Bad Decisions escrita por MayDearden


Capítulo 4
Parte 4




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Observava aturdido o emaranhado de crianças saindo de dentro da escola de Mia. Era como se você tacasse fogo no formigueiro e todas as formiguinhas saíssem correndo desesperadas juntas. Era um caos. Como os responsáveis conseguiam encontrar seus respectivos pequenos nessa confusão?

Mexi no meu boné - eu estava devidamente “discreto”, com um boné e um óculos de sol - e estiquei meu corpo um pouco mais para o alto, movendo meu tronco a procura de Mia.

E nada.

Eu nunca me imaginei passando por isso… Qier dizer, me imaginei sim! Antes de ir embora essa era exatamente a vida que eu planejava com Felicity, a vida que por um tempo pareceu bastar para mim, e estando qui agora, nessa porta de escola, pareceu tão certo… Exatamente o que eu precisava.

⁃ Você parece perdido - a voz soou me fazendo olhar para o meu lado. Felicity sorriu para mim e depois desviou os olhos para a multidão de crianças. - Esses não são da turma da Mia. - continuou - Eles são do quinto ano para cima. - me estendeu uma cadeirinha de carro

⁃ Achei confuso demais para crianças pequenas - falei - O que é isso? - apontei para a cadeirinha

⁃ Você não sabe o que é uma cadeirinha de carro? - perguntou incrédula e eu ri

⁃ É claro que eu sei, Felicity - tirei o óculos - Pra que eu quero isso?

⁃ Quer saber? - ela recolheu a cadeirinha para perto de si - Isso é uma péssima ideia, você não tá pronto, você nem sabe a importância da cadeirinha pra uma criança e…

⁃ Ei, ei, ei - ela parou e me olhou - Eu encontrei três, Felicity - levantei três dedos para ela - Três cadeirinhas de carro no armário da garagem. Eu quase coloquei as três no carro, mas Raissa me mostrou a favorita de Mia e ela já está devidamente instalada no banco de trás do carro. - ela me olhou surpresa e depois sorriu, ela não esperava por isso. - E o que você está fazendo aqui?

⁃ Eu vim te entregar a cadeirinha - falou e eu levantei as sobrancelhas - E te autorizar na portaria.

⁃ Você poderia ter feito por telefone.

⁃ Poderia, mas…

⁃ Mas quis me inspecionar.

⁃ Não fiz por mal - ladrou - Eu só queria que… - olhou para o chão encabulada e eu entendi o que ela estava querendo dizer.

⁃ Você só queria ter certeza de que alguém viria buscar Mia na escola - ela assentiu mordendo os lábios e uma tristeza passou lá no fundo dos seus olhos. Felicity sabia o que era ficar esperando por mim e eu não aparecer. Ela não queria que a filha tivesse essa decepção - Está tudo bem. Vou levar Mia pra mansão, passar o resto do dia com ela e depois do jantar eu te devolvo. Tudo bem?

⁃ Sim - ajeitou a cadeirinha em seus braços - Eu vou voltar para a empresa então - assenti - Oliver, qualquer coisa, qualquer coisa mesmo…

⁃ Eu te ligo - ela assentiu - Pode deixar. - ela já ia se virando para sair quando a chamei - Felicity!? - me olhou por cima do ombro - Obrigado por me deixar passar um tempo com ela.

Ela assentiu e suspirou e antes de dizer:

⁃ Só não fode com tudo! - e saiu andando.

Coloquei os óculos de volta e reparei na bunda dela, que estava perfeitamente redonda na saia do terninho azul que usava. O rabo de cavalo bem no alto da cabeça estava perfeito para ser puxado enquanto ela estivesse de quatro para mim e eu a penenetrando forte e fundo. As imagens da noite anterior vieram com tudo, aquele beijo, um único beijo que fora capaz de demonstrar o quanto ela também me queria. E eu só não aprofundei mais nada, pois ela estava raciocinando a base do vinho. Se Felicity tivesse me beijado sobria, eu teria subido com ela para seu quarto - quarto que deveria ser nosso - e teria feito amor com ela noite inteira.

Sai de meus devaneios depravados quando senti algo se chocar nas minhas pernas… Algo não, alguém. Mia.

A pequena estava grudada em mim e eu me apressei em acariciar sua cabeleireira loira. Sentir aqueles bracinhos em volta de mim, não tinha preço.

Mia era a personificação de tudo que eu deseja tanto, mas não sabia, não sabia que queria até ter. E para deixar tudo demasiadamente melhor, eu a tinha com Felicity. Pois, não existe outra mãe para os meus filhos que não fosse ela.

⁃ Oi, campeã! - falei a erguendo no colo - Como foi a aula hoje?

⁃ Você veio, Oliver! - me abraçou e eu devolvi a apertando levemente

⁃ Eu disse que viria! - aleguei

Reparei que ela tinha largado suas coisas no chão para me abraçar. Sua mochila das princesas da Disney estava jogada junto com uma bolsinha menor do mesmo tema que eu deduzi ser onde ela levava alguma espécie de lanche.

⁃ Eu disse para todos que meu pai iria me buscar na escola hoje - falou me olhando e eu sorri abobalhado, o pai era eu, afinal - E ninguém acreditou. Mas agora - olhou em volta e eu a acompanhei, vendo algumas crianças nos olhando e cochichando com seus pais ou amiguinhos - Agora estão sem acreditar que o meu pai é você. - e deu língua pra um menina ruiva rechonchuda que passava

⁃ Mia, eu ainda não sei como agir nessas situações, mas eu acho que você não pode ficar dando língua para as pessoas

⁃ Acredite, Ollie - se sacudiu para descer do meu colo - Ela mereceu - piscou para mim e eu me vi voltando anos no passado e vendo uma mini Thea Queen bem na minha frente. Só que essa mini Thea era loira, e a cara de Felicity.

Ajudei Mia a pegar suas coisas e fomos caminhando até o carro, eu não tirei o óculos, não queria que saísse nenhuma foto em tabloides minha com a menina. Não queria que falassem dela até que eu fizesse algum anúncio, então preferi ficar de óculos e eu podia ser apenas alguém extremamente parecido com Oliver Queen.

Eu não tinha estacionando muito longe, apenas quis ser discreto e não parar um conversível na porta da escola, então decidi estacionar na rua trás.

⁃ Você veio de conversível? - Mia falou me olhando de cara feia

⁃ Sim - falei colocando seu material escolar no banco de trás

⁃ Eu não ando em conversíveis - decretou cruzando os braços

⁃ Como não? - perguntei sem entender - Esse carro é do vovô

⁃ Eu sei, ele não anda comigo de conversível - apontou para o carro - Apenas SUV ou Sedan - voltou a cruzar os braços - Você sabe a taxa de mortes envolvendo um conversível? Ele não oferece nenhuma segurança para uma criança, Oliver

⁃ Eu instalei cadeirinha das princesas da Disney - tentei convencê-la - Com a cadeirinha é seguro

⁃ Não e não - bateu o pé - Eu não quero sofrer um acidente.

Isso que dava juntar o gene Queen com o gene Smoak.

(…)

Depois de gastar saliva tentando convencer Mia a entrar no carro, eu desisti e liguei para o meu pai. Ele caiu na gargalhada no telefone e disse que sabia que isso aconteceria, mas deixou eu sair de conversível só para que eu assistisse a reação de Mia.

A pequena não estava errada, conversível não era carro para uma criança. Por telefone meu pai falou que Donna e Noah morreram em um acidente envolvendo um conversível. Felicity inteligentemente conversou com a menina sobre os altos índices de morte envolvendo aquele tipo de carro.

Mais uma prova de que eu, literalmente, não sabia nada sobre a minha filha.

Por fim, meu pai apareceu e colocamos a cadeirinha na sua BMW Sedan para a felicidade de Mia, eu fui dirigindo a BMW e papai voltou para a empresa de conversível.

Mia pediu para ouvir músicas da Disney e eu coloquei, ela foi cantando o caminho todo até a mansão e eu me deliciei em admirar sua cantoria.

Quando chegamos em casa, Raisa já nos esperava com o almoço na mesa. Thea e Roy já haviam saído para trabalhar na Verdant, então comemos apenas eu e Mia. A pequena comeu tudo rápido após a promessa de que poderíamos usar a piscina.

