Depois Daquele Amanhecer... escrita por UchiHaruAkasum


Capítulo 3
Voltando Para Aquele Momento


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta, estive editando e reditando esse capitulo até ficar do jeito que eu queria, espero que gostem e deixem um review, eles fazem toda a diferença.



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Cap. 03 – Voltando Para Aquele Momento

 

 A caminhada até o lago não era muito longa e apesar do clima estar úmido (com claras ameaças de chuva para breve) o terreno ainda se encontrava em boas condições, apenas levemente enlameado, o que com certeza não lhe seria um obstáculo, poderia estar caindo a tempestade do século que Darcy ainda sim estaria firme naquele trajeto com apenas um objetivo em mente.

— Elizabeth. – Chamou quando por fim a enxergou ao terminar de subir a colina que margeava o lago, lá estava recostada contra o grande carvalho negro que espalhava sombra por todas as direções.

 Ela não se virou de imediato, mas o leve subir e descer dos ombros pequenos lhe indicava que o ouvira. Apressou – se os próximos metros tanto para alcança – lá quanto para proteger – se sob a copa da frondosa arvore, pois aos poucos o céu cinzento começara a castigar a terra com fracos respingos que prometiam se tornarem mais intensos logo.

— O que...? – Ele começou ainda ofegando, estendeu a mão para toca – lá, mas parou sem saber o que fazer ao notar o brilho de lagrimas nos olhos escuros quando enfim sua noiva virou – se para fita – lo. – Por que está chorando?

— Me desculpe. – Elizabeth pediu tentando manter a compostura da melhor maneira possível.

— Desculpa – lá? Pelo que deveria desculpa – lá?

— Pela minha mãe... ela, as vezes pode ser meio...

— Difícil? – O Sr. Darcy tentou enfim começando a entender que o comportamento daquela mulher tagarela era o motivo de seu constrangimento não os sentimentos que tão subitamente havia revelado. Apenas isso o deixava aliviado e disposto a aguentar quase qualquer coisa. – Intransigente? Intolerável?

A mulher riu, entendendo o tom zombeteiro dele, para quem visse de fora realmente pareceria que o orgulhoso Senhor de Pemberley estava insultando a futura sogra, mas para Elizabeth eram claras as intenções ali contidas, acalma – lá e talvez mimetizar uma cena parecida com aquela que ocorrera em meados de abril e que não terminara de maneira agradável para ambos. A chuva torrencial, o abrigo, a barra do vestido suja de lama (ele sorriu ao notar aquilo, era tão parte dela quanto os livros que a vira ler vorazmente e as longas caminhadas que adorava empreender) e a sua decisão de encontra – lá. Naquela ocasião palavras de raiva foram trocadas assim como acusações e promessas foram feitas, promessas essas que pareciam inquebráveis, mas meses depois ali estavam eles se olhando de maneira tão intensa e diferente que era quase impossível crer que se tratavam das mesmas pessoas.

“Será que ele ainda guarda rancor?” Elizabeth se perguntou o olhando timidamente e a forma com que os olhos azuis a retribuíram não deixou dúvidas de que qualquer ofensa dita por ela no citado momento, já estava registrada e arquivada, não restando o mínimo espaço para algo tão medíocre quanto rancores passados.

— Algo assim. – Por fim admitiu ainda meio rindo enquanto secava o rosto com as costas das mãos. – Me desculpe por ter ficado com tanta raiva e por ter saído de maneira tão repentina, mas estava chegando aos meus limites...

— Aos meus também. – Ele concordou dispensando qualquer culpabilidade que ela pudesse adotar para si própria. Isso a fez voltar a rir, pois jamais imaginou que o veria aturando tudo aquilo de boa vontade. – A sua mãe pode ser um tanto... excessiva em conversação, me pergunto se isso é um traço de família.

— Ser carrancudo e calado não pode ser da sua já que Georgiana é tão alegre e gosta de conversar. – Ela falou percebendo a alfinetada e a devolvendo sem pestanejar algo que o fez sorrir de canto.

— No entanto... – Darcy continuou como se não a tivesse ouvido. – Me encontro em dilema nesse momento, pois apesar de não ser um grande admirador de longas conversas sinto - me inclinado a agradecer a Sra. Bennet por faze – las tão esplendidamente.

— Agradecer? – Elizabeth o olhou surpresa enquanto franzia o cenho, se perguntando se ele por acaso batera a cabeça no caminho até lá. – O senhor está bem?

— Perfeitamente. – O cavalheiro respondeu achando divertida a expressão confusa a sua frente, era apenas uma das muitas outras que estava mais do que disposto a admirar. – Ouso afirmar que nunca me senti melhor na vida.

