A Música Que Nos Une escrita por Aline Lupin


Capítulo 18
Capítulo 17




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Anne passou duas semanas se sentindo doente. Estava se sentindo mal pelo que aconteceu na carruagem e mal conseguiu olhar para Henry. Ele tentava agradá-la e perguntou sobre o pedido de casamento dele. Ela não sabia o que dizer. Estava mortificada e arrasada. Odiava Klyne por isso, por destruir sua paz. Queria ir embora e nunca mais voltar a Londres. Não suportaria o olhar condenatório de Henry se ele não entendesse a situação. 

Ela pensou que ele poderia achar que ela era como sua ex esposa. E Anne não era. Jamais faria tal coisa com Henry. Seria leal até os últimos dias de sua vida. Ela o amava. Era egoísta demais para deixá-lo. Então, ficou com ele todas as noites e deixou que ele a amasse. Que ele dissesse palavras doces e fizesse promessas. Adorava ouvir sua voz e adorava tocar para ele o piano. Gostava também de estar com os criados daquela casa. Se afeiçoava a Erik a cada dia mais. E desejava ter um filho novamente. Pensava no seu pequeno Nicolas, que não vingara e olhava para Erik. Ele já ocupava seu coração como um filho querido. Um ser amado.

Como queria consertar tudo. Se sentia mal por esconder a verdade de Henry. Tinha que dizer a ele o que aconteceu, para se ver livre daquele incomodo. Daquele segredo sujo. Ela não sabia como ele iria reagir. Ela percebeu o ciúme que ele sentia dela. E ele ainda estava frágil, sem confiança, devido a ter sido traído. Precisava ter cuidado. 

Mais um mês se passou então. Já estavam em janeiro. O Natal fora algo mágico para ela, que pela primeira vez sentiu que tinha uma família. O frio era cortante e fazia os londrinos ficarem reclusos. A neve cobria tudo, deixando qualquer com medo de se aventurar do lado de fora. 

— Anne, nós vamos visitar meu irmão no campo. Em Sussex – ele disse, naquela tarde – Eu quero que Erik interaja socialmente e conheça meus dois sobrinhos. Está na hora de ele viver um pouco. 

Anne torceu as mãos. Não queria ir. Não poderia suportar o escrutínio do irmão dele e da esposa. Todos veriam o quanto ela estava apaixonada por Henry. E isso não seria bom para ninguém. 

— Henry, não acho uma boa ideia eu ir – ela desconversou – Eu ficarei aqui e esperarei vocês voltarem.

Ele a fitou com impaciência e a puxou para seu colo. 

— Henry, estamos na sala, por Deus, alguém pode ver – ela disse, mortificada, tentando levantar-se, mas ele a puxou com mais força.

— Fique quieta – ele pediu, com um sorrisinho que ela queria arrancar. Com uma bofetada ou com um beijo. Ela estava mais propensa a beijá-lo – Eu quero que você venha, Anne. Por favor. Eu não suportaria ficar um segundo longe de você, meu amor. 

— Henry, isso não é certo – ela explicou – Já pensou o que seu irmão vai dizer sobre nós quando perceber o que de fato está havendo? O que a esposa dele dirá? Eu sou uma governanta.

Ele revirou os olhos e beijou o queixo dela.

— Será minha esposa. E estamos pecando demais, meu amor. Precisamos nos casar – ele disse, beijando o pescoço dela.

— Você não é religioso. Não acredita nesses costumes. Então, não me venha falar de pecado – ela ralhou. Estava relutante em aceitá-lo. Não iria fazer isso. Não antes de contar toda a verdade sobre si. Mas, temia esse momento. Temia perdê-lo. 

— Eu não acredito mesmo – ele disse, rindo, fazendo cocegas no pescoço dela, enquanto mordiscava sua pele – Mas, sou estudioso dos costumes. E estamos fazendo algo muito, mas muito errado. E se realmente existir um inferno, iremos juntos para lá, Anne. 

Ela gargalhou. 

— Nós vamos. Mas, isso não me preocupa, Henry. O que me preocupa agora é o que sua família vai pensar de nós – ela disse, em agonia. Queria mostrar ele que seria péssima ideia estar lá. 

