IMPERIAIS: O Herdeiro do Trono escrita por Bianca Vivas


Capítulo 5
Alexandria da Áustria




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/807087/chapter/5

Em alguns lugares, universidades aceitam estudantes por mera indicação ou por ato notáveis e inacreditáveis. Por exemplo, salvar a vida de um presidente ou ganhar um prêmio Nobel aos 15 anos de idade. Ser rico ou extraordinário são características que lhe dão passe livre para tornar-se parte do corpo discente das melhores universidades do globo. Este não era o caso, entretanto, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Para ter o privilégio de estudar em uma das melhores instituições do Império do Brasil, você deveria provar seu valor passando em um teste extremamente complexo e cansativo: o vestibular. A única exceção possível para essa regra era cumprir o requisito único de ser o primogênito daquele que ocupa o cargo de Imperador do Brasil. Pedro, por sorte ou brincadeira do destino, não apenas se encaixava perfeitamente nesta condição, como naquele momento histórico carregava o título de Imperador sob os ombros.

Com uma única ligação, ele conseguiu uma vaga. No entanto, o menino, que nunca pensara em cursar uma universidade, não fazia ideia do que poderia estudar. Sabia que ficara acordado que iria diretamente para a escola de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, porém, queria que o processo de aprendizado fosse divertido. Então, ficou acordado que seria um aluno especial. Dessa forma, ele se matriculara em diversas disciplinas que lhe interessavam, em um bocado de cursos diferentes. Naquele semestre, estudava cadeiras nos cursos de Letras, História, Direito e Jornalismo.

Provavelmente, deveriam haver muitas outras cadeiras interessantes, mas ele não podia permitir que os estudantes engajados daquela Casa o vissem ainda mais como alguém diferente. Até mesmo por isso, naquele dia, Pedro dispensou a Guarda Imperial. Solicitou que apenas um guarda-costas fosse com ele. Sua função era mostrar ao povo que seu maior interesse era tornar o Império do Brasil tão grandioso quanto outrora; não tinha o intento de utilizar o dinheiro do povo para viver uma vida absurdamente luxuosa. Além, é claro, de assegurar que haveria uma transição democrática pacífica, com o Imperador na dianteira das mudanças.

Com essa confiança, Pedro colocou os pés no campus da UFRJ naquela segunda-feira de manhã. Carregava uma mochila e alguns cadernos nos braços, como qualquer outro estudante. E como qualquer outro calouro, ele estava completamente perdido. Havia visitado a universidade poucas vezes, e ainda assim acompanhado de seu pai. Para conseguir guiar-se por aquela cidade dentro do Rio de Janeiro, ele carregava um mapa, o qual checava de tempos em tempos para ter certeza de que estava no caminho certo.

Por conta disso, Pedro, várias vezes, esbarrou em outros estudantes que, apesar de torcerem o nariz, sempre murmuram um “Majestade” e faziam uma mesura apressada. Ninguém iria querer desrespeitar o Imperador, afinal de contas. Ninguém exceto uma garota de um 1,63 cm aproximadamente. Quando ela se chocou com o Imperador do Brasil, imediatamente mudou a feição alegre para uma postura raivosa.

— Você não olha por onde, não? — Ela perguntou, quase gritando.

— Hã... Me desculpe? — Pedro piscou umas três vezes. Ninguém nunca havia falado com o Imperador daquela forma. Talvez apenas sua mãe.

— Tanto faz — disse a garota, ainda encarando-o.— Você vai ficar aí parado?

— Perdão?

— Meus livros não vão se pegar sozinhos e desde que foi você quem derrubou... — A garota levantou uma sobrancelha e apontou com a cabeça para o chão.

Só então Pedro percebeu que vários livros se encontravam caídos no chão, provavelmente como resultado do encontro entre eles. Desconcertado, o Imperador se apressou em pegar os livros da garota.

— Me desculpe por isso — começou Pedro, enquanto entregava os livros para a menina de cabelos castanhos. — Por sinal, eu me chamo Pedro — ele pensou em dizer que era o Imperador, mas ela provavelmente já saberia disso. Qual súdito não conheceria seu Imperador?

— Tudo bem — ela respondeu, aceitando os livros. — Meu nome é Alexandria, mas pode me chamar de Alexia.

— E o que você faz aqui, Alexia?

— Eu vim da Áustria para estudar. Hoje é meu primeiro dia e já estou atrasada — ela olhou no relógio no pulso e parecia que realmente não queria conversa. — Te vejo por aí, Pedro.

A garota se afastou correndo com os livros no braço. “Alexandria da Áustria”, pensou Pedro. Isso significava que ela não era brasileira. Algo impossível de se notar dado o sotaque cem por cento carioca da garota. Pelo menos, fazia sentido ela não saber quem ele era. Não era sua súdita.

Enquanto assistia Alexia se afastar correndo pelo campus atrás da sala que deveria estudar, Pedro pensou que seria bom reencontrá-la. Tinha alguma coisa sobre ela que o fez ficar desconcertado, sem controle da situação. E ele havia gostado desse sentimento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "IMPERIAIS: O Herdeiro do Trono" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.