Orgulho e Preconceito - Perdida no século XVIII escrita por Aline Lupin


Capítulo 41
Capítulo 41




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Lizzy respirou profusamente, olhando pela janela da carruagem, vendo a paisagem mudar conforme o veículo percorria a estrada. Não sabia como sair daquela situação. Pensou em abrir a porta da carruagem e pular, contudo, com os braços amarrados atrás das costas, não iria tão longe e com certeza Lorde Clifton iria atrás dela, de forma que seu plano não funcionaria. Mentalmente, pensava em Alexander. Será que ele sabia que tudo aquilo poderia acontecer? Se ele previa o futuro, cm certeza sabia o que iria acontecer com ela. Por que não estava ali para ajudá-la?

Enquanto refletia sobre seu infortúnio, não notou que uma carruagem emparelhava com a que ela estava, na estrada de terra. O sol já sumia no horizonte e a iluminação era pouca, mas Lizzy percebeu que havia alguém do lado de fora, em cima de um cavalo. Pode distinguir a figura do cavalheiro e percebeu que ele olhava diretamente para ela.

— Ah meu Deus, Darcy! – Ela sussurrou, surpresa.

Ele não havia esquecido dela. Estava ali para salva-la!

Lizzy olhou para o lado, vendo Lorde Clifton dormir profundamente. Ela pensou em escapar naquele momento, abrindo a porta da carruagem. Poderia saltar e Darcy a pegaria em seguida. Contudo, não precisou fazer isso. Algo fez o veículo parar de forma abrupta e Lizzy caiu de joelho no piso da carruagem, sentindo o ar faltar, devido ao impacto e pela dor que percorreu seu corpo.

— Mas, que diabos...? – Lorde Clifton protestou.

Ele também havia caído do seu assento, mas se levantou rapidamente. Ao abrir a porta, no entanto, não teve tanta sorte. Uma pistola apontada para ele. Lizzy reconheceu Darcy empunhando a arma e atrás dele, Bingley segurava o homem que condizia a carruagem, com a ajuda do Sr. Dawson. Ter a visão deles inundou o coração de Lizzy de felicidade. Ela imaginou que poderia morrer nas mãos de lorde Clifton.

— Darcy – ela murmurou, com a voz estrangulada na garganta.

Ele apenas anuiu para ela, sem sorrir.

— Saia da carruagem, Lorde Clifton – Darcy ordenou, em tom autoritário.

O homem ao lado dela tremia e fez o que foi ordenando, levantando as mãos para cima, rendido.

— Sr. Darcy, espero que não pense que foi da minha autoria esse rapto – Lorde Clifton disse com a voz tremula – Isso tudo é culpa da sua tia.

Então, Lizzy pode ver Darcy baixar a arma e dar um gancho de direita no rosto de Lorde Clifton.

— Conte isso ao juiz- Darcy cuspiu.

Lorde Clifton caiu de joelhos no chão, implorando para não morrer. Parecia estar reduzido e humilhado diante da figura imponente de Darcy. Então, o noivo de Lizzy pediu a um dos criados que amarrasse Lorde Clifton e seu capanga colocando-o na carruagem. Os dois deveriam ser levados de volta a Derbyshire e presos.

Darcy entrou na carruagem, assim que tudo estava resolvido e com a ajuda de uma faca, desatou os nós da corda que amarrava, os pulsos de Lizzy. Depois, aconchegou sua noiva em seus braços. Os dois permaneceram em silêncio. Era possível ouvir a outra carruagem, se afastar. A deles ainda não tinha se movido. O Sr. Dawson esperava pacientemente pelas ordens de seu amo.

— Eu sinto muito – Darcy disse, beijando o topo da cabeça de Lizzy – Eu nunca devia ter deixado minha tia entrar em nossas vidas novamente. Não imaginava que ela poderia fazer algo como isso.

Lizzy, ainda sentindo os pulsos ardendo, apenas se encolheu, aproveitando o abraço de Darcy, sentindo o corpo exausto por tanto tempo sentada em um espaço tão pequeno, com medo do que viria a seguir. A adrenalina dos momentos de tensão estava dissipando e ela se sentia exausta mentalmente e fisicamente.

— Não é sua culpa – Lizzy sussurrou – Lady Catherine com certeza desejava que você desposasse Anne. Ela só me queria fora do caminho.

— Eu sei – Darcy disse, beijando mais uma vez os cabelos de Lizzy, apertando-a em seus braços – Mas, eu jamais faria isso. Eu a amo e quando você desapareceu, Elizabeth, eu nunca tive vontade de me casar novamente. A insistência de tia Catherine beirava ao inconveniente. Apenas a aceitei por ela dizia estar doente. Precisando de ajuda.

— Está tudo bem, Darcy. Você está aqui agora. Eu só quero ir para casa agora.

— É o que faremos, Elizabeth. Eu a levarei para casa. E nada, nem ninguém irá tira-la de mim, novamente.