Enquanto esperávamos a digestão ela me contou que a cachorrinha Mandy havia ficado em casa com a empregada que Felicity tinha para ajudar no grosso do apartamento.

Uma hora após a refeição estávamos na beira da piscina prontos para nos jogar quando Mia travou.

⁃ Eu não sei nadar - sussurrou encabulada

⁃ Você implorou para que viéssemos nadar e não sabe? - ri achando sua carinha de desolada muito fofa

⁃ Sim, mas … - abaixou a cabeça ficando vermelha de vergonha - Eu sempre venho com a mamãe, ou com o titio e a titia, o vovô, tinha o meu dindinho tambem, mas o meu dindinho ele… Ele… - me abaixei na sua altura e segurei seu queixinho para que me olhasse

⁃ Está tudo bem, meu amor - falei - Não tem problema, eu te seguro - ela assentiu, ainda tímida - Não vou te deixar se afogar, eu sempre vou te segurar - garanti e ela me abraçou

⁃ Eu sinto falta do meu dindinho - suspirou

⁃ Eu também sinto - a abracei forte - Mas sabe o que ele ia amar ver? - me afastei dela quando tive a ideia

⁃ O que?

⁃ Você nadando sozinha!

⁃ Mas eu não sei! - alegou

⁃ Eu vou te ensinar!

Mia me olhou atentetamente e então assentiu em expectativa, com um sorrisão de orelha a orelha

⁃ Eu quero!

(…)

Era quase quatro horas de tarde e Mia já conseguia boiar sozinha. Era um avanço, não era? Para quem só ficava na piscina no colo, ou na boia. Boiar sozinha era um grande passo. Quem boiava, se mexia e nadava. Mais uma aula comigo e eu sabia que ela conseguiria nadar.

⁃ Olha, Oliver! - ela exclamou animada enquanto boiava de barriga pra cima. Estava com pernas e braços esticados para os lados e seu corpo ia balançando com o movimento da água. - Isso é muito legal!

⁃ Eu sabia que você ia conseguir! - eu me mexia com cautela, com medo de algo dar errado e o pior acontecer. Mas eu não podia demonstrar isso a ela, ela tinha que ter confiança, confiança em mim e em si mesma - Você é uma ótima aluna!

⁃ A mamãe vai ficar desesperada - riu se remexendo e se jogando em mim. A agarrei como se minha vida dependesse daquilo, e dependia.

(…)

Após a piscina Raissa nos preparou um lanche, Mia comeu tudo e então deitamos para ver TV na sala de estar. Estávamos na metade de Frozen 2 quando a minha pequena caiu no sono.

Admirei seu rostinho em forma de coração, suas bochechas rosadas e o semblante sereno. Ela era tão linda, tão parecida com a mãe. Doía demais pensar em tudo que perdi de sua vida por causa das minhas decisões ruins.

Ali eu prometi a mim mesmo que nunca mais iria me separar dela, que nunca iria magoá-la.

Aninhei ela em meu colo e terminei de assistir ao filme, quando o mesmo acabou a peguei e subi as escadas. Depositei Mia em sua cama no quarto dela na mansão, liguei o abajur e fechei a porta.

Ainda bem que ela havia tomado banho antes de assistir ao filme, teria problemas com Felicity se a menina dormisse com o corpo cheio de cloro.

Me joguei no sofá e evitei a TV aberta, coloquei um filme na plataforma e no final dele o meu pai chegou, ao mesmo tempo que uma Mia sonolenta aparecia no topo das escadas.

Jantamos em perfeita harmonia, minha filha me fez prometer que no dia seguinte a levaria para comprar algumas coisas para Mandy. Lacinhos, brinquedos e roupinhas. Claro que eu aceitei, faria de tudo para passar o máximo de tempo que podia com a meu anjinho.

Após o jantar Mia se despediu do avô e recolhemos suas coisas, no caminho do apartamento ela me pediu que eu pedisse a mãe que viesse conosco no passeio de amanhã. Ela estava muito animada com a possibilidade de sair com os pais, disse que nunca tinha feito um passeio assim, e que os amiguinhos sim.

Escutar isso apertou tanto meu coração que doeu. Doeu demais. Doeu saber que por causa das minhas escolhas ruins, pessoas sofreram demais, e a que mais sofreu foi minha filha.

⁃ Chegamos! - anuncie parando o carro em frente à portaria do prédio

⁃ Fiquei com saudades da Mandy - Mia falou enquanto eu tirava ela da cadeirinha e a colocava no colo, ao mesmo tempo que tentava equilibrar suas bolsas em meu ombro

⁃ Com certeza ela também sentiu sua falta

Saudamos o porteiro e apertei o botão do elevador, que em instantes chegou e logo estávamos no corredor em frente à porta do apartamento. Quando estiquei o dedo para apertar a campainha, a porta abriu em um rompante nos dando a visão de uma Felicity com um sorriso de alívio, provavelmente em ver que a filha estava inteira.

⁃ Meu amor! - esticou os braços e a menina pulou neles, Mandy logo apareceu pulando de alegria com a movimentação na porta

⁃ Mamãe, eu fiquei com muita saudade da Mandy - se chacoalhou no colo da mãe, que a colocou no chão e logo Mia tinha Mandy nos braços e correu com a cachorra para a sala

⁃ Nossa! - Felicity fez cara de indignada - Pensei que ela me amasse - riu para mim e deu caminho para que eu entrasse - Como foi a tarde de vocês? - fechou a porta quando eu passei

⁃ Produtiva - coloquei as bolsas de Mia na mesa - Ela está aprendendo a nadar sozinha

⁃ Oliver… - cruzou os braços em preocupação

⁃ Está tudo bem - a tranquilizei - Ela tirou de letra, já boia sozinha, você tinha que ver - sorri abobalhado

⁃ Mamãe, - Mia veio até nós com Mandy em seu encalço - papai prometeu me levar amanhã para comprar algumas coisinhas que a Mandy ainda não tem. Você deixa eu ir, não é ?

Parei por um momento, “papai”, papai era novo em nossa relação. Meu coração se aqueceu e eu senti todo o meu corpo reagir a aquilo. Era bom, reconfortante, mágico…

Felicity levantou uma sobrancelha e me encarou, nitidamente contrariada por eu ter marcado algo sem lhe pedir permissão ou qualquer coisa do tipo. Mas como eu ia negar a um pedido de Mia?

⁃ E Mia quer que você venha junto - completei me fazendo de inocente, como se apenas Mia quisesse que ela fosse junto.

⁃ Eu?

⁃ Sim, mamãe, - a garotinha riu e eu sabia que, pelo olhar de Felicity para ela, Mia já tinha conseguido o que queria - Eu, você e o Oliver

Felicity olhou para mim de novo e eu sorri, um sorriso pidão e com certeza parecido com o sorriso na Queen mais nova do recinto.

⁃ Eu estou perdida com vocês dois, sabiam? - se deu por vencida - Eu vou, amorzinho.

⁃ Eba!!! - e Mia saiu pulando para a sala, Mandy foi pulando atrás dela

⁃ Ela tem todos nós nas mãos - comentei e Felicity riu concordando

⁃ Ela tem - falou - Amanhã eu posso buscar ela na escola e nos encontramos no centro

⁃ Não - discordei - Eu e ela vamos te buscar no trabalho.

⁃ Oliver…

⁃ Eu e ela vamos te buscar no trabalho - decretei

(…)

Eu nunca pensei que eu precisava tanto do que eu estava vivendo agora.

Felicity, Mia, eu e Mandy.

Nunca fiquei tão feliz em carregar sacolas em um shopping, Slade que me perdoe, mas eu estava jogando todo seu trabalho e esforço pra me manter escondido - a meu pedido - pelo ralo.

Nesse momento estávamos no shopping, Mia andava segurando a coleira da cadelinha e Felicity a auxiliava para que nada desse errado. Já eu, estava a alguns passos atrás delas me deliciando com a visão das mulheres da minha vida.

Havíamos almoçado (Mandy ficou em um pet shop hidratando seus pelos) e passado na loja de artigos para animais de estimação, comprei tudo que Mia quis - mesmo com a mãe dela reclamando. Depois fomos comprar uma roupa para Mia ir no aniversário de uma amiguinha e um presente, e nessa parte do passeio eu percebi o quanto ela era sobrinha de Thea Queen.

