Um Amor Improvável - Itachi Uchiha (Em Revisão) escrita por Akira Senju


Capítulo 12
Bosque das Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! Mais um capítulo cheio de emoções para vocês, espero que gostem. :D



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No dia seguinte, na hora do almoço, Harumi passou na loja de dangos e saiu de Konoha. Ela correu pela floresta, saltando sobre as árvores e, ao passar próxima a sua casa, notou que Kakashi estava no caminho, encostado em uma árvore enquanto lia o Icha-Icha. .  

— Eu não imaginava que você fosse tão curioso assim. – Harumi disse ao se aproximar.

— Hum?! -- Ele a olhou surpreso - D-Do que está falando? – Ele coçou a cabeça, sorrindo envergonhado.

Ela arqueou uma de suas sobrancelhas e cruzou os braços.

— Hum, você nunca me espera aqui para almoçar.

— Ah, não é aqui?! Acho que me confundi... – Ele coçou a cabeça novamente, rindo sem graça.

— Tudo bem, eu não esqueci que tenho coisas para contar. Vou te contar tudo agora mesmo.

— Finalmente!

Os dois se sentaram ali mesmo e ela tirou sua máscara.

— Bom, por onde eu começo... -- Ela cruzou os braços  e colocou a mão no queixo, pensativa.

— Pela parte mais importante. Você se entregou mesmo para a Akatsuki?

— É claro! Eu disse que faria isso.

Kakashi a olhou intrigado.

— E como você está aqui?

— Calma, senhor Hatake! Vamos com calma nos detalhes.

— Urgh. -- Ele suspirou.

— Eu me entreguei para a Akatsuki, como havia dito que faria.

— ...E?

— E... voltei! -- Ela sorriu.

Kakashi arqueou uma de suas sobrancelhas.

— Será que dá para parar de me enrolar?

— Tá bom, tá bom. – Ela disse rindo.

Ela mostrou para Kakashi sua máscara, apontando para a parte que foi quebrada. Porém, ela já havia consertado, deixando apenas uma marca de onde foi partida.

— Está vendo isso aqui?

— Sim.

— Esse foi o motivo do meu atraso para chegar ao hospital ontem. As coisas não foram tão fáceis como eu imaginei que seriam. Kisame não me recebeu muito bem e, com um chute, ele me mandou para longe e parte da minha máscara se partiu. Quando revelei o meu rosto, ele quis uma luta, mesmo eu tendo me entregado sem resistência, mas, confesso que também esperava ter uma luta com eles, porém, Itachi preferiu apenas assistir.

Kakashi ficou surpreso.

— Eles tinham ordens para me manter viva, mas a luta não foi tão tranquila assim. Kisame me atacou para matar.

— E como você escapou?

— Quem disse que eu escapei?

— Hum?! -- Kakashi arregalou os olhos.

— Eu sou uma médica ninja com uma grande reserva de Chakra e um alto poder de regeneração. Apesar de ter tido um imenso corte que atravessou meu abdômen, eu pude me curar e escapar da morte. Depois, lutamos por mais um tempo e eu finalizei a luta com um belo Jutsu médico. -- Ela sorriu convencida.

— Está me dizendo que... você venceu Kisame Hoshigaki? – Kakashi perguntou estando surpreso.

— Bem, com o meu Jutsu eu o tornei incapaz de se mover. Eu poderia finalizar a luta com um golpe fatal, mas preferi usar Ninjutsu médico para ajudá-lo a recuperar os movimentos do próprio corpo.

Kakashi se intrigou novamente.

— Eu tinha que garantir que eles cumprissem a missão de me levar. Tudo isso era pelo bem da Vila. -- Harumi completou.

— Então, você está me dizendo que insistiu para ser levada?

— Sim.

— Hum?! -- Ele se surpreendeu novamente. - Um momento... algo nessa história não está certo. Se você era a missão deles e ainda insistia para ser levada, como você está aqui?

— A resposta é simples: Itachi Uchiha.

— O que está tentando me dizer?

Harumi suspirou e sorriu sutilmente.

— Ao invés de me levar, Itachi decidiu me proteger. 

— O-O que?!

