A Deusa da Morte escrita por Aline Lupin


Capítulo 11
Parte II de II - Parte X




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/806628/chapter/11

Parte II de II - Parte X

 

 

30 minutos depois

William caminhou, hesitante. Não queria entrar naquele apartamento, pois apenas imaginava o pior.

— Harris? - chamou.

Respirou fundo e procurou na sala. O rastro de sangue seguia pelo corredor, decorado com quadros bucólicos e vasos de flores ornamentais. Ele segue o rastro, se sentindo enjoado. O rastro para em uma porta fechada. Ele abre, devagar, sentindo o coração saltar pela boca. Harris estava estendido sobre a cama de dossel, com o peito ensanguentado. William controla a ânsia de vomitar. O cheiro forte de sangue no local era forte. Ele pensou que Harris estivesse morto, pois a cena que viu foi de Harris deitado no chão, de bruços, com uma poça de sangue por baixo dele. William se sentiu tonto ao ver aquilo. Pode ver que havia mais alguém no quarto, pois sentada em uma poltrona havia alguém sentado na poltrona. Ele anda, hesitante, pensando o pior. Ao chegar perto, vê que é uma mulher jovem, com vestes aristocratas e um rosto angelical. Sangue escorre da sua testa. Ele constata que ela fora baleada na testa. Sente-se mal ao ter aquela visão e se afasta, com olhar turvo. Chega perto de Harris e se ajoelha. Tentando tomar seu pulso, pelo pescoço. Sente a pulsação e fica aliviado. Mas, a visão de ver aquele sangue espalhado era assustadora para ele.

— Harris? - ele chamou.

Harris resmungou.

— Perseu, sou eu, Will - ele usou seu nome, que fazia anos que não pronunciava.

Perseu estava resmungando, mas não parecia querer acordar. William pensa no que fazer e a única coisa quem vem à mente é relatar as autoridades e chamar um médico. E faz isso. Sai do apartamento esbaforido, desce as escadas, ao invés de usar o elevador.

— Senhor - ele chama o porteiro, que está atrás do balcão - Meu amigo...meu....

— Senhor, se acalme. Tente me falar o que houve - pede o porteiro.

— Houve algo horrível no apartamento 402 - ele tenta dizer, tomando ar - Po...or fa...vor, aju..de... - ele gagueja.

— Se acalme senhor, o que houve? – o homem pergunta, com ar preocupado – Eu estou chamando a polícia faz tempo, pois ouvi tiros no andar de cima. Se me der licença...

— Não, senhor...tem que entender... – ele tenta dizer, mas sente dificuldade de se expressar. O porteiro revira os olhos, e continua ao telefone, sem lhe dar atenção.

Fazia anos que William não gagueja. Estava sobre forte pressão e não conseguia se controlar. Passou a mão pelos cabelos escuros, tentando conter a tenção. O porteiro, prevendo que a situação era grave, resolveu verificar. E logo descobriu sobre o assassinato da dama e que lorde Harris estava ferido.

Emily, que estava impaciente de esperar, pede para que o condutor levasse Mikael e Richard até o destino deles e sobe as escadas do prédio, adentrando o local. Encontra William sentado em uma das poltronas da recepção, tomando água, trêmulo. O porteiro falava ao telefone e parecia branco feito cera. Ela se aproxima de William, preocupada.

— O que houve Will? - ela pergunta, usando o seu apelido carinhoso. Era somente nesses casos, em que William se encontrava nervoso ou preocupado.

— Emy...oh meu Deus - ele diz, sentindo falta de ar, segurando o copo com força. Tremia e quase derrubará o copo. Emily tira o copo de sua mão e a segura com a sua - Emy...eu nã...o...sei co..co...mo ex...pli...pli...car...algo horrivel, ho... horrível aconteceu...

— Ah não, sua gagueira voltou - ela diz, preocupada - Não precisa dizer.

Ele assente. Ela segura sua mão e espera que o porteiro desligue para poder falar com ele. O homem gesticulava tenso, falando algo sobre assassinato. Ela fica tenso ao ouvir isso. Após desligar, ela se aproxima do balcão.

— Ele é seu esposo? - pergunta o porteiro, olhando para William.

— Não, é meu primo - ela mente. Não queria dar explicações.

O porteiro parece não perceber a mentira e conta tudo para Emily, que escutava assustada o fato. Após isso, a polícia de Bond Street havia chegado e tentou interrogar a todos. O médico cirurgião também havia chegado e subiu as escadas. Emily e William aguardavam, ansiosos. O corpo da dama foi descido pelos polícias, com um lençol sobre o corpo dela. Os policiais olhavam desconfiados para William e Emily, e os mesmo teriam que ir até a delegacia prestar seu depoimento.

O porteiro recebeu uma ligação nesse meio tempo. Emily escutava ele falar, mas não conseguia entender. Queria ir embora e não ficar mais ali.