Depois de tudo comprado, prometemos a ela um sorvete, e cá estávamos nos indo até a sorveteria.

Quem olhava, via uma família passeando normalmente em uma tarde, nem imaginava a carga de história que tínhamos nas costas.

Mia sorria de felicidade por ter os pais por perto, eu me xingava toda vez que o pensamento de que não ter acompanhado seu crescimento era unicamente culpa minha. Isso me emputecia.

⁃ Eu vou te levar para sair - decretei olhando para Felicity que franziu o cenho sem entender

⁃ Já estamos saindo - falou como se fosse o óbvio

⁃ Só nós dois - olhei para Mia - Sem princesas saltitantes

⁃ Oliver… - ela ia reclamar, claro que ela ia. Felicity tinha aversão a mim, quer dizer, tentava demonstrar que tinha. Mas eu era ciente de como seu corpo mudava quando eu estava extremamente perto.

⁃ Como pedido de desculpas - falei rápido sem dar espaço para que ela retrucasse. Segurei sua mão - Por favor.

Felicity me olhou bem, acho que procurando algum sinal de zombaria da minha parte. Mas relaxou o corpo quando não encontrou. Ela olhou para Mia que estava na ala kids da sorveteria alheia a nossa conversa.

Mandy se remexeu na coleira e olhou para Felicity, como se esperasse a resposta dela também.

⁃ Oliver, - olhou para nossas mãos juntas e eu acariciei sua palma - eu não queria me iludir novamente com você - suspirou - Isso não é lugar para essa conversa.

Ela tinha razão. Em tudo, em se iludir e em conversar. Nós estávamos cheios de pessoas em nossa volta, alguns homens me olhavam curiosos, como se me reconhecessem, ou simplesmente secando Felicity descaradamente na minha frente. Eles não viam que ela era uma mulher comprometida?

Ri com a meu pensando.

Eu estava doido para fazê-la minha novamente.

Quando Mia comeu sorvete o suficiente fomos para o apartamento delas. Entramos é nossa filha correu para o quarto dela a mando da mãe para ir tirando a roupa para o banho. Mandy foi se deitar em sua nova caminha rosa e ficamos apenas eu e Felicity na sala.

⁃ E então? - perguntei me aproximando

Mas fui atrapalhado. E a mulher a minha frente suspirou em alívio pelo chamado da filha.

⁃ Papai! - Mia gritou e meu coração acelerou com aquele chamado. - Papai vem me dar banho!

Ainda não tinha me acostumado em ser chamando de papai, mas eu amava ouvir aquilo vindo dela. Parecia que eu havia esperado minha vida inteira para ouvir Mia me chamar de pai.

⁃ Sua filha te salvou. - e ela riu saindo da sala e indo para a cozinha

Subi correndo e cuidei de Mia com a maior devoção do mundo. Lhe ajudei no banho, escovei seus dentes e a ajudei a escolher um pijama. Contei a ela uma história e em segundo minha pequena princesa já dormia profundamente. Ajudei a coberta ao seu redor, beijei sua testa, liguei o abajur e desliguei a luz. Aquele quarto exalava paz.

Desci as escadas com calma, com medo de fazer barulho e alertar a Mandy, a fazendo latir é assim acordar Mia.

Encontrei Felicity na cozinha, ela já havia trocado de roupa, estava a vontade. Vestia um short preto e uma blusa de alcinha da mesma cor. Dava pra ver que estava sem sutiã, e isso fez o meu caro amigo se animar. Suspirei. Como eu desejava aquela mulher, como eu amava aquela mulher.

Por mim, a tomaria ali mesmo daquela bancada, e no dia seguinte a levaria na igreja mais próxima e a tornaria minha esposa. Como eu deveria ter feito a anos atrás.

Eu fora um tolo.

⁃ Você vai ficar me olhando? - ela perguntou quando percebeu minha presença

Estava encostado na parede, de braços cruzados, a observando preparar lanches para Mia comer amanhã na escola.

⁃ Quer que eu faça outras coisas além de olhar?

⁃ Oliver… - me repreendeu

Sorri para ela sem pudor algum e a mesma revirou os olhos. Guardou o último pote na geladeira e caminhou até mim, passando por mim e indo para sala. Ela se jogou no sofá e ligou a TV.

⁃ Você não pode fugir da resposta para a minha pergunta. - me sentei ao lado dela

⁃ Você cansa? - fez careta

⁃ De você? - ela assentiu - Jamais! - e revirou os olhos me fazendo rir

⁃ Oliver, - se ajeitou no sofá ficando de frente para mim - Não somos mais adolescentes - suspirou - Eu não posso me permitir entrar nessas brincadeiras com você, da última vez você brincou comigo e me abandonou no altar - ela foi direta e aquilo fora como um tapa na cara, eu murchei na hora - Eu fiquei de cama por dias, você sabe. Não estou me vitimizando, mas a questão é que eu não posso quebrar de novo - olhou para a escada, provavelmente pensando na filha - Mia precisa de mim, eu não posso me dar o luxo de sofrer.

⁃ Eu não vou mais embora - assegurei - Eu nunca mais vou deixar vocês - estiquei minha mão tocando seu belo rosto

⁃ A questão é essa, você não ficou por mim, você ficou por Mia - tirou minha mão do seu rosto - Não estou reclamando, ela está bem mais feliz depois que você chegou na vida dela. Mas você está aqui por ela.

⁃ Não é verdade - neguei

⁃ Se você só tivesse me encontrado, se tivesse vindo para o funeral, e me visse, apenas a mim, sem a Mia - ela falou impaciente - Se Mia não existisse… - fez cara feia para esse pensamento - Você não estaria aqui me perturbando por um encontro.

⁃ Você não tem como saber - sibilei inquieto, eu entendia seu ponto. Eu não sabia dizer se ela tinha ou não razão.

⁃ Eu tenho, Oliver - falou certa de seu argumento - Você não olharia na cara de nenhum de nós

⁃ Você acha que eu colocaria os pés em Starlinh City e não procuraria por você? - ela assentiu - Você é e sempre foi o amor da minha vida! - soltei de uma vez ficando de pé

Minhas palavras pareceram surtir efeito sobre ela. Felicity se assustou e também ficou de pé, ficou sem palavras por um tempo me encarando como se eu fosse um ET.

⁃ Você se escuta? - perguntou - Você escuta o que diz?

⁃ Felicity…

⁃ Você diz que sou o amor da sua vida. Mas quem abandona o amor da sua vida no altar? - ela queria gritar, eu sabia disso, mas se controlou - Quem some por anos e não dá um sinal de vida para o amor da sua vida? - riu irônica - Eu te esperei, Oliver - a encarei surpreso - Te esperei por três longos meses, iludida de que você voltaria para me buscar - os olhos dela agora esgavam banhados de lágrimas… Porque eu abandonei essa mulher, meu Deus!? Meus motivos agora pareciam fúteis e sem valia - Eu achei que com você conquistando tanto o que queria, você viria… Mas você nunca veio e Mia chegou, e você continuou sem aparecer… E então eu comecei a ver as manchetes, as notícias… Percebi que você nunca iria voltar - ela secou as lágrimas e deu um passo para trás, quando eu tentei me aproximar - Por favor não me faça desenterrar o que eu sentia por você, porque eu sei que logo logo o ring vai te chamar de volta e você vai embora de novo e eu vou ficar aqui consolando a minha filha pelo seu sumiço. Te amar só me causou dor, Oliver, e eu tenho medo pela Mia.

⁃ Felicity… - tentei me aproximar de novo, sem palavras perante a sua revelação mais secreta.

Acredito que ela nunca tenha contado para ninguém que ficara me esperando. Senti vergonha de mim mesmo. Enquanto ela me esperava, grávida, eu me deixava levar pela bebida, pelo dinheiro, e por mulheres fáceis que transavam comigo a hora que eu quisesse e onde eu quisesse. Enquanto a minha mulher, o amor da minha vida sofria. Eu não merecia o perdão dela, não merecia que ela olhasse na minha cara. E mesmo assim, cá estava ela, olhando para mim, me recebendo em sua casa, tudo pelo bem de nossa filha.