— Claro que eu o questionei do porquê estava fazendo isso e, ele me disse que é isso que os amigos fazem.

Kakashi arregalou os olhos.

— Você e Itachi?! A-Amigos?!

— Sim. – Ela ficou com as bochechas coradas e um sorriso bobo.

— Se não fosse você me contando, eu jamais acreditaria nisso.

— Bom... eu apenas segui meu coração. Minha intenção era proteger Konoha, mas Itachi me surpreendeu mais uma vez.

Kakashi observou aquele sorriso apaixonado no rosto de Harumi, por alguns segundos.

— Bem, estou feliz que você finalmente tenha aceitado ser protegida por alguém. -- Ele disse.

Harumi arqueou uma de suas sobrancelhas.

— Não se esqueça que já faz um tempo que eu também aceito sua superproteção, senhor Hatake! – Ela se levantou.

Kakashi suspirou com um leve sorriso.

— Certo, tenho que concordar.

— Bom, tenho que ir. Preciso levar isso para um amigo. – Ela mostrou a sacola com os Dangos e logo começou a caminhar.

— Ei... – Kakashi a chamou.

— O quê? -- Ela se virou.

— Eu ainda sou seu melhor amigo?

Ela o olhou intrigada e logo se irritou.

— Se algum dia você me fizer essa pergunta idiota de novo, eu juro que vou te encher de porrada!

Kakashi coçou a cabeça e deu risada, enquanto ela se virou e seguiu seu caminho em direção à Caverna Sombria, para visitar seu amigo e Kisame.

Ao se aproximar da entrada da caverna, ela sentiu os Chakras de Kisame e Itachi e, sem hesitar, entrou. A caverna era muito escura e eles estavam sentados ao fim dela, em umas pedras, enquanto conversavam.

Ela foi se aproximando e Kisame se intrigou ao notar alguém chegando.

— Tem alguém se aproximando.

Itachi também se intrigou e os dois ficaram em alerta.

— Não se assustem, sou eu. -- Harumi disse antes mesmo de surgir da escuridão

— Urgh, que saco. -- Kisame bufou.

— O que faz aqui? -- Itachi perguntou ao vê-la surgir da escuridão.

— Eu trouxe Dangos para vocês dois! – Ela mostrou a sacola, esboçando um belo sorriso entusiasmado.

— Você não deve vir aqui assim. -- Itachi disse com frieza.

Harumi pareceu se desapontar ao notar que Itachi não gostou de receber sua visita surpresa e seu sorriso entusiasmado logo desapareceu.

— Tudo bem, eu já estou indo embora, mas... pelo menos aceite. -- Ela estendeu a sacola de dangos para que ele pegasse.

Itachi intercalou seu olhar entre ela e os dangos por alguns segundos, até que pegou a sacola.

— Obrigado.

— Hum, como posso ter certeza que você não envenenou esses dangos para eu cair nessa sua conversa de boa pessoa e comer? -- Kisame perguntou.

Harumi o olhou irritada.

— Como se eu precisasse de comida envenenada para acabar com você, esqueceu da nossa luta?

Kisame se irritou.

— Você acha mesmo que eu usei todo meu poder naquela luta, sua estúpida?!

— Eu também não usei todo meu poder, seu idiota!

Os dois se olharam de forma ameaçadora, apertando os dentes com raiva.

— Vocês são muito irritantes quando estão juntos. – Itachi disse, estando com a bandeja de dangos nas mãos.

Harumi e Kisame logo olharam para Itachi e respiraram fundo, se acalmando. 

— É melhor eu ir. -- Ela disse.

Ela se virou para ir embora, mas ao dar alguns passos, se virou olhando para Itachi novamente.

— Você se chateou mesmo por eu vir aqui? – Ela perguntou estando constrangida.

— Hum, quem não ia se chatear com uma visita dessa? – Kisame debochou.

— Eu não falei com você! – Harumi disse, irritada.

Itachi permaneceu em silêncio e parecia indiferente ao que ela disse, até que entendeu a bandeja de dangos para que ela pegasse o primeiro, antes dele. Ela ficou surpresa, mas logo sorriu sutilmente, estando com as bochechas coradas e se aproximou para pegar o primeiro palito de dangos.

