Feiticeira Escarlate encontra The Boys escrita por MarcosFLuder


Capítulo 16
Despedidas


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez eu devo ressaltar, principalmente para quem assiste a série de TV The Boys, que nada do que acontece nessa fanfic deve ser levado em conta, no que se refere ao final da terceira temporada da série, menos ainda em relação a quarta temporada que está para estrear. Mais para o fim do capítulo haverão também muitas referências ao filme Dr. Estranho no Multiverso da Loucura. Boa leitura.



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Um início de tensão começava a tomar conta de todos quando Wanda levanta vôo, levando todo o grupo, junto também com Ryan e o Capitão Pátria, deixando todo aquele tumulto para trás. A ex-Vingadora não sabe bem para onde ir. Uma parada no alto de um prédio resolve a situação, com ela recebendo da agente Malory as coordenadas da pista de pouso clandestina de onde tinham vindo antes. Seria uma viagem longa demais para levar tanta gente, e foi América quem se ofereceu para transportar o grupo inteiro. A chegada foi rápida, o que foi um alívio para todos. O Capitão Pátria ainda tentou incentivar Ryan a ajudá-lo, mas este ficou sempre em silêncio, com as figuras de Annie e Hughie não saindo do seu lado. Todos estavam cansados e esgotados, os mais próximos ainda processando o luto pela morte de Bruto.

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“A situação parece voltar ao normal, dois dias depois da tentativa do Capitão Pátria de dar um golpe de Estado – a voz do locutor sendo ouvida enquanto a TV passava várias imagens do que acontecera em Washington – ainda não há notícias sobre a sua situação, sobre a mulher conhecida como Feiticeira Escarlate, menos ainda sobre o grupo que parecia acompanhá-la. Numa notícia relacionada, hoje está sendo marcada uma sessão extraordinária do Congresso para escolher um novo presidente para um mandato-tampão, até que novas eleições ocorram. Tudo parece indicar que se formou um consenso em torno da deputada Victória Neuman, que foi violentamente atacada pelo Capitão Pátria por ter denunciado os crimes dele e da Vought”.

— Será que existiria esse consenso todo se soubessem que ela é uma “super” também? – a voz de Leitinho é ouvida por todos, mas ninguém parece estar com disposição para responder.

— Estamos aqui a dois dias – Annie se volta para a agente Malory – o que estamos esperando? – assim que ela termina a sua pergunta, o som de um carro é ouvido, deixando todos apreensivos.

— Está tudo bem – a agente Malory se volta para a namorada de Hughie – creio que é para você, Annie – um homem de terno sai do carro junto com uma mulher. Assim que a vê, Annie corre para fora, com todos ainda dentro do galpão, vendo a jovem abraçar sua mãe.

— Era a chegada da mãe da Annie que você estava esperando? – Hughie pergunta para a agente Mallory.

— Na verdade eu estou esperando a confirmação sobre quem estará mandando nesse país – a veterana agente responde – se for mesmo quem estão dizendo, terei que me entender com ela sobre todos vocês, incluindo o Capitão Pátria e o filho dele.

— Nem pensar de entregar o Ryan para o governo, agente Malory – Hughie é bem enfático ao dizer – isso é pedir para ter um novo Capitão Pátria daqui a alguns anos.

— Se você tiver alguma ideia melhor eu sou toda ouvidos, meu caro – Malory se afasta de Hughie com um sorriso irônico no rosto. A conversa dos dois, bem como toda conversa em volta, é interrompida com a abertura do portal em forma de estrela. América e Wanda emergem dele.

— Eu não acredito que você rompeu com um homão daqueles – América sorria ao se dirigir à Wanda.

— Não havia futuro para nós dois, América – Wanda responde – não tinha sentido manter qualquer ilusão sobre isso. Não seria justo com ele.

— Você trouxe tudo? – é Maria que se dirige à Wanda agora, recebendo uma mala em resposta.

