A Música Que Nos Une escrita por Aline Lupin


Capítulo 5
Capítulo 4




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O que Alice faria naquele momento de perigo? Pensou Anne, com o coração na boca. Ela poderia correr, ou achar algo, uma barra de ferro, ou um castiçal, para atirar na figura fantasmagórica. Mas, ela estava vivendo a vida real, não um romance gótico que saiu da sua imaginação fértil e solitária. Ela simplesmente gritou alto e seus pés a guiaram para direção contrária. Se poder enxergar direito, já que sua visão noturna era péssima e sem o auxílio da vela, que estava caída no chão, ela tropeçou sobre os próprios pés descalços e caiu de joelhos. A dor fora intensa e devido ao impacto, ela mordera a língua. Lágrimas nublaram seu rosto.

— Senhorita Williams? – ela escutou a voz de Collins, próxima a ela.

Ela nunca se sentiu tão humilhada, em toda sua vida. Apoiou a mão no chão acarpetado e se levantou, não sem sentir o corpo protestar de dor. Seus joelhos estavam ardendo, mas a dor da humilhação era mais aguda. Ela não conseguiu distinguir direito a figura de Collins no corredor, mas conseguiu vê-lo melhor, pois ele havia pegado a vela do chão e o local se iluminou com o fecho de luz que incidia. Seu rosto estava mergulhado em sombras, mas ela sabia que era ele que estava ali.

— A senhorita está bem? – ele perguntou, em tom preocupado.

— Estou, quer dizer...- ela sentia sua boca latejando e o gosto de sangue se infiltrou em sua boca – Eu me assustei e cai. Desculpe-me por isso.

Ele deu passadas largas até ela e parecia examiná-la com o auxílio da vela.

— Está tudo bem mesmo? Não torceu o tornozelo? – perguntou, em tom clínico.

Ela testou colocar um pé a frente e não sentiu nenhuma fisgada. Somente seus joelhos parecia protestar e isso a fez pisar em falso e bambear. Ela teria caído, se Collins não tivesse a segurado pelos cotovelos e a firmado no chão. Agora, ele estava muito próximo de lá. Ela se sentiu muito envergonhada.

— Isso responde minha pergunta – ele comentou, com bom humor – Peço desculpas por tê-la assustado.

— Ó, eu que peço. Devo ter acordado todo mundo com meu grito.

— Não há nada a perdoar – ele disse – O mais importante agora é levá-la de volta ao seu quarto.

Antes que eles pudessem se mover, a Sra. Hackney subia as escadas, apressada, iluminando o caminho com uma vela.

— Está tudo bem? – ela perguntou, com a voz entrecortada – É o menino de novo?

— Está tudo sobre controle, Sra. Hackney – Collins respondeu, com paciência – Erik deve ter gritado no sono e isso fez a senhorita Williams sair do quarto e ela acabou se assustando ao se deparar comigo. Que confusão fizemos.

— Ó, eu vejo – ela disse, sem transparecer nada, a não seriedade – Se tudo está sobre controle, voltarei para minha cama.

Ela se virou, levando a luz consigo e descendo as escadas de forma lenta. Anne soltou o ar que estava represando e se moveu. Collins passou um braço por sua cintura, a apoiando. A proximidade era enervante. Ele recendia a colônia e tabaco. Com o apoio, conseguiu andar até a porta do seu quarto, mas seus passos não eram firmes.

— A senhorita ficara bem? – ele perguntou, quando abriu a porta para ela – Eu gostaria de examinar seu joelho, se me permitir.

— Não há necessidade – ela negou, veemente. Um exame àquela hora da noite não era algo que ela desejasse. Já estava exposta o suficiente – Mas, obrigada.

— Sempre as ordens – ele disse, com um sorriso, entregando a vela para ela – Eu espero que não se assuste com Erik. Ele as vezes grita a noite, parecendo lutar com fantasmas invisíveis. Só Deus sabe os horrores que ele deve ter passado.

Anne engoliu seco, sentindo seu peito apertado. O que havia acontecido com aquela pobre criança? Ele deveria ter sofrido tanto, antes de parar nas mãos de Collins.

— Eu gostaria de vê-lo, se possível. Ele deve estar assustado – ela disse, em tom maternal.

— Não, senhorita. Deve voltar para cama. Eu mesmo lidarei com isso – ele negou – Amanhã terá tempo de conhecê-lo e de se inteirar sobre ele.