— Obrigado pela visita e pelos dangos. – Itachi disse.

Ela manteve o sorriso sutil e logo comeu o primeiro bolinho. Enquanto mastigava, ela direcionou seu olhar para Kisame, que permanecia com cara de rabugento e com os braços cruzados.

— Agora você pode comer, idiota! Se eu mesma comi, é porque não está envenenado. 

Ele a olhou de canto por um breve momento e logo desviou o olhar, como um rabugento. Em seguida, Harumi se virou e seguiu o caminho até a saída da Caverna.

No caminho de volta para a Vila, em certo momento, ela parou, olhando para uma direção diferente. Depois de alguns segundos, encarando aquela direção e estando pensativa, ela começou a caminhar naquela direção. Depois de andar por alguns minutos, ela chegou na entrada de um bosque.

Estando prestes a entrar no bosque, ela parou novamente e pensou por mais alguns segundos. Depois de muito pensar, ela seguiu para dentro com passos lentos. Era um lindo bosque cheio de árvores e ela observava tudo a sua volta, cuidadosamente, até que lembranças de sua família começaram a surgir.

Flashback on

Harumi era uma criança de 4 anos e sua mãe levou ela e suas irmãs para um passeio nesse lindo bosque durante a estação da primavera.

(Sayuri - Irmã do meio) - Quantas flores lindas! -- Disse a bela jovem de cabelos vermelhos, na altura do meio das costas e com um sorriso discreto.

(Midori - Irmã mais velha) - Uau, mamãe! Esse lugar está maravilhoso com todas essas flores! -- A Uzumaki com longos cabelos vermelhos e de óculos, admirou com um sorriso encantador.

Harumi olhava tudo em silêncio, admirando cada detalhe daquele bosque coberto de flores.

(Shizuka - Mãe) - Você gostou, Harumi? -- Perguntou a jovem mãe que usava um penteado que prendia metade de seus longos cabelos vermelhos e deixava a outra metade solta.

(Harumi) - Sim, mamãe! – Respondeu a pequena de cabelos castanhos, com um lindo sorriso.

Sua mãe sorriu de volta e decidiu revelar para elas algo interessante...

— Bom, esse lugar me inspirou para a escolha do nome de vocês.

As três irmãs se surpreenderam e logo olharam para a mãe.

— Esse sempre foi meu lugar favorito, desde criança, pelo motivo de ficar tão florido na primavera, que é a estação que eu mais amo. Eu vim a este lugar juntamente com o seu pai, enquanto grávida de cada uma de vocês e, quando eu escolhi seus nomes, tentei imaginar como seria algumas características da personalidade de vocês.

As três olhavam para a mãe atentamente e Midori não pôde conter sua curiosidade...

— Você acertou sobre mim, mamãe?

Shizuka suspirou...

— Bom... Eu imaginei você como uma garota determinada, muito forte e inteligente. Personalidade calma como a de seu pai e uma pessoa que amaria estar com os amigos. E como ninja, te imaginei como uma verdadeira estrategista. Então... acho que eu acertei, não é mesmo?

Midori sorriu com doçura.

— E o que você pensou sobre mim, mamãe? – Perguntou Sayuri.

— Ah, você eu imaginei que seria mais introvertida. Também imaginei sua personalidade como a de seu pai, mas na verdade, você conseguiu ser ainda mais calma do que ele. -- Ela sorriu. - Eu também imaginei que sua inteligência seria extrema, imaginei você como uma ninja, mas você nos surpreendeu ao escolher o caminho da medicina e isso nos encheu de orgulho!

Sayuri sorriu com satisfação por sua mãe apoiá-la tanto na sua escolha.

Harumi estava olhando atentamente para sua mãe, esperando que ela falasse a seu respeito.

— Bem, que tal colhermos algumas flores para colocarmos em alguns vasos em nossa casa? -- Perguntou Shizuka a suas filhas.

— Ótima ideia! -- Respondeu Sayuri.

— Perfeito, mamãe! -- Respondeu Midori.

  O rostinho de Harumi se entristeceu ao pensar que ela tinha sido a única das três que a mãe não pensou nada a respeito.

