Conforme os dias iam passando, Harumi começou a se aproximar mais da Vila da Folha. O que acontecia apenas quando era solicitado, se tornou frequente, ela estava indo até o Hospital de Konoha quase todos os dias, mesmo que não abandonasse o disfarce de Akira. Além de estar usando o laboratório do hospital como seu novo local de trabalho, ela passou a auxiliar no atendimento dos feridos que voltavam de suas missões. Nas horas vagas, ela ia até o escritório de Tsunade e, quando Shizune não estava, aproveitava para conversar um pouco. Certo dia, ao sair da Vila e caminhar pela floresta, Harumi, que ainda estava fantasiada e Akira, avistou uma pessoa da qual ela conhecia muito bem. Ele estava um pouco distante, recostado em uma árvore e distraído, lendo um livro que tinha o título de Icha-Icha. 

— Ei, Kakashi! -- Ela acenou para ele e tirou a máscara.

— Hum? -- Ele a olhou.

Kakashi era a terceira pessoa que sabia da verdadeira identidade de Harumi e eles se tornaram ótimos amigos, eram como irmãos.

— Harumi. Como vai?

Ela se aproximou.

— Bem. Já faz um tempo que não lhe vejo por aqui. Estava em alguma missão?

kakashi fechou o livro.

— Na verdade, são as obrigações de um Jounin que possui um time.

— Hum... -- Ela o observou por alguns segundos. - E agora que o Sasuke se foi?

Kakashi suspirou.

— Então você soube.

— Bem, tenho ido até a Vila com mais frequência e é um assunto bastante comentado entre os médicos do hospital. 

— Entendo. Bem... -- Kakashi guardou seu livro. - Já que estamos aqui, que tal caminharmos um pouco? Assim, podemos conversar sobre as novidades.

— Ótima ideia! -- Ela sorriu.

Os dois caminharam por uma boa distância, até que chegaram em um lugar que tinha um troco de árvore deitado, posicionado como banco.

— Então, quer dizer que você tem ido com frequência até a Vila?  -- Kakashi perguntou, enquanto se sentava no banco.

Harumi se sentou ao lado dele.

— Sim. Digamos que... eu retomei o meu trabalho no hospital.

— Hum? -- Kakashi se surpreendeu. - Isso quer dizer que está pensando em voltar a viver na Vila, com sua verdadeira identidade?

Harumi pensou por alguns segundos.

— Bem, caso eu decida voltar, pode ficar tranquilo, ninguém vai saber que você teve participação nesse segredo.

— Na verdade, eu não me preocupo com isso.

Harumi o olhou por alguns segundos, até que sorriu. Ela tinha plena confiança nele e por isso, decidiu contar os últimos acontecimentos.

— Kakashi, preciso contar uma coisa...

Harumi mudou seu semblante, demonstrando preocupação.

— Pode falar. -- Kakashi respondeu, enquanto olhava a floresta.

— Há mais ou menos dois meses, eu vi dois membros da Akatsuki e cheguei até mesmo a lutar com um deles.

Kakashi ficou surpreso...

— O-O quê?! -- Ele a olhou.

— Aparentemente eles estavam se escondendo em uma Caverna que fica um pouco distante daqui, pois só pelo fato de eu estar perto dela, fez com que eles me ameaçassem.

—  Hum, quanta ousadia em se esconderem tão perto e ainda a ameaçarem. -- Ele desviou o olhar. - Com certeza estão esperando o momento de virem atrás de Naruto.

— Sem dúvidas. E eu me sinto culpada por não ter dito nada a Tsunade.

— E por que não disse?

Harumi olhou para baixo, se lembrando de Itachi.

— Bom, é que... E-Eu... Eu não sei.

Kakashi a olhou intrigado.

— Acontece que... um deles, não parecia ser tão mau como dizem por aí.

— Hum?! -- Kakashi ficou surpreso.- E quem eram os membros da Akatsuki?

— Itachi Uchiha e Kisame Hoshigaki.

Kakashi ficou ainda mais assustado ao saber que Harumi esteve em contato com dois membros tão perigosos da Akatsuki. Depois de alguns segundos, ele suspirou.

— Hum... Não se anime com o fato de um deles não ter sido maldoso com você. Esses dois são perversos e você correu um grande perigo ao chegar perto deles.

