As Folhas de Sicômoro escrita por Mayara Silva


Capítulo 8
Estou Indo te Buscar


Notas iniciais do capítulo

HAPPY HALLOWEEN

Vamos finalmente ver o desfecho desse pequeno conto que eu preparei pra vocês, pra comemorarmos essa noite que se tornou tão emblemática pra o Michael Jackson! Esse é o último capítulo, então eu espero que gostem ♥

Boa leitura!



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Luna.

 

Era o seu nome. E era tão lindo… Luna… “Lua” em italiano. Aqueles lindos cachinhos amontoados em sua cabeça como graciosas molas fechadas, aqueles olhos azuis cristalinos tão únicos, aqueles lábios macios como uma almofada, aquele corpo bem modelado como um jarro feito à mão, tudo naquela garota atordoava os sentimentos confusos do jovem rapaz. Do alto da torre, confuso e solitário, nunca mais havia sentido o que era amar, e aquele sentimento reacendeu em seu coração quando a viu de longe, tão longe, quando a viu desviar um pouco do caminho da escola para reafirmar sua ousadia aos amigos. Ela não quis nem pensar em se aventurar por perto da casa, e ele torceu muito para que quisesse, pois assim poderia vê-la com mais detalhes, talvez até mesmo sentir o seu perfume. Michael sonhou, dia e noite, com o momento em que sairia daquele lugar para dizer àquela desconhecida que a amava, que o seu coração agora pertencia a ela, mas como fazer tal confissão preso àquele martírio? O seu corpo jazia, ali, em algum lugar por debaixo daquelas folhas. Não tinha como sair. Era eterno. Ele era aquela casa.

 

Mas podia tentar… Que custaria? Outra pessoa sofreria em seu lugar, entretanto isso pouco importava, Michael doentiamente a amava. Os dias se passaram e aquele amor se tornou devoção, que se tornou ciúmes, que se tornou ira, ira pela sua condição. Ele a amava, ele não queria mais ficar ali.

 

E então, guiou uma das folhas que cobriam o seu corpo até uma vítima em potencial. Era noite, havia pouco movimento, seria fácil atacar.

 

— Lindinha, vem pra esse lado. Eu vou empurrar, okay?

 

Disse um rapaz bonito, de pele clara e cabelos castanhos dourados. Saiu do carro e tentou empurrá-lo enquanto uma loira de aspecto frágil aguardava no veículo. Ela era perfeita para segurar o seu martírio.

 

Soprou a folha em sua direção, mas não esperava que ela fosse atrair, também, o seu amado.

 

— Fecha a porta, Bunty!

 

O garoto exclamou e a seguiu assim que percebeu que ela não o ouviria.

A partir daí, Michael tinha apenas uma chance. Ele se escondeu dentro da casa e esperou que ela desenterrasse as folhas, só assim poderia prendê-la ao seu destino. Ele odiava essa parte, pois não controlava o demônio dentro do seu corpo; odiava ter que machucar os outros, mas esperava que desse certo, afinal, ele apenas trocaria de lugar com ela. Não a mataria, não definitivamente. Ela ainda estaria viva de alguma forma, ou morta-viva, como ele preferia chamar.

 

Tudo teria ocorrido bem se não fosse aquele homem.

 

— Eu… estou indo… te buscar…

 

— BUNTY!!!

 

Ela desenterrou, e, a partir daí, Michael já não se lembrou de mais nada.

Apenas sentiu um gosto de ferro na boca. Quando abriu os olhos, percebeu que o monstro agora era outra pessoa, e que ele estava comendo a carne do corpo da própria amada. Pedaço por pedaço, ouviu o estalar dos ossos, ouviu o ruído esponjoso de cada órgão se desfazendo. Pela primeira vez, Michael viu o que ele havia sido durante todo esse tempo e, pela primeira vez, teve medo do que um dia foi.

 

Ele chorou e fugiu. Estava livre.

 

x ----- x

 

Casa abandonada, floresta dos sicômoros  – 21:45 hrs

 

Após a árdua batalha, um monstro experiente se sobressaiu sobre o outro ainda incapaz. Michael tomou uma daquelas folhas e, lembrando-se agora de suas raízes, soprou para que ela buscasse ajuda. Prince e os seus amigos andróginos, que já estavam preocupados com o sumiço repentino da garota, foram atraídos por ela. Não questionaram o rumo das coisas, apenas que Luna estava ferida na perna e que precisavam levá-la ao socorro o quanto antes. Ela sobreviveria, e Michael fez questão de fazer aquele homem e sua namorada contemplarem o plano deles fracassar.

 

Assim que todos foram embora, o garoto dos olhos azuis se sentou sobre uma pedra irregular que havia ali, observando aquelas silhuetas se tornarem meros borrões na escuridão. As lágrimas misturaram-se à chuva, e os seus lindos, brilhantes e pequenos olhos azulados marejaram em silêncio. Bunty se sentou no chão e agarrou uma das suas mãos, deitou o rosto em seu colo, era o único conforto que tinha lhe restado.