⁃ Por favor, - sussurrou se recompondo - Vai embora.

⁃ Não, papai - a voz chorosa veio do alto da escada - Não vai embora…

Felicity e eu nos entreolhamos e ela foi até a filha, que desceu as escadas correndo, mesmo com a mãe repreendendo e se jogou em meu colo. Abracei aquele pedaço de gente tão forte, como se minha vida dependesse dela, e dependia.

Ela chorou pedindo que eu não fosse embor e eu disse que não iria. Por fim, pediu para que eu dormisse no quarto com ela, na cama auxiliar.

A mãe dela respirou fundo diante daquele pedido. Ela não me queria por perto, isso era notório, mas também não queria fazer a pequena sofrer. Então, mesmo relutante, Felicity pediu que eu ficasse com Mia.

Verificamos se estava tudo bem com Mandy, e a cadela dormia pesadamente. Felicity desligou todas as luzes e a TV do primerio andar e nós subimos. Ela me emprestou uma roupa de Roy que ficara perdida por lá e eu me troquei no banheiro rosa de Mia.

Deitei na cama auxiliar e a pequena se aconchegou ao meu lado.

Não consegui dormir sabendo que a mulher que eu amava estava sozinha no quarto ao lado, e nua, pelo barulho do chuveiro.

(…)

Eram 3:00 da manhã e o sono não vinha de jeito nenhum. Mia dormia feito pedra e eu a coloquei em sua cama para que ficasse mais confortável.

Antes de dormir disse que apenas ouviu a mãe me mandando embora e que não gostou, queria que eu ficasse. Pedi para que não ficasse chateada com a mamãe, pois já era tarde e realmente hora de ter ido embora. Ela concordou e disse que amantha daria vários beijos na mãe e logo depois dormiu.

Suspirei sentindo minha garganta seca. Já que eu não dormiria mesmo, decidi beber água lá embaixo e dar uma olhada em Mandy.

Desci as escadas sem fazer barulho, não queria acordar as minhas meninas. A cadelinha dormia feito pedra igual sua dona.

Estagnei na entrada da cozinha ao dar de cara com uma Felicity sentada no balcão com um pote de sorvete entre suas pernas a mostras. Ela usava um pijama de seda, short e blusa, mesmo no escuro da cozinha eu conseguia ver o bico de seu peito avantajado pela blusinha, e suas coxas completamente a mostra pelo short curto. Ela comia alheia a minha presença.

⁃ Merda - praguejou quando um pouco de sorvete caiu em seu busto, bem na carne do seu seio

Aquela visão devia ser proibida. Pura que parou. Essa passou o dedo indicador nos seios e logo após o levou aos lábios, lambendo tudo. Sexy demais. Senti meu membro querer dar sinal de vida. E apertei o mesmo por cima do short. Acho que gemi em deleite pela cena, porque ela me olhou assustada.

⁃ Oliver - se assustou me encarando de olhos arregalados

⁃ Eu vim beber água - falei logo indo para a geladeira

Ela assentiu me olhando desconfiada. Peguei um copo no escorredor e enchei de água gelada. Eu ia precisar era de um banho gelado depois dessa pornografia com sorvete que assisti.

⁃ Mia? - quis saber

⁃ Dormindo feito pedra - ela assentiu e continuo comendo. Bebi minha água, lavei meu copo, e encostei na bancada a encarando - Não conseguiu dormir?

⁃ Não - falou sem me olhar

⁃ Nem eu - falei cruzando os braços - Me desculpa - a encarei intensamente, queria que ela visse que eu estava falando a verdade - Me perdoe por tudo que eu te fiz passar, por favor - suspirei derrotado - Quer que eu largue as lutas para provar que eu falo a verdade? Eu largo! Eu assumo a empresa, eu faço qualquer coisa, qualquer coisa para que acredite em mim.

Ela deixou o pote e a colher de lado e desceu da bancada, andou até mim e parou um passo a minha frente.

⁃ Oliver, eu não quero que você desista do seu sonho por minha causa, ou por Mia…

⁃ Você não entendeu - encurtei o espaço entre nós e ela ficou em alerta com a minha aproximação - Meu sonho é você - falei por fim e ela me olhou intensamente, daria tudo para ler seus pensamentos - Você e Mia são o meu sonho, agora eu vejo. - estiquei minha mão e acariciei seu rosto - Eu não tinha que ter ido embora, nunca… Eu não ia ser infeliz aqui.

⁃ Tinha medo de ser infeliz comigo? - perguntou com mágoa na voz

⁃ Nunca - tratei em dizer, não queria que ela pensasse mais besteira de mim - Eu tinha medo de te perder.

Ela franziu o cenho confusa.

Felicity nunca entenderia o real motivo de eu ter surtado e ido embora. Era meu sonho ser um lutador profissional? Era… Mas tinham coisas por trás que eu tinha vergonha de proferir em voz alta.

⁃ Você não me perderia… Eu perdi você. - tirou minha mão de sua pele e eu voltei a cruzar os braços

⁃ Quero te levar para jantar, não precisa ser um encontro, pode ser como um pedido de desculpas… - ela semicerrou os olhos - Você escolhe o lugar, o dia, a hora.

A mãe da minha filha e amor da minha vida me encarou, eu conseguia ver as máquinas do seu cérebro trabalhando mediante a minha proposta.

⁃ Tudo bem - se deu por vencida - Eu janto com você - disse por fim - Mas eu não quero jantar com Oliver Queen herdeiro da QC. Quero jantar com o fenômeno Oliver dos rings.

⁃ Que assim seja!

(…)

Ver Laurel chorando agarrada a Felicity doía em mim. Uma dor que eu não sabia explicar. As duas sempre foram muito próximas, desde a escola. Uma sempre amparando a outra, mas dessa vez, ambas estavam sofrendo juntas.

Laurel pelo marido e Felicity pelo melhor amigo.

Eu queria poder fazer algo para aplacar a dor delas. Eu e Tommy sempre estivemos lá por elas, sempre. E dessa vez… Dessa vez ele não estava ali.

Hoje era a missa de sétimo dia do meu amigo. Todos estavam na igreja, com exceção das crianças. Mia aceitou ficar na mansão Merlyn com a promessa de que poderia dormir com os priminhos.

John havia chego também, e nem olhara na minha cara. Eu entendia. Eu havia abandonado todos que um dia se importaram comigo, eu não podia reclamar do tratamento que estava recebndo. Eu merecia.

Respirei fundo incomodado com o sofrimento das meninas. Eu queria chorar também, me controlava o máximo. Mas vê-las daquela forma e não ter o poder de aplacar a dor, tornava tudo mais insuportável.

Os pais de Tommy também choravam baixinho abraçados ouvindo a pregação do padre. Eram palavras bonitas e reconfortantes - tentavam reconfortar, mas o efeito estava sendo ao contrário.

⁃ Essa cerimônia consiste em uma oração, que tem como objetivo encaminhar a alma do falecido para o descanso eterno na luz. - o padre dizia

Fiz menção de ir até Felicity e Laurel, queria abraçá-las e dizer que não estavam sozinhas… Mas John foi mais rápido. Ele ficou no meio das duas e elas choravam no ombro dele.

(…)

Quando a missa acabou, Rebecca e Malcom ofereceram um Coffee Break na mansão. Fui recepcionado por um abraço forte de Mia dizendo que estava morrendo de saudades de mim e da mãe. Quando Mia bateu os olhos em Felicity - esta com a cara inchada de tanto chorar -, ficou pendurada no pescoço da loira pelo resto da manhã, como se tentasse aplacar qualquer sofrimento que a mãe estivesse sentindo, e Felicity aceitou o carinho de bom grado.

Era lindo ver a ligação que as duas tinham. Eu esperava pelo dia em que eu teria essa conexão com a minha filha também. Sei que meu relacionamento com a Mia era prematuro, mas eu já a amava tanto. Um sentimento inexplicável.

