As Folhas de Sicômoro escrita por Mayara Silva


Capítulo 5
Vou Ficar Com Você o Tempo Todo


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vcs ♡

Cuidado com o 16+



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Caminho da cidade  – 17:04 hrs

 

Após se despedir de Prince, Michael e Luna seguiram em direção à casa da garota.

 

Saíram um pouco mais tarde, pois o moreno havia se atrasado. Na verdade, tinha passado mal no banheiro do dormitório e estava convicto de que havia sido amaldiçoado pelas folhas de sicômoro. O único problema era revelar isso para a garota…

Luna passou o dia todo preocupada, fazendo constantes ligações para um enfermeiro que vez ou outra o vigiava, perguntando se ele estava bem. Michael não queria pôr outro fardo nas suas costas, então varreu aquela situação para debaixo do tapete. De qualquer forma, depois das crises de cansaço excessivo, estabilizava e tudo voltava ao normal.

 

— E então… o que vamos fazer lá?

 

— Coisas da festa. Bem que você podia me ajudar, eu gosto da sua identidade visual.

 

Michael riu baixinho.

 

— Que identidade visual?

 

— Ora… preto, vermelho, dourado, tachas… bad boy.

 

— Você acha? — o garoto olhou para si próprio e tentou fazer uma autoavaliação. — Você acha que bad boy usa dourado?

 

Luna gargalhou.

 

— Engraçadinho. Eu gosto do seu estilo. Mas tenho que admitir que eu preferia o Prince com o púrpura e prata dele.

 

Ela brincou. Michael franziu o cenho e gargalhou.

 

— Eu realmente duvido que ele se vista tão bem assim, mas como estamos falando de halloween, vou dar um crédito…

 

— Você é sempre afiadinho quando é pra falar dele, né? Parece até que vocês foram feitos pra rivalizar.

 

Ele deu ombros e sorriu. Não podia negar que havia sim uma certa admiração velada entre os dois, mas era algo que não admitiria nem que amaldiçoassem o seu nome.

 

— Eu prefiro falar sobre você a ele.

 

Luna sorriu, porém não falou mais disso. Seguiram em silêncio até uma casinha muito confortável em um bairro pacato, próximo ao centro da cidade. Era uma casa de classe média, bem colorida, que brilhou nos olhos curiosos do rapaz. Após atravessarem a estrada, Luna abriu a portinhola de uma linda cerquinha azul e o conduziu através de um adorável jardinzinho com tulipas e violetas.

 

Chegaram ao interior. Michael deu uma boa olhada na decoração antes de ser conduzido até as escadas para o primeiro andar, sem questionar para onde estavam indo. Percebeu que não havia ninguém na casa.

 

— Onde estão os seus pais?

 

— O papai trabalha até tarde em uma universidade. A mamãe tá trabalhando no buffet de um super casamento lá na praia.

 

— E… e você fica sozinha?

 

A garota arqueou a sobrancelha e passou a encará-lo.

 

— O que tem?

 

— Nada… — ele levou as mãos aos bolsos e deu ombros — é que… eu tenho uma família bem grande. Faz tempo que não vejo eles.

 

— Vai acostumando. Aqui, somos só nós três.

 

Disse a garota, indo em passos tranquilos até a maçaneta do seu quarto. Michael estava distraído, não percebeu para que ambiente Luna estava o levando, nem mesmo indagou-se em relação a isso, e, mesmo que tivesse tempo, não poderia, pois ouviu o uivo dos ventos carregando as folhas de sicômoro no mesmo instante; não teve dúvidas de que teria outra recaída daquelas.

Seu sorriso lentamente se desfez. A morena abriu a porta e, no mesmo momento, ele viu aquelas malditas folhas transpassarem a janela dela. Recaíram pela cama, manchando o amarelo e rosa das cobertas com o seu vermelho vivo, com o sangue que ele próprio havia derramado nelas.

 

“NÃO PODE ESCAPAR DO SEU DESTINO”

 

Viu-as se formar em palavras. Seus olhos arregalaram.

Luna arqueou a sobrancelha.

 

— O que foi…?

 

Rapidamente o garoto correu até a porta e bateu, trancando-a com a sua força. Luna ficou furiosa.

 

— O que deu em você?! Você vai quebrar a tranca desse jeito, cara!

 

— Não… não, não abre! Por favor…

 

A garota o encarou, confusa. Michael parecia assustado, tremia, engolia seco. Desceu as escadas sem pensar duas vezes, e a menina, ainda sem reação, resolveu espiar pela brecha o que havia de tão terrível no próprio quarto.