Anne assentiu. Seria melhor assim. Ele estava certo. Mas, ela não deixou de se preocupar menos com a criança.

— Boa noite, senhorita – ele disse, se afastando.

— Boa noite – ela murmurou, dando um passo para trás e fechando a porta.

***

Anne acordou bem, no dia seguinte. A Sra. Hackney bateu na porta as seis e meia, para despertá-la. Anne escolheu um vestido cinza, com mangas cumpridas e colocou suas botas. Sem auxílio de um espelho, tentou seu melhor com um coque severo. Fazia tanto tempo que havia deixado de ser tão feminina. Ainda se assustava, quando podia ver sua aparência no espelho. Sempre fora angelical, mas aqueles cabelos escuros a deixavam com ar tão severo e por estar muito magra, seu rosto estava pálido demais, com as maçãs mais salientes.

Ela desceu as escadas, com elegância de sempre e encontrou a cozinha. Fora apresentada a cozinheira, a Sra. Campbell, as criadas senhorita Nancy e senhorita Stone. Além do motorista, Sr. Jones. Não havia um mordomo, pois a Sra Hackney havia se promovido ao posto, além de ser governanta da casa. Eles tomaram o café, conversando calmamente. E começaram a fazer perguntas sobre Anne. O que ela não apreciou, pelo fato de que não queria compartilhar sua história manchada. Por mais que fosse uma governanta, sua reputação arruinada poderia fechar portas para ela.

— A senhorita está em Londres há quanto tempo? – perguntou a senhorita Nancy. Ela tinha cabelos claros e um olhar meigo.

— Resido há dois anos – ela respondeu, séria. Não iria se mostrar efusiva. Quanto mais fosse fechada, era melhor para ela.

— E onde a senhorita morava antes? – perguntou a senhorita Stone. Ela parecia séria, cabelos negros e usava um óculos, que insistia em deslizar por seu nariz. Ela repetidamente ajeitava-o com o indicador.

— Residia em Kent. Na casa do visconde Klaine. Ele tem uma sobrinha – ela disse, mentindo. Era claro que Klaine havia deixado que ela usasse aquele álibi. Ele não parecia se importar.

— Ó, que maravilhoso – comentou a senhorita Nancy, com os olhos brilhando – Trabalhar na casa de um visconde devia ser tão perfeito. Ele dava bailes lá?

Anne engoliu seco. Não tinha pensado nisso. Mas, logo a atenção de todos foi direcionada para a porta da cozinha, quando Collins apareceu, com uma maleta na mão esquerda e estava com os cabelos lustros, para o lado. Ele sorriu.

— Bom dia – ele disse, entrando na cozinha, recebendo um olhar de reprovação da senhora Campbell e da senhora Hackney – Senhorita Nancy, peço que não faça tantas perguntas a minha governanta. Ou ela sairá correndo na primeira oportunidade.

Nancy corou e desviou olhar para seu prato. Anne enfiou um bolinho na boca, para não ter que se pronunciar.

— Senhora Campbell, não se importaria se eu me sentasse a mesa com todos? – ele perguntou.

Ela franziu o cenho, em claro desagrado.

— O senhor pode fazer o que desejar. Afinal, a casa é sua – ela disse, em tom de reprimenda. Isso não desencorajou Collins, que se sentou entre de Anne e o Sr. Jones – Mas, deveria saber que não é de bom tom o senhor confraternizar com a criadagem.

Collins deu de ombros, pegando o bule de café e servindo-se sozinho.

— Eu não sou um maldito duque e nem tenho título, que Deus me abençoe por isso – ele disse, em tom irônico. Isso causou um muxoxo vindo da Sra. Hackney e uma risada contida do Sr. Jones – O melhor é que isso ficou para meu querido irmão, Jasper.

— O senhor não pode usar o nome de Deus em vão e praguejar – a Sra. Hackney ralhou – E por ser irmão de um visconde, não deveria nem trabalhar.

— Me desculpe – ele disse, a fitando, do outro lado da mesa, mas Anne percebeu que ele não estava nem um pouco arrependido - Eu sou o terceiro filho. Não tenho que me preocupar com isso. E meu querido pai não parecia contrariado da minha escolha, então, está tudo bem.

— O senhor faz algo muito importante, de fato – disse a senhorita Stone – É um homem bom, que ajuda as pessoas.