— Ei, Harumi! Não vai nos ajudar? -- Midori perguntou depois de alguns segundos, já estando um pouco distante e com flores na mão.

Harumi tomou um leve susto, por estar distraída, e logo foi até suas irmãs.

Mais tarde, depois do passeio, todos estavam em casa. O pai de Harumi estava na sala, passando um tempo com ela e suas irmãs. Harumi estava muito quieta e parecia triste, o que não era algo comum, e não demorou muito para que seu pai notasse...

— Está tudo bem, Harumi? Você está tão quieta hoje.

Ela não respondeu a pergunta do pai e apenas olhou para sua mãe, que estava na cozinha preparando o jantar, e suspirou entristecida. 

— Eu já volto, papai. -- Ela disse e logo se levantou, indo até a cozinha.

Seu pai continuou intrigado e a acompanhou com os olhos.

Ao chegar na cozinha, Harumi se aproximou de sua mãe, que estava distraída.

— Mamãe...

— Sim, Harumi. -- Ela respondeu ainda de costas, enquanto cortava alguns legumes.

— Quando você escolheu meu nome, não teve nenhum pensamento de como eu seria?

Shizuka se assustou e olhou para a filha. Ela não havia dito nada pois acreditou que Harumi era muito pequena para entender as expectativas da mãe a seu respeito, mas ao notar a tristeza no olhar de sua filha, decidiu levá-la para dar uma volta.

— Midori, termine de preparar o jantar, preciso mostrar algo para Harumi lá fora. 

— Sim, mãe. -- Midori respondeu.

— Me acompanhe, Harumi. -- Ela tirou seu avental e deixou sobre a mesa.

As duas saíram e Shizuka a levou para uma praça que ficava próxima de casa. Chegando lá, elas se sentaram e era notório a expectativa nos pequenos olhos de Harumi.

— Porque me trouxe aqui, mamãe?

— Porque para falar sobre o que eu pensei a seu respeito, precisaríamos de privacidade, pois... você é especial, Harumi.

O rostinho de Harumi mudou e ela ficou surpresa. 

— Minha pequena Harumi... Das três, você foi a única que eu pressenti que teria a personalidade parecida com a minha e... parece que eu acertei! — Ela sorriu. - Mesmo tão pequena, percebo que você é impulsiva, teimosa, mas muito corajosa! Eu imagino que você terá dificuldades de aceitar a proteção de alguém, pois você vai sempre querer ser quem protege a todos, como eu... – Ela sorriu com satisfação. - Você foi a única que não teve os cabelos como os meus e nasceu com os cabelos castanhos, como os de seu pai e isso foi algo que eu não pude imaginar. Como ninja, eu pensei muitas coisas... Só não imaginei que, sendo tão pequena, você já possuísse esse desejo. Isso é algo que demorou um pouco mais em Midori e não aconteceu com Sayuri. Isso é algo que trás muito orgulho para mim e para seu pai! Eu sempre soube que você iria possuir uma força muito grande, que ultrapassaria a de todos nós juntos. Também imaginei que em muitos momentos da vida você irá se perguntar o porquê dessa força e, a verdade é que... Essa força está ligada ao seu coração e você é a única de nós com capacidade para dominá-la e usá-la da maneira certa.

Harumi ficou surpresa, mas logo sorriu ao ouvir as palavras de sua mãe...

— Você é a única das três que, mesmo antes de nascer, já me trouxe uma certeza... Independente de qualquer coisa, eu sempre irei me orgulhar de você, pois sei que você possui um coração que será capaz de suportar muitas coisas, sem se corromper.

Shizuka abraçou Harumi e sussurrou o significado de seu nome...

— Minha beleza de primavera...

Flashback off

Ao se lembrar daquele abraço, Harumi suspirou de saudade. Depois de alguns segundos, ela se lembrou de algo que aquele bosque escondia e apertou os dedos.

A doçura das memórias de sua família foram dissipadas quando ela se lembrou da última vez em que visitou aquele bosque e, rapidamente, ela se virou e foi embora. 

Depois de alguns minutos, ela voltou para o hospital de Konoha e deu seguimento em seu trabalho.

Algum tempo depois, Harumi recebeu um chamado da Hokage e foi até seu escritório. 