— Então, por que...? – A pergunta morreu em sua garganta quando entendeu através daqueles olhos ao que exatamente ele se referia.

— Diga novamente. – Pediu em suplica e inconscientemente se aproximou mais um passo.

 Elizabeth engoliu em seco diante daquela proximidade, o mundo a sua volta estava um verdadeiro diluvio e vê – lo tão vulnerável, tão exposto a ela, a levou mais uma vez a aquela outra ocasião onde os seus sentimentos eram diferentes e as palavras que dissera tinham a plena intenção de feri – lo. Apesar disso lá estava o Sr. Darcy de novo vindo em seu encontro, lhe entregando o seu coração e esperando pelas palavras dela que eram as únicas que possuíam o poder de torna – lo plenamente feliz ou destruí – lo por completo como nada mais era capaz.

 Ela já o aceitara em seu coração, já aceitara o seu pedido de casamento, mas nunca dissera a ele abertamente que o amava e foi só naquele instante que se deu conta de que apesar de suas ações já demonstrarem o seu amor, as vezes era preciso ser mais direta, as vezes palavras eram necessárias.

— Eu o amo. – Disse por fim sorrindo ao ver o efeito que aquelas três palavras haviam lhe causado, mas ainda não havia acabado. – Ardentemente.

 E então aquela ocasião da primeira tentativa frustrada do Sr. Darcy pareceu desbotar e ser lavada sob a chuva vinda do mesmo céu de outrora. Ali estava a resposta que ele merecia.

— Mais uma vez, por favor. – E ao dizer isso outro passo mais próximo foi dado.

 Aquela proximidade a deixou inquieta e ela tentou recuar a mesma medida para conservar um pouco de distância (e que restava de sua sanidade, desconfiava), mas se vira impedida pelo tronco do carvalho a suas costas.

— Elizabeth...

— Eu amo você. – Respondeu já não se importando por estar encurralada entre ele e a arvore. Pois não havia outro lugar no mundo onde desejaria estar.

 A chuva ficou ainda mais forte e começou a ultrapassar a proteção das milhares de folhas acima dos dois. Porem se aquela tormenta queria a atenção deles se vira frustrada, pois naquele momento finalmente Fitzwilliam Darcy transpôs a distância mínima que ainda o separava de sua amada e os olhos de ambos se fecharam.

 Os relâmpagos e trovões nada eram para eles a partir do momento em que os lábios se tocaram, de início bem de leve, os dois apreciando o contato a muito esperado, era algo inquietante, quente e enlouquecedor...

  Os braços de Elisabeth pareceram criar vida própria e ergueram – se, as mãos macias deslizaram suavemente pelas costas dele até a nuca onde se enredaram nos cabelos castanhos. Aquilo foi o limite para ele que a abraçou pela cintura e aprofundou o beijo cada vez mais feliz por estar sendo tão bem recebido.

Darcy sentiu seu corpo inteiro eriçar – se a boca de sua noiva era macia, delicada e mais sedutora do que podia ter imaginado, ao envolve – lá mais profundamente em seus braços ele se deu conta do perigo em que se encontrava agora que a provara e também de que seria melhor parar enquanto ainda não estava completamente embriagado com o seu perfume.

Devagar, para não a assustar se afastou aproveitando para buscar o oxigênio que seus pulmões tanto precisavam, o coração pulsava com força contra o peito e parecia a ponto de explodir, se não tivesse acabado de beijar a mulher da sua vida Darcy podia muito bem pensar que estava prestes a ter um ataque cardíaco. Mas ela ainda faria miséria de seus esforços para manter – se sob controle quando o fitou, os olhos negros que tanto o encantavam estavam cheios de afeto e o fato ela não fazer sequer menção de solta – lo era o suficiente para deixa – lo de joelhos se assim lhe fosse solicitado.

Alguns segundos de muda admiração se passaram até que Elizabeth sorriu daquele jeito todo seu, meio provocando, meio brincando e Fitzwilliam pode sentir um sorriso também se desenhar em sua boca como por reflexo. Ela mordeu o lábio inferior e de maneira travessa deixou os seus dedos perderem – se mais um pouco nos cabelos dele antes de enfim afrouxar o aperto, mas não propriamente o desfazer.

— Queria me casar com você agora. – Admitiu acariciando a bochecha corada a vinte centímetros de distância.

— Possivelmente seriamos os responsáveis por matar a minha mãe com um ataque de nervos. – Gracejou ela divertida parecendo se manter indiferente ao fato de que estava se molhando pouco a pouco. – Além do mais falamos de tradições aqui, Sr. Darcy. Algumas etapas foram puladas, o senhor já beijou a noiva.

