou por um breve momento, mas tornou a falar – Estamos... Ficando? Acho que é o que descreve melhor. - A loira assentiu, sentindo-se nervosa de repente.  

— Acho que sim. É o mais próximo, sim.  

— Mas não é exatamente isso, também... - O moreno a encarou, parecendo hesitante novamente. - É... É isso que quer falar? Sobre o que nós somos? - Percy se arrumou no sofá, limpando a garganta. Annabeth sentia o coração batendo tão rápido no peito que quase queimava. Agora que estava ali sozinha com ele, tinha a impressão de que não conseguiria interromper suas dúvidas. Uma onda fervente de coragem a invadia, suas dúvidas eram grandes demais para continuar carregando.  

— Começamos complicado demais. Vamos fazer assim, perguntamos o que queremos saber e descobrimos o que fazer daí, pode ser? - A loira disse, já sentindo a pergunta na ponta da garganta.  

— Qualquer coisa? - O moreno a encarou diretamente nos olhos, Annabeth quase se arrependeu de sugerir o jogo da verdade. 

— Qualquer coisa, sem mentir. - Garantiu. - Uma vez sua, uma vez minha.  

— Okay, eu começo. - O garoto decidiu. Ele fez suspense por alguns segundos e então se arrastou até a ponta do sofá, se inclinando na direção dela. - Por que você estava me evitando quando chegamos aqui? - A loira mordeu a bochecha, sentindo-se encurralada.  

— Você sumiu primeiro. - O garoto a olhou de cima abaixo e sua postura vacilou um pouco, mas ele não recuou.  

— Não foi por isso. Resolvemos essa questão tranquilamente no carro. - Percy a olhou sugestivamente. Annabeth piscou algumas vezes para se livrar dos flashbacks da cena a qual ele se referia. - Sem mentir, Sabidinha. Por que você estava me evitando? - O garoto perguntou quase num sussurro. A loira engoliu em seco, nervosa. A resposta daquela pergunta era reveladora demais, teria que tomar cuidado com suas palavras.  

— Eu achei que estava sendo grudenta demais, não era esse o acordo. Pareceu mais correto manter uma distância, como você mesmo fez. - Touché. A resposta foi tão certeira que Percy desviou o olhar do dela.  

— Foi por isso que você beijou o Lee? Pra manter sua distância? - O tom quase irritado na voz dele fez o sangue Annabeth ferver de novo.  

— Eu não o beijei. Ele me beijou.  

— Mas você o deu a esperança que fez ele de beijar. Você se aproximou dele Annabeth, vai dizer que não? - O garoto a olhou novamente. A loira não respondeu, mas também não precisava.  

— Minha vez de perguntar. Por que você se importa tanto com quem eu beijo ou não beijo? O seu acordo não está mais de pé?  

— MEU acordo? Você também disse que não queria compromisso. - O garoto levantou uma das sobrancelhas, claramente se sentindo contrariado.  

— Você não me respondeu. - Annabeth o cortou, ríspida. Percy a encarou, mas manteve-se calado. Nenhum dos dois estava cedendo tão fácil. - Você estava com ciúme do Lee? É por isso que foi tão rude comigo? - Ainda sem nenhuma resposta, Annabeth bufou. - Deuses, Percy. Você se quer ainda quer isso? - A loira disparou, impaciente – Eu e você?  

— Sim. - O moreno respondeu com convicção, ainda mais diretamente do que ela. Annabeth pigarreou, surpresa. Sentiu que o rosto definitivamente estava vermelho, mas não se deixou abalar.  

— Okay. - Disse, a voz já não estava tão firme quanto antes. - Sim para o quê? - Percy respirou fundo, como se estivesse mantendo a calma.  

— Sim, estava com ciúme. Me mordendo de ciúme. Sim, quero você. É claro que eu quero. - Annabeth piscou algumas vezes, surpresa com a resposta. De repente aquilo parecia tudo o que ela precisa ouvir e teve que resistir fortemente ao impulso de beijá-lo. Ao invés disso ela assentiu.  

— Mas se concordamos em nada sério, por que você estava com ciúme? - A garota perguntou, quase sussurrando. Annabeth sabia o que queria ouvir e inclusive, tinha quase certeza de que ele iria dizer. Mas precisava que as palavras saíssem dos lábios dele. Não aguentava mais indiretas e meias conversas, queria tudo. Queria saber tudo. Percy fez menção de falar, mas os lábios se contorceram num sorriso divertido.  

— É minha vez de perguntar. - Ele disse. Annabeth respirou fundo, revirando os olhos.  - Você está transando com outras pessoas? - Disparou novamente. 