Estando posicionada frente à mesa da Hokage e segurando sua máscara de Akira, ela olhava para Tsunade.

— Então... o que quer falar comigo? -- Ela disse.

— Eu soube que você usou aquele Jutsu com seu desenvolvimento.

Harumi sorriu.

— Sim e deu certo!

Tsunade colocou os cotovelos sobre a mesa e cruzou as mãos.

— Bom... devo admitir que desde que você me perguntou sobre a possibilidade desse desenvolvimento, eu soube que você faria acontecer independente da dificuldade que teria de enfrentar. Estou muito feliz por não ter me enganado a seu respeito. Você é realmente incrível, Harumi Senju! -- Ela sorriu sutilmente.

Ao ser reconhecida por sua mestra, seus olhos brilharam e ela sorriu. 

— Obrigada, Mestra!

Shizune, que estava ao lado de Tsunade, também sorria orgulhosa.

— Bom, eu precisava mesmo te dizer isso. Agora você já pode voltar ao trabalho. -- Tsunade disse.

— Certo, com licença.

Enquanto olhava para Harumi, que saía de sua sala, Tsunade se lembrou de algo do passado.

Flashback on

Quando Jiraya apresentou Harumi para Tsunade, ela se negava a ter alunos. Naquele dia, eles estavam em um bar e, enquanto Harumi ficou na companhia de Shizune e de Tonton, Jiraya chamou Tsunade para uma conversa em particular, fora do bar.

— Eu gostaria de fazer um pedido muito importante e especial. -- Jiraya disse.

Tsunade o olhou intrigada e estando com os braços cruzados.

— Hum, e o que é?

— Eu gostaria de pedir para você treiná-la. Quero que ela se torne uma excelente médica ninja, como você.

Tsunade o encarou por alguns segundos, em silêncio, até que ficou furiosa.

— VOCÊ FICOU MALUCO DE VEZ?!

Jiraya arregalou os olhos.

 - Você sabe muito bem que não aceito ter nenhum aluno, essas coisas já não são mais para mim!

— Tsunade, ela é muito inteligente, é a aluna perfeita para você!

— Não estou interessada, por tanto, não insista!

Jiraya suspirou, desapontado, mas depois de alguns segundos, decidiu tentar de outro jeito.

— Hum, vamos mudar um pouco as coisas. -- Ele cruzou os braços, esboçando um leve sorriso ladino. - Que tal fazermos uma aposta?

Tsunade o olhou intrigada e estando com uma mão na cintura.

— Eu aposto a economia de três meses dos meus ganhos com meus livros de que ela será uma excelente aluna e que chegará ao seu nível como médica ninja.

— Eu já disse que não vou treiná-la!

— Então você está com medo?

Tsunade se surpreendeu por um breve momento.

—  Por um acaso isso tem a ver com seu azar nas apostas? Você está com medo de aceitar fazer uma aposta e perder para mim, não é mesmo?

Tsunade se irritou.

— EU NÃO ESTOU COM MEDO, SEU IDIOTA!

— Então prove, aceite a aposta. 

Ela pensou por alguns instantes, até que bufou.

— Pois bem... Eu aceito treiná-la, mas eu aposto que ela não passará nem mesmo da primeira fase. -- Ela sorriu com bravura.

— Ótimo, apostado! -- Ele também sorriu com bravura.

Flashback off

Tsunade bufou, como naquele dia.

— Eu sou mesmo péssima nas apostas. -- Ela corou as bochechas.

— A senhora disse alguma coisa? -- Shizune perguntou.

— Não, Shizune. Só pensei alto, não é nada importante.

 

Harumi, após sair do escritório da Hokage, estava caminhando pelo corredor, indo em direção a saída, até que foi paralisada ao ver alguém... Danzou Shimura.

Ela parou em frente à ele, olhando-o fixamente através de sua máscara. Encará-lo fez com que todo aquele ódio viesse átona, o ódio que ela sempre lutou para manter adormecido. Olhá-lo nos olhos depois de tanto tempo e se lembrar de tudo, fez com que aqueles poucos segundos, parecessem horas. Depois de alguns segundos também parado e olhando-a nos olhos, Danzou demonstrou indiferença e simplesmente seguiu em direção oposta, sem dizer nada. Quando ele passou ao seu lado, ela apertou as mãos com ódio. 

