A Mais Vitoriosa escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 21
Capítulo XX.




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O que aconteceu na Escócia foi rápido e sem muita dificuldade, a Batalha de Culloden que aconteceu em abril foi o grande triunfo das forças do governo, e logo os jacobitas se renderam, os líderes foram presos, e a rebelião acabou.

E Frederik, para o alívio de Anne, nem mesmo pisou na Escócia, e logo voltou para perto de Anne. Mas embora as coisas já estivessem melhor na Inglaterra, elas não estavam bem na Holanda. O que fazia Frederik ter um imenso desejo de voltar para sua casa e ajudar, e esse desejo apenas aumentou quando os franceses invadiram a Holanda em 1747, e o primo de Frederik, o príncipe de Orange, foi escolhido como Stadtholder, das Províncias Unidas.

Para impedir essa ida, Anne fez seu melhor, e quando os pedidos não fizeram efeitos, ela novamente engravidou, o que fez com que Frederik permanecesse. O resultado foi que depois de seis meses, Anne teve um aborto espontâneo, a primeira vez nas suas cinco gestações que isso acontecia.

Anne depois disso teve seu tempo de recuperação, mas não iria demorar muito e Frederik iria novamente desejar ir para a Holanda, principalmente vendo que seu povo estava perdendo.

Mas para a alegria de toda a Europa, as negociações de paz, que se iniciaram em 1746, deram seus frutos e logo um tratado de paz foi feito, finalizando a guerra.

E esse acontecimento, o tratado de paz, era o que levava Anne e Frederik a estarem no momento em frente ao embaixador austríaco, que estava acompanhado. A presença do embaixador era completamente inesperada e incomoda, primeiro porquê minutos antes, estava sendo feita uma pintura de Anne, Frederik e seus filhos; e segundo porquê a pintura era para Maria Theresa, em parte como uma vingança pela mesma ter enviado uma pintura a retratando como uma gloriosa rainha na sua coroação na Hungria.

  – Altezas, é uma alegria para mim os ver novamente depois de tanto tempo.

 – Podemos dizer o mesmo Excelência.- Isso não era exatamente verdade, mas o embaixador já tinha conhecimento disso.– Mas o que o traz aqui? E quem é esse com o senhor?

  – Minha marquesa, meu príncipe. Esse é Franz von Frieden, o barão von Frieden, ele é o enviado de Niedersieg.- Niedersieg? Esse era um nome desconhecido por Anne, era então provavelmente um principado pequeno e insignificante no Santo Império.

  – E por que ele está aqui?- Já Frederik parecia não estar curioso com Niedersieg.

Mas a pergunta de Frederik, realmente mostrava também impaciência, um sinal para ele falar logo.

  – Eu serei breve então. Meu senhor o imperador, enviou para meu senhor, o príncipe, isso.- Era uma carta, com o Selo Imperial, era então algo importante.– A imperatriz também enviou isso para minha senhora.

Era outra carta, mas a de Frederik ainda parecia ser mais interessante, assim como mais importante, Anne desejava muito saber o que continha nela.

  – O imperador está falando sério?- Depois de muito tempo lendo, com um suspiro Frederik finalmente respondeu.

 – Sim Alteza, o imperador está falando sério, assim como é muito importante que o senhor aceite.- Agora foi a vez do barão von Frieden finalmente falar.
Parecia que algo muito importante estava ocorrendo na sala de Anne, e todos sabiam menos ela, Anne não estava gostando nem um pouco disso. A desinformação não era nada agradável.

  – Anne, leve o embaixador para ver as crianças.‐ Frederik finalmente se dirigiu a Anne, mas ele realmente estava fazendo isso, a expulsando?– Creio que Maria Theresa também deseja saber como as crianças estão crescendo.

Anne apenas se levantou e saiu com o embaixador, em seu rosto não havia nenhum sinal de irritação ou contrariedade, mas em seu interior Anne poderia matar Frederik. Foi audacioso da sua parte fazer isso, assim como não foi típico, todos sabiam que Frederik era indeciso e sempre precisava de alguém para dar ordens.

  – E onde está a marquesa viúva?- Anne foi logo tirada de seus pensamentos pelo embaixador, Anne não o iria agradecer.

  – A marquesa viúva foi para um chá oferecido por Lady Wiston para a nova condessa de Penryn.

  – Isso é apropriado? O antigo conde acabou de morrer.- Certamente era sim apropriado, levando em consideração que o novo conde esperou muito para ser conde.

O embaixador naturalmente continuou a falar, mas francamente, Anne não o estava escutando. Sua cabeça estava em outro lugar. Mas eventualmente Anne voltou a sua atenção para o embaixador.

  – E Viena contina como sempre, assim como a corte em Hofburg.- Era quase uma certeza que ele não iria se calar se Anne não interferisse.

  – Embaixador eu gostaria de saber o que o príncipe estava a falar com o enviado de Niedersieg.- Mas agora o embaixador sim se calou.– Ou poderia apenas me dizer o que dizia na carta do imperador.