— OI? - A garota disse, num tom mais agudo do que o normal. Percy deu de ombros, mas não pareceu recuar – E você acha que pode simplesmente fazer uma pergunta dessas? Quem disse que isso é da sua conta?  

— Você disse que podíamos perguntar o que queríamos saber. Isso é o que eu quero saber. - O garoto disse, definitivo. Annabeth ponderou entre a possibilidade de socar o rosto perfeitamente cínico dele e o chutar no meio da barriga trincada. Mas quando pensava racionalmente, ela tinha de fato dito qu ele poderia perguntar qualquer coisa. A loira respirou fundo, engolindo a raiva. - Deuses... Você é impossível. - Disse, encostando-se na cadeira com os braços cruzados. Eu não transo casualmente, então não. - Percy assentiu devagar, não esboçando nenhuma reação substancial. A loira levantou uma das sobrancelhas, sentindo-se subitamente curiosa. - E você? - Perguntou. O moreno a encarou por alguns segundos, parecendo hesitante.  

— Não mais. -  Disse por fim. O “mais” causou uma coceirinha de ciúmes nas costelas de Annabeth. Ela tentou não transparecer.  

— Quando foi a última vez? - A loira disparou, já sentindo que ia se arrepender de fazer aquela pergunta.  

— Am? - O moreno franziu a testa, confuso.  

— Você disse “não MAIS”. Significa que você transou com alguém enquanto estava comigo, quando foi?  

— Annabeth... Você não quer saber disso.  

— Nós não estamos namorando Percy. Nós tínhamos um acordo, eu não vou ficar brava. Só quero saber. - O moreno trocou de posição no sofá, desconfortável. Ele trocou olhares entre os olhos penetrantes da loira e a janela da sala.  

— No... No dia que Thalia fez aquela festa... - O garoto iniciou, quase gaguejando. Annabeth sentiu arrepios só de ouvir a primeira frase, mas o deixou continuar. - Eu cheguei depois de todos irem dormir, você estava... - Annabeth engoliu em seco, sentindo a raiva que prometeu não sentir dominando o corpo.  

— Na cozinha. - A loira terminou a frase sentindo a garganta fechar. Ela comprimiu os lábios e respirou fundo. - Usando suas roupas, no meio da cozinha. - Annabeth endireitou-se, sentindo o estômago embrulhar. - Logo depois? Você me beijou logo depois de transar com... 

— Não foi logo depois. - Percy se adiantou em responder, como se isso pudesse melhorar as coisas. Aquela adição não fez muita coisa por Annabeth, que fantasiava com maneiras de matá-lo e se dispor do corpo de maneira oculta. 

— Com quem, Percy? - A loira perguntou, entredentes.  

— Calypso... - Ele murmurou baixinho e de olhos fechados, como estivesse esperando uma explosão.  

— Ca... Calypso? A sua EX Calypso?! - A loira respondeu num tom extremamente agudo. Percy se manteu calado, mas assentiu hesitantemente com a cabeça. - AH! - Annabeth levantou a poltrona bruscamente, em completo choque. - AH. - Repetiu. A loira deu uma risada breve e desacreditada. De repente a escopeta no quadro na parede esquerda pareceu o objeto mais brilhante daquela sala. A garota começou a se afastar, querendo ficar o mais longe possível de Percy.  

— Annabeth... - O garoto se aproximou, tentando chamar a atenção dela, mas a loira o empurrou com rispidez. -  

— PERCY. Sua EX? Isso acabou de ficar complicado DEMAIS. - A garota passou as mãos pelos cabelos. - Meus deuses, aquele dia no bar? Você ia para casa com ela, não ia? É por isso que ela ficou tão irritada? E eu achei... Eu pensei que... - A garota balbuciou, nervosa. Os pensamentos corriam tão rapidamente por sua cabeça que ela se sentia tonta.  

— O que? Mas do que você tá falando? Annabeth! - Percy tentou chamar a atenção dela novamente, mas já era tarde. Quatrocentas mil possibilidades estavam se passando pela sua cabeça. Os fios estavam se atando, suas teorias se provando como verdade. Então aquele era o motivo de Percy sumir, de se afastar. Não havia nada além daquilo. Ele a estava a usando de distração enquanto não conseguia quem ele realmente queria de volta. Teria sentado e chorado se ele não estivesse ali, se sentia patética por isso. Como ela podia deixar que um garoto a fizesse se sentir daquele jeito? Que tivesse tanto efeito sobre ela? A loira tinha problemas muito maiores, objetivos muito maiores. Tinha uma faculdade renomada a esperando, uma mãe completamente desajustada para lidar e um futuro inteiro para construir. Não conseguia entender por que, entre todas essas coisas, um simples GAROTO fosse o que a fizesse beirar a insanidade. - ANNABETH! - O garoto a segurou pelos ombros, a tirando de seu transe.  