 

Michael também ficou a observar a paisagem, se acomodando ao lado daquele casal, sem tirar os olhos da vista.

 

— Sempre quisemos visitar o Canadá — ele iniciou. Nunca teve a oportunidade ideal de conversar com o moreno, e não fazia ideia do quão realmente significante isso era, mas não tinha nada a perder. — Depois de Indianápolis, iríamos a Chicago… Nova Iorque, e então, Canadá. As terras frias… queríamos lembrar um pouco da nossa terra natal.

 

Michael mordeu os lábios, sem saber muito o que falar.

 

— Eu… sinto muito.

 

O homem permaneceu em silêncio. Michael os encarou de canto e percebeu que ele acariciava os cabelos dourados da própria amada, como se buscasse confortá-la no seu afago melancólico.

 

— Você estava me vigiando naquele dia… nos vigiando. E nós não sabíamos que íamos terminar aqui. Nossos pais não sabem… ninguém sabe. Não tivemos nem esse direito. Não pudemos nem dizer adeus — ele suspirou e passou a acariciar as madeixas da menina com um pouco mais de vontade, passando as unhas curtas carinhosamente pelo seu couro cabeludo. Ela fechou os olhos e desfrutou do carinho. — Eu matei a minha garota. Você fez isso comigo. Você pôs esse monstro dentro de mim. E agora… eu não consigo controlar… eu não consigo me saciar de outra forma. Eu preciso da vida dos outros para manter a minha.

 

Michael suspirou.

 

— Eu sou apaixonado por uma garota. Ela me salvou da minha solidão. Eu… eu realmente não tenho nada contra vocês dois. Foi o acaso, o destino. Eu só precisava que alguém ficasse no meu lugar, até que eu vivesse esse amor pela primeira vez. Depois, eu voltarei para tomar o meu posto… quando a minha Luna falecer.

 

Ele se levantou, preparando-se para sair. Michael não queria ter condenado outras pessoas, porém não conseguia sentir total remorso, pois sempre que pensava na sua amada, as outras coisas ao redor desapareciam.

 

— Vocês estão juntos. Não podem dizer que estão sofrendo como eu sofri. Eu não sei o que vai acontecer com vocês quando eu voltar, mas, se tiverem a chance de viver entre eles como eu estou vivendo, vocês conseguirão se adaptar. Eu não preciso matar as pessoas para sobreviver… eu posso sugar a energia delas de outra forma.

 

Disse, e absteve-se de mais detalhes, seria algo que teriam que descobrir sozinhos… se tivessem essa chance.

Michael levou as mãos aos bolsos e passou pela grade envelhecida. O casal ficou observando o moreno partir e se tornar mais um borrão como os outros, até estarem completamente sozinhos.

 

— Morten… o que a gente faz agora? — ela murmurou.

 

O jovem, de nome Morten, pensou nas palavras daquele garoto. O julgou como um menino egoísta, que não pensou duas vezes em ir atrás de seus desejos em detrimento de outrem. Todavia, era um hipócrita, pois o ínfimo tempo que teve naquela casa maldita foi suficiente para que desse razão aos atos daquele menino, e para não querer segurar aquele martírio até o seu retorno.

 

Se levantou, o que fez a moça afastar-se do seu colo. Morten se inclinou para colher uma daquelas folhas, abriu a palma e notou que havia pego duas delas, e era apenas de duas que precisava.

 

"Não consigo parar de pensar nisso…

Me enche de desconforto.

Lá fora, à beira da estrada, algo está enterrado…

Debaixo das folhas de sicômoro.

Coberto por folhas de sicômoro.

 

Estou indo te buscar…"

 

Após recitar essas palavras, soprou-as e deixou que o vento as conduzisse. Em toda a sua pouca experiência, tinha esperança de que ainda funcionasse, porque não há ninguém bom quando se está condenado.

 

E é assim que essa história termina. A lenda perpetuaria por longos e longos anos, e desaparecimentos continuariam a acontecer, ao menos enquanto as almas se recusassem a carregar aquele fardo para sempre.

Bom, e quanto ao Michael… ou melhor… e quanto a mim… não tenho ideia de quem vou encontrar naquela casa assim que retornar para buscar o meu martírio. Eu não sou uma pessoa má, mas até onde você iria pela pessoa que ama? Eu fui longe.


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Notas finais do capítulo

FIIM!

E então... esperavam por essa? ¬u¬

Vamos aos avisinhos...
Agora que essa história terminou, vou ficar postando O Bailarino e depois vou dar um tempinho até a próxima fic lançar! O próximo lançamento se chama Diário de 83 e, se for bem aceito, vai fazer parte de uma saga com 6 ou 7 histórias (sim, tudo isso 'o') e fala sobre a vida de Morten Harket nos E.U.A e suas aventuras com MJ. Vai ter uma pegada meio Me Dê Uma Chance, quem gosta do gênero vai curtir essa o/
Depois dela, vou lançar They Don't Care About Us (título provisório) e vai ser uma fic do MJ com uma pegada política, mas bem legal!

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Vejo vocês em breve! ♥



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