  – Minha senhora logo irá saber, é um assunto que apenas diz respeito a seu marido.‐ Muito audacioso da parte dele dizer isso.

Anne e Frederik eram esposa e marido, isso significava então que envolvia sim Anne, tudo que acontecia com Frederik era do interesse de Anne, assim como seria o contrário.

  – Eu ordeno então que me diga.

  – Minha senhora não pode desfazer uma ordem do imperador.‐ Então ele e Maria Theresa deram ordens para que nada fosse dito a Anne. Anne se perguntava então o grau de importância disso.– Mas minha senhora encontrará alguma luz se ler a carta da imperatriz.

A carta de Maria Theresa não continha na opinião de Anne nada de importante. Nela, Maria Theresa agradecia pelo apoio que lhe foi dado durante a guerra, e dizia que os laços que uniam os Tudor-Habsburg ao Habsburg na Áustria, nunca iriam ser desfeitos. O embaixador certamente não havia lido a carta.

Não demorou muito e o embaixador, junto com o enviado de Niedersieg foram embora, mas Anne não havia recebido permissão para ver Frederik, isso agora era um ultraje, Frederik não podia a empedir de entrar na sua própria sala. Todos pareciam ter tido o pensamento que era bom a irritar.

Depois de quase duas horas esperando, Anne se cansou de esperar, ela agora estava sozinha com Lady Shaftesbury, Lady Richmond e Lady Beaumont.

  – Lady Shaftesbury vá encontrar o príncipe e diga que eu desejo vê-lo.- Com uma mesura e um sim a condessa começou a sair do berçário, o lugar onde Anne estava fazia quase quatro horas.

  – O que será que aconteceu com o príncipe? Terá sido um desastre ou morte? Meu Deus! E se for uma guerra novamente? Minha marquesa a senhora deve se preparar...

  – Lady Shaftesbury não há mais necessidade de ir, Lady Beaumont fará isso.- Anne não tinha nenhum desejo no momento de ouvir as preocupações da viscondessa.

Demorou um pouco, mas Lady Beaumont voltou, e disse que o Frederik a esperava no escritório. E para lá Anne rapidamente se dirigiu, Frederik tinha muito o que pedir perdão, assim como a dar uma explicação.

  – Frederik, eu exijo que você me diga o motivo de...

  – Anne eu tenho uma surpresa para você.- A alegria de Frederik era completamente estranha e não deixava Anne terminar sua frase.– Minha querida Anne, você será consorte de um príncipe soberano.

O príncipe de Orange e o príncipe hereditário haviam morrido? Mas isso não significava nada ao barão von Frieden.

  – Não estou entendendo Frederik.- Para ser um príncipe, os dois primos de Frederik deveriam morrer, ou...

 – Eu fui presenteado com um principado, sou agora príncipe de Niedersieg.

                        *****

Niedersieg era um pequeno principado imperial do Sacro Império que se encontrava entre a Áustria e a Bavaria, nas margens do rio Inn. O principado era composto por três principais cidades: a capital Niedersieg; Königsstadt e Smaragdberg, assim como por algumas aldeias.

Não era um principado grande, era na verdade um dos menores do império, quase não era visível no mapa. Mas ele poderia ser declarada bem próspero; primeiro por estar as margens de um rio, e segundo pelo comércio de pedras preciosas e mármore.

O principado esteve desde de a sua elevação, na segunda metade do século passado, nas mãos de um ramo da casa de Wettin, casa da qual Frederik também fazia parte por via materna. O primeiro príncipe imperial de Niedersieg, Friedrich I, era filho do duque Friedrich Wilhelm de Saxe-Weimar, que era tio do avô de Frederik, Ernest, o duque de Saxe-Hildburghausen. Essa foi a parte que Anne conseguiu entender, mas ainda era muito difícil a seguinte.

Durante os quatro primeiros anos da guerra, Niedersieg se manteve oficialmente neutro, mas depois que o príncipe Theodor Harold morreu, seu irmão Karl II se aliou ao lado da Prússia e da França, fazendo com que no ano seguinte, Niedersieg fosse invadido pela Áustria.

A guerra acabou, a paz voltou a reinar, mas a ocupação permanecia, e o príncipe Karl morreu, sem filhos e sem sucessor. Até agora, já que o imperador decidiu que Frederik seria esse sucessor.
Mas a pergunta de Anne era, por que Frederik? A Alemanha estava cheia de príncipes, poderia ser até um dos tios e primos Hildburghausen de Frederik, mas não ele. Frederik era um insignificante, e considerando que a Holanda estava lentamente perdendo o antigo prestígio, havia sim opções melhores.

  – O barão me disse é um lugar muito agradável, com pessoas também agradáveis. Espero logo estar lá e conhecer.- Anne mal conseguia ouvir Frederik, havia outras coisas a se pensar, dúvidas e perguntas.– Anne você está ouvindo? Já faz um bom tempo que você olha para esse mapa.