Harumi o olhou.

— Bem... de certa forma, eu sei que corri um grande risco. -- Ela desviou o olhar. - Quando os encontrei pela primeira vez, Kisame tentou me intimidar e isso me deixou irritada, o que fez com que começássemos uma luta. Porém, surpreendentemente, Itachi nos impediu de continuar com a luta, evitando que Kisame me atacasse. 

Kakashi a olhou, surpreso.

— Mas logo em seguida, ele foi quem me ameaçou de morte, caso eu voltasse a andar perto da Caverna. -- Ela disse.

— Suponho que você tenha mantido distância da Caverna.

— Bom... -- Ela coçou a cabeça e sorriu sem graça.

Kakashi a olhou surpreso novamente.

— Eu tive meus motivos para voltar a andar próximo a aquela Caverna. E... bem... os encontrei novamente e lutei com Kisame pela segunda vez.

Kakashi continuava surpreso.

—  Mas ao invés de Itachi cumprir o que havia dito, ele me defendeu mais uma vez e me trouxe até próximo à Vila. -- Ela fechou os olhos e suspirou.

Kakashi desviou o olhar e ficou pensativo.

— Depois disso, os encontrei mais algumas vezes e... tive a certeza de que Itachi  é diferente de Kisame. Ele parece... gentil... o que é extremamente estranho para um Nukenin. 

Kakashi a olhou de canto, enquanto ela ficou cabisbaixa por alguns instantes.

— Depois de ter sido defendida por ele, eu decidi agradecê-lo e ele até se interessou em saber meu nome. -- Ela sorriu sutilmente.  - Eu fiz a promessa de não me aproximar novamente da tal Caverna, mas depois de dias sem encontrá-los, Itachi veio até mim. 

Kakashi arregalou os olhos novamente.

— O quê?!

— Sim!  -- Ela o olhou. - E adivinhe? Ele me ajudou a treinar e até comeu Dangos comigo! -- Ela disse com um lindo sorriso.

Kakashi continuava extremamente surpreso.

— V-Você e Itachi?!

— Sim. -- Ela desviou o olhar e suspirou. - Mas... foram apenas breves momentos que jamais voltarão a acontecer. Itachi decidiu que não poderíamos mais nos aproximar e se foi. 

Kakashi, que continuava olhando-a surpreso, desviou o olhar.

— Eu não entendo como você pôde acreditar que alguém como Itachi seria seu amigo. E para piorar, você escondeu da Hokage que dois Nukenin tão perigosos estavam perto de Konoha. Pelo visto você se esqueceu que, da última vez  em que eles estiveram aqui,  Itachi foi o responsável por me deixar desacordado por mais de uma semana.

Harumi arregalou os olhos e logo o olhou.

— Kakashi, me perdoe! Eu... eu não... -- Ela suspirou e desviou o olhar. -  Eu tentei evitar..., mas cada vez que o via, eu me sentia feliz. Eu sei que é estranho e, sinceramente, ainda não entendo o que estou sentindo. Mas... Itachi me trouxe algo especial e eu jamais poderei esquecer desses breves momentos que vivi com ele.

Kakashi ficou sem fala e permanecia sem olhá-la. Harumi voltou a olhá-lo.

—  Por favor, me perdoe.

Kakashi continuou em silêncio, mas depois de alguns segundos, a olhou.

— Eu não tenho o que perdoar. 

— Será que você poderia guardar esse segredo? Assim como o outro.

Kakashi pensou por alguns segundos.

— Certo. 

— Obrigada.

— Mas quero que me prometa uma coisa... -- Kakashi disse.

— O que é?

— Que vai ter mais cuidado daqui em diante.

Ela suspirou...

— Eu prometo.

— Ótimo. -- Ele desviou o olhar.

Harumi também voltou seu olhar para a floresta, ficando pensativa por alguns instantes.

— Ei... -- Kakashi a chamou.

Ela o olhou.

— Mude esse rosto triste e vamos até a Vila comer alguma coisa.

Ele logo se levantou e começou a caminhar, mas parou ao perceber que Harumi não o acompanhou e olhou para trás.

— O que foi?  Não está com fome?-- Ele perguntou.

