A Música Que Nos Une escrita por Aline Lupin
Anne passou a semana inteira em um clima agradável. Cuidava de Erik, além de conversar com Janet, Jasper e tinha a companhia de Henry as noites. Ele se esgueirava para seu quarto, sem que ninguém notasse e dormia com ela. E isso a deixava feliz, pois não queria passar um segundo longe dele. E ele parecia ter a mesma opinião.
Logo iriam acabar as férias curtas deles, pois Henry precisava voltar para suas pesquisas e ela teria que preparar um casamento. Janet iria ajudá-la com isso. Mas, ninguém parecia mencionar sobre sua sogra. O que era inquietante.
— Ela está em Paris – comentou Jasper, quando Anne perguntou no café da manhã – Ela vive lá agora, com nossas riquezas. Gastando como se não houvesse amanhã.
Henry fez uma carranca, tomando um gole do seu café.
— Ela não sabe o trabalho que temos para ter nosso patrimônio – ele disse, rancoroso.
— Que falta de educação falar sobre trabalho a mesa – provocou Janet – Nobres não trabalham.
— Nós não somos comuns, se você esqueceu, esposa – Jasper disse, com um sorriso malicioso – Eu tenho meus negócios lucrativos no jornal e na fábrica de tecidos. Então, é isso que salva nossas propriedades. E Henry suja suas mãos como médico.
Todos riram.
— Mas, ela não vira para o casamento? – Anne retomou o questionamento sobre a sogra.
— Ah, não. Ela ficaria furiosa. Então, eu não avisei – Henry disse, sucinto.
Anne arregalou os olhos.
— O quê? – ela exclamou, surpresa.
Henry suspirou e Jasper tinha uma expressão de culpa.
— Er...na verdade eu avisei – ele disse.
— Você não fez isso. Seu bastardo! – vociferou Henry.
— Ei, acalmasse Henry. Tem crianças na mesa – Janet pediu.
— Eu gostei desse xingamento. Bastardo – repetiu Louis.
Erik e Jonathan riram.
— Vocês não devem dizer isso, mocinhos – repreendeu Anne.
Janet a fitou com um olhar de que seria difícil convencê-los a não repetir o que foi ouvido.
— Por que fez isso, Jasper, quer condenar a todos? – Henry parecia agoniado.
— Eu fiz o que era certo. Ela é nossa mãe e você é maior de idade – o irmão tentou contornar a situação.
— Eu disse que era péssima ideia – Janet comentou, tomando seu chá placidamente – Não se preocupe, Anne. Eu a salvarei.
Anne riu, sem humor.
— É tão ruim assim? – ela perguntou.
— Terrível – Henry respondeu soturno.
— O pior pesadelo – Janet complementou.
— Por Deus, ela é nossa mãe – Jasper protestou.
— Um dragão cuspindo fogo – Janet parecia adorar colocar lenha na fogueira, Anne reconheceu. E não pode deixar de rir.
Jasper suspirou, desalentado.
— Não se preocupe, Anne. Ela vai se comportar – Jasper prometeu, com um olhar bondoso – Ela disse que viria para conhecê-la. Deve estar chegando em breve.
— Ah – Anne se engasgou.
Henry se levantou, abruptamente, fazendo com que a cadeira batesse no chão.
— Nós vamos embora agora – ele disse, com um tom autoritário.
— Henry – Jasper tentou dizer.
— Milorde, a viscondessa viúva de Bedford está aguardando para entrar – o mordomo irrompeu na sala de desjejum.
Jasper parecia ter engolido uma vespa. E não era diferente de Henry, que estava rígido. Janet parecia plácida e calma. E Anne estava fervilhando de pensamentos catastróficos por dentro.
— Deixa a entrar – Jasper permitiu.
— Não – Henry disse, agoniado.
Mas, já era tarde. Ela entrou e todos pareciam ter prendido a respiração.
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