Um Reino de Monstros Vol. 2 escrita por Caliel Alves


Capítulo 3
Capítulo 1: A caixa misteriosa - Parte 2




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Andando de um lado para o outro na sala de operações há horas, ela esperava por respostas. Olhou o relógio de pulso, os ponteiros trabalhavam preguiçosos. Olhos atônitos de velhos militares acompanhavam a sua aflição.

Para alguém como ela, estava sendo uma tortura esperar pela adversidade. Como acreditava que as leis de causa e efeito dominavam o universo, seria imprudente de sua parte ceder aos caprichos da sorte.

Clap, a porta se abriu. Um ofegante oficial em uniforme militar fez continência e disse:

— Cabo Nogueira se apresentando, general-brigadeiro Letícia.

Ela fazia parte do estado-maior da Real Força Espagíria do Baronato de Alfonsim, também denominada pela sigla RFE. Comandava atualmente a divisão aeronáutica, conhecida como o Regimento Aeroalquimista, ela ergueu-se de sua confortável cadeira.

— Desembuche!

A mulher ergueu os ombros em tensão, depois de engolir a saliva, o cabo falou:

— Nossa esquadrilha sob o comando do brigadeiro Mendes foi...

— Diga!

Ele pôs os braços cruzados na altura do rosto em autodefesa, e falou de modo rápido:

— Atacados e destruídos num mortífero ataque comandado pela strix Cora.

— NÃO!

Ela circulou pela sala. Os seus coturnos batiam no chão com mais intensidade. Letícia girou nos calcanhares e bateu os punhos na mesa.

— E como isso aconteceu, hun? Foram enviados três dos nossos melhores dirigíveis.

— Nossos dirigíveis foram atacados. Um objeto não identificado caiu no bosque, possivelmente foi à ejeção da urna...

— E onde estão os reforços do Baronato de Flande? O que o tal portador do Monstronomicom anda fazendo que ainda não chegou aqui, hein?

— A nossa última mensagem foi interceptada, senhora. Quais as suas ordens?

— SAÍAM DAQUI!

Todos tomaram isso não como uma ordem, mas como um conselho, e respeitaram-na.

Letícia arfava muito. Tentou conter as lágrimas, mas quando elas rolaram quente pelo seu rosto, a alquimista começou a atirar as coisas de cima da sua mesa na parede. Virou a mesa e se encolheu encostada à parede ao fundo como se precisasse de abrigo.

A mão delicada limpou as bochechas rosadas. Os seus olhos tinham círculos negros, o sono era um privilégio que não possuía mais.

— Já perdi o meu irmão, agora o meu melhor amigo, e agora perdemos um dos nossos melhores militares.

Ela havia perguntado a sala vazia, e por isso nenhuma resposta foi ouvida. Durante muito tempo ela foi considerada um exemplo de pessoa metódica, sagaz e genial. Agora tudo isso estava no passado, enterrado com os corpos de milhares de alfonsinos.

Quando a Horda chegou ao Baronato, a Real Força Espagíria conseguiu deter o avanço do inimigo durante anos. Mas depois do desaparecimento de alguns importantes alquimistas, os monstros tomaram controle de parte de Alfonsim.

Letícia teve um insight e levantou-se, dirigiu-se a um dos telemagos que servia na rede de comunicação interna e ordenou:

— Peço que arrumem uma equipe de busca, imediatamente. Eu mesmo irei liderá-la. A prioridade da missão é encontrar sobreviventes, a outra é resgatar a urna.

***

Um dos militares de alta hierarquia que havia sido mandado embora da reunião do Estado-Maior alfonsino dirigiu-se imediatamente a sala de fumo do quartel-general.

O Conde Verdramungo estava a soltar pitos na sala. Ele era um dos mais notáveis alquimistas empenhados na luta contra os monstros, porém, tinha visão prática da situação. Para tal, os monstros não deveriam ser purificados, pois, isso geraria uma espécie de ressentimento em quem não conseguiria resgatar os seus entes.

Entrara diversas vezes em conflito com Letícia e Mendes, por estes dois últimos serem contra os seus métodos. O próprio Mendes afirmara que a sua maneira de lutar estava muito aquém do porte de um nobre.

Letícia foi mais incisiva em suas afirmações, ela utilizara o termo “rasteiro” para se referir ao aristocrata que ainda ocupava o cargo de general de campo.

Como alguém pode defender os monstros?

Enquanto soltava espirais azuis no ar, Verdramungo foi tomado por nostalgias. A porta se abrira tão repentinamente que ele continuou a vagar na atmosfera dos sonhos.

— Mensageiro se apresentando, senhor...

O mensageiro estacou, conhecia a fama bravia do seu chefe.

— Espero que tenha boas notícias. Praticamente, Mendes fugiu com o nosso tesouro.

— Não sei se as considero boas notícias, meu senhor. Mas lhes digo que a esquadrilha do brigadeiro Mendes agora está desaparecida junto com o major Bernardo.

— Seus esforços em me trazer esta informação foram em vão, criado. Mas eu particularmente considero essa uma notícia alvissareira.


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