Harumi arqueou uma de suas sobrancelhas...

— Kakashi, eu não consigo comer de máscara.

Kakashi  se surpreendeu e logo sorriu sem graça, enquanto coçava  a cabeça...

— Ah, é mesmo. Eu me esqueço às vezes. Então, me espere aqui, vou comprar comida e já volto.

— Certo. -- Ela sorriu sutilmente.

Enquanto esperava Kakashi voltar, Harumi ficou ali sentada, observando a floresta e sentindo a brisa suava agitar seus lindos cabelos castanhos. Depois de alguns minutos, Kakashi voltou, trazendo alguns bolinhos de arroz e Tonkatsus, que era o prato favorito de Harumi. Os dois criaram o costume de almoçar naquele lugar da floresta desde que Harumi passou a morar nas proximidades. Eles compartilhavam muitos segredos e sempre davam boas risadas juntos. A amizade deles começou no passado, quando eles se tornaram, por um acaso, parceiros de missões. Em meio a conversas aleatórias e algumas risadas, Kakashi fez uma pergunta para Harumi que a fez pensar muito...

— Já parou para pensar no que vai fazer se Itachi decidir voltar?

Harumi ficou pensativa e não teve resposta.

— Entendo que, depois desses momentos, seja difícil você optar por não vê-lo mais, mas é importante que você pense na sua segurança em primeiro lugar.

— É... eu sei.

Kakashi a olhou por alguns segundos, pensativo, até que desviou o olhar e suspirou.

Os dois terminaram o almoço e voltaram para a Vila, Kakashi foi cuidar de seus afazeres e Harumi voltou para o hospital de Konoha. 

Depois de relembrar os momentos com Itachi, ela começou a pensar na possibilidade de encontrá-lo de novo, mesmo que não tivesse nenhuma probabilidade de isso acontecer. 

Mais tarde, depois de finalizar seu trabalho no hospital, Harumi saiu pela floresta, apressada.

Ela seguiu em alta velocidade e, depois de alguns minutos, chegou no lugar que, até então, era proibido, a Caverna Sombria. Sem hesitar, ela entrou, afinal, não tinha mais ninguém que pudesse impedir que ela entrasse. Ela seguiu caverna adentro com passos lentos, sentindo o clima frio e absolutamente silencioso daquele lugar. Não tinha nada lá dentro, como ela imaginava; mas ela ficou alguns minutos observando à sua volta. Desde que Kakashi fez aquela pergunta, seus sentimentos estavam ficando intensos e, mesmo que parecesse tolice, ela só entrou ali para se certificar de que Itachi realmente não estava.  Depois de alguns minutos, ela suspirou e começou a caminhar, em direção a saída. Ao se aproximar da saída, ela se assustou, arregalando os olhos. Ela começou a andar com passos mais lentos e mantendo a guarda alta. Ao avistar a saída, ela se assustou novamente ao ver a sombra de alguém parado, prestes a entrar, e logo pegou uma kunai de sua bolsa de armas.

— Quem está aí? -- Ela perguntou. 

—  Abaixe a kunai, sou eu. -- A voz de Kakashi soou.

Ela respirou aliviada e seguiu até a saída.

— Você quer me matar de susto? -- Ela perguntou para Kakashi, ao sair da Caverna.

— Desculpe, eu não imaginei que você fosse voltar tão rápido. -- Kakashi ficou envergonhado.

— Você estava me espionando?

Kakashi coçou a cabeça, envergonhado.

— Depois do que você me contou, eu queria garantir que essas redondezas estivessem seguras.

— Fique tranquilo, está tudo bem. -- Ela começou a caminhar. - Agora tenho que ir.

— Posso perguntar onde vai?

— Não. - Quer saber?!  -- Ela parou. - Você vai vir comigo. -- Ela se virou para olhá-lo.

— O quê?! Para on...

Harumi se aproximou e o puxou pela mão. Os dois saíram pela floresta, saltando sobre as árvores.

— Para onde estamos indo? -- Kakashi perguntou.

— Sei que eu prometi ter cuidado, mas preciso fazer uma coisa muito importante.

Harumi fez um selo de mão e Kakashi se assustou ao perceber o que ela estava fazendo. 

