Sob As Luzes Da Cidade - Amores improváveis vol.1 escrita por Julie Kress


Capítulo 3
Atrevida


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo.

Boa leitura a todos!!!



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P.O.V Do Freddie

Acordei sobressaltado com seus gritos, era Sam e mesmo por baixo do som da chuva intensa, eu conseguia ouvir seus gritos apavorantes, ainda por cima, estava trovejando bastante, joguei o edredom para o lado e pulei para fora da cama quase caindo, aos tropeços corri para fora do meu quarto e alcancei o quarto da minha mãe depressa, abrindo a porta num rompante, ainda bem que não estava trancada, era de madrugada, Sam estava presa num pesadelo, agonizava se debatendo na cama, ela começou a chorar e sem pensar duas vezes, fui até ela tentando acordá-la daquele terrível tormento.

Ainda cauteloso, a segurei com firmeza pelos ombros e a sacudi chamando seu nome, até mesmo gritei enquanto ela se debatia e chorava descontroladamente, por fim, a Puckett despertou agitada e me empurrou, socando meu peito, enlouquecida, gritando por socorro até se dar conta de que era eu, rolei pela cama, também assustado.

Olhando ao redor do quarto, ainda escuro, as luzes dos relâmpagos atravessavam a fina cortina cor de creme em frente à janela, iluminando o quarto de forma macabra, projetando sombras nas paredes claras.

Voltei para o meio da cama e a puxei para os meus braços, envolvendo seu corpo trêmulo enquanto ela me abraçava com força e chorava ainda abalada.

Ficamos ali juntos até a chuva ficar fraca, parando aos poucos, dando fim à todo aquele tormento.

Sam acabou dormindo em meus braços, agarrada à mim como se eu fosse sua tábua de salvação.

Eu não preguei os olhos, todo o sono se foi e ela estava tão fragilizada, merecia descansar depois de tudo, a mantive em meus braços pelo resto da madrugada até amanhecer.

Seja lá qual fosse o seu pesadelo, aquilo devia ter sido o seu inferno particular, talvez lembranças a torturando, claramente, traumatizantes.

[...]

— Bom dia, dorminhoca. - Sorri quando ela acordou, Sam ergueu o rosto e me encarou confusa, ela estava deitada por cima de mim, eu estava dolorido por ter passado a madrugada com ela dormindo sobre o meu peito, me mantive praticamente imóvel com medo de despertá-la, já que ela dormiu em paz, tão serena.

— Ai, não... - Resmungou rouca e sonolenta, passou a mão pela boca e eu ri.

— Você me babou todinho. - Falei deixando-a ainda mais constrangida.

Sam saiu de cima de mim, esfregando os olhos e abafou um bocejo, resmungando coisas incompreensíveis.

— Se disser para alguém que dormimos juntos, eu quebro a sua cara! - Virou apontando para mim vermelha e ameaçadora.

— Bom, só você dormiu, eu passei a noite toda acordado após você quase ter me matado de susto. - Bocejei e tapei a boca.

Ela ficou parada no meio do quarto, me encarando, sem dizer nada.

— Você teve pesadelos. Lembra? - Perguntei cauteloso.

— Sim. - Admitiu em voz baixa e desviou o olhar.

— Eram apenas pesadelos? - Indaguei ainda intrigado.

Seu desespero tinha sido real, ela ficou apavorada durante o sonho.

— Lembranças ruins... Só acontece durante as tempestades. - Contou ainda evitando me olhar.

— Sinto muito, sei que foi traumatizante, até eu fiquei aflito e...

— Já passou! Apenas esqueça, ok? Sou toda fodida e quebrada por dentro, Benson. Por isso tentei me...

— Não fale essa palavra. - Pedi. - Não precisa me dizer o que aconteceu, só saiba que agora pode contar comigo, agora você não está mais sozinha, podemos ser amigos. Só quero te ajudar, Sam. - Fui sincero.