Depois de alguns minutos, enquanto seguia seu caminho até o hospital, as lembranças vieram de forma desenfreada. Lembranças dos tempos mais sombrios e de suas verdadeiras sombras. O ódio estava ficando incontrolável e, de repente, Harumi mudou de direção e saiu apressada da Vila. Ela correu pela floresta e seguiu em direção ao seu local de treino, que ficava longe o suficiente, dando-a liberdade para causar algum estrago sem que alguém ouvisse.

"Porque tudo tinha que ser tão injusto?" -- Ela pensou.

Ao pensar sobre isso, ela não pôde mais conter seus impulsos e, ainda estando um pouco distante do local de treino, se deixou levar pelo sentimento de ódio e fechou a mão, com a intenção de dar um baita soco em uma árvore. Porém, estando perto de acertar a árvore, alguém segurou seu braço.

Ela arregalou os olhos e ficou paralisada. Ela estava ofegante, tremia sentindo aquela raiva intensa, enquanto aquela pessoa continuava segurando seu braço com apenas uma mão e a olhava fixamente. Ela não conseguia olhá-lo, até que aquela raiva monstruosa foi diminuindo aos poucos e ela conseguiu pensar racionalmente.

— Itachi... -- Ela sussurrou.

Naquele momento, Itachi percebeu que ela havia se acalmado e soltou seu braço, enquanto ela estava cabisbaixa.

— Percebi alguém suspeito próximo a Caverna e decidi segui-lo, ele veio nessa direção. Se você derrubasse essa árvore, poderia chamar a atenção dele para nós e estragaria tudo. --Itachi explicou.

Em seguida, ele saiu andando.

— Você... não vai perguntar meus motivos? -- Harumi o perguntou.

Ele parou e a olhou por cima do ombro.

— Eu não preciso. Mesmo sendo uma ninja muito forte, sua fraqueza são suas emoções instáveis. Continuar evitando enxergar isso, fará você fracassar na sua missão de proteger sua Vila.

Em seguida, Itachi seguiu seu caminho e Harumi ficou ali, paralisada com aquelas palavras.

O ninja que Itachi estava seguindo desapareceu e ele parecia possuir as mesmas habilidades de Harumi, de suprimir o próprio Chakra.

Depois de alguns minutos, Harumi voltou para o Hospital de Konoha e naquele dia, ela trabalhou até a noite. Enquanto finalizava seu trabalho, as palavras de Itachi ecoavam em sua mente. 

Quando já era noite, ela saiu do hospital e caminhou pelas ruas da Vila estando pensativa e cabisbaixa. Depois de alguns minutos, ela parou e levantou o olhar. 

"Está na hora de enfrentar isso." -- Ela pensou. 

Após um suspiro de encorajamento, ela saiu em alta velocidade.

 Kakashi estava pronto para dormir e estava sentado em sua cama, lendo o Icha-Icha. Depois de alguns minutos, ele fechou o livro e o colocou sobre a mesa de cabeceira e apagou a luz para se deitar. Porém, antes que pudesse se ajeitar na cama, ele ouviu alguém bater em sua porta. Ele se intrigou e logo se levantou para ver quem era.

— Harumi?! O que faz aqui? -- Ele disse ao abrir a porta.

— Kakashi, eu preciso fazer uma coisa que evitei por anos, mas eu... eu preciso da sua companhia. -- Ela disse com o olhar entristecido.

Kakashi se intrigou novamente.

— Será que... você poderia... me acompanhar até o bosque?

Ele ficou surpreso por alguns segundos, até que suspirou.

— Tudo bem, mas... me dê um minuto. -- Ele fechou a porta.

Harumi o esperou e, alguns minutos depois, ele abriu a porta, estando vestido com suas roupas de Jounin e segurando um pergaminho. Harumi, ao notar o pergaminho, suspirou com pesar.

— Vejo que finalmente está decidida a enfrentar o que tem aqui. – Ele mostrou o pergaminho.

Ela fechou os olhos por um breve momento.

— É... vamos logo. – Ela logo começou a caminhar.