Os convidados da missa já haviam ido embora, e só se encontravam na sala os os mais próximos da família. Felicity estava no sofá com Mia agarrada a ela - elas conversam baixinho algo que fazia Felicity dar a risada mais linda do mundo -, Thea e Sara estavam no chão pintando com os gêmeos, Roy e Ray conversam com Malcom algo sobre a nova filial da Verdant, papai e John conversavam sobre sua missão no exército e Lyla, Rebecca e Laurel estavam no canto da sala falando algo baixinho. De novo aquela sensação de me sentir deslocado se apossou de mim. Eu estava encostado na janela, olhando a movimentação da sala e pra o jardim dos Merlyn.

Eu sabia que todos ali tinham seguido suas vidas sem mim. Todos haviam se acostumado com a minha ausência e minha filha já vivia a vida dela sem um pai.

Encarei as duas mulheres da minha vida sentadas no sofá, meu olhar se cruzou com o de Felicity. Ela deu um sorriso de leve e bateu duas vezes no lugar ao seu lado, me chamando para sentar. Como um cachorro que obedece a dona, eu fui.

⁃ Se sentindo deslocado? - ela perguntou quando eu sentei ao lado dela

⁃ Um pouco - dei de ombros fingindo que aquilo não me aflingia

⁃ Não precisa papai, eu vou estar sempre com você - Mia falou e eu sorri ao escutar a palavra que havia se tornado a minha preferida. Papai.

Minha filha saiu do colo da mãe e se jogou em meus braços. Cheirei seu cabelinho e dei um beijo.

⁃ Você já me abandonou, Mia!? - Felicity se fingiu de triste e a pequena riu

⁃ Eu já cuidei de você, agora é a vez do meu pai - falou com inocência e eu ri

⁃ Justo - a mãe respondeu

⁃ Não precisa ficar com ciúmes - falei apertando Mia contra mim

⁃ Não tenho - assegurou sorrindo, se levantou e foi até Laurel. Eu a segui com o olhar e prestei atenção em cada movimento seu. Ela abraçou a amiga, afagou suas costas, disse algo e a Lance assentiu, elas trocaram mais um par de palavras e a loira foi até seu irmão, Roy.

⁃ Tá escorrendo - Mia sussurrou em meu ouvido

⁃ O que? - perguntei sem entender

⁃ Você está babando pela mamãe - a pequena gargalhou e eu franziu o cenho

Era tão na cara assim?

Felicity retornou na hora em que eu iria responder a miliante mirim.

⁃ Mia - falou se abaixando em frente q menina - A mamãe já vai embora. Promete obedecer a sua madrinha? - era nítido o receio na voz de Felicity - Ela ainda está triste.

⁃ Eu vou me comportar, mamãe - esticou o bracinho tocando no rosto da mãe, e a mesma relaxou - Prometo cuidar da minha dindinha.

⁃ Essa é a minha garota! - sacudi ela que riu e puxou a mãe para um abraço.

Naquele dia soube que Laurel e Rebecca mantinham um quarto para Mia na mansão Merlyn, assim como havia um quartinho para os gêmeos na mansão Queen. Dessa forma os pais não se preocupariam com roupas e afins caso as crianças dormissem por ali. E, não sei porque, saber daquilo doeu em mim.

Pensei em Tommy e em tudo que poderia ter vivido ao lado do meu amigo. Dividir a paternidade com ele teria sido incrível. E por minhas decisões ruins eu perdi isso.

Felicity se despediu de todos e foi embora - não sem antes encher Mia de beijos e abraços. Era notório que ela não queria deixar a filha ali, queria ficar agarrada com a menina a todo tempo -, logo depois que ela saiu, Lyla e John se despediram também, e como eu tinha ido de carro com meu pai, fui embora com ele.

E em todo o trajeto de volta pra casa eu fui calado, calado pensando em tudo que perdi ao lado das pessoas que eu mais amava, as pessoas que estavam naquela sala.

(…)

POV Felicity

O vestido vermelho estendido na cama gritava chamando atenção, e toda vez que meus olhos batiam nele eu me questionava:

“O que eu estava fazendo?”

Para muitos que acompanharam minha história de perto, minha trajetória até aqui, me julgariam por estar fazendo isso. Sair com ele, ponderar dar mais uma chance a ele… Eu estava pedindo para ser machucada de novo.

Mas eu o amava, sempre o amei. Não conseguia mais negar isso e muito menos disfarçar.

Oliver estava sendo um pai incrível para Mia, ele a tratava como se ela já tivesse se tornado todo o mundo dele. E talvez ela fosse.

Eu poderia estar dando um tiro no escuro, ou um tiro em mim mesma. Mas meu coração dizia que eu deveria arriscar, que eu deveria tentar. Eu até poderia me machucar de novo, mas no fim, eu ao menos teria tentado. Eu não viveria no duvidoso “e se”.

E se Oliver fosse embora de novo?

E se Oliver não fosse mais embora?

E se Oliver me machucasse?

E se Oliver e eu déssemos certo?

E tantas outras perguntas que rondavam minha cabeça. Então decidi não ser covarde e tentar, me arriscar e pagar para ver.

A porta do meu quarto se abriu e uma cabeleira loira passou por ela sorridente.

⁃ Oi, mamãe - Mia entrou e se sentou no meu colo, eu estava sentada na penteadeira passando babyliss no cabelo. Coloquei o objeto quente de lado e abracei minha filha

⁃ Oi, amorzinho! - beijei sua cabecinha cheirosa

⁃ Você vai sair com meu pai?

⁃ Sim!

⁃ Seremos uma família de verdade então?

Meu coração se apertou com aquela pergunta. Nunca havíamos tido esse tipo de conversa.

⁃ Querida, nós já somos uma família de verdade - a virei para mim e olhei em seus olhos - Eu e seu pai, mesmo que não estejamos juntos, nós amamos você e isso é o que importa. Não precisamos morar juntos para sermos uma família, e seu pai pode dormir aqui sempre que quiser e você pode dormir com ele também. Somos sua família e te amamos - acariciei seu rostinho - Entendeu?

⁃ Sim, mamãe - sorriu - Eu também amo vocês! - Mia saltou do meu colo e foi olhar o vestido na cama - Esse vestido é muito bonito!

⁃ Que bom que gostou - sorri para ela - Ganhei de Thea e nunca usei.

Mia olhou bem meu vestido e correu para dentro do closet, dei de ombros e voltei a fazer meu cabelo. Minutos depois ela voltou com um salto nude que eu nem lembrava que tinha e uma bolsa de mão da mesma cor. Minha filha correu até onde eu guardava minhas joias e pegou meu conjunto prata de relógio, pulseira e cordão.

Aquela menina tinha o sangue de Thea Queen com toda certeza. Não tinha como negar!

⁃ Pronto, mamãe - disse animada - Meu pai vai se apaixonar mais ainda por você.

⁃ Mia! - repreendi. Como ela sabia dessas coisas?

A campainha tocou pelo apartamento e Mia saiu correndo. Eu sabia que Roy estava la embaixo e ele abriria a porta. Sabia também que eram Oliver e Thea que haviam chego.

Meu irmão e minha cunhada cuidariam da pequena para que pudéssemos sair.

Respirei fundo e terminei meu cabelo, a maquiagem já estava feita, então tratei de entrar na roupa e por as joias e o sapato. Coloquei minha carteira, celular e alguns itens importantes na bolsa e sai do quarto.

Pude ver a movimentação do quarto de Mia e vi que Thea e ela estavam lá. Minha filha mostrava a tia os novos brinquedos que Mandy havia ganhado de Oliver. Me despedi delas duas e desci.

Quando cheguei no meio das escadas, pude ouvir a voz do meu irmão dizendo:

⁃ Eu espero que você não seja um filho da puta novamente, Oliver - Roy dizia com raiva

Suspirei, tudo que eu menos queria agora era confusão.

⁃ Eu amo a sua irmã - Oliver respondeu

⁃ Você dizia a mesma coisa antigamente e abandonou ela no altar.

⁃ Eu era imaturo e irresponsável, Roy - o loiro suspirou - Eu não vou fazer isso de novo.

⁃ Até a última vez que chequei, você continuava sendo imaturo e irresponsável - meu irmão bufou - Acha que só porque descobriu que é pai sua personalidade fútil vai mudar? Você não passa de um…

⁃ Roy - gritei terminando de descer as escadas. Meu irmão se calou e eu os encontrei na cozinha - Já chega! - olhei para o meu irmão e ele tinha um semblante irado.