— O QUÊ? - A loira gritou de volta com a voz levemente embargada. Quando olhou para o rosto franzido de preocupação de Percy, teve que resistir o impulso de gritar mais ainda.  

— VOCÊ QUER ME DEIXAR EXPLICAR? - O garoto gritou, frustrado. Annabeth travou o maxilar, não sabendo se ficava com mais raiva dele por ter coragem de levantar a voz ou do que ele tinha feito. A loira riu novamente, não acreditando na situação em que se encontrava.  

— Sim Percy, eu quero saber absolutamente TUDO sobre a sua noite de amor com sua linda ex-namorada! Me conte TODOS os detalhes, É TUDO O QUE EU MAIS QUERO! - A garota o afastou de novo, mas Percy a segurou num abraço de urso. A loira esperneou, tentando se soltar, mas sem sucesso.  

— ANNABETH! - O garoto disse, com firmeza. - Apenas ME ESCUTE. Depois você pode gritar e espernear, mas me deixe EXPLICAR. - O garoto pediu, quase suplicante. Annabeth estava com tanta raiva que a respiração estava descompassada, mas se manteu calada. Percy a soltou devagar até ter certeza de que ela não ia sair correndo e então se sentou novamente, respirando fundo. A loira continuou em pé, o encarando com a fúria de sete guerreiros espartanos. O moreno limpou a garganta antes de começar a falar.  

— Calypso e o pai, eles têm uma... Relação complicada. - O garoto começou. Fez uma pausa, como se decidisse se deveria ou não entoar a próxima frase. - Ele tem um problema com drogas, todo tipo que você puder imaginar... - Ele balançou a cabeça, como se estivesse tentando afastar algum pensamento.  

— Emocionante. Então você sai por aí ajudando meninas com problemas com os pais com seu grande pinto mágico? - A garota disse, com a voz carregada de ironia. Percy levantou uma das sobrancelhas na direção dela.  

— Você percebe que seu insulto foi quase um elogio? - Annabeth revirou os olhos – Me deixe terminar, sente. - A loira semicerrou os olhos, mas se sentou novamente na cadeira, não deixando de encará-lo furiosamente em nenhum momento. Percy respirou fundo e então retomou - Calypso vive sozinha. A mãe dela morreu quando ela nasceu, ela não tem irmãos ou parentes próximos, então tentar uma reaproximação com o pai foi tudo o que restou a ela. Foi o que ela fez. Ela foi atrás dele, eles se encontraram algumas vezes no ano passado, enquanto ainda estávamos juntos. Eu já planejava terminar com ela a algum tempo nessa época, mas queria ajudar como eu pudesse até que as coisas estivessem mais estáveis. O pai dela entrou numa reabilitação, arrumou um emprego e ela disse que ele ia passar um tempo na casa dela. Foi aí que eu decidi que era o momento de terminar. - O moreno fez mais uma pausa. Annabeth sentia empatia pela história, afinal, sabia o que era ter que lidar com um genitor desajustado. Ainda assim, não sabia quais as intenções de Percy em contar aquela história. 

— Percy, eu sinto muito por seja lá o que se passa na vida de Calypso. Mas o que você quer me dizer? Que transou com ela porque ela tem uma vida triste? Se essa é sua desculpa, eu quase me sinto ofendida.  

— Não é isso. Eu transei com ela porque eu quis, Annabeth. Mas eu quero que você entenda o porquê isso não tem nada a ver com você. - A garota respirou fundo, mas se calou novamente. - Em algum momento o pai dela fez uma cópia da chave da casa dela. Um dia enquanto ela não tava ele pegou coisas de valor, notebook, instrumentos, dinheiro que ela tinha guardado e enfim, terrível. - O garoto fez uma careta, como se as palavras tivessem um gosto amargo. - Ela não tem muitos amigos, então ligou pra mim e eu fui lá. Quando eu cheguei, a casa estava completamente destruída e ela pior ainda. O pai dela levou tudo que ele pudesse vender, livros, móveis pequenos, até mesmo os talheres de prata que ela tinha. Tudo. Eu a ajudei a trocar a fechadura e arrumar as coisas, fui com ela na delegacia e levei ela em casa depois. Ela pediu para eu ficar até que ela dormisse e sabe, nós ficamos juntos por anos, não fazia sentido negar. Estávamos sozinhos, e ela estava carente e então... Ela me beijou. E uma coisa levou a outra. - Percy não continuou, mas a garota sabia como a história terminava. Annabeth não emitiu nenhum som ou expressão, na cabeça dela os detalhes ainda levavam para o mesmo desfecho: Ele a estava usando para passar o tempo enquanto tentava reconstruir sua relação passada.  