— Eu tento, senhorita Stone, é o que sempre tento – ele disse, com pesar – Mas, parece que a muito a ser feito ainda. Então, meu trabalho nunca termina.

Ele se virou para Anne, que acreditava que não cairia em seu escrutínio.

— A senhorita está bem? – ele perguntou – Ira me permitir examinar seus joelhos?

Ela corou efusivamente. E recebeu olhares de todos na mesa. Todos pareciam estar curiosos para saber o motivo de Collins ter feito aquela pergunta.

— Eu...está tudo bem – ela balbuciou – Não é necessário, senhor.

Ele assentiu, mas sem se convencer.

— Tudo bem. Mas, se precisar descansar por hoje, irei entender.

— A senhorita se machucou? – a senhorita Nancy perguntou.

— Eu só cai. Não é nada grave – Anne respondeu apressadamente.

— Quedas podem ser terríveis - a senhorita Stone comentou – Uma vez minha tia caiu e quebrou o tornozelo. Nunca mais pode andar normalmente. Precisava de uma bengala. Ficou manca. Pobrezinha.

A conversa começou a girar em torno disso e todos pareciam ávidos em compartilhar mais histórias sobre quedas terríveis. Anne não comentou nada, apenas fitando seu café na xicara e tentando comer seus ovos com bacon.

— Uma vez o meu sobrinho, filho de Jasper caiu do cavalo – comentou Collins – E isso fora o fim para ele. Ficou coxo. Não consegue andar corretamente. Subir escadas parece uma tortura. Tentei ajudar de todas as forças possíveis, mas um osso quebrado pode ser fatal.

Anne não sentia mais fome, depois aquela conversa estranha. Aquela casa era tão diferente. Todos pareciam comunicativos, confiando um nos outros e pareciam à vontade com Collins. Ela nunca se sentiria à vontade com ninguém. De poder ser transparente e contar o que aconteceu com ela. Com certeza, se fosse sincera, receberia julgamentos. Não seria vista com bons olhos. Sara era a única pessoa com quem ela conversara de fato, mas, mesmo assim, não contou o que aconteceu consigo. Não disse que ela havia abandonado tudo em Yorkshire para viver com um homem, sem se casar. Que perdera seu filho e sua reputação estava na lama. Não, ela não contaria a ninguém.

Ela se levantou, pedindo licença e saiu para fora, tentando respirar. Se sentia sufocar. O tempo estava nublado e parecia que choveria em breve. Pensou em Jacob e como ele deveria estar se sentindo sozinho. Iria pedir para Collins ajudá-la a visitá-lo. Gostava daquela criança, mesmo ele sendo tão malcriado e impossível com ela, por tanto tempo. Ela voltou para dentro e encontrou Collins no hall de entrada. Ele a fitou preocupado.

— Está tudo bem, senhorita? – ele perguntou.

— Está sim, senhor. Quando posso ver o menino? – perguntou.

— Está ansiosa para conhecê-lo? – ele perguntou, com um brilho diferente no olhar. Parecia divertimento e aprovação. Ela anuiu – Bom, só quero avisá-la de que ele é muito diferente das crianças que a senhorita teve que lidar. Ele age com selvageria por vezes e seu rosto está desfigurado.

Ela mordeu os lábios, assustada.

— Como isso aconteceu? – ela perguntou.

— Eu não sei – ele respondeu – Parece ser queimaduras, na parte direita. Vai da testa ao queixo.

— Pobre criança – ela disse, agoniada.

— Ele está bem, senhorita. Não se preocupe com isso. Podemos então subir?

Ela assentiu e ele a guiou pelo corredor. Eles subiram a escada e ele a guiou para o sótão. Ele destrancou a porta e deixou uma fresta aberta, sem tirar a mão da maçaneta.

— Erik, temos uma visita – ele disse.

Ele abriu a porta mais e entrou. Ela o seguiu e ele fechou a porta, trancando-a. O quarto era relativamente limpo. Havia uma janela, que estava com tabuas pregadas e o teto era baixo. Havia uma cama de solteiro, encostada na parede e só. E ela viu um garoto de cabelos escuros encolhido no chão de madeira, olhando para fora. Ele estava magro, com apenas uma camisola que branca. O rosto dele mostrava as marcas de queimadura, que causavam arrepios em Anne. Ela se sentiu enjoada, mas se manteve firme. Collins se aproximou do menino, se ajoelhando diante dele.