Roy fora a pessoa que mais me vira sofrer, passou noites me amparando e dias tentado fazer com que eu comesse. Eu o entendia, ele queria me proteger e eu estava me jogando para o perigo novamente. Mas eu tinha medo de que aquilo se tornasse uma briga e Mia escutasse o que não devia.

⁃ Felicity, você sabe o que eu penso disso tudo - riu sem humor e meneou com a cabeça

⁃ Está tudo bem, eu não sou mais a adolescente frágil de anos atrás - beijei a bochecha dele o olhei para Oliver - Sei me proteger dele.

O loiro estava impecável, com seu blazer preto alinhado e o cabelo arrumado. Os músculos saltavam pela roupa e o relógio em seu pulso o deixava extremamente sexy. Segurei a vontade de morder o lábio com a visão a minha frente. Que visão!

⁃ Vocês se comem com olhar - Roy olhou de mim para Oliver - Eu vou sair daqui - e saiu da cozinha subindo para o segundo andar.

⁃ Não liga para o que ele fala - disse e Oliver riu - Ele só quer me proteger

⁃ O pior de tudo é que ele tem razão - se aproximou de mim - Se fosse Thea no seu lugar, eu também não ia gostar.

⁃ Então você admite que é um erro sairmos juntos? - meu coração palpitava a cada palavra que eu ouvia dele, e a cada palavra que eu dizia.

⁃ Jamais - colocou uma mecha do meu cabelo para atrás da minha orelha - Você está linda!

⁃ E você não está nada mal - sorri e ele retribuiu - Vamos?

⁃ Com certeza!

Oliver me puxou pela mão e saímos do apartamento, digitei o código para tracar a porta e ele chamamou o elevador.

Estar sozinha em um elevador com Oliver Queen era uma tortura. A nossa tensão sexual era gritante, até um cego percebia. Estávamos um ao lado do outro, nossos dedos mindinhos se encostavam e eu podia sentir uma eletricidade passando de mim para ele e dele para mim. Eu me segurava para não agarra-lo ali mesmo.

Esse homem era minha perdição!

Respirei aliviada quando a porta do elevador se abriu e saímos de lá sem cometermos um atentado ao pudor.

⁃ Eu disse que queria sair com o Oliver Queen lutador - falei quando paramos em frente à um AUDI R8 preto - E não com o Oliver herdeiro. - ele riu e abriu a porta para a mim

⁃ Acontece que tanto o lutador quando o herdeiro possuem as mesmas paixões. A diferença é que o herdeiro estaria de terno e gravata, eu só estou de blazer

Entrei no carro e ele fechou a porta, deu a volta e se sentou no banco do motorista dando a partida.

⁃ E quais são as paixões que ambos possuem?

⁃ Carros esportivos, Mia e… - ele me olhou por um segundo e voltou a olhar para a estrada - E você, é claro.

⁃ É claro - dei uma risada e meneei com a cabeça - Pra onde vamos?

⁃ Surpresa.

Ele ligou o som e Like a Stone do Audioslave começou a tocar. Velhos hábitos não mudavam afinal de contas. Oliver ainda gostava de um rock alternativo.

O caminho até o local desconhecido foi calmo, eu não fiquei fazendo perguntas e deixei que ele fizesse sua surpresa, cantamos juntos algumas músicas da banda que sempre gostamos. Entranhei quando o carro parou em frente à um hotel. E na entrada do mesmo estava cheio de repórteres e algumas pessoas com celulares na mão.

Olhei para a Oliver com cenho franzido e ele riu.

⁃ Meu empresário vazou que eu estava hospedado nesse hotel - ele desligou o carro e alguns seguranças se aproximaram - Você não queria saber como era sair com o Oliver Queen lutador? - Oliver se debruçou chegando mais perto de mim e acariciou minha bochecha, meu corpo saiu de órbita com aquele toque - Não se assuste, não responda aos repórteres e não sai de perto de mim. Pode fazer isso?

⁃ Sim - assenti e ele me deu um beijo na bochecha saindo do carro.

A loucura começou assim que os repórteres e os fãs viram que era Oliver ali. Eles avançaram como se fossem predadores atrás de suas mais valiosa presa e os seguranças gigantes fizeram a escolta de Oliver até a minha porta, ele a abriu e me deu a mão me ajudando a sair. Oliver passou sua mão pela minha cintura me grudando dele o máximo que conseguia.

As vezes nós éramos assediados pelos paparazzi por fazemos parte da elite de Starling City, mas nada era comparado a aquilo. Haviam repórteres de todas as emissoras de TV e representantes de site e blogs de fofoca. Os fãs gritavam o nome de Oliver como se ele fosse um Deus, eles empurravam os seguranças tentando a todo costo encostar nele. Flashs de câmeras me cegavam e eu grudei em Oliver o máximo que eu pude.

As perguntas que mais ouvíamos dor repórteres eram: “Oliver, onde esteve?”, “Oliver, não irá voltar as lutas?”, “Você largou os rings para assumir as empresas da sua família?”, “Você e Felicity reataram?”, “Se mudou de vez para Starling?”

Agradeci aos céus pelas aquelas pessoas não terem ciência da existência de Mia. Mas eu sabia que quando soubessem que o glorioso Oliver Queen tinha uma filha, a mídia cairia em cima de todos nós. Uma coisa é Felicity Smoak ser mãe solteira, outra é Felicity Smoak ser mãe da filha de Oliver Queen.

Os seguranças forçavam a passagem pelo meio das pessoas até que suspirei aliviada quando entramos no hotel. Olhei para Oliver divertida e ele riu.

⁃ E então? - colocou uma mecha do meu cabelo para atrás da minha orelha e podia sentir diversos flashs capturando aquele momento pelo vidro da porta do hotel. - Gostou do caos?

⁃ Isso é uma loucura! - ajeitei meu cabelo e ele puxou a minha mão até o elevador - Como consegue?

⁃ É consequência do meu trabalho - deu de ombros - Eu não gosto, mas me acostumei.

⁃ Eu não ia conseguir viver assim - falei quando entramos no elevador e percebi que ele apertou o botão do terraço

Ele me olhou com o semblante um pouco triste e então eu percebi o que eu havia falado. A vida de Oliver era essa, assediado pelos repórteres, paparazzi e fãs. Onde ele ia, o que comia, o que fazia, com quem saia… Tudo era noticiado pela mídia nacional e internacional. Ele era o fenômeno dos rings da nossa geração e se um dia ficássemos juntos, minha vida se tornaria esse caos. Minha fala era uma negação a tudo isso.

Por mais que vez ou outra meu nome aparecesse em notícias, não se comparava a isso.

⁃ Eu não vou deixar que cheguem até vocês duas - garantiu

⁃ Oliver, eu… - queria tentar me explicar, mas minha voz morreu quando eu percebi que não havia o que explicar.

Eu sempre fui uma pessoa reservada. Tudo que saia na mídia sobre mim eu fazia com que apagassem e ninguém nunca havia noticiado algo sobre a Mia. Até quando ela aparecia em eventos com Robert, cuidávamos para que ela não ficasse exposta. Sabíamos que a partir do momento que ligasse o sobrenome dela, e procurassem nos registros sua certidão de nascimento, estaríamos perdidos.

Mas Oliver já tinha ciência que era pai, uma hora a mídia chegaria nela.

⁃ Quando eles souberem de Mia, farei com que fiquem longe.

⁃ Eu sei que você fará de tudo para protegê-la

⁃ Assim como a você - me olhou e a porta do elevador se abriu. Sorri animada ao ver um helicóptero nos esperando no heliporto do hotel, ele era todo preto e tinha a logo que Oliver usava em suas lutas gravada em branco nas laterais das portas.

Um OQ com uma coroa em cima das letras. “O rei dos ringues” como alguns os chamavam. Tão clichê.