— Ei... -- Kakashi a chamou.

Ela parou e se virou para olhá-lo.

 - Você tem certeza que é o momento certo para isso?

Harumi ficou pensativa, com o olhar triste e suspirou.

— Eu já não posso mais fugir de mim mesma, Kakashi.

Em seguida, ela voltou a caminhar e Kakashi a observou por alguns segundos, até que a seguiu.

Eles saíram da Vila e caminharam por uma distância considerável pela floresta. Depois de alguns minutos, eles chegaram no mesmo lugar em que Harumi esteve mais cedo, o Bosque das Lembranças.

A lua cheia iluminava aquele lindo bosque, deixando-o ainda mais agradável. Porém, apesar de toda beleza, Harumi parecia estar desconfortável. Kakashi a observou por alguns instantes, notando sua tensão.

— Talvez você precise de mais tempo. -- Ele disse.

Sem dizer nada, ela apenas estendeu a mão, pedindo o pergaminho para Kakashi. Mesmo receoso, ele a entregou e, sem cerimônia, ela o abriu. No pergaminho havia um selo e, ao encará-lo, ela suspirou entristecida. 

— Kaifū no Jutsu – Técnica de Deslacramento. -- Ela disse, usando um Fūinjutsu.

Após usar essa técnica, ela jogou o  pergaminho no chão e uma fumaça branca tomou conta de parte do bosque. Em seguida, quatro caixas de madeira subiram do solo. As caixas eram grandes e estavam com uma tampa lacrada. Harumi encarou aquelas caixas por alguns segundos, entristecida, até que ficou cabisbaixa. Ela começou a andar com passos lentos em direção as caixas, para liberar o lacre, mas sentiu a mão de Kakashi tocar seu ombro.

— Ei...

Ela parou.

 - Deixa comigo.

Kakashi foi até as caixas e liberou o lacre e fez um selo de mão.

— Liberar.

 Em seguida, todas as tampas se abriram. Harumi continuava cabisbaixa, mas, depois de um suspiro, levantou o olhar em direção as caixas. Ao ver o que havia dentro das caixas, seus olhos marejaram, sua respiração ficou um pouco mais rápida e ela apertou os lábios, tentando se conter, mas as lágrimas começaram a descer de seus olhos. Kakashi voltou a ficar ao lado dela e a observava com tristeza.

Dentro daquelas caixas estavam as coisas que restaram dos familiares de Harumi. A roupa de Jounin de seu pai, a roupa de sua mãe, as roupas de suas irmãs, mas um detalhe tornava tudo mais difícil, todas estavam sujas de sangue. Eram as roupas que eles usavam no dia do ataque da Nove Caudas à Vila da Folha. Além das roupas, também tinha os óculos de sua irmã mais velha, que estavam quebrados, tinha alguns livros de sua irmã que estudava medicina e também tinham as bandanas da Folha de seu pai, de sua mãe e de sua irmã mais velha.

Depois de ter visto todas aquelas coisas uma única vez, quando ainda era criança, Harumi não teve mais coragem de encarar aquela cena que representava tão claramente sua dolorosa solidão.

Depois de alguns segundos, ela deu mais alguns passos, se aproximando um pouco mais das caixas.

— Me perdoem por nunca ter aceitado... talvez isso tenha me feito agir mal algumas vezes. -- Ela disse com a voz trêmula, enquanto lágrimas ainda desciam de seus olhos. - Mas mesmo evitando sentir, a dor sempre esteve aqui. – Ela colocou a mão no peito, em direção ao coração. - Mas, apesar de tudo...eu consegui fazer a escolha certa. Eu pude controlar o poder que eu não escolhi ter e consegui usá-lo da melhor maneira. Hoje eu pude entender que, mesmo fugindo, eu sempre sinto... sinto saudades, sinto a solidão, sinto desespero, sinto raiva, sinto... medo... Mas finalmente estou pronta para entender que não posso mudar o passado, não posso trazê-los de volta... mas posso criar um futuro melhor com minhas escolhas. E mesmo depois de tudo que eu vivi, mesmo depois de tanta dor, eu escolho usar o meu poder para continuar protegendo Konoha, para proteger as pessoas que amo e para honrar a memória de vocês!