— Por quê, Freddie? Por quê me salvou ontem e por quê agora se importa comigo? Nada nessa vida é de graça. Eu não sei quais são as suas intenções, mas eu não vou...

— Dá para me escutar sem me atacar? - A interrompi. - Minha mãe me ensinou que devemos ajudar e amar ao próximo. Sei que talvez você faria o mesmo por mim, por baixo dessa pose de durona, você é uma boa pessoa, acredito que podemos ser amigos. Só não me afaste, por favor. - Me aproximei, vi seus olhos tão azulados ficando marejados.

— Se eu te encontrasse na mesma situação que estive ontem, eu teria te empurrado daquela ponte. - Disse num tom brincalhão.

Acabamos rindo.

— Você até que é um cara legal, Benson. - Deu um soquinho no meu ombro.

— Você também é legal, Puckett. Pena que passamos anos implicando um com o outro, você estragou o meu projeto de Ciências mês passado e ainda jogou uma torta de Chantilly no meu rosto na Feira de arrecadação para os fundos do colégio, e mesmo assim, eu deixei você dormir em cima de mim e babar no meu ombro. - Pisquei pra ela que corou.

— Valeu, Nerd! - Me abraçou de repente, ela era forte e quase me tirou do chão.

Ainda surpreso, retribuí o seu abraço.

E aquele foi o começo de nossa amizade.

— Finalmente entraremos de férias semana que vem. - Falei quando nos afastamos.

— Ah, é verdade. Uh, férias! Ainda pretende ir às aulas essa semana? - Era terça-feira.

— Sabe que não mato aulas. - A lembrei.

— Que chatice! - Revirou os olhos.

— Tá legal, que se dane as aulas dessa semana, nossas férias já começam hoje. O que gostaria de fazer? - Perguntei ansioso.

[...]

P.O.V Da Sam

— Sério que não tem nada de bom para comer nessa casa? - Eu já havia vasculhado a despensa, revirando todos os armários e abri a geladeira chocada com a quantidade de legumes e frutas ali dentro.

— Cadê o bacon? Presunto? Queijo? - Indaguei inconformada.

Só havia arroz, alimentos super saudáveis, grãos, muita aveia, leite e todo tipo de verduras e vegetais.

Finalmente achei um iogurte perdido ali dentro da geladeira.

Ainda por cima era Light.

— Minha mãe zela muito por uma boa alimentação. - Sentou do outro lado do balcão.

Olhei para os seus braços, eu podia ver que ele estava ganhando músculos.

— Você tá fortinho, hein? - Sob a camisa polo, eu sabia que havia um peitoral bonito, seu corpo tinha mudado bastante. - Pelo visto vou morrer de fome. - Lamentei abrindo o pote de iogurte.

Freddie me encarou, me repreendendo com um olhar.

Eu estava proibida de falar qualquer palavra que sugerisse a morte.

Pelo visto, o deixei traumatizado.

— Vamos fazer o seguinte, levaremos todos os alimentos que minha mãe comprou para o Centro de caridade e depois vamos às compras, já que minha mãe não vai retornar tão cedo, eu posso comer o que eu bem quiser. - Me surpreendeu.

— Tá falando sério? - Indaguei.

— Tenho um cartão e também parte das minhas mesadas guardadas. - Sorriu orgulhoso.

— Está esperando mais o quê, cara? Vamos logo levar todas essas frutas, verduras, vegetais e aveia para as pessoas que precisam mais que nós! - Me apressei.

Juntos esvaziando sua geladeira, os armários e quase toda a despensa.

— Melhor deixarmos os feijões. - Separou as latas.

— Okay, os enlatados ficam. Mas essas massas para mingau não. - Joguei os pacotes dentro da sacola.

Sobrou os ovos, alguns alimentos enlatados, açúcar, pó de café e massas de macarrão.

— Vou apenas trocar de roupa. - Avisei.