  Ele riu aliviado ao confirmar por completo que sua amada não ficara ofendida por seu avanço repentino. Havia se repreendido inúmeras vezes por tal ato enquanto ainda a beijava, temia assusta – lá e com isso acabar por a afastar dele, mas a pronta retribuição dela anuviou o seu bom senso e pouco fez para restabelecer o seu autocontrole que desaparecera assim que ouvira a sua declaração doce. Naquele segundo beija – lá lhe pareceu tão vital quanto respirar e se viu incapaz de parar a si mesmo. Embora tivesse ciência de que iria recuar imediatamente ao perceber qualquer desagrado por parte de Elizabeth. Agora passado insensato momento e com o seu autocontrole recobrado (ao menos, boa parte dele) era reconfortante saber que nenhum dano fora causado e que a confiança e o amor dela possuíam tal proporção.

— Sempre posso beijar a noiva de novo. – Respondeu deliciando – se com o rubor já presente na pele clara se intensificando. – Na verdade, me atrevo a dizer que poderia faze – lo quantas vezes me fosse permitido.

— Essa é uma opção muito agradável. – A voz dela soou divertida e quando os olhos negros o fitaram com tanta vontade ele se sentiu inclinado a repetir o ato.

  Um trovão finalmente se fez ouvir pelo casal e o barulho da chuva se seguiu ao estrondo parecendo ter rompido a bolha particular em que ambos se encontravam até então. Elizabeth praguejou baixinho enfim soltando – o ao perceber que seu ombro esquerdo estava encharcado. Logo o frio a tomou, pois longe do calor do noivo não estava bem agasalhada.

Fitzwilliam olhou perplexo ao redor, impressionado com o fato de não ter percebido antes como a chuva avançara de forma rápida e feroz, o lago apesar de próximo já não era mais visível devido ao diluvio. O som de um espirro o fez virar – se para a noiva no momento muito ocupada em esfregar os próprios braços e se encolher quando um vento forte açoitou a ampla colina.

— Devemos voltar o mais depressa possível. – Falou desabotoando o sobretudo com rapidez e o colocando em cima dos ombros desprotegidos de Elizabeth que fez menção de protestar, mas pareceu mudar de ideia ao se sentir mais aquecida e apenas lhe lançou um olhar agradecido. – Nessa época do ano essa tempestade pode ficar ainda pior.

  Ela concordou com a cabeça parecendo pequena dentro daquele traje, mas não hesitou em pegar a mão dele e partir ao seu lado em disparada quando a parca proteção da copa da arvore foi deixada para trás. Mais adiante soltou uma imprecação ao pisar em uma poça de lama e sujar ainda mais a barra de seu vestido e Darcy quase disse um palavrão quando o seu pé direito escorregou, por pouco não o levando colina abaixo rolando. A casa de Pemberley se desenhava cada vez mais próxima indiferente a cortina de agua que os atrasava.

  Corriam lado a lado e apesar do frio e do incomodo de estar toda molhada a segunda filha dos Bennet’s não pode deixar de sorrir ao ver a mão daquele homem envolvendo a sua, a roupa dele em seus ombros a mantinha mais quente e também lhe dava amostras de seu cheiro. E ela não podia negar que até mesmo aquele momento na chuva lhe era especial apenas por tê – lo junto a si tão amável e protetor.

Parecendo sentir os olhos negros o fitando Fitzwilliam voltou a atenção a noiva e apenas através daquilo entendeu como ela se sentia, pois lhe sorriu de volta de forma leve, enquanto apertava com cuidado a mão pequena encaixada na sua.

As portas de Pemberley foram alcançadas aos tropeços e os empregados se apressaram em acolhe-los alarmados com o estado de ambos, muitos vieram trazendo toalhas secas enquanto outros corriam para dentro para preparar banhos quentes para os dois.

Pegando a maior toalha que encontrou Elizabeth soltou o cabelo e começou a seca – lo vigorosamente mais do que disposta a parar a cachoeira que ele se tornara molhado daquele jeito. O repentino silencio a sua volta assim como o cessar de passos apressados porem a fez parar com a tarefa e olhar curiosa para as pessoas ali presentes só então percebendo que havia atraído atenção demais, tanto o seu noivo quanto os empregados mais jovens pararam o que estavam fazendo para olha – lá.

