Um Reino de Monstros Vol. 2 escrita por Caliel Alves


Capítulo 6
Capítulo 2: O peso do chumbo é diferente do ouro! - Parte 1




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Seu corpo inflava e desinflava como se fosse um balão. Com a chegada dos alquimistas, o guardião saíra rapidamente do local na intenção de proteger o artefacto. As suas orelhas giraram como hélices desenfreadas, até quando cansou. A criatura parou debaixo de uma árvore com copa frondosa e raízes largas.

Se sentou em cima do livro, e, puf-paf, arfou como o maratonista que consegue concluir a corrida. O suor escorria por todo o seu corpo.

Ah, se Tell fosse um garoto mais habilidoso, o Monstronomicom seria mais útil...

Som de resmungo o tirou de suas lamentações, duas vozes podiam ser ouvidas.

Index virou-se tentando verificar os interlocutores. Não eram exatamente aqueles que desejava encontrar sozinho numa imensa floresta, com o tomo dando sopa por aí.

— Já não consigo esperar mais. O capitão deveria nos dar logo a chance de estraçalhar esses alquimistas.

— Entendo sua fome de batalha, mas os alquimistas ainda constituem um perigo...

Trac, no momento em que Index tentava a sua fuga, desastradamente, pisou em um galho seco. Os monstros se colocaram em prontidão.

O guardião encolheu-se no canto, tremia entre as raízes da árvore. Ele mais uma vez se esgueirou e tentou ver quem eram os seus perseguidores. Index se sentiu o ser mais azarado do universo, pois dois dos piores monstros estavam em sua cola: um grifo e uma esfinge. Os alados, além de possuírem um grande poder, eram temíveis predadores naturais.

O grifo tinha enormes asas e uma cabeça de abutre, corpo de leão com patas de aves. A esfinge também tinha corpo leonino e asas de águia, a parte dianteira do seu corpo terminava em um busto e cabeça feminina, a cauda era semelhante à de um dragão.

— Ouviu isso?

— Sim, parece que temos companhia.

A esfinge deu um longo salto e caiu bem perto da árvore onde a criatura estava. Ela expirou o ar e deu um espirro devido ao pólen das flores.

— Temos um tímido, bem aqui... mas parece ser um monstro!

O coraçãozinho do guardião bateu tão intensamente que o seu corpo todo passou a vibrar. O grifo planou no ar e também passou a verificar o esconderijo.

— Apareça, sob pena de virar o nosso jantar.

O cabeça de abutre soltou um pio horrendo e o refugiado por fim resolveu sair.

— Tudo bem, eu me rendo.

Index saiu com as patas e as orelhas levantadas. O grifo e a esfinge se puseram a rir.

— Fosfosfosfos, mas este aí não dá nem pra saída.

— Venha, pequenino, você parece perdido.

A esfinge o havia encorajado com um carinho maternal e enganoso. Tremendo por inteiro, ele saiu e ficou sendo estudado de perto pelos dois monstros.

O grifo pegou Index pelas orelhas como se fosse um boneco, e o pôs junto de suas grandes pupilas douradas. Depois ele o colocou no chão.

— Este é o monstro mais esquisito que eu já vi em toda a Horda.

— Não seja tão malvado, seu velho urubu. Provavelmente deve ser de um novo tipo.

— Fosfosfos, um novo tipo de monstro, hein! E de qual batalhão você veio, recruta?

Tremendo como uma gelatina, Index deu uma resposta vaga.

— D-do batalhão m-mais feroz de toda a Horda.

— O batalhão mais feroz, então ele é do nosso agrupamento!

— Não seja tola, ele deve ser algum tipo de observador, isso sim.

Enquanto ambos discutiam, Index tentou escapulir e pegar o livro, mas foi abordado novamente pela curiosa dupla.

— Olhe aqui, ele irá responder agora...

— Você é muito cabeça-dura, seu abutre gagá.

— Isso me ofendeu, sabia?

A esfinge revirou os seus olhos. Seu rosto era tão belo quanto o de uma virgem, e seu olhar tão venenoso quanto o das serpentes.

— Então quer dizer que você é do Batalhão Furioso?

O suspense continuou até a resposta de Index, que estava de costas para os seus inimigos. Uma gota de suor escorreu por suas costas cheias de caracteres cabalísticos.

— S-sim...

Engolindo em seco, ele tomou o livro em suas patinhas, e o encobriu com o seu corpo. O ainda pouco convencido monstro com cabeça de abutre perguntou:

— Então sua missão aqui é observar as nossas ações e relatar a Sirius?

— Sim.

A resposta autoconfiante da criatura chocou os dois monstros, eles sabiam que nenhum dos furiosos trabalhava como espião.

— Fosfosfos, venha aqui seu...

Recuperado o seu fôlego, o guardião bateu as suas orelhas, e rapidamente se elevou do chão partindo em direção de onde vinha a energia mágica de Tell.

Pela direção, ele se encontrava em Alfonsim, mas numa parte muito distante do centro.

Taala bem que poderia ter me concedido uso de magia...

— Não o deixe escapar!

A esfinge trotou atrás de Index, que por sua vez tentava empreender fuga dos seus inimigos. Sem seus companheiros, ele estava à mercê de ataques como esse.

Por causa do nervosismo, ele vez ou outra perdia o rumo de onde estava indo. Então ele ascendia aos céus, acima das copas das árvores, com os dois alados em seu encalço.

Talvez por medo ou agilidade, ele conseguiu fugir dos seus predadores.

Carregando o livro e fugindo de seres mais ágeis que ele, o Guardião do Monstronomicom começou a ficar cada vez mais cansado.

De repente, ele teve uma ideia: voaria na altura das copas das árvores, e lá tentaria sumir da visão dos monstros, foi o que ele fez.

— Não deixe que ele fuja, sua esfinge idiota!

— Quem é você para me dar ordens, seu urubu careca?

Enquanto isso, Index voava se desvencilhando de galhos e troncos. Os perseguidores eram maiores que ele. Os monstros ficaram impossibilitados de alcançá-lo e acabaram desistindo da empreitada.

A pequenina criatura apertou o livro ainda mais ao seu peito e suspirou aliviado.


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