— Tudo vai ficar bem, amor – ele disse – Assim, quando estivermos lá, eu quero apenas que você relaxe. Eu pedi para Jasper preparar um quarto de hospede para você. Eu meio que confessei o que sinto por ti. E que vou pedi-la em casamento lá. Então, é bom você aceitar Anne. Não me rechace – ele empregou um tom falso de mágoa. 

— Henry! – ela grunhiu – Você não fez isso...você não disse a ele, disse?

— Eu disse sim, amor. Só não disse que somos marido e mulher, sem a benção de Deus – ele respondeu, com um sorriso maroto – Agora, sorria para mim. E diga que me fara o homem mais feliz do mundo.

Ela se afastou dele, plantando as duas mãos na cintura.

— Henry Collins, você é um homem terrível – ela ralhou, mas acabou sorrindo.

— Eu sei – ele concordou – E sou o homem mais horrível do mundo, quando eu não tenho a mulher que amo comigo. Então, venha comigo. Eu fico terrivelmente melancólico quando você não está. Ninguém vai me querer por perto, se eu estiver de mau humor. 

— Está bem – ela aceitou, a contragosto – Mas, nós precisamos conversar, Henry. Algo sério. É meu passado...er...

— É claro, vamos conversar sim. Há dias que quero saber quem são seus familiares e convidá-los para nosso casamento. Precisamos corrigir os erros do passado. Eles irão perdoá-la assim que a ver casada comigo...

Ele foi interrompido pela entrada de Erik, que vinha correndo e abraçou as pernas de Anne no processo.

— Vamos...viajar...- ele disse, contente. 

— Nós vamos, pequeno. Quer dizer que o Sr. Collins já contou para você? – o menino assentiu. 

Henry revirou os olhos.

— Não gosto quando me trata com formalidade. Erik sabe que a amo.

— Er...ele sabe? – ela perguntou, assustada.

— Eu sei...vocês...dois...se...beijaram...muito...nojento – ele disse, se afastando, fazendo uma careta. 

Anne colocou a mão na boca, horrorizada.

— Ah, Deus. Se ele sabe, todo mundo nessa casa também sabe – ela murmurou.

Os olhos de Henry brilharam.

— Ó sim. E a Sra. Hackney quer arrancar minhas orelhas. Por isso, preciso que você aceite se casar comigo, amor. Ela disse que seremos castigados pela ira de Deus por estarmos pecando. E já percebeu que tem dias que não entro no seu quarto – Ela assentiu – Isso é pelo fato de eu ser barrado a noite por ela. Então, se não quiser ficar sem minhas visitas, é melhor me aceitar. 

Anne gargalhou. Mas, se sentia tensa por dentro.

— Tudo bem. Eu aceito. Mas, precisamos conversar, Henry – ela pediu – Antes de você querer oficializar isso tudo.

— Nós iremos amor. Mas, agora quero que prepare sua bagagem. E se puder ajudar com a de Erik – ele pediu. 

— Sim, é claro.

Anne arrumou tudo para a viagem, com a ajuda de Nancy, que não cabia em si de alegria de ser sua acompanhante. A Sra. Hackney insistiu, devido ao decoro. O que Henry queria protestar e não parava de praguejar como um marinheiro.

— Vai trazer a desgraça sobre nossas cabeças, senhor – ela dissera, com uma voz séria. 

— E a senhora vai me deixar louco se quiser me afastar da minha noiva – Henry esbravejara – Anne, por Deus, precisamos nos casar logo. Antes que essa senhora durma em seu quarto e não me permita vê-la.

— Eu farei isso, se for preciso. Vocês dois, não tem vergonha – ela os fitara com um olhar severo.

Anne ficara com as orelhas quentes depois de ouvir isso. Nancy ria, cochichando com a senhorita Stone em um canto. A Sra. Campbell não cabia em si de alegria. 

— Já estava na hora de vocês assumirem o que sente – ela comentara – Eu sabia que vocês se amavam. Vai ser uma honra servi-la.

Anne ficara ainda mais envergonhada. Todos sabiam. Que o Sr. Jones sabia, era óbvio. Ele já vira Henry a puxar com ele para dentro de casa tantas vezes. E já virá os dois se tratarem com intimidade. Mas, ninguém falava nada. 

Dentro da carruagem, indo para Sussex, Anne pensava o quanto a vida havia mudado. Nancy estava ao seu lado, com um Henry carrancudo no assento a frente dela e