— Quero que conheça uma amiga, Erik – ele disse, com calma, como se estivesse tentando domar um cavalo – Ela veio me ajudar a cuidar de você.

Erik não se virou para o médico. Continuava compenetrado e alheio a tudo. Anne se aproximou, quando Collins a chamou com um olhar. Ela deus alguns passos, cautelosa e fez o mesmo que ele, agachando-se.

— Essa é a senhorita Anne Williams, Erik – ele apresentou.

Erik não moveu um musculo, alheio a tudo.

— Espero que vocês se tornem amigos, Erik – ele continuou – E que venha a confiar nela. A senhorita Williams não o fara nenhum mal a você. Está seguro.

Ele aproximou a mão, pegando a do menino. Erik se encolheu, afastando a mão. Collins não parecia irritado com o afastamento brusco. Mas, era óbvio que se esforçava para conseguir a confiança do garoto.

— Olá Erik – Anne disse, com confiança. O menino a fitou com um olhar assustado. Seus olhos verdes reluziram. Ela sentiu o peito apertar – Sou a senhorita Williams, mas pode me chamar de Anne. Espero que possamos ser amigos.

Ela ofereceu a mão, mas Erik recusou, voltando a fitar a janela. Collins se levantou e Anne o imitou.

— Bom, o reconhecimento foi feito – Collins disse – Agora, você precisa ter a confiança dele. Vou chamar a Sra. Hackney para ajudá-lo a vesti-lo e fazê-lo comer algo. Eu vou precisar ir para o hospital agora. A senhorita se sente capaz de assumir tal tarefa?

Anne se sentiu ofendida pela pergunta. Mas, Collins não havia usado um tom condescendente. Seu olhar era preocupado, apenas. Ele queria confiar nela e ela queria mostrar que era digna disso. Do cargo que ele havia dado a ela. E ela queria mostrar que conseguiria lidar muito bem com Erik. Queria deixá-lo orgulhoso.

— Sim senhor – ela disse, demonstrando toda sua confiança, mas que na verdade, não estava lá. Ela estava apavorada. Com medo de falhar.

Ele anuiu com a cabeça, com um pequeno sorriso.

— Então, deixarei meu pupilo aos seus cuidados, senhorita – ele disse, por fim – Espero muito que não vá embora ao menor sinal de selvageria.

Ela queria entender aquela frase. O que estava subtendido ali. E logo descobriu.

***

— Erik, você não poder jogar a comida assim. Tem que comer – Anne disse, em tom exasperado.

O menino não havia comido nada, durante o dia todo. E as marcas de comida estavam nela e nas paredes. Ela tentou tirou o prato dele, pois ele esmagava o alimento, como se estivesse brincando. Mas, ele apenas rosnou para ela, como se fosse um cachorrinho. E ele ria, em tom de deboche. Anne se sentia exasperada. Estava falhando miseravelmente. Talvez, a pior parte fosse colocar a roupa nele. Ele havia tirado tudo, com raiva e até mesmo a mordeu. A Sra. Hackney suspirava, mas parecia muito acostumada com os modos do menino.

— Erik, você precisa comer, querido – ela disse, em tom agoniado – Não pode...

Ele atirou o purê de batata em sua cara, rindo, divertido. Anne limpou os olhos, com as costas da mão. E sentia que iria chorar. Mas, não. Ela não daria isso a ele. De maneira alguma.

— Ah, isso foi muito errado – ela disse, puxando o prato dele, com força.

Ele gritou, de raiva. Ela ficou em pé, tentando não bater a cabeça no teto. Eles não haviam saído do sótão, para o desespero dela. O menino não estaria apto a sair para fora, ainda. Ela pensou em Jacob, de repente. No quanto fora difícil conseguir a confiança do menino. Os caramelos vieram a mente dela. Tinha que funcionar. Ela saiu do quarto, trancando a porta atrás de si. E deixou o prato na escada. Desceu rapidamente e foi até seu dormitório, encontrando os caramelos dentro da bolsa de crochê. Voltou rapidamente para o sótão, levando o prato de comida consigo. Erik a fitou, desconfiado.

— Bom, eu tenho uma coisa que você pode gostar – ela disse, mostrando a bala embalada – Vamos ver se você gosta.

Ela andou até ele, com cautela e deixou a bala no chão. Ele fitou, com estranheza e se aproximou, pegando a bala rapidamente. Ele não parecia saber o que fazer. Ela pegou uma, dentro do bolso e desembrulhou.