 

*

 

Após a situação resolvida, Darcy descobriu através do depoimento de Lorde Clifton que sua tia havia pago ele para fazer o que desejasse com Elizabeth, pois a intenção dela era afasta-la, para induzir Darcy a se casar com Anne. Contudo, a lei protegia lady Catherine, devido a sua fortuna. Logo que Lorde Clifton confessou que a mentora do rapto era ela, a senhora se mudou para França, para não ter que responder a nenhum processo e pagou seus advogados para defende-la e inocenta-la. O que deixou Darcy muito furioso. No caso de Lorde Clifton, ele alegou que jamais iria matar a noiva de Darcy, apenas a levaria para Escócia, para se casar com ela. Pois, de fato, poderia receber mais dinheiro de Catherine, para sustentar a si mesmo e sua mãe, que ainda estava viva. Contudo, ele permaneceu preso, por não ter dinheiro para pagar um advogado e Darcy fez de tudo para que permanecesse assim.

Semanas se passaram, até que Elizabeth estivesse bem. Ela parecia assustada e com medo de tudo, permanecendo isolada na mansão Pemberley. Contudo, Darcy não deixou de tentar anima-la e leva-la a passeios. Assim com Georgiana, que não saiu de perto da cunhada, pedindo ajuda para seu casamento e sua opinião. Mesmo que a jovem Georgiana estivesse sofrendo com alguns problemas de relacionamento com Richard, ainda não havia desistido de se casar com ele.

Darcy, apesar de ser paciente, esperava ansioso para reafirmar seu compromisso com Elizabeth. Ele não sabia como abordar o assunto, sabendo o quanto ela estava frágil. Em certo dia, depois de um mês do acontecimento do seu rapto a encontrou sentada no jardim, em uma cadeira, com um diário aberto em seu colo, enquanto escrevia. Jack, seu spaniel e o cachorro que ele havia comprado para ela, depois que Boris havia desaparecido, estavam deitados aos pés dela, parecendo dormir. O dia estava frio, mas mesmo assim, Elizabeth insistia em ficar ao lado de fora.

Darcy se aproximou com cautela de sua noiva, carregando o anel de compromisso que ele havia comprado para ela em seu primeiro pedido de casamento. Ele rodava o anel dentro do bolso, esperando que esse fosse o momento perfeito para pedi-la em casamento mais uma vez. Georgiana havia incentivado ele a fazer naquela tarde. A situação dele e de Elizabeth estava sendo mal vista pelos vizinhos aos arredores, pois sabiam perfeitamente que os dois estavam noivos e não deviam morar sob o mesmo teto. Contudo, não era algo que Darcy se importasse. Mas, ele se importava com a reputação da irmã, além de desejar fazer tudo como a lei de Deus mandava. Ele sabia que só poderia honrar Elizabeth, se estivessem casados. E era o que mais desejava.

— Olá – ele se anunciou, a pelo menos alguns passos dela.

Elizabeth parou de escrever em seu diário e levantou o rosto para ele. Ela esboçou um sorriso pequeno e se levantou, deixando o seu diário, a pena e o tinteiro sobre a cadeira. Os cachorros se afastaram, se espreguiçando e começaram a pular em Darcy e Elizabeth. O que o fez sorrir.

— Olá, Darcy – ela disse com a voz suave.

Era assim todos os dias com ela. Se via sorrindo, com o coração disparado e a boca seca. Sentia-se alegre na presença daquela mulher, que havia mudado sua forma de pensar sobre o mundo e sobre as mulheres. Sobre as diferenças de classe. E até mesmo, o fez acreditar em viagem no tempo. Algo que nunca passou por sua mente.

— Sabe, faz exatamente um mês que a senhorita voltou para minha vida – ele disse, pigarreando, sem jeito. Não sabia como começar a falar o que desejava. Sentia-se desajeitado.

— Sim, é verdade – ela disse, sorrindo de forma ampla – Estou feliz de ter voltado.

— Me pergunto se a vida aqui era o que imaginava – ele disse, passando a mão pela nuca, inseguro. Temia que um dia ela quisesse partir. Desejava fervorosamente que não.

Ela pareceu pensar diante do que ele disse. O que o deixou receoso.

— Na verdade, é muito monótono – ela confessou, gerando medo nele – Mas, você e Georgiana tornam tudo mais divertido.

— Verdade?

Ela assentiu, com um sorriso doce e se aproximou dele, tocando-o com as mãos espalmadas em seu peito. O coração de Darcy estava disparado, apenas por sentir o toque dela. Fazia um mês que ele não a tocava de verdade. Evitava isso, para não tornar a situação entre os dois mais vergonhosa. Não queria ser um mal exemplo para sua irmã. Contudo, não suportava mais não sentir seu toque, não poder beija-la e nem poder toca-la. Precisava adiantar o casamento. E se ela desejasse, poderia ser no dia seguinte.

Darcy tomou as mãos de Elizabeth, beijando cada uma delas, no dorso. Ela sorriu, ruborizando e isso era o que mais o deleitava.

— Estou pensando em algo – ele disse. Ela arqueou a sobrancelha- Se amanhã não chover, quer passear comigo até a paróquia?

Ela gargalhou.

— O que está aprontando, Darcy? – ela perguntou, com bom humor.

— Apenas diga que sim – ele pediu, beijando os dedos dela – Tenho uma surpresa para você.

 


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