Estranhamente se deparou com tudo em seu perfeito lugar.

 

— Michael…

 

— Eu não te contei — disse ele, assim que chegou mais uma vez ao térreo. Parecia nervoso, cansado, levou as mãos aos cachinhos escuros e voltou a puxá-los discretamente mais uma vez. — Eu não te contei tudo. Eu… eu não te contei todo o sonho.

 

Luna o seguiu. Quando ouviu suas palavras, temeu pelo que saberia. Algo, eu seu coração, já dizia que tinha relação com a pequena aventura deles.

 

— O sonho…?

 

Ela lentamente se aproximou do sofá, assim que retornaram para a sala de estar. Afastou alguns materiais da festa que havia ali e permitiu que Michael sentasse ao seu lado, mas ele preferiu ficar de pé. As palavras que viu discorridas com todo aquele sangue, no quarto da garota, confirmavam as suas suspeitas: ele estava amaldiçoado e não descansariam até destruir toda a sua existência.

 

— Nós éramos um casal. Nós estávamos em um carro. Você foi atraída pelas folhas. Você foi… você entrou pela floresta, e eu te segui. Eu… eu tinha uma arma… — ele suspirou — você seguiu para aquela casa, a casa no meio da floresta. Eu… eu não sei… Você estava nas folhas… estava enterrada… e então alguma coisa atacou.

 

Ele olhou para Luna, que parecia centrada em cada palavra daquela. Ele sabia disso, não era difícil perceber aqueles lindos e grandes olhos azuis como duas safiras focados nos seus lábios, esperando a próxima frase. Mais uma vez engoliu seco e prosseguiu.

 

— Eu fui tentar te ajudar, mas… no meu sonho, eu não sabia usar a arma. Eu atirei em mim mesmo. Quando o meu sangue escorreu no chão, ele me atacou. Depois disso, eu acordei.

 

Esperou sua reação. Luna estava paralisada, como se estivesse digerindo aquelas palavras com bastante paciência. Michael suspirou mais uma vez, tinha a respiração desregulada, os músculos rígidos, não tinha toda aquela calmaria.

Finalmente sentou-se ao seu lado e passou as mãos no rosto.

 

— Luna… — ele a encarou — a maldição é real. As folhas do sicômoro. Ela não estava brincando…

 

— Michael…

 

— Estou falando sério. Eu estou vendo coisas… eu… eu não estou louco, eu juro…

 

Ela tentou segurar suas duas mãos.

 

— Se acalme…

 

— Não me trate como um maluco, eu estou falando sério!! Eu estou, Luna! Eu…!

 

Estagnou ao sentir o toque do seu beijo.

 

Ele custou a acreditar. Luna se aproximou e, sem pedir licença alguma, selou os seus lábios nos dele e deixou que suas vontades os conduzissem naquele carinho. Michael ainda estava tenso, apenas cedeu ao toque quando sentiu os dedos dela massagearem suas mãos, provocando arrepios involuntários em sua pele apenas com aqueles movimentos circulares. Ele fechou os olhos e seguiu o percurso daquele beijo, desfrutando de sua boca, imergindo na maciez de seus lábios, provando o gosto de sua língua. Não conseguia contar há quantos anos imaginava aquele momento, há quantos anos desejava aquilo. Depois de tanto tempo sonhando, desejando, lutando por ela, quebrando regras, sentiu-se recompensado.

 

Seus ânimos se acalmaram. Quase adormecia naquele carinho extasiante, mas a garota lentamente desfez o toque e se afastou. Michael abriu os olhos e pôde flagrar quando Luna umedeceu os próprios lábios, buscando os resquícios do gosto do rapaz, e só por aquilo ele já se sentia contemplado por ela.

 

— Eu te amo…

 

Disse ele. Tentou segurar aquelas palavras na garganta, porém saíram como um copo que transborda. Eram palavras incontroláveis, entaladas no fundo de sua alma. Luna parecia ter compreendido aquelas coisas quando o beijou; acreditava estar vivendo um amor trivial adolescente, mas aquela confissão fora tão verdadeira que lhe arrancou o que responder. Ela apenas mordeu os lábios e levou as duas mãos ao rosto dele, o puxando carinhosamente para perto.

 

Encostou sua fronte à dele e sussurrou.

 

— Eu não vou deixar você sozinho nessa, tá…? Maldição, doença, não importa… eu vou ficar com você o tempo todo.