— E é assim que você me conta que ainda ama ela? - A garota disse, desgostosa.  

— O que? Não. Annabeth você não tá me escutando direito, olhe pra mim. - O garoto pegou o rosto dela entre as mãos e fez com que ela o olhasse. Annabeth resistiu, mas puxou o rosto dela de volta delicadamente - Me escute, Sabidinha, por favor. - Percy suspirou, nervoso - Eu não conhecia você tão bem assim na época, foi o único motivo pelo qual fez sentido no momento. Nós não estávamos juntos, tínhamos ido em UM encontro, Annabeth.  

— O problema não é esse, Percy. - A loira disse, frustrada. Ela suspirou, balançando a cabeça - Não estou cobrando compromisso nenhum, estou ciente do que foi acordado. Não é porque você ficou com alguém, é porque você ficou com ELA. Nós não estamos juntos, mas você me usou. Você esteve me usando esse tempo todo enquanto não tinha a oportunidade de voltar pra ela. Por isso disse que não queria compromisso, não é?  

— O quê?! - Percy disse, completamente confuso. - Não, Annabeth, você entendeu tudo errado! - O garoto respondeu, nervoso.  

— E aquela noite no bar, Percy? Você estava lá com ela, eu vi o jeito que ela olhou pra mim, pra você. Como você explica isso? 

— Annabeth, o fato de ter sido com ela naquela noite não significa nada além de disponibilidade. Estávamos juntos e era familiar, foi só isso. Nunca funcionaria entre Calypso e eu, não menti para você quando disse que nunca senti esse tipo de paixão por ela. Eu a amo, claro, mas como uma... Amiga, uma pessoa que foi importante na minha vida, que cresceu comigo. Essa é a verdade e foi exatamente isso que eu fui dizer a ela naquela noite no bar. - Percy fez mais uma pausa, respirando fundo – Ela disse que queria continuar me... Vendo, independente disso. Queria que voltássemos mesmo que eu não sentisse o mesmo que ela. Mas eu disse que não, que não seria justo com os sentimentos dela e que... Eu tinha conhecido outra pessoa. - Annabeth piscou os olhos algumas vezes, assimilando as informações. Ela digeriu os parágrafos do monólogo de Percy, um por um, enquanto decidia o que fazer.  

— Outra pessoa? - A garota perguntou, hesitante. 

— Você, Annabeth. - Percy suspirou – E eu sei. Eu sumi, eu te evitei, eu me afastei. Eu realmente não queria me envolver desse jeito, então é o que eu faço pra garantir que ninguém se machuque. É o que eu faço. E dá certo, na maioria das vezes, sempre deu. Mas você... - O moreno puxou o ar, como se estivesse faltando. O coração de Annabeth falhou as batidas. Queria desesperadamente que algo saísse de sua boca entreaberta, mas as palavras faltaram. - Eu sei o que eu disse, eu sei o que combinamos, mas a verdade é que já faz um tempo que não tem ninguém além de você. - A loira o encarou, ainda boquiaberta. O palpitar forte no peito parecia prestes a rasgar sua pele.  

— E por que você não disse isso antes? - Annabeth perguntou, quase sussurrando. Percy mordeu o lábio, frustrado, e se aproximou dela.  

— Eu não... Não sabia se você queria que eu dissesse. - O garoto tomou o rosto dela entre as duas mãos, acariciando o rosto dela. A loira deixou o rosto encaixar no toque dele, sentindo-se desmanchar. - E-e você? - A garota franziu a testa, confusa com a pergunta - Ainda gosta do Luke? - Percy perguntou, cauteloso. A pergunta absurda tirou Annabeth de seu choque e ela riu nasalmente. - Ou agora é o Lee? É o seu lance, loiros? É por isso que você não quer ficar comigo? Por isso que beijou ele? - O garoto tentou soar despreocupado, mas os olhos verdes a encaravam atentos.  

— E quem disse que eu não quero ficar com você? - A loira disparou sem pensar. 

— Então você quer? - O moreno sussurrou. Os olhos dele transitavam entre os dela e seus lábios rosados. Estavam tão próximos que seus torsos encostavam, Annabeth ficou feliz em perceber que o coração dele batia tão rápido quanto o dela. A pele dele estava arrepiada, apesar do calor que fazia. Percy com a delicadeza com a qual tocaria um cristal, a olhava como se ela estivesse brilhando. Annabeth ainda tinha dúvidas e questões a serem esclarecidas, mas tudo o que conseguia se concentrar era no verde dos olhos de Percy e no seu cheiro de sabão e maresia. Naquele momento ele iria beijá-la, e ela deixaria sem hesitações.  

