Lily Apaixonada escrita por Bianca Vivas


Capítulo 10
Arrume suas malas, iremos para Londres




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― Aí está você! ― Ela ouviu a voz do pai saindo do escuro e tomou um susto. Não se lembrava dele estar na cidade.

― Papai! ― Lilian deu um grito, torcendo para ele não perguntar onde ela estava.

― Suas amigas passaram aqui atrás de você ― ele começou a dizer, mas a garota decidiu interromper e se justificar logo:

― Eu...

― Já as dispensei. ― Benjamin foi bem mais rápido. ― Nós temos compromisso.

Lilian franziu o cenho. Não estava entendendo nada. Será que seu pai havia descoberto que ela andou de moto, que saiu com um garoto sem avisá-lo ou do dia da festa que fora com Alice e Frank Longbottom? Mas como ele saberia disso? Fosse o que fosse, ela podia sentir que estava muito, muito encrencada.

― Qual compromisso? ― Ela perguntou, medindo as palavras como se estivesse em um campo minado.

Benjamin abriu um enorme sorriso no rosto, deixando a situação ainda mais estranha. Lilian não estava entendendo mais nada. A sua noite perfeita acabara de se transformar numa maluquice.

Ela só queria encontrar mensagens de James quando abrisse o celular e ligar para as amigas para contar tudo o que havia acabado de acontecer. Mas, agora, tinha que ouvir seu pai falando coisas sem sentido sobre um compromisso que eles nunca fizeram.

― O jantar que você e Petúnia estão me devendo há um mês ― ele respondeu, pegando a chave do carro na mesinha de centro. ― Sua irmã já está nos esperando.

Lilian seguiu o pai até o carro, revirando os olhos. Ela nem se lembrava de ter prometido jantar a ele. Só esperava que fosse importante, porque ela sentia seu celular vibrando no bolso do short e tinha certeza que entre as várias mensagens havia uma de James. Ela queria muito falar com ele. Infelizmente, eles tinham uma regra: sem celular quando saíssem em família. Então, Lilian só podia ignorar todas as mensagens que chegavam em seu celular.

― Sobre o que é esse jantar, afinal de contas? ― ela finalmente perguntou, rompendo o silêncio do carro.

― Conversaremos quando chegarmos ― ele respondeu, sem tirar os olhos da pista. ― Mas não é nada demais ― garantiu.

Lilian assentiu e recostou a cabeça na janela do carro. Dali, dava pra ver o reflexo do pai. Ele parecia bem animado, soltando um ou outro sorriso de vez em quando. Definitivamente, não era nada demais.

― Você tá namorando, não tá? ― Ela perguntou, com o tom mais entediado que encontrou.

― Hã? ― Benjamin quase deixou o carro morrer com a pergunta da menina. ― Claro que não!

― Ah, meu deus! Você está namorando! ― Lilian se virou para o pai, com um tom surpreso. ― Por que não me contou antes?

Ela não sabia se ficava feliz ou triste. Sara, sua mãe, estava morta. Mesmo antes disso, ela havia abandonado a família. Era justo que seu pai seguisse em frente. Ela adoraria que ele seguisse em frente. Ele merecia ser feliz, afinal de contas. Ainda assim, seria estranho ver outra pessoa tomando o lugar de Sara.

Ainda havia o fato de Benjamin não comentar nada disso com ela. Eles sempre foram próximos, apesar de ela não estar em uma boa posição para reclamar, já que ainda não havia contado sobre James Potter para o pai.

― Lilian ― Benjamin começou ―, eu não estou namorando e, se estivesse, você seria a primeira a saber, querida.

Lilian olhou para o pai pelo canto do olho e assentiu. Gostaria de poder acreditar nele, mas algo lhe dizia que Benjamin estava escondendo algo. E boa coisa não era. Ele tinha que estar aprontando alguma coisa e, com certeza, iria revelar tudo nesse jantar misterioso que, aparentemente, estava planejado há um bom tempo.

A garota só teria que esperar.

Então, Lilian assentiu e voltou a prestar atenção nas casas que ficavam para trás à medida que o carro avançava rumo ao destino deles: o restaurante favorito dela, o Caldeirão Furado.

Ao chegarem ao Caldeirão, Petúnia, a irmã mais nova de Lilian, já estava esperando pelos dois. Como sempre, ela já havia pedido uma pizza e escolhido os sabores que julgava serem os favoritos de todo mundo: frango e calabresa.

― Você não tem mesmo nenhuma imaginação, hein? ― Lilian reclamou quando a informação foi revelada.

― Eu teria se você não demorasse tanto para voltar pra casa, querida ― Petúnia respondeu, mostrando a língua para a irmã.

― Meninas! ― Benjamin chamou a atenção das duas, enquanto terminava de pedir as bebidas da noite. ― Eu não trouxe vocês aqui para brigarem, trouxe porque tenho algo importante para falar.

― Você está namorando ― Petúnia adivinhou. ― Próximo tópico agora, por favor.

― O quê? ― Benjamin quase engasgou com a própria saliva. ― Por que vocês sempre acham isso?

― Porque toda vez que você está em casa você está sorrindo e assobiando.