Olhar para os mapas do império, alguns trazidos pelo próprio enviado, lembrava a Anne que ela não deveria se distrair.

  – Por que Maria Theresa fez isso? Por que essa escolha?

  – Pelo modo como você fala parece até que não está feliz.

  – Eu estou surpresa, talvez feliz. Mas minha dúvida é grande. Tudo tem um motivo, isso deve ter também.- Afinal, ninguém ganhava um principado de graça.

O estranho era que Frederik não parecia se importar muito, parecia até um menininho quando ganhava o primeiro cavalo.

 – Talvez ela deseje nos recompensar pelo apoio que demos durante a guerra. Afinal, todas aquelas festas, recepções e jantares foram uma tortura, principalmente quando me faziam conversar com o rei, ou com o duque de Somerset.- Uma recompensa. Isso era difícil de acreditar.

Mas quanto aos eventos, Anne teve que suportar o duque de St. Martin, estão Frederik não tinha motivo para reclamar.

  – Então por que só nós? Vários nobres, como Newcastle, também mostraram seu apoio a Maria Theresa, mas não ganharam títulos, nem no império, nem na Áustria.

— O tratado Aix-la-Chapelle não foi muito benéfico para a Áustria, e Newcastle junto com o primeiro-ministro é um dos que idealizou a conferência.

Nesse momento, um pensamento passou por Anne. O que Frederik falava estava certo, o tratado não foi muito benéfico para Maria Theresa.

  – E se Maria Theresa deu esse título para garantir o nosso apoio e lealdade?- Isso fazia sentido a Anne.– Como você mesmo disse, Maria Theresa perdeu a joia da casa ď Áustria, ela vai então desejar recuperar a Silésia, e isso não vai agradar alguns, então com esse título, Maria Theresa está garantindo que em qualquer situação a vamos ajudar.

O que se seguiu foi um constrangedor silêncio. Mostrando que era melhor se esquecer desse assunto, não porquê o que Anne disse era improvável, mas por ser bem provável.

Anne decidiu então voltar para os mapas, e tentar entender Niedersieg.

  – Há algo que eu desejo dizer.- Havia da parte de Anne também muitas coisas a se dizer, mas era melhor não.– Eu irei viajar.

Viajar? Isso não era esperado, e nem era bom. Não era necessário ir a um principado para ser feito príncipe.

  – Por que disso?

— Eu desejo saber como é Niedersieg.- Os livros existiam para isso.– E também conhecer o meu povo e meus nobres.

  – Meu povo? Meus nobres? É um principado do Sacro Império. Frederik, você é um vassalo do imperador.

  – Anne você sabe muito bem que esses principados tem quase total soberania. Então, é meu povo e meus nobres.- Anne odiava quando Frederik a vencia em argumentos.– Eu irei, desejo conhecer o lugar.

  – Meu príncipe tem poder para fazer assim como desejar. Só não volte como um absolutista.

  – Não fale assim.- Anne iria sim falar, muitos governantes estavam se tornando como o rei da França.– Você vai sentir saudades?

Se Anne não fosse quem era, iria dizer que sim, mas não era possível. Anne não conseguia, mesmo sabendo que isso chateava Frederik. Isso fez com que a reação de Anne fosse simplesmente se levantar a sair do escritório.

  – Eu irei mandar Lord Gerald preparar um retrato meu e de nossos filhos, afinal Niedersieg deve conhecer sua príncesa e seus pequenos príncipes.

E assim se foi, e algumas semanas depois Frederik viajou para o continente. E novamente Anne não conseguiu se despedir de maneira apropriada. Isso era constrangedor, era triste. Mas Anne não entendia quando se tornou assim, nem o porquê ser assim. Mas mesmo que se sentisse triste, desolada e com medo, Anne nunca conseguia mostrar isso.

Embora Anne se sentisse assim, seus deveres como marquesa, e amiga, deveriam continuar. Mas nem mesmo a festa de Lady Rochford em Ranelagh, fez Anne melhorar seu humor.


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Notas finais do capítulo

No Sacro Império Romano Germânico, haviam vários Estados quase soberanos, e cada um desses Estados tinha a sua própria nobreza, alguns com o título de príncipe ou prinz, em alemão. Haviam também os principados imperiais, governados por um príncipe imperial (Reichsfürst) também chamados Fürst, esses principados detinham o imediatismo imperial, que significava que eles não tinham um senhor, que o seu território era um Estado Soberano, e que deviam lealdade apenas ao imperador, diferente dos príncipes que não tinham o imediatismo imperial. Um Fürst também poderia ter um Landeshoheit, isso significava que era ele que governava seu território, seguindo suas próprias leis, embora não significasse que eram independes do império. Esses eram considerados parte da realeza e poderiam se casar com a realeza e apenas a realeza.


** Niedersieg : Baixa Vitória, em alemão.
** Königsstadt : Cidade Real
** Smaragdberg : Montanha Esmeralda



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