— Todas as suas coisas estão aí – Wanda vê Maria indo para um canto olhar a mala, para então se voltar para a agente Malory – como estão as coisas?

— Creio que tudo terá uma definição hoje ou no máximo amanhã – é a resposta da veterana agente – tenha um pouco mais de paciência, Wanda – a resposta que houve é um suspiro nada paciente.

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“Acaba de ser confirmado que o Congresso elegeu a deputada Victoria Neuman como a nova presidente dos Estados Unidos – a voz do locutor é ouvida por todos ali – ela cumprirá um mandato tampão até que novas eleições sejam realizadas, com a data já confirmada para daqui a seis meses. Os partidos já estão se movimentando para escolher seus nomes para a disputa” – o olhar de todos ali se voltam para a figura da agente Malory.

— Vou ligar para ela e ver como resolveremos tudo isso – a agente Malory faz menção de se afastar de todos para fazer isso.

— Faça isso aqui, agente Malory – é Leitinho quem se levanta para falar – coloque no viva-voz, para que todos possamos ouvir também – um breve momento de tensão se faz presente no ambiente, mas logo dissipado, quando a agente Malory dá um breve sorriso, enquanto liga o celular. Não demora que a ligação seja atendida.

— Senhora presidente? Aqui é a agente Malory. Antes de qualquer coisa tenho o dever de dizer que a senhora está falando no viva-voz, e que quase todas as pessoas que a Feiticeira Escarlate levou com ela quando deixou Washington, incluindo ela própria, estão ouvindo a nossa conversa – um breve momento se passa antes que aja uma resposta.

— Você está com o Capitão Pátria e o filho dele? – a voz de Victoria soa bem forte para todos.

— O Capitão Pátria está sob custódia – Malory hesita um pouco, ao ver Ryan meio que protetoramente cercado por Annie, Hughie e os pais de ambos – o menino está conosco também, mas gostaria de ressaltar que ele não foi cúmplice dos atos do pai.

— Isso ainda terá que ser decidido, agente Malory – a tensão toma conta de todos ao ouvirem isso – e a Feiticeira Escarlate?

— Ela também está aqui – Malory olha brevemente para Wanda e América – mas não creio que ficará por muito tempo.

— Como vocês estão conseguindo manter o Capitão Pátria sob custódia?

— Ele está sem poderes – Malory responde – imagino que a senhora tem as imagens do combate dele com a Feiticeira Escarlate. De alguma forma ela deu um jeito de tirar todo o Composto-V do organismo dele – quase um minuto se passa antes de uma nova resposta.

— Aguardem novas instruções – a ligação é encerrada abruptamente. Malory dá um breve suspiro, antes de se dirigir a todos ali.

— A nossa posição já deve ter sido estabelecida, o que significa que já devem ter efetivos de todas as agências possíveis do governo vindo para cá.

— O que você tem em mente, Malory? – é Leitinho quem pergunta.

— Seja o que for, teremos que tomar uma decisão o mais rápido possível – Malory responde.

— Nem pensar em entregar o Ryan para o governo – Annie diz de forma bem resoluta, isso enquanto mantém o menino bem próximo. Ela e Hughie fazem isso, sob o olhar visivelmente orgulhoso de seus respectivos mãe e pai.

— Nesse caso então, vocês precisam sair daqui o mais rápido possível – a agente Malory se dirige especificamente para Annie – o ideal é vocês irem para a mesma casa segura onde a sua mãe esteve com o agente Derick. O problema é que fica do outro lado do país.

— Eu posso levar todos para lá num segundo – é América quem intervém – é só me darem as coordenadas – ela e Annie trocam um caloroso sorriso.