― Ou por causa de todo esse mistério ― acrescentou Petúnia. ― É a única explicação plausível.

Lilian tinha que concordar com a irmã, apesar de já estar desistindo dessa tese.

― Eu tenho algo para revelar e vocês duas irão amar ― Benjamin começou ―, mas não tem nada a ver com namoradas. Eu não estou namorando.

― Então, o que é, papai? ― Lilian perguntou, enquanto Petúnia revirava os olhos do outro lado da mesa.

Benjamin Evans olhou para as duas filhas com uma animação intrínseca. Parecia que iria anunciar que todos os sonhos de infância das duas se tornariam realidade: Petúnia iria para a Disney e Lilian poderia visitar todas as bibliotecas e assistir a todos concertos de música clássica que quisesse.

Mas o que Benjamin revelou nada tinha a ver com os sonhos das garotas. Pelo menos, não naquele momento.

― Então, garotas, o que vocês acham de Londres? ― Ele perguntou, incrivelmente empolgado.

― É a capital da Inglaterra ― respondeu Petúnia, sem entender muito bem onde o pai queria chegar.

― E você, Lilian? O que acha?

― Eu não sei ― ela disse. ― Eles têm escritores legais, atores talentosos e um sotaque bonito. Por quê?

Será que Benjamin daria uma viagem à Londres de presente para as garotas?

― Eu fechei um contrato e irei abrir uma filial da empresa em Londres ― ele anunciou.

Benjamin Evans era produtor cultural. Ele era sócio de uma empresa que agenciava e investia em escritores, músicos, atores, diretores, etc. Eles já tinham uma agência em Godric's Hollow e se iriam abrir outra em Londres significava que a empresa estava crescendo. O próximo passo seria o resto da Europa. Lilian estava muito feliz pelo pai, mas ela não conseguia entender porque ele estava fazendo tanto mistério sobre isso.

― Você não está pensando em se mudar para Londres, está? ― Ela finalmente perguntou, entendendo o que tudo aquilo significava.

― Sim ― Benjamin respondeu, ainda mais animado. ― Não é maravilhoso?

Tudo em Lilian gritava que não era nada maravilhoso. Ela sentiu a respiração falhar e teve vontade de gritar com o pai. Como ele podia fazer isso com ela? Logo agora? Quando ela finalmente abaixa a guarda e deixa-se envolver por alguém, é obrigada a mudar para outro continente!  Ela e Potter nem tinham começado e já teriam que acabar.

― Você tá zoando com a nossa cara, não tá? ― Petúnia se pronunciou após um silêncio que conseguiu acabar com a animação de Benjamin. ― Você não pode ir pro outro lado do país e nos deixar aqui, sozinhas!

― Mas eu não vou deixar vocês... ― Benjamin começou a se explicar, mas foi interrompido por Lilian:

― Você vai levar a gente com você ― ela completou. ­― O que é bem pior. Como você tem coragem de arrancar a gente das nossas vidas desse jeito?

Um clima pesado se instaurou entre os três. Nem mesmo o garçom, trazendo a pizza e os refrigerantes, fez o silêncio mortífero ir embora. Lilian estava com muita raiva. Não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. Ela tinha uma vida ali. Amigos, sonhos e, muito provavelmente, um namorado. Ok, talvez não um namorado, mas ela estava começando a gostar da ideia de deixar James entrar em sua vida e seu pai não poderia tirar isso dela. Era muito injusto.

Petúnia, por sua vez, começo a colocar pedaços de pizza em seu prato e comia em silêncio. Lilian tinha certeza de que ela estava adorando aquela ideia. Ela sempre quis sair de Godric's Hollow. Viajar. Morar em uma cidade grande. Seria o sonho se transformando em realidade. Só que, dessa vez, o sonho de Petúnia significava a morte de Lilian.

— Quando teremos que ir? — A mais nova das irmãs perguntou.

Ela percebeu que Benjamin estava em agonia, tentando achar palavras para acalmar Lilian, que sabia muito bem fazer uma cena quando queria.

— As aulas na nova escola de vocês começam no início de setembro...

— Espera aí! — Lilian deu um grito, chamando a atenção de alguns clientes da pizzaria. — Você já nos matriculou em uma nova escola? Sem a gente saber?

Aquilo já era um pouco demais para Lilian. Ela ainda achava que poderia ter uma saída para aquela situação. Pela primeira vez, sua vida estava exatamente onde ela esperava que estivesse e seu pai — logo ele — queria tirar isso dela.

— Como você pôde fazer isso, papai? — Ela perguntou, com lágrimas chegando aos seus olhos.

— Ainda não. — Ele disse, e mordeu os lábios antes de continuar a falar, parecendo ter medo da reação de sua primogênita ao que ele teria a dizer: — E esse é um dos motivos que eu terei que ir para Londres ainda esse mês.

— Papai! — Dessa vez, foi Petúnia quem gritou. — Há quanto tempo sabe disso?

— Há algum tempo. — Benjamin abaixou a voz para responder.

— Isso é demais até mesmo para mim.

Lilian balançou a cabeça e levantou da mesa. Se pudesse, nunca mais olharia para o próprio pai em toda a sua vida. E ela não estava sendo dramática!


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