Avec mortem escrita por K Maschereri


Capítulo 16
Quebrando A Rotina




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Apenas o som das teclas lentas e leves murmurinhos podiam ser ouvidos pelos corredores da sede da politia romena. O turno noturno não era sinônimo de calmaria mas, excepcionalmente, parecia que até mesmo os mal intencionados tinham sido desencorajados pelo frio.

Não que os policiais de plantão se importassem. Qualquer chance de voltar mais cedo das rondas e se refugiar no precinto era válida, ainda mais com o fato de que a máquina de bebidas quentes tinha sido re-estocada pela segunda vez no mês.

Duas recargas em um mês não era muita coisa. Ainda mais em uma delegacia, de todos os lugares: Qualquer pessoa decente sabe que policiais reais não são movidos à rosquinhas, mas sim, à café.

Radu se encontrava na metade do seu sétimo copo da noite, o que podia ou não ser o responsável pelo constante movimento repetitivo de sua perna esquerda, indo contra o chão, e pela dor latejante que tomava conta de suas têmporas.

Já Nikolaj, muito menos agitado, posicionado atrás de sua parte da mesa que dividiam, se ocupava em terminar os relatórios que lhe foram incumbidos mais cedo, no começo do turno, e bebericar alguns goles do chá de camomila que já estava gelado em sua caneca.

Ambos trabalhavam na mais perfeita das harmonias, gratos por não terem que encarar o frio lá fora. Ao menos, Ionescu estava. Bauer, por outro lado, gostaria muito de estar nas ruas geladas da cidade, já que tinha sido afastado indeterminadamente do trabalho de campo, e, atualmente, ocupava seu tempo entre digitar relatórios intermináveis e fisioterapia, tentando não pensar na situação que se encontrava, e não sentir raiva de si mesmo.

Claro, o ataque não tinha sido sua culpa, mas era uma lembrança constante caracterizada por pontas doloridas por toda sua perna, além do som perpétuo de sua bengala contra o chão de cimento queimado da delegacia. E assim, a noite continuou.

Quando o velho relógio na parede acinzentada marcava perto das onze da noite, Radu levantou-se, esticando os braços e as pernas desajeitadamente.

— Falta muito aí, Nikos? — murmurou, com as mãos acariciando suas têmporas carinhosamente, que ainda eram atingidas por uma forte dor de cabeça.

— Um pouco. Por quê? — Foi a resposta quase automática do ruivo, ainda concentrado na nada pequena tela do computador em sua frente.

com fome, e quase na hora do intervalo. Acho que vou sair para comer alguma coisa. Você vem?

Isso pareceu chamar a atenção do outro detetive, que sorriu com a menção de comida, deixando de focar-se no computador.

— Claro!! Onde vamos, desta vez??

Radu sorriu. — Que tal o Tinecz?? Podíamos comer Frigarui.

— Frigarui?? No Tinecz? Com essas roupas? Mas nem morto! — Indignado, Nikolaj se levantou, com o cenho franzido e sua fiel bengala de apoio já posicionada.

— Fresco. — Foi a única resposta que o outro detetive se dignou a dar, mesmo que ficasse feliz em ouvir isso. Tinha sentido falta de seu companheiro de trabalho; e era bom, finalmente, ver pequenas partes do antigo Nikolaj voltando à tona. — Que tal algo rápido, então? Podemos pegar algo perto do complexo estudantil e, quem sabe, dar uma passada na sua casa, ver como estão os outros. Eles iam pra lá hoje depois do turno da tarde, não é? — Ccomentou Radu, se referindo–se  a Mircea, Neela e Klinsmann.

— A essa altura, caindo de bêbados — Bauer sorriu largamente, indo em direção à porta da sala.

— Isso também. Vamos, antes que o frio piore e a gente congele.

E os dois detetives seguiram em direção à saída do distrito de polícia, Radu reduzindo o passo para não deixar Nikolaj para trás. Porém, antes de chegarem até a porta de madeira pesada, foram surpreendidos por uma pequena horda de policiais esbaforidos, que se puseram a falar todos ao mesmo tempo, em uma pequena cacofonia policial.

A confusão se seguiu por uns bons 30 segundos, até que Nikolaj interferiu com um aceno de mão e um olhar severo, que fez os polícias se calarem em tempo recorde.

— Mais calmos? — Pperguntou, enquanto todos os policiais (e seu parceiro de trabalho) o encaravam assustados.

— Tem mais um corpo!! — exclamou um dos policiais mais baixos, em tom de desespero. — pPro caso do vampiro!!

Os outros concordaram com a cabeça, e o mais novo deles, que aparentava ter pouco mais de vinte anos, e que deveria estar pelo menos uns cinco tons mais pálido do que o normal, continuou:

— As câmeras gravaram tudo! Está em todos os canais da TV!  tamos ferrados!


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