— É assim que você faz, Erik. Tire do papel – ela auxiliou.

Erik imitou e fitou o caramelo, ainda, sem entender.

— Você coloca na boca – ela fez o movimento.

Erik fez o mesmo e seus olhos brilharam. Parecia contente. Anne exultou. Agora era só esperar ele pedir mais uma, e então viria a barganhar. Ele teria que comer. Erik se aproximou dela, com um olhar suplicante, depois de alguns minutos. Apontou para o papel da bala e para a boca. Então, ele sabia se comunicar e entendia o que estava sendo dito.

— Eu não compreendo o que você quer, Erik – ela disse. Ela sabia o que ele queria, mas queria saber se ele sabia falar.

— Mais – grunhiu o menino.

Isso era bom. Ele poderia não ter o domínio de um vocabulário refinado, mas estava claro que ele entendia o que era falado e sabia usar as palavras.

— Erik, eu posso dar a você, mas precisa comer primeiro – ela mostrou o prato com a refeição inacabada – Pode fazer isso?

O menino parecia emburrado e voltou a seu lugar, se encolhendo.

— Erik, vamos garoto. Você precisa comer – ela tentou argumentar – Eu lhe darei mais balas, se fizer isso.

Ele parecia hesitar. Ela deixou o prato ao lado dele, com a colher e Erik comeu. Segurava o talher com dificuldade e Anne tentou ajudá-lo, mas isso o fez soltar um rosnado. Ela ficou parada, vendo-o se alimentar pegar o restante da comida com as mãos. Seria mais difícil do que pensava lidar com ele.

— Mais – ele apontou para o papel da bala, depois de comer.

Ela entregou e ele quase engoliu a bala com o papel.

— Se você me deixar trocar sua roupa e tomar banho, vou te dar mais balas – ela disse, depois que o que menino havia acabado com sua bala.

Ele parecia emburrado. Mas, parecia ter aceitado a barganhar. Ela conseguira dar banho nele, com a ajuda da senhorita Nancy e a senhorita Stone. E colocar uma roupa mais apresentável. Ela deu duas balas, pelo bom comportamento de Erik. E conseguiu fazê-lo descer, para os jardins, mas, logo ele tirou os sapatos, correndo em volta do terreno. Collins chegara o exato momento, com sua maleta. E sorriu ao ver a cena.

— Parece que ele quase conseguiu ser um cavalheiro – ele disse, se aproximando de Anne.

— Eu juro que tentei fazê-lo ser, senhor – ela disse, se sentindo derrotada.

— É uma avanço faze-lo vestir as roupas e...- ele a fitou, com um sorriso reprimido – Parece que a senhorita estava em um campo de batalha.

Ela o fulminou com o olhar. E isso o fez rir.

— Sinto muito – ele disse – Eu sempre fico assim quando tento fazê-lo comer. Algum progresso com ele essa tarde?

— Ele sabe dizer algumas palavras e entende o que estamos dizendo. E consegui suborná-lo com caramelos.

Ele a fitou com um ar divertido. Faze-lo rir era algo que estava deixando Anne satisfeita, mas ao mesmo tempo irritada. Fora muito trabalhoso lidar com o garoto.

— Ora, mas então você fez uma barganha com ele, para comer? Eu nunca havia pensado nisso – ele disse, com humor – Parece que estamos progredindo então.

Erik correu até Anne e plantou a mão na saia dela. Agarrou suas saias, com força.

— Mais – ele grunhiu.

— Você quer mais caramelos? – ela perguntou.

O menino assentiu, com entusiasmo.

— Então, vamos entrar e lavar suas mãos – ela disse.

Ele se afastou, irritado, mas a seguiu. Ela notou duas marcas marrons no tecido cinza e suspirou. Collins deve ter notado, pois gargalhou.

— Acho que eu assumo a partir daqui. Vá trocar suas vestes e descansar.

— Mas, senhor...- ela protestou.

— Não, por favor, eu insisto. Só deixe comigo os caramelos. Gostei muito da sua ideia – ele piscou para ela.

Anne ficou constrangida, mas estava cansada demais para protestar. E depois de trocar suas roupas, ela subiu no sótão e viu a porta entreaberta. A Sra. Hackney e Collins lidavam com Erik. Ele estava vestindo sua roupa de dormir e Collins deu o caramelo ao menino. Anne não pode deixar de sorrir ao ver aquela cena.


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