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“As imagens do homem conhecido como Capitão Pátria, sendo conduzido algemado para uma prisão de segurança máxima ainda geram muito impacto e discussão” – a voz do locutor é ouvida, enquanto o que ele descreve era mostrado pela TV - “nenhuma informação foi dada a respeito da Feiticeira Escarlate, ou do filho do Capitão Pátria. O que se sabe é que um julgamento está sendo preparado, com a acusação de alta traição sendo o mais importante dos crimes que o outrora maior super-herói da América terá de responder”.

— Muito bem – a TV é desligada quando a agente Malory se dirige a todos os presentes – foi uma conversa difícil, principalmente por conta do menino e da Feiticeira Escarlate, mas a presidente e eu chegamos a um acordo.

— Como vai ser então? – Leitinho fala por todos ali.

— O caso de vocês foi o mais fácil – ela se dirige a Leitinho, Francês e Kimiko – nomes limpos, Kimiko e Francês com nacionalidade americana reconhecidas, enfim, poderão seguir com suas vidas.

— A Feiticeira Escarlate eu tenho certeza que vai ficar bem, mas como fica a situação do Ryan? – Leitinho pensa em Bruto enquanto faz a pergunta.

— Eu convenci a presidente que o melhor para ele é ficar sob os cuidados de uma família – Malory responde – manteremos uma vigilância não invasiva, mas perto o bastante para garantir uma resposta rápida, caso seja necessário – ela se volta para Kimiko, que faz vários gestos.

— Ela quer saber se Annie e Hughie vão ficar com o garoto – é Francês quem traduz o que a namorada quer dizer.

— Eu já providenciei uma nova identidade para todos – Malory responde direto para Kimiko – incluindo os pais dos pombinhos. Para todos os efeitos o Ryan foi adotado depois que uma suposta irmã mais velha de Annie morreu junto com o marido num acidente.

— Você acha mesmo que a Victoria vai aceitar esse acordo? – há um ar de ceticismo em Leitinho ao perguntar.

— Enquanto Annie e Hughie mantiverem o menino sob controle, eu não vejo razão para não confiar nisso – Malory diz isso com aparente convicção, mas Leitinho ainda mantém um ar cético.

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“As imagens desse estranho culto viralisaram na internet nos últimos dias” – a voz do locutor era ouvida enquanto as imagens passavam na TV que América e Wanda acompanhavam – “as pessoas presentes entoavam cantos em louvor da mulher que ficou conhecida como Feiticeira Escarlate, e de uma figura a quem chamavam de Chthon, verdadeiramente adorado por todos ali como um deus” – Wanda desliga a TV, um ar visivelmente irritado no rosto.

— Eu queria ver mais – América diz para a mulher mais velha.

— Não tem nada realmente importante para ver – Wanda responde, ao mesmo tempo em que vê Annie descer junto com Hughie e Ryan – vocês já estão indo? – Wanda pergunta para Annie.

— Só estamos esperando um carro vir nos levar – a jovem ex-super heroína responde – vamos ser estabelecidos numa pequena cidade do meio-oeste.

— Boa sorte para todos – é América quem diz agora. Todos vão para fora da casa segura onde estão escondidos a vários dias.

— Obrigado América – Annie e América se abraçam, enquanto Wanda vê Hughie, seu pai, a mãe de Annie e Ryan, vindo até eles. Um carro se aproxima e todos ficam surpresos com a figura que sai dele.

— Maria! – é Wanda quem expressa a sua surpresa – pensei que não tinha topado trabalhar para a Malory.

— Fizemos um acordo – uma sorridente Maria se aproxima de todos – vou ficar mais no apoio burocrático e em missões como essa. Nada de missões malucas fora do país.

— Fico feliz que seja você, Maria – Annie dá um abraço na ex-policial. Todos se acomodam dentro do carro. Maria e Wanda trocam um breve olhar, antes de se abraçarem.

— Boa sorte para você, Chica – Maria também dá um abraço em América, antes de entrar no carro e irem embora. América e Wanda ficam apenas elas agora.