— Senhorita, senhor - o porteiro chamou.

Emily se levantou, já que William parecia desligado do mundo.

— O médico pediu para que o senhor, seu primo, subisse - ele informa.

— Não tem como ele subir, está catatônico - diz Emily, indignada.

— Então vá a senhorita e explique isso para o médico - retrucou o porteiro, irritado - É cada uma. Pelo amor de Deus.

Estava claro que o porteiro se sentia incomodado pelos polícias fazendo perguntas. Eles estavam procurando pistas e suspeitos. E só sairiam de lá quando estivessem satisfeitos pela busca.

Emily, irritada, se afastou e avisou William que voltava em um minuto. Tomou o elevador e subiu até o quarto andar, entrando na porta 402. Ela viu a situação catastrófica do apartamento e o chão com rastros de sangue. Não sentia medo, apenas um certo desconforto. Entrou no quarto e viu Tristan deito na cama, enfaixado e com os olhos fechados. Estava pálido. O médico olhou para Emily, um pouco indignado.

— O que faz aqui, senhorita? Eu mandei chamar o senhor Lewis.

— Eu sei, mas veja, doutor, meu amigo está muito mal e não pode vir aqui. E eu conheço o senhor Harris.

O médico a fica com incredulidade.

— Ele é um lorde, senhorita, não um senhor - ele a corrige - mas vá em frente. Ele está chamando pelo amigo. Tente conversar com ele, mas não o deixe exaltado.

Emily assente se aproxima da cama. Ela observa o rosto belo de Tristan. Ela não sabia quem ele era, ou sua origem. Mas, vendo o assim, tão frágil e pálido, com o rosto cinzento e os lábios quase roxos, era digno de pena, ela pensou. Algo em seu traço parecia lhe familiar, como se ela já tivesse visto aquele rosto. Contudo, não sabia dizer onde. Ela pode ver que os cabelos negros dele estavam um pouco maiores, tinham grossas sobrancelhas escuras, o queixo quadrado e barba rala. Não conseguia se lembrar de onde viu aquele rosto antes. E naquele momento, deitado na cama, ele não parecia tão soberbo e cheio de si. Harris sentiu a presença de alguém e abriu os olhos. O intenso olhar azul encontrou o rosto dela. Ele sussurrou:

— Emily...

Ela se aproxima mais, tentando ouvi-lo.

— Você... - ele murmura com dificuldade - você...veio...

Ela franze o cenho.

— Eu não deveria estar aqui. Como sabe que eu viria? Não era por William que chamava? - ela perguntou, fitando-o.

Ele não abre os olhos, mas esboça um sorriso.

— Eu sabia... que seria você...que viria...- ele diz com a voz baixa - Eu... esperei...por você...

Ela fica tensa, não entende o que ele quer dizer. Alguém toca seu ombro, a assustando.

— Senhorita, tem que voltar - o médico diz - Ele precisa descansar.

Ela assente e se retira. Ao voltar para a recepção do prédio, não para de pensar em Tristan e em seu rosto familiar. E depois disso, ela e William precisaram acompanhar os policiais.  Ela teve dificuldade para responder ao inquérito policial na delegacia de Bond Street, ao lado de William. O mesmo parecia mais calmo e seguro de si e os defendeu, usando argumentos válidos sobre não estarem envolvidos com o assassinato de lady Ashbourne e a tentativa de homicídio dele Harris.

— Eu entendo que as suas perguntas são apenas para checar, eu presumo – William diz ao policial, que estava anotando tudo em um bloco de notas – Eu posso lhe dar o meu álibi e o da senhorita Leblanc de que chegamos ao local pouco tempo depois do ocorrido no apartamento de lorde Harris. Estávamos a caminho da casa dele, para lhe fazer apenas uma visita e entrar um casaco. E o porteiro já havia ouvido disparos, trinta minutos antes, como ele já deve ter lhe relatado.

O inspetor Hamilton franze o cenho e não diz nada. Seu colega policial, Frederick, apenas tomava notas do ocorrido.

— No momento são somente essas perguntas, senhor Lewis – diz Hamilton, sem transparecer nada – Nós iremos interrogar a vítima e possivelmente vocês ainda serão chamados para depor.

— Eu compreendo e com certeza eu a senhorita Leblanc iremos colaborar com a polícia.

William e Emily foram liberados para voltar para casa. William fretou uma carruagem, na rua e os eles adentraram. Emily estava mergulhada em seus pensamentos, assim como William. Ele nunca se sentirá tão assustado quanto naquele dia.  Ele se sentiu covarde por ter sucumbido ao medo e terror daquela cena. Nunca presenciou alguém morte e tanto sangue espalhado. Iria fazer uma visita a Harris, depois disso, pelos velhos tempos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Deusa da Morte" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.