⁃ Um helicóptero? - olhei para ele e nos aproximamos do enorme meio de transporte

⁃ O Oliver herdeiro te levaria no melhor e mais caro restaurante da cidade, e ele usaria o helicóptero da empresa para qualquer passeio - ri das comparações dele com ele mesmo e com sua ajuda subi no helicóptero prendendo o cinto. Ele colocou o fone com microfone em mim e se acomodou aí meu lado, colocando o mesmo fone em se próprio - Está ouvindo? - falou se referindo ao bom funcionamento da saída de som e eu assenti, Oliver fez sinal e o piloto ligou a hélice levantando voo - O Oliver lutador nunca te levaria para jantar na mesma cidade em que os paparazzi pensam que ele está, e ele também tem seu próprio helicóptero.

⁃ Você é muito modesto, senhor Queen - falei e ele riu - Onde estamos indo?

⁃ Você não gosta mesmo de surpresas não é? - segurou minha mão - Gosta de controlar tudo.

⁃ Tudo culpa da maternidade - disse fingindo deboche e ri

⁃ Prometo que não vai se arrepender

Assenti e olhei a paisagem da cidade. Starling City a noite era uma visão e tanto. As luzes davam um show, era como sobrevoar Nova York.

Oliver e eu não trocamos nenhuma palavra durante todo o trajeto. Na verdade falávamos apenas quando ele me mostrava alguns pontos e tentava me explicar nossa localização sem dizer onde estávamos indo. Ele me avisou quando não estávamos mais em Starling City. Me mostrou quando sobrevoamos San Francisco e eu percebi que poderíamos estar indo para Coast City.

Coast City não era tão próxima de Starling City, mas se o helicóptero estivesse bem abastecido, chegávamos em menos de três horas. O que me fez pensar se Oliver queria mudar de estado para jantar comigo, porque não optou pela jatinho particular? Chegaríamos em quarentena e cindo minutos. Quis perguntar, mas preferi ficar quieta.

O helicóptero começou a perder altura quando avistei as luzes do centro da cidade.

⁃ Coast City - disse e olhei para ele

⁃ Coast City - assentiu sorrindo

Quando o meio do transporte pousou, soltei o cinto e tirei o protetor da minha orelha. Oliver fez o mesmo e me ajudou a descer. Não estávamos em um prédio ou nada do tipo, estávamos em heliporto no solo. Um carro com motorista nos esperava ali perto.

Com as mãos entrelaçadas andamos até o carro, Oliver abriu a porta para mim e depois sentou ao meu lado.

⁃ Já estamos chegando - falou quando o carro deu a partida. Minutos depois estávamos em um restaurante no porto de Coast City. O lugar era lindo, haviam luzes penduradas no teto e uma ponte que ligava o porto ao restaurante que flutuava na água. Um restaurante flutuante. Olhei para Oliver animada e ele riu para mim - Gostou?

⁃ Sim! - disse empolgada e puxei ele pela mão para atravessar a ponte.

(…)

⁃ Mia sempre foi uma criança tranquila, muito a frente de sua idade - disse bebericando o vinho que Oliver havia escolhido.

O restante servia diversos tipos de pratos, desde massas, até furtos do mar. Optamos por uma pizza, era mais a nossa cara, metade pepperoni - minha preferida - e metade mushroom - preferida de Oliver -, o vinho caía bem o a massa.

O lugar era calmo e muito sofisticado. As pessoas estavam bem vestidas e os garçons eram muito educados. Tinha música ao vivo em som ambiente e alguns casais dançavam.

Oliver e eu já havíamos conversado muito, ele havia me contando sobre sua vida de lutador e eu falei como foi assumir os negócios da minha família depois da morte dos meus pais.

Agora o assunto era o nosso assunto preferido: Mia.

⁃ Ela me lembra muito a Thea, que a minha irmã não me escute. - ele riu

⁃ Eu também acho! - falei um pouco altiva, o vinho já estava me deixando alegre, era melhor parar - Ela gosta de escolher minhas roupas - ri com a lembrança - As vezes eu acho que não teria conseguido sem ela. - suspirei desfazendo o sorriso - Não teria conseguido seguir em frente após a morte dos meus pais, Mia era o motivo pelo qual eu precisava levantar da cama, pelo qual eu precisava me alimentar - mexi na pizza com o garfo evitando olhá-lo - Ela supriu a su… - parei de falar e meneei com a cabeça, não queria levar a conversa para esse lado, mas o álcool e minha boca sem filtro trabalhando juntos não dava muito certo

⁃ Supriu a minha falta? - perguntou - Felicity, olha pra mim - pediu e eu o fiz - Me desculpe por não estar com você quando precisou, se eu soubesse de tudo, teria voltado.

⁃ O que aconteceu, aconteceu - suspirei - E se um dia eu desejei que voltasse, eu queria que fosse porque sentia minha falta, e não porque eu estava prestes a entrar em uma depressão.

Ele ficou em silêncio e desviou o olhar do meu. Aquele assunto era delicado. Porque nós sabíamos que ele não havia voltado pois sentiu falta, ele voltou porque vira a notícia da morte de Tommy da TV. Ele não estava morrendo de saudade de mim, ou da família dele, ele veio pelo luto.

E lá no fundo do meu coração isso doía um pouco. Não sabia se estava sendo egoista ou não por ter esse pensamento. Mas era egoísmo querer que o homem que você amava voltasse por sua causa? Eu gostava de pensar que não. Gostava de pensar que era normal desejar isso.

⁃ Eu sinto muito - falou com pesar - Eu sentia sua falta todos os dias, mas eu era covarde. Ainda sou.

⁃ Você é tudo, menos convarde - quis mudar de assunto - Olha o tamanho dos caras que você enfrente nos ringues - forcei um sorriso

⁃ Então você acompanha minhas lutas?

⁃ Mas é claro que não! - falei e ele meneou com a cabeça

⁃ Claro que não - disse e bebeu seu vinho

Voltamos a comer em silêncio, apenas aproveitando a música e a massa que estava uma delícia. Vez ou outra eu pegava Oliver me encarando e eu corava. Ficava encabulada como uma adolescente apaixonada.

Quando os músicos começaram a cantar “Perfect” do Ed Sheeran, eu comecei a cantarolar e Oliver arqueou uma das sobrancelhas.

⁃ O que foi? - perguntei

⁃ Quer dançar?

Ponderei para responder, era perigoso demais estar tão grudada nele, mesmo sendo durante uma música. Oliver era um ponto fraco para mim, mesmo que eu tente ser forte.

⁃ Quero.

Ele se levantou e estendeu a mão para mim, a peguei e Oliver nos conduziu até a pista de dança em frente ao pequeno palco. Ele passou seus dois braços pela minha cintura e eu passei os meus em volta de seu pescoço. Estávamos próximos demais. Minha respiração começou a ficar descompassada e eu hiperventilei. Tentei ao máximo não surtar e aproveitar o momento.

Nos balançavanos no ritmo da música e eu podia dizer que meu coração desregulado também batia no mesmo ritmo.

⁃ Felicity - ele falou próximo ao meu ouvido e eu me afastei o olhando, estávamos tão próximos que a respiração dele batia em mim. Isso era perigoso! - Você realmente me desculpa por tudo?

⁃ Você devia parar de ficar se desculpando toda hora - tirei minha mão de seu pescoço e alisei sua barba por fazer - Ficou no passado, o que importa é o agora. Mia está bem, eu estou bem e bom… Você também.

⁃ Poderia ficar melhor - disse me prensando contra si

⁃ Oliver… - repreendi entendendo sua insinuação

Nossos rostos estávam próximos demais, nossas bocas com apenas um palmo de distância. Seu olhar era fixo em meus lábios e meus olhos oscilavam entre suas iris azuis e sua boca. Nossas respirações se fundiam e eu sentia a distância entre nós dois se encurtar.

Eu estava nervosa, como se fosse a primeira vez que passávamos por aquilo. Um encontro, o clima mudando, e a tensão sexual gritando… Mas talvez fosse a primeira vez, a primeira vez naquelas circunstâncias. Adultos, pais e machucados pela vida e pelas escolhas.

Quando nossos lábios finalmente se tocaram, todo o meu corpo se ascendeu, era quase obscena a forma que todo o meu sistema reagia à Oliver. As mãos dele passearam pelas minhas costas parando elas na minha cintura onde deixou um leve aperto. Sua língua pediu e eu entreabri os lábios.