— Tudo resolvido – Wanda se dirige à América – é hora de cumprir a sua parte no acordo, por favor – América sorri para Wanda.

— É claro, Wanda – um portal é aberto diante da mulher conhecida como Feiticeira Escarlate – fique à vontade – Wanda é a primeira a passar, com América indo em seguida.

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          Mesmo não sendo a primeira vez, ainda assim, Wanda sente uma grande dificuldade com a viagem. Talvez seja o nervosismo, talvez o medo do desconhecido que a espera. Depois de semanas cultivando o desejo de voltar ao seu mundo, o medo por ter conseguido toma conta dela. Wanda tem uma pequena ideia sobre o que a espera, a desconfiança em torno dela. Ao mesmo tempo, ela não tem ideia do que fazer ao retornar. Não há mais Vingadores, sem filhos, sem família, todos os sonhos destruídos. O que pode estar esperando por ela, além do acerto de contas por tudo o que fez? Esses questionamentos ainda tomam seus pensamentos quando as duas mulheres aterrissam de volta. Ela reconhece logo o lugar onde América a trouxe. É possível ver o Kamar Taj não muito longe. Por um breve segundo ela imagina se não está preste a cair numa armadilha. Wanda deixa essa conjectura de lado, ao olhar para América.

— Wong só permitiu que eu fosse buscá-la com a condição de aterrissar aqui – América diz.

— Estamos sendo observadas? – há um tom bem tranquilo na voz de Wanda ao perguntar.

— Eles já devem saber que chegamos, então sim, mas o combinado é que não tentariam nada. Nem teria muito sentido depois da surra que você deu em todos daquela vez – o sorriso meio sem jeito surge no rosto de América – mesmo tendo passado quase um ano, o pessoal ainda  lembra. Por isso mesmo que o Wong foi irredutível.

— Queriam ter certeza de que você ficaria bem – ainda é uma Wanda bem tranquila que fala – é compreensível da parte do Wong – de repente há uma transformação no rosto dela – espere um pouco, você disse que se passou quase um ano depois da minha luta no Kamar Taj?

— O tempo passa diferente nos diversos universos, Wanda. Foi algo que aprendi em minhas viagens – América dá um breve suspiro – levou um dia inteiro para convencer o Wong a permitir que eu fosse até você, mas para você foi pouco mais de meia-hora – América responde. Wanda tem uma expressão de estranhamento ao ouvir isso.

— Eu fiquei só algumas semanas naquele mundo.

— Se passou bem mais tempo que isso aqui – América responde.

— Sim eu entendo  – Wanda suspira – talvez seja melhor eu ir – ela faz menção de ir embora.

— Posso te perguntar uma coisa, Wanda? – a ex-Vingadora se volta de novo para América.

— Se eu puder responder...

— Você se arrepende do que fez, pelas pessoas que matou?

— Não tive nenhuma alegria no que fiz, América – é uma Wanda de olhar angustiado quem fala – as pessoas que morreram, todo o sofrimento e destruição que deixei para trás, e no final foi tudo inútil. No entanto, você está fazendo a pergunta errada. Você deveria me perguntar se eu me arrependo de ter tentado – um pequeno sorriso surge no rosto de América.

— Você se arrepende de ter tentado, Wanda?

— Não!

— Não? – o pequeno sorriso se desvanece no rosto de América.

— Eu sinto muito por desapontá-la, América – há um ligeiro ar de tristeza no rosto de Wanda, olhando o desapontamento no rosto da jovem diante dela – eu só não quero mentir para você. Eu não me arrependo de ter tentado, duvido que algum dia eu venha a me arrepender. Adeus – é uma Wanda que levanta vôo diante de América, firme, ereta e elegante. América não consegue parar de olhar, até Wanda desaparecer de sua vista.


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Notas finais do capítulo

Penúltimo capítulo da fanfic postado. A jornada chega ao fim no próximo domingo. Aguardem.