Eu já havia tomado banho, fui para o seu quarto atrás de uma camiseta, achei uma da Nirvana, tirei o moletom e vesti, eu estava com minha calça já limpa e meus tênis, apenas peguei uma de suas camisas jeans e amarrei na cintura, voltei indo encontrar o Freddie na garagem guardando as doações no porta-malas.

Vamobora? — O apressei.

— Claro, vamos. - Fechou o porta-malas e virou para mim.

Respirou fundo e se aproximou tentando me cheirar.

— Ei! - O empurrei.

— Você passou o meu perfume? - Estreitou os olhos.

— Talvez. - Mordi o lábio.

Eu realmente tinha roubado um pouco do perfume dele que por sinal era muito bom.

Ele usava produtos caros.

Entramos em seu carro, e ele deu partida.

— Coloque o cinto. - Pediu.

— Por quê? Você dirige tão devagar, até aquele senhor com a cadeira de roda motorizada passou da gente. - Ri.

— Não vou pedir de novo. - Me advertiu.

— Okay, tá bom. - Bufei e coloquei o cinto de segurança. - Satisfeito? - Sorri sarcástica.

— Muito. - Disse concentrado ao volante.

Éramos tão opostos, ele era responsável, coisa que eu nunca fui.

[...]

P.O.V Do Freddie

À caminho do supermercado, Sam e eu fomos deixar as doações em alimentos no Centro de arrecadações e após esse feito de bom grado, fomos satisfeitos às compras. A loira saltou do carro feito uma criança e me puxou para dentro do estabelecimento, pegando o carrinho maior que vimos e disparou pelos setores comigo rindo e a seguindo.

— Posso pegar tudo que quero comer? - Me olhou esperançosa.

— Vamos com calma aí...

— Por favor, por favor, por favor, eu nunca te pedi nada! - Apelou.

Eu sabia que ela muitas das vezes roubava meus lanches na escola desde pequena porque ia com fome, raramente tinha algo para comer nos intervalos.

— Está bem, mas nada de exagerar. - Cedi.

Ver seus olhos brilharem e o sorriso grande iluminar o seu rosto não tinha preço.

Deixei ela escolher tudo que queria e encher o carrinho.

— Empanados! - Exclamou jogando caixas e pacotes no carrinho de compras e depois foi pegar carnes para hambúrgueres, pizzas congeladas e iogurtes.

— Sua vez de empurrar agora. - Me entregou o carrinho lotado e pesado.

— Você é inacreditável. - Ri com ela ao meu lado, ainda procurando o que gostaria de levar.

Já tinha tantas guloseimas e alimentos nada saudáveis, coisas que minha mãe infartaria se me pegasse comendo.

Uma vez minha mãe me fez jogar fora metade dos doces que peguei no Halloween quando tinha 13 anos.

Quando por fim, Sam estava satisfeita, fomos até o caixa, a moça nos olhou e sorriu, começamos a passar as compras.

— 548 dólares e 69 centavos. - A atendente informou.

O máximo que paguei de compras no mercado em toda a minha vida foram 80 pratas.

Minha mãe que fazia compras.

Sam pegou doces na prateleira ali perto do caixa, mais 5 dólares na conta.

Paguei tudo no cartão.

— O almoço fica por minha conta. - Enfiou um pirulito na boca.

— Teremos sobremesa? - Eu não conseguia parar de olhar para ela chupando aquele bendito pirulito.

— Claro. - Respondeu de boca cheia.

— Agora me ajude com essas sacolas, loira. - Pedi.

— Você é forte, pode muito bem carregar tudo sozinho. - A atrevida foi até o meu carro.

 Sempre muito espontânea e atrevida.

Ri porque ela era mesmo inacreditável e ainda iria acabar com a minha sanidade.


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Notas finais do capítulo

Amei escrever esse capítulo

Gostaram deles interagindo?

Quais são as terríveis lembranças que atormentam a Sam, hein?

O Freddie está sendo um amor de pessoa, né? Um anjo.

Agora eles são amigos.

Até o próximo capítulo. Bjs



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