O beijo começou calmo, lento, um leve massagear de lábios. Mas eu não estava com paciência para aquilo, eu sentia saudades de beija-lo, sentia saudades de sentir suas mãos em mim… Nós dois sempre fomos como fogo e pólvora. Minhas mãos voltaram para sua nuca onde fiz carinhos lá e a outra mão puxava de leve seu cabelo enquanto intensificávamos o beijo. Tudo se tornou mais veroz e podia sentir a mão de Oliver querer escorregar para minha bunda. Podia sentir sua ereção batendo em meu ventre e minha intimidade latejou querendo mais.

Mordi seu lábio inferior e ele soltou um leve grunhido, me apertando mais conta si. Me forcei para lembrar onde estávamos. Em público, em um restaurante, com diversas pessoas a voltada. Mas a forma como nos beijávamos era tão viciante que se tornava impossível parar.

Relutante, lhe dei um selinho e me afastei.

⁃ Felicity… - ele reclamou fazendo um bico de descontentamento que me fez lembrar Mia.

⁃ Estamos em público - sussurrei olhando em seus olhos e acariciando sua barba por fazer.

⁃ Você quer sair daqui?

⁃ Achei que nunca pedir.

(…)

Pensar no caminho para casa foi uma tortura, tanto tempo voando de helicóptero não era nada agradável quando tudo que eu queria era chegar em casa e terminar o que começamos no restaurante.

Mas Oliver já tinha tudo planejado, e o motorista nos deixou em um aeroporto onde um jatinho de aluguel nos esperava. Perguntei a Oliver o motivo de ter vindo para tão longe de casa, ele disse que não queria ser incomodado por paparazzi ou repórteres. E que escolheu o helicóptero apenas para passar mais tempo comigo. O antigo sorriso bobo de uma besta apaixonada.

Passamos o voo todo aos beijos e quase não resistimos e fizemos amor ali mesmo, carícia e toques nos deixavam mais mais motivos a concluir o ato o quanto antes. Quando pousamos em Starling City, Oliver não me levou para o meu apartamento, me levou para a mansão e eu agradeci por isso. Não quero acordar Mia ou nossos irmãos.

Quando a porta da mansão se fechou atrás de nós, Oliver selou nossos lábios novamente e me ergueu pela nadega ficando entre minhas pernas e me levando escada acima.

No meio do caminho ele me olhou e disse:

⁃ Você tem certeza?

Apenas o olhei e sorri. Selei nossos lábios em um beijo cheio de respostas. Um beijo cheio de "Sim, eu tenho certeza". E ele entendeu essa resposta, ele riu e aprofundou o beijou caminhando até seu quarto. Eu sentia uma ardência no meu corpo que só poderia ser abafada pelo toque dele. Pressionei meu corpo contra ele, e Oliver apertou mais minha nadega me pressionando contra sua ereção. Quando entramos no quarto eu tratei de me livrar de seu blaser e desci minhas mãos pelo seu peito desabotoando a camisa branca que ele usava.

Oliver me colocou sentada na cama e me olhou com devoção.

— Felicity... - mais uma pergunta querendo saber se eu tinha certeza viria, tratei de corta-lo antes de concluir. Eu queria, queria muito.

— Eu quero, Oliver – olhei em seus olhos – Faça-me sua. – ele grunhiu e voltou a me beijar com certa voracidade ficando por cima de mim na cama. Tirei sua camisa e passei minhas mãos por todo o seu peitoral nu. Ele apertava minha cintura e pressionava a minha intimidade contra a sua.

Ele me sentou na cama e deslizou o zíper do vestido e depois se livrou dele me deixando apenas de calcinha e salto, já que meu vestido não pedia um sutiã. Oliver admirou meus peitos com o olhar cheio de luxúria e logo depois abocanhou meu seio direito, massageando o esquerdo. Puta merda! Aquilo era uma delícia! Gemi fechando os olhos e invertendo nossas posições, rebolando em cima dele. Oliver estava duro, muito duro. Ele subiu a boca pelo meu pescoço e marcou seu território ali, e logo depois selou nossos lábios novamente. Sai de seu colo e fiquei em pé. Ele entendeu o que eu queria e também ficou de pé se livrando do seu jeans. Ele me olhou com luxuria antes de me deitar na cama e subir em mim com cuidado.

— Você continua perfeita – sussurra em meu ouvido me fazendo arrepiar – Senti tanta falta de você - Sorri com isso e voltamos a nos beijar. Desci minhas mãos até a barra da sua cueca e ele me parou – Eu faço as honras – E então desceu as suas mãos até a minha calcinha rasgando a peça e penetrando dois dedos na minha intimidade. Gemi alto quando ele começou a estocar e com a outra mão estimular meu clitóris. Ele estocava com força e eu gemia descompassada, Oliver trocou o dedo pela língua e começou a me chupar enquanto continuava me penetrando com seus dedos ágeis.

Eu lembrava com exatidão de como era o sexo com Oliver Queen, e depois de tantos anos o homem só havia melhorado com a língua. Imagina com o…

— Oh! - gemi quando ele chupou com mais força dando leves mordidas, levei minha mão até seus cebelos e comecei a rebolar em sua boca - Isso! - eu gemia descontrolada, palavras desconexas. Seu dedo entrando e saindo de mim junto com sua língua estavam fazendo minhas pernas tremerem, e então eu senti. Senti o orgasmo vindo e com um último gemido alto eu me libertei em sua boca.

Ele sorriu vitorioso e me beijou, um beijo lascivo e voraz. Nossas bocas brigavam para ver quem controlaria o beijo. E então ele se afastou de mim e se livrou da cueca, fixei meu olhar em seu membro grande e grosso. Com certeza maior desde a última vez que o vira. Subiu em mim e voltou a me beijar.

— Vamos logo, Oliver. - minha intimidade gritava para que ele fizesse logo o que deveria ser feito.

Ele gargalhou.

— Calma, meu amor. Teremos a noite inteira.

Ele veio para cima de mim e beijou meu pescoço, desceu os beijos para o meu busto, seios, até chegar em minha barriga. E então ele voltou sua atenção para os meus seios e começou a chupa-los arrancando gemidos meus. E sem nenhuma cerimônia, Oliver me penetrou, o fato o fez soltar um gemido rouco e totalmente sexy contra o meu seio. Ele começou a estocar devagar e eu me abri mais para ele.

Em um movimento rápido nós invertemos as posições e eu fiquei por cima. Rebolei em cima dele soltando gemidos enquanto Oliver massageava meu seio com uma mão e meu clítoris com a outra... E puta que pariu, que delícia!

— Felicity - ele gemia meu nome com a voz rouca, de olhos fechados e mordem o lábio. Aquele homem era a visão dos céus.

— Ahn - soltei aumentando o rítido das reboladas enquanto ele me massageava com força

Espalmei minhas duas mãos em seu abdômen definido e comecei a subir e descer meu quadril pela extensão do seu membro. Sentando loucamente em cima dele. Para cima e para baixo, sem perder o ritmo.

— Puta que pariu - rosnou apertando meu clítoris me fazendo ver estrelas - Que delícia!

— Oliver - gemi com a voz tomada por tesão e ele apertou minhas duas coxas com tanta força que eu sabia que ia ficar marcado. Nossos corpos faziam barulho ao se chocarem e sentia o suor se formando em minha testa. - Oh - comecei a sentar em seu membro com mais força quando senti o orgamos se formando na minha intimidade.

— Gostosa - ele gemeu me jogando na cama, colocando uma de minhas pernas em seu ombro e me penetrando com tanta vontade que a cama rangia no chão e batia na parede - Porra - mordeu o lábio e jogou a cabeça para trás sendo tomado pelo orgasmo, senti seu líquido sendo jorrado dentro de mim. Mas ele não parou com as investidas, continuou metendo com força até ter certeza que eu havia gozado.

E soltando um último grito, minhas pernas tremeram e eu me senti mais melada que o normal.

Caralho! Que sexo foi esse... Que homem é esse!

Ele caiu do meu lado e me olhou sorrindo, apenas para recuperar o fôlego e começarmos tudo de novo.

Sexo com Oliver Queen se tornou melhor depois de tantos anos, agora estava comprovado!


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Notas finais do capítulo

A parte 5 é a última…
Ainda estou escrevendo.

Esperem que gostem!



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