Kakashi a olhou com orgulho e suspirou.

Harumi se aproximou de onde estavam as bandanas de sua mãe, de seu pai e de sua irmã e  tirou do bolso a única foto que guardou de todos juntos, da qual ela ainda era um bebê, e colocou próximo as bandanas.

— Eu sempre amarei vocês! 

Em seguida, começou um vento que fez algumas folhas voarem e, em meio as folhas, surgiram algumas flores de primavera, como flores de cerejeira, azaleia, prímulas, lírios. Harumi e Kakashi se surpreenderam, pois ainda não estavam na estação. Um lindo lírio parou dentro da caixa onde estavam as bandanas, próximo a foto.

Harumi ficou ainda mais surpresam pois aquela era a flor que sua mãe mais gostava. Naquele momento, seu choro cessou e ela encarou aquilo como um sinal de sua mãe. Seu coração foi invadido por uma incrível sensação de alívio, era como se sua mãe a abraçasse, e ela sorriu sutilmente. 

Kakashi se aproximou dela e, ao notar sua presença, ela o olhou, sorrindo.  Mas seu sorriso estava diferente, era um sorriso que mostrava claramente o sentimento de paz e recomeço que invadiu seu coração. Kakashi sorriu com os olhos e a noite foi finalizada com aquele ótimo clima de recomeço.

No dia seguinte, era de tarde, e Harumi estava próximo a Caverna. Porém, dessa vez, sua intenção não era chamar a atenção de Itachi e Kisame. Ela estava encostada em uma árvore  e ficou ali, apenas observando a natureza. 

Depois de um tempo, Itachi, que não estava na caverna, caminhava pela floresta sozinho. Quando chegou perto da caverna, logo notou Harumi pelas proximidades e seguiu até ela. Ao ouvir seus passos, Harumi logo olhou em sua direção...

— Itachi! -- Ela sorriu.

— Oi.

Ele se aproximou ficando ao lado dela.

— Hum, não vai me dar bronca por estar aqui de novo?

— Não. Eu percebi que nunca vai adiantar, você sempre vai fazer o que quiser.

— Hum, finalmente! – Ela disse com um sorriso sutil.

Itachi a olhou de canto.

— Apenas se certifique de que ninguém a siga até aqui.

— Não se preocupe com isso. Eu agora sou a responsável por manter essa área segura.

Itachi a olhou, intrigado.

— O que quer dizer com isso?

Harumi sorriu sutilmente.

— Que eu não irei fracassar na minha missão de proteger Konoha. Como já faz um tempo que decidi não sair mais para missões fora da Vila, eu pedi para a Hokage me deixar encarregada de manter essa área da floresta segura de agora em diante.

— Suponho que ela tenha exigido que você a avisasse sobre qualquer sinal de nossa presença.

— Claro.

— Mas você não disse nada...

Harumi o olhou.

— E não pretendo dizer.

Itachi, que também a olhava, desviou o olhar.

— Itachi, aos meus olhos você nunca foi uma ameaça. Eu não posso fazer com que as pessoas enxerguem através dos meus olhos, mas eu posso agir conforme o que eu vejo.

Ele a olhou de canto.

— Bom, tenho que ir. -- Ela se desencostou da árvore. - Hora de voltar ao trabalho!

Ela logo se virou e começou a caminhar.

— Harumi... -- Itachi a chamou.

— Sim? - Ela se virou.

— Obrigado.

Harumi sorriu sutilmente.

— Para isso servem os amigos!

Ela se virou e seguiu seu caminho para a Vila, enquanto Itachi permaneceu olhando-a até não ser mais possível vê-la. O sentimento que ele sentiu naquele momento, o intrigou.

Dois dias depois, o líder da ANBU Raiz, Danzou Shimura, estava observando o céu do lado de fora do Departamento. De repente, alguém surge um pouco distante, estando atrás dele.

— Quanto tempo, Danzou Shimura!

Ele arregalou os olhos ao reconhecer aquela voz...


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Notas finais do capítulo

Não percam os próximos capítulos, daqui para frente serão revelados muitos detalhes do passado da nossa personagem principal.



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