Percy e Annabeth pularam de seus lugares quando ouviram a porta da cozinha abrir e fechar. Os dois se encararam por alguns segundos, ruborizados, antes de reagirem. Eles se afastaram e se levantaram na direção do corredor, procurando a fonte do barulho. Ninguém mais estava por ali além deles. Thalia e Luke já deviam estar a vários e vários quilômetros de distância naquele ponto. Percy quase instintivamente colocou Annabeth atrás dele, mas a garota não tinha o sangue de donzela indefesa nas veias. Já com uma estatueta de metal nas mãos, que havia arranjado na estante ao lado do sofá, estava encarando o corredor com um olhar mortal.  

— Alô? Tem alguém em casa? - Uma voz aguda, familiar e feminina soou pelo corredor. Percy e Annabeth trocaram um olhar confuso. Logo, o cabelo vermelho de Rachel surgiu por trás da parece, acompanhado de um rosto sorridente. - Ah! Achei vocês! - A ruiva entrou na sala, acompanhada por mais quatro pessoas. Duas garotas de cabelo escuto e pele bronzeada que se pareciam bastante, um garoto também bronzeado e um mais pálido de cabelo platinado.  

— Ué, Rachel? - Annabeth indagou, confusa. 

— E tropa. - Percy adicionou. A loira abaixou a mão que segurava a estatueta em pose de ataque. Ela e Percy trocaram mais um olhar breve e confuso, mas aliviado.  

— Oi gente! Esses são meus amigos: Lauren e Louise, são irmãs. Esse mais alto é Travis e o platinado é Lucas, não são irmãos. - Os nomeados acenaram conforme seus nomes foram citados. - Estes são Percy e Annabeth. - A garota os apresentou. Os desconhecidos os cumprimentaram brevemente, eles retribuíram.  - E cadê o resto do pessoal?  

— Foram embora. Exceto Thalia e Luke, que foram acampar. - Annabeth explicou.  

— Ah. E vocês ficaram? Só os dois? - A ruiva perguntou, desconfiada. Os olhos verdes e acusatórios dela transitavam entre os dois, como se estivesse tentando desvendar um mistério.  

— Estou doente, lembra? - A loira se apressou em explicar, um sorriso convincente brotando em seus lábios. 

— E eu brincando de médico. - Annabeth deu um beliscão discreto nas costas de Percy, que se arqueou de dor, mas disfarçou como se estivesse espreguiçando.  

— E vocês? Achei que tinham viajado hoje cedo. - A loira disse, tentando mudar de assunto.  

— Ah, é. Fomos numa cachoeira aqui perto antes de pegar estrada, mas deu algum problema no carro quando estávamos voltando. Acho que o pneu.  

— Não foi o pneu, foi a engrenagem. - O garoto mais alto destacou, parecendo não ser a primeira vez que tinha desmentido aquela fala.  

— Tanto faz, foi um problema no carro! Deixamos na oficina aqui perto, mas o moço não pareceu estar muito empenhado em terminar, acho que temos algumas longas horas pela frente. - Rachel suspirou. - Enfim, sugeri que viéssemos para cá passar o tempo, tem problema?  

— Não, absolutamente nenhum problema! - Annabeth disparou, fingindo animação. Ela trocou um olhar com Percy, que não parecia particularmente feliz. Ela o reprimiu com o olhar rapidamente, para que ele disfarçasse também. O moreno suspirou, mas abriu um sorriso falso. 

— Claro, fiquem. - Disse, sem muita vontade.  

— Ótimo! Muito obrigada, gente. - O olhar de Rachel se prendeu em Percy ao dizer a frase. Ela inspecionou cada centímetro do torso de Percy antes de olhar para Annabeth novamente. - Tenho certeza de que vamos arrumar um jeito de passar o tempo. - A garota disse, sugestivamente.  

— Tenho certeza que sim. - Annabeth disse, entredentes. A garota forçou um sorriso para esconder a vontade de arrancar os fios ruivos da cabeça de Rachel. Ao seu lado, a expressão de Percy parecia ter melhorado muito nos últimos 10 segundos e ele inclusive parecia estar disfarçando um riso. Annabeth respirou fundo, mantendo a postura.  

 

 


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Notas finais do capítulo

Ayyyy como eu amo fazer uma novela mexicana gente, bom demais
até o próximo capítulo ♥33



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