Odiando – se por fazer isso (pois lembrava o primo Collins), mas se vendo obrigada ela emitiu o som de quem limpa a garganta. Os empregados ‘acordaram’ do transe e constrangidos viraram os olhares para o outro lado, tomando um susto ao se deparar com o tom de ameaça presente nos olhos do Sr. Darcy, a mensagem ali era clara e eles não hesitaram fizeram uma reverencia, pegarem as toalhas molhadas mais próximas e bateram em retirada o mais rápido que conseguiram.

“Quem diria que ele seria ciumento.” Pensou consigo mesma voltando a prender o cabelo que já não pingava, não disposta a azedar o humor de Darcy e tampouco desejando fazer algum pobre coitado amargar o desemprego.

— Elizabeth. – Fitzwilliam chamou fazendo – a olha – lo novamente.

— Sim?

— Considero interessante a ideia de um casamento duplo. – Revelou baixinho o que a fez arregalar os olhos. – Se é o que você e a sua irmã querem não me oponho.

— Que bom. – Foi tudo o que conseguiu dizer sorrindo docemente para ele, antes de se ver envolta por sua família que souberam pelos empregados da sua volta e a circularam preocupados e solidários para ajuda – lá no que fosse preciso.

— Oh, Sr. Darcy... – A Sra. Bennet começou mortificada com a forma em que se encontrava seu futuro genro. – Sinto muito que a teimosia de Lizzy lhe tenha dado tanto trabalho. O senhor está coberto de lama!

— Não foi trabalho algum Sra. Bennet. – Ele devolveu cortês entregando a toalha encharcada para uma das camareiras próximas. – Elizabeth e eu tivemos um bom tempo juntos e estávamos retornando à casa quando a chuva nos pegou de surpresa.

— Fico feliz em saber disso. – A matriarca respondeu ainda alarmada com a quantidade de lama nas roupas dos dois.

A governanta apareceu no hall de entrada juntamente com Georgiana e apesar de ambas já estarem cientes de que o casal retornara ‘sujos até a raiz dos cabelos’ tomaram um susto ao vê – los daquela forma, graças as inúmeras toalhas usadas não se encontravam mais pingando agua, porem as roupas ainda estavam úmidas e imundas, ambos precisavam se banhar com urgência.

— Os banhos estão prontos Sr. Darcy. – Anunciou a Sra. Reynolds passada a surpresa.

— Obrigado. – Agradeceu lançando um último olhar para a noiva antes de seguir para o seu quarto. – Nos vemos no almoço.

— Sim. – Ela respondeu segurando a própria língua para não fazer uma colocação que eles se veriam se conseguissem arrancar toda aquela sujeira do corpo até aquela hora. Mas percebendo a impaciência da mãe achou melhor deixar os gracejos para depois. Aceitou o braço de Jane e foi com o restante dos Bennet’s até a ala da casa onde estavam instalados.

Darcy apenas a observou se afastar enganchada na irmã mais velha enquanto ouvi sermões da mãe, as tiradas sarcásticas do pai e perguntas indiscretas das irmãs mais novas. Apesar de barulhenta aquela era com certeza uma boa família e ele nunca deveria ter duvidado daquilo.

— A conversa com a Srta. Elizabeth foi boa, eu suponho. – Começou Georgiana seguindo o seu olhar.

— De fato. – Afirmou voltando a atenção para a garota que lhe sorria animada. – Obrigado por ter cuidado dos convidados durante a minha ausência.

— Não foi difícil. – Ela começou a contar acompanhando - o escada acima. – O sr. Bingley me ajudou e eu... gosto deles, são alegres e divertidos.

— Fico feliz que os tenha em alta estima. – Fitzwilliam murmurou notando só naquele momento que sua irmã não estava segurando o seu braço como de costume. – Por que se mantem tão afastada?

— Você está imundo. – Georgiana disse o obvio, segurando o riso. – Vai arruinar o meu vestido.

— Mulheres... – Darcy resmungou se despedindo da irmã (que soltava pequenas risadas) e entrando enfim no seu quarto onde uma banheira fumegante de agua o aguardava assim como uma muda seca de roupas que estava estendida em cima da cama no centro do cômodo.

Enquanto tirava a roupa úmida e se apressava para voltar a ficar ‘decente’ ele não pode deixar de pensar que apesar de a maioria das mulheres ficarem horrorizadas com um pouco de lama, Elizabeth não parecera incomodada com isso e podia apostar que ela não se importaria em abraça - lo novamente mesmo que isso a fizesse perder um bom vestido.


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Notas finais do capítulo

Por enquanto é isso, acho que Darcy não se arrependeu de ter ido atrás da Elizabeth apesar de toda aquela chuva. Kkkkkkkkkkkkkkkkk! Comentem o que acharam e até o proximo cap! o/



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