 

Michael voltou a fechar os olhos com aquele toque, mordeu os lábios e segurou as lágrimas. Suas mãos, ainda nas dela, aninhavam os dedos nos seus. A tinha ao seu lado, nada mais importava. Não havia maldição que a arrancasse do seu coração.

 

x ----- x

 

Sala de estar, casa da Luna  – 20:05 hrs

 

As luzes desligadas, a TV em volume baixo e os faróis dos carros passando lá fora: essa era a situação em que se encontrava o casal.

 

Deitados no sofá, Luna desistiu completamente de pensar sobre a festa. Deitou a cabeça no peito do rapaz, entrelaçou a perna em cima da dele e já estava perto de adormecer. Ele, por outro lado, mais uma vez voltou às suas crises. A visão turvou por alguns instantes, se sentiu cansado e nauseante, quase cedeu àquelas sensações horríveis, mas a garota percebeu quando sentiu o seu peito arfar.

 

— Ei… o que foi?

 

Ela murmurou. Remexeu um pouco em seu lugar e se ajeitou para olhá-lo melhor. Assim que os olhos dela alcançaram os seus, Michael se sentiu um pouco mais confortável. Sorriu discretamente.

 

— Oi… eu tô bem.

 

— Tá mesmo? — ela perguntou, retribuindo o sorriso fraco, enquanto levava uma das mãos ao rosto dele e enrolava o dedo em um dos seus cachinhos.

 

— Sim…

 

— Teve algum pesadelo?

 

— Não, eu… eu não sonhei com nada — ele esfregou um dos olhos. — Que horas são?

 

— Hum… — ela buscou o relógio da sala e conseguiu enxergar os números coloridos graças à luz da televisão — são oito. Não tá tão tarde…

 

— Seus pais não vão vir mesmo?

 

— Quer ir pro meu quarto? Assim não tem risco deles pegarem a gente…

 

A proposta era tentadora, mas, depois do que viu por lá, não tinha vontade de conhecer aquele lugar tão cedo. Michael negou com um movimento lento de cabeça e Luna entendeu os seus motivos.

 

— Hum… vamos pro quarto de hóspedes então?

 

— Vamos ficar aqui. A gente não tá fazendo nada demais… não é?

 

Luna suspirou, não conseguindo segurar um sorrisinho de canto.

 

— Não ainda…

 

Disse ela, levando uma mão para debaixo da camisa do moreno, acariciando o seu abdome lisinho, passando discretamente o indicador em seu umbigo saltado. Michael corou e não se esforçou para esconder um sorriso bobo no rosto. Pensou que, num momento desses, estaria borbulhando em euforia, mas Luna conseguia tranquilizá-lo de uma maneira assustadoramente convincente.

 

— Michael…

 

Ela murmurou, e tinha uma meiguice tão adorável na voz que o fez desconfiar das suas intenções. Ainda sorrindo, ele respondeu.

 

— Hum…?

 

— Sabe a conversa que a gente teve hoje, mais cedo, sobre a diferença entre homens brancos e negros?

 

— O que tem?

 

Luna mordeu os lábios, e ele percebeu que ela estava apenas aguardando por essa pergunta. Sua mão carinhosamente subiu pelo peitoral do rapaz e, logo após, seguiu vagarosamente o caminho inverso.

 

— Você tem razão… tem uma coisa que faz de vocês diferente — ela sussurrou. Sua mão desceu, desceu, até que apenas dois dos seus dedos passaram a tocar a pele dele. Michael tentou centralizar sua atenção nos lindos olhos dela, todavia, desviou para sua mão quando a viu repousar aqueles dedos sobre o volume de sua calça. — Eu quero que você me mostre…

 

Naquele momento, Michael não teve dúvidas da carta verde que havia acabado de receber — e aquilo era mais do que suficiente.

Puxou-a para debaixo do seu corpo, invertendo suas posições. Luna deixou-se levar pelos seus atos, queria saber até que ponto ele tinha experiência, embora estivesse torcendo para que fosse sua primeira vez. Michael passava uma inocência que ela adorava — e gostaria ainda mais de poder, ela mesma, tirá-la. Fechou os olhos e se entregou aos carinhos que ele iniciou no ato. Ele puxou a sua blusinha para baixo e beijou o canto do seu pescoço, já permitindo-a sentir os primeiros arrepios involuntários. Se Michael tinha alguma prática, não sabia, mas os seus beijos, o movimento dos seus lábios e a forma como usava a língua eram detalhes que não haviam escapado dos gemidos dela. O moreno ouviu cada um deles, e cada um daqueles sons provocavam algo em seu corpo que fazia o seu sangue ferver. Sentiu a adrenalina percorrendo por cada veia, sentiu quando tudo se concentrou em apenas um ponto do seu corpo, o que não escapou dos sentidos focados da garota.