—  Você tornou seu chakra detectável?! Isso é arriscado!

— Eu sei disso, mas é necessário. Além do mais, esse é o chakra de Akira Senju.

As habilidades sensoriais de Harumi ficavam ainda mais aguçadas sem a Personificação de Chakra, ela era a única capaz de usar as habilidades sensoriais mesmo suprimindo seu próprio Chakra, porém era bastante limitado e chegava a falhar algumas vezes. Estando sem a Personificação, ela podia detectar Chakras a uma longa distância.

— E para onde estamos indo? -- Kakashi perguntou.

— Para falar a verdade, eu também não sei.

Kakashi a olhou intrigado...

— Eu imagino que esteja procurando alguém, você ampliou sua capacidade senso... -- Ele arregalou os olhos. -- Não me diga que... está indo atrás...

— Isso mesmo!

Ele ficou extremamente surpreso com a coragem de Harumi, embora ele já a conhecesse e soubesse o quanto ela é impulsiva.

— Eu te arrastei para vir comigo, mas se quiser voltar para a Vila, eu não me importo de seguir sozinha. -- Harumi disse.

— Hum... Se você está decidida a se colocar em perigo, não me resta outra saída a não ser ir com você.

Harumi ficou em silêncio e focada na direção em que corriam. Os dois seguiram sem rumo, até que começou a escurecer e eles decidiram parar para passar a noite. Eles fizeram uma fogueira e se sentaram em volta dela. Harumi tirou sua máscara e começou a observar as chamas, pensativa e entristecida...

— Você está bem? -- Kakashi perguntou, ao notar sua tristeza.

— As lembranças... Mesmo estando longe da Vila, elas me atormentam.

— Sei que é doloroso lembrar de sua família.

— Dessa vez as lembranças são de outra pessoa.

Kakashi se intrigou.

— Alguém que eu sempre amei, mas ele nunca soube disso... Seiji Hyuuga.

Kakashi se surpreendeu, pois ele também conheceu Seiji...

— E-Então você o amava?

— Sim.

— Por que nunca disse nada a ele?

— Eu fiquei confusa e sentia muita vergonha de dizer. Durante um bom tempo, eu acreditei que ele sentia apenas um carinho de amigo por mim. Quando ele morreu, me arrependi profundamente por não ter confessado o quanto eu o amava. Ainda me sinto culpada por não ter chegado a tempo de salvá-lo.

Kakashi desviou o olhar, ficando cabisbaixo e suspirou...

— A verdade é que... ele sempre amou você.

Harumi arregalou os olhos e o olhou.

— Quando eu e você começamos a sair para as missões juntos, ele me procurou para conversar. Parecia estar enciumado, pois ele tinha expectativas de que você fosse a parceira de equipe dele novamente, mas o terceiro Hokage percebeu que eu e você faríamos um bom trabalho juntos. Foi aí que eu deixei claro que eu e você éramos apenas bons amigos, como irmãos, e estávamos apenas obedecendo a decisão do Hokage.

Harumi continuava olhando-o surpresa.

— Conforme o tempo foi passando, ele sempre vinha me perguntar como estavam sendo nossas missões. Ele me disse que vocês já não se viam tanto como antes, pois você sempre trabalhava muito e ele também, mas ele sempre tentava te ver, mesmo que de longe. Ele confessou para mim que já fazia um tempo que tentava confessar para você seus verdadeiros sentimentos, mas era difícil, pois ele se sentia nervoso e ficava com medo de ser rejeitado por você. Até que um dia ele me pareceu bastante determinado, foi quando ele estava prestes a sair para uma missão, sua primeira missão Rank S como Jounin. Naquele dia, ele prometeu para si mesmo que, ao voltar, perderia toda insegurança e ia se declarar a você e me pediu para guardar segredo sobre isso. Infelizmente ele voltou gravemente ferido e antes de você chegar até o hospital, ele morreu.

Os olhos de Harumi marejaram e ela ficou cabisbaixa. Depois de alguns segundos, Kakashi notou que, de seus olhos, caíam lágrimas.

— Eu sinto muito. Me perdoe por nunca ter te contado. -- Ele se aproximou e colocou a mão no ombro de Harumi.

Ela continuou cabisbaixa por alguns minutos.

— Dessa vez... --  Ela levantou o olhar e enxugou suas lágrimas. - Eu não irei cometer o mesmo erro. Mesmo que seja cedo para dizer o que sinto por Itachi, sinto que não posso ter medo dessa vez.

— Mas agora é  totalmente diferente.

— Estou ciente disso. Mas... se eu voltar a sentir algo assim, terei coragem e não irei fugir.

Kakashi a olhou de canto e depois suspirou.

— Tudo bem, não há como convencê-la do contrário.

Eles ficaram em silêncio, Harumi encarava a fogueira, ainda entristecida e Kakashi intercalava seu olhar preocupado, entre ela e as chamas. Ela interrompeu o silêncio depois de alguns minutos.

— Vamos voltar para a Vila.

— Certo.

Depois de voltar para a Vila, Harumi passou dias pensando sobre tudo o que aconteceu. As informações que ela teve sobre o amor de Seiji, deixaram suas emoções fragilizadas.

Certo dia, ela estava no hospital e foi até o bebedouro pegar um copo de água. Tinha três médicos conversando no corredor, perto do bebedouro e, coincidentemente, eles estavam falando dos Uchiha.

— Aquele garoto sempre foi muito arrogante, não me surpreendeu muito a partida dele. -- Disse um deles.

— Pelo menos agora não há mais motivos para aquele monstro aparecer por aqui, bom, assim esperamos. -- Disse uma médica.

— Hum, Itachi Uchiha... ele é imprevisível, não podemos ficar tão tranquilos assim.

— A verdade é que, se eu tivesse um irmão como ele, também teria prazer em me vingar. -- O terceiro médico disse.

Harumi estava parada, segurando um copo de água, enquanto ouvia  tudo. Depois de alguns segundos, os médicos se assustaram com o barulho de algo sendo quebrado e pararam de conversar, olhando em direção a Harumi, que estava de costas para eles.  Ela havia apertado o copo que estava em sua mão, quebrando-o em cacos e tendo sua mão cortada por eles. Em seguida, ela se virou, olhando-os de um jeito intimidador, enquanto sua mão sangrava. Ela se aproximou dos médicos e fechou o punho ensanguentado. A vontade de atacá-los estava incontrolável, mas antes que pudesse cometer um grande erro, ela se lembrou que tudo aquilo que foi dito, era a verdade que todos conheciam sobre Itachi Uchiha. Ela parou, tremendo de raiva e olhando-os através de sua máscara, até que se afastou e saiu dali rapidamente, voltando para o quarto onde ela estava cuidando dos pacientes. Chegando lá, Sakura, que estava observando Akira/Harumi trabalhar naquele dia como parte de seu treino, percebeu sua mão sangrando e se surpreendeu.

— Está tudo bem?  Quer que eu ajude com o ferimento?

Akira/Harumi a olhou e balançou a cabeça em negação. Em seguida, ela foi apressada até o armário, onde ficavam os algodões, enquanto Sakura a olhava intrigada. Ela pegou alguns algodões para limpar o sangue e em seguida, os cortes começaram a se curar. Enquanto os cortes se fechavam, ela ficou pensativa.

"Será que minha reação foi porque eu sei que, no fundo, tudo o que eles disseram é verdade? Ou será que... eu realmente consigo enxergar um Itachi diferente do que todos conseguem ver?" -- Ela se perguntava em seus pensamentos.

Desde aquele ocorrido, Harumi começou a observar suas emoções. Sentimentos eram algo complexo para ela, mesmo que já tivesse amado, seu medo de aceitar esse sentimento sempre foi maior.

No dia seguinte, enquanto caminhava pela floresta e o vento balançava seus cabelos castanhos, ela pensava, pensava nele, naqueles olhos. Sempre ouviu falar que apenas o amor tinha a capacidade de mudar as pessoas, mas a dúvida que pairava sobre seus pensamentos era: Seria possível amar alguém tão sombrio?

Ela foi até a Caverna Sombria novamente e parou em frente, observando-a...

"Será que seu coração é mesmo tão sombrio, Uchiha?" -- Ela perguntou.

Ela ficou ali por um tempo e fez disso um costume. Todos os dias ia até lá com a esperança de reencontrá-lo para poder tirar suas dúvidas.