RICTUSEMPRA • draco malfoy escrita por proudofdraco


Capítulo 1
01 | kiwi




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Draco nunca foi de conquistar coisas por mérito próprio. Nunca precisou se desgastar pra nada quando queria algo, e quando sabia que esse algo não poderia ser pago com galeões, desistia no mesmo momento. Foi assim que entrou pro time de quadribol, comprando uma vaga, e foi assim que descobriu pela primeira vez o que é querer algo e não poder ter. 

 

Nyx Lupin-Black era esse algo. 

 

Até o final de seu segundo ano, Draco não fazia ideia de quem aquela garota era. Não se importava em descobrir também. Desde que Sirius Black havia traído o sangue e se casado com Remus Lupin, a família Black não era mais citada em meio aos Sagrados 28. Ele sabia o básico sobre ela, que não era digna dele, e isso era o bastante. Deveria ter feito ele tirar Nyx da cabeça no mesmo momento, mas não tirou. 

 

Draco passou meses tentando entender o que sentia quando via a artilheira quieta da Sonserina marcar gols e sorrir convencida, o fazendo esquecer no mesmo momento do pomo de ouro o qual deveria buscar. Mas não importava pra ele, estava mais no Quadribol pra implicar com os grifinórios do que por qualquer outro motivo.

 

No final das contas, entendeu que não era paixão. Não estava apaixonado por ela, porque nunca sentiu nem sentiria isso por ninguém. Era só uma criança idiota. Não tinha que pensar naquilo, e muito menos em alguém como Nyx: filha de um traidor com um lobisomem-mestiço. 

 

Até que se viu viciado. Afundando em um lago sem fim, onde ao invés de sentir falta de ar pela ausência de oxigênio, se via sem ar por uma garota estranha.

 

Alguém que só ficava em ambientes com menos de duas pessoas e, com uma carranca tão grande, que afastava as únicas duas almas corajosas que ousavam ficar a menos de dois metros dela. Se debatendo para voltar à superfície, lutando contra todos os sentimentos confusos que um garoto de quase treze anos estava sentindo pela pessoa mais improvável possível. 

 

E então, após um ano a admirando de longe, Draco se permitiu afundar. 

 

Passou todo o seu terceiro ano perdendo seu foco nos olhos escuros e intimidadores de Nyx. A admirando de longe, como um idiota pervertido, e esperando seus amigos desviarem o olhar dele para que ele pudesse admirar Nyx, conversando na mesa de jantar com um outro aluno qualquer . Alguém que podia ser ele, mas que não era. E provavelmente nunca seria, porque a sonserina não era muito de gostar de pessoas demais. 

 

E Draco provavelmente seria a última pessoa que Nyx gostaria. 

 

Até que mais um ano se passou, e Draco continuou na mesma obsessão pela garota. Não entendia o que via nela, até a metade do quarto ano. Foi quando tudo piorou. 

 

Nyx não era de gostar de muitas pessoas. Tinha seu grupo recluso, o qual Draco contou seis pessoas: Harry Potter, Fred Weasley, Luna Lovegood, Ron Weasley, George Weasley e Teddy Lupin. Além daqueles seis, mais ninguém em toda Hogwarts parecia se interessar em ser amigável com a garota. Porque, claro, o olhar assassino dela não era nada receptivo. 

 

Depois de conhecer George e Fred Weasley, toda a Grifinória pareceu adotar a garota. Ela continuava olhando feio pros desconhecidos que davam em cima dela do nada, porque todos pensavam que andar com os gêmeos Weasley a fazia sociável. Estavam completamente errados.

 

Draco a achava abominável, mas não era muito diferente dela. Além de Crabbe, Goyle, Zabini e Parkinson, ele não falava com mais ninguém também. E depois de descobrir que estava viciado em alguém como ela, o garoto entrou em negação. Precisava explodir com alguém, e esse alguém foi Blaise Zabini. Seu amigo passou longos e longos minutos rindo de sua cara, a até hoje fazia piada sobre o quanto Draco babava na filha do traidor com o lobisomem, mas até que serviu como ajuda no final das contas. 

 

"Vocês não são nada diferentes. São dois bostinhas egocêntricos. A diferença é que todo mundo odeia você, e ela odeia todo mundo." 

 

Tentando se reconfortar com isso, Draco respirava fundo e tentava manter a calma antes de subir ao pequeno palco na garagem da família Weasley. Não sabia como uma coisa acarretava a outra, e como havia se deixado encantar tanto, mas ali estava ele. 

 

Poderia passar as últimas semanas de suas férias de qualquer maneira possível. Viajando com sua mãe pelas aldeias bruxas, lendo um livro qualquer, indo a Hogsmeade, mas não. Estava na garagem dos Weasley e não esperava sair dali tão facilmente. 

 

— Está brincando com a gente, não está? – Fred perguntou, revoltado. 

 

O loiro olhou confuso, negando com a cabeça e olhando para os gêmeos que o fitavam, nada satisfeitos ao vê-lo ali.

 

— Por que estaria?

 

— Tá bom, só pode ser pegadinha.. Próximo! – gritou George, vendo Malfoy arregalar os olhos.

 

— Eu nem fiz nada ainda, qual é! – disse Draco, em tom piedoso – Tenham misericórdia, eu vim de longe.

 

— Seu papai te trouxe na garupa da vassoura, é? – perguntou George, fazendo o irmão gargalhar – Provavelmente ele nem sabe que você está aqui.

 

— Não sabe. – assumiu – Mas vim, não é o que importa?

 

— Puta merda, só pode ser mentira – reclamou George, passando as mãos pelo rosto, sem paciência alguma. 

 

— Deem uma trégua pra ele, garotos. 

 

Draco quase que instantaneamente sorriu, se acalmando ao ouvir Nyx Lupin-Black, a garota que ele evitava a todo custo em Hogwarts, entrando no cômodo. 

 

— E aí, Malfoy? – ela perguntou, com um grande sorriso irônico em seu rosto – Veio patrocinar? 

 

— Oi, Nyx. – respondeu ele, com um sorriso fraco. – Não sei, precisam de patrocínio? 

 

Os três se olharam, provavelmente tendo a mesma ideia. Os gêmeos abriram um grande sorriso, enquanto Black pegava uma cadeira e se sentava ao lado dos mesmos, fitando Malfoy no pequeno palco. 

 

— Vamos dar uma chance pro pobre coitado.. Não é, George? 

 

— É claro, Fred. Não temos o porquê negar.. 

 

— Vocês são péssimos.. – repreendeu Black, descrente. Depois fitou o loiro a frente, parecendo analisar cada um dos movimentos que ele ousasse fazer. – Boa sorte aí. 

 

Draco respirou fundo, pegando a guitarra antes pendurada em suas costas, a tirando da capa protetora e a posicionando pendurada ao pescoço. Tentou manter a calma e, respirando fundo mais uma vez, se aproximou do microfone. 

 

She worked her way through a cheap pack of cigarettes

 

O sonserino viu, enquanto cantava o primeiro verso e tocava a primeira nota em sua guitarra, Black recostar na cadeira e olhar para ele sorridente. Ali teve certeza do que estava fazendo, e pareceu com que toda a confiança que havia perdido ao entrar na garagem, voltar naquele exato momento. 

 

Hard liquor mixed with a bit of intellect – continuou ele, com a voz um tanto rouca – And all the boys, they were saying they were into it

 

Such a pretty face, on a pretty neck— murmurou Black, junto ao garoto que cantava a sua frente. 

 

Sorriu fraco ao ver os gêmeos fitarem Malfoy confusos, como se Draco Malfoy e talento na mesma frase fosse algo impossível. Conheciam o sonserino, sabiam que ele nunca era de se esforçar pra nada. Quando queria algo, simplesmente pedia pra seu pai comprar. Vê-lo ali, sendo um dos candidatos mais fortes até agora, era um choque pra eles. Nyx sabia o que viria após a apresentação: xingamentos de todos os tipos. 

 

Não porque Draco era ruim, porque não era. Mas sim porque pela primeira vez estava mostrando merecer algo, sem comprar ou usar seu pai, sua família ou seu dinheiro como mérito para ter aquilo. E então, os gêmeos fariam de tudo para abaixar a bola do garoto, e depois o aceitar. Ela conhecia eles. 

 

Após terminar o último acorde, Draco soltou o ar que prendia a alguns segundos, aliviado de finalmente ter conseguido se apresentar na frente de Nyx sem desmaiar. Neville Longbottom, que havia se juntado ao grupo em meio a apresentação, aplaudia animado. 

 

Nyx fitou Draco com uma sobrancelha arqueada, vendo a respiração descompassada do menino mostrar total cansaço após dar tudo de si ali. Se Draco não fosse um bruxo sangue puro, Black apostaria quinze galeões que ele estava tendo uma crise de asma. 

 

— E então? – perguntou, um pouco ofegante e incerto – Não sou tão ruim, sou? 

 

— É, já vi piores. – falou a garota, causando um olhar triste em Malfoy – Se lembram quando Ron tocou a bateria do George aquela vez? Mesmo som torturante criado por Belzebu. 

 

— Consigo me lembrar, realmente terrível.. – concordou George – Penso seriamente em suicídio agora. 

 

— Topam um coletivo? – perguntou Fred – Não posso viver mais um segundo em um lugar onde chamam isso de música. 

 

— Vocês.. estão falando sério? – perguntou Draco, com tom magoado e claramente abatido. 

 

— Óbvio que não, idiota. – negou Black, gargalhando – Isso foi incrível. Parabéns. 

 

Draco sorriu como nunca havia sorrido em toda sua vida. 

 

— E claro, nós podemos fazer piadas com depressão porque sabemos do assunto, você não. 

 

— Claro, claro. – ele respondeu a George, ainda em êxtase. – E então? Entrei? 

 

— Nada mal, Malfoy. Tenho muitas perguntas de como você aprendeu a tocar isso, e de como ouviu música trouxa na sua Mansão Puro-Sangue. Mas.. Que tal, George? 

 

— É, acho que ele pode nos responder essas perguntas no treino da semana que vem. 

 

Draco sorriu, ainda meio tonto. Se aproximou dos líderes da banda e apertou a mão dos ruivos. Ao chegar em Black, beijou a mão da garota e a viu rir incrédula. 

 

— Vergonhoso. – falou ela, fazendo Malfoy rir envergonhado. A garota levantou, beijando a mão do garoto de volta e olhando um tanto intimidante pra ele. – Gostei. Bem-vindo a Rictusempra, idiota. 

 

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