 

— T-tô achando que você vai direto pra brincadeira final… — ela murmurou, entre alguns gemidos. Sentiu quando ele roçou o seu quadril entre as pernas dela, e bastou aquilo para provocar todo um formigamento no seu íntimo. Luna soltou um gemido baixo e se conteve, não entregaria fácil aquele jogo.

 

— Tô achando que é você que tá ansiosa… — ele sussurrou em seu ouvido, entre os beijos pela sua pele de veludo.

 

Luna o ajudou a remover a blusinha que usava, para que assim mais do seu corpo pudesse estar vulnerável aos beijos dele. Michael desceu os lábios até os seios dela e fungou-os como se fossem dois travesseiros macios. Sequer se deu o trabalho de remover o seu sutiã, Luna pôde sentir cada toque da língua do moreno explorando as surpresinhas que aquela peça íntima escondia dos seus olhos. Distraída, tinha os olhos fechados e a boca entreaberta, desfrutando de cada sensação que ele a proporcionava, e foi uma distração certeira, pois não sentiu quando o seu short veio abaixo. Já praticamente despidos, o rapaz puxou os quadris largos dela para perto e apertou entre suas ancas e suas coxas com certa provocação.

 

— Quando for a hora, usa camisinha, tá bom…? E-eu… eu acho que tenho algumas ali…

 

— Shh… eu sei, Lu… — ele avançou em seus lábios e a manteve no ritmo enquanto fazia o seu pedido.

 

— Michael… — ela murmurou. Buscou os seus olhos, queria vê-lo antes de apagar naquele êxtase que se aproximava — e-eu não sou virgem, tá…? Não fica frustrado…

 

Ao ouvir aquele comentário, um sorriso de canto se formou em seus lábios. Ele puxou a garota para mais perto e se posicionou bem diante de seu interior.

 

— Não tem problema, Lu… — ele sussurrou em um tom muito carinhoso — não faz diferença… pra mim, é como se fosse.

 

Luna apenas compreendeu completamente aquele comentário quando sentiu o primeiro movimento de estocada, e aquela dilatação quase a deixou sem fôlego.

 

— Put…! — ela levou a mão à própria boca, enquanto a outra enfiava as unhas nas costas do moreno, que parecia concentrado demais no ato para se importar. Não tinha a intenção de ser agressivo, mas o corpo dela perceberia a contusão daquelas estocadas de um jeito ou de outro. E não só isso, Luna se sentia cada vez mais cansada, cada movimento daquele fazia o seu peito arfar o dobro do que deveria. Pensou, por um segundo, se não estava um pouco enferrujada, afinal, não tinha uma vida sexual muito ativa. — Michael…! Michael… — ela queria dizer alguma coisa, mas não sabia sequer o que falar. Seus gemidos, aos poucos adquirindo uma tonalidade alta e manhosa, eram o combustível que ele precisava para seguir em frente com aquele carinho. Luna conseguiu sentir toda a sua empolgação quando o ouviu também deixar escapar um gemido manhoso, e na voz dele era a coisa mais linda que havia escutado.

 

A noite perdurou por mais uma hora até Luna se cansar. Michael estava aceso demais para entregar aquele momento, e ela não viu problema nenhum em ajudá-lo a adormecer com mais uma de suas brincadeiras, desde que ele topasse acompanhá-la até o quarto. O moreno não foi relutante dessa vez, então subiram as escadas.

Naquele momento, ele não teve medo. Mesmo no quarto de sua visão perturbadora, ter a menina dos seus sonhos ao seu lado era tudo o que precisava.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:

— Okay, okay, me convenceu. Deixa eu ver logo o que é que tem nesse terreno, senão você não vai me deixar em paz.

Prince sorriu e ficou observando o rapaz adentrar ao local. André não foi muito longe: invadiu a piscina de folhas o suficiente para cobrir os seus dedos, em seguida chutou aquelas folhagens para que pudesse ver o chão de terra do lugar.

— Faz quanto tempo que ninguém passa um aspirador de folhas nesse lugar, hein? Que troço estranho, eu não ficaria surpreso se aqui tivesse um…

"Tuf" foi o barulho, alto e em bom tom, que ouviram assim que André chutou aquele pedaço de mato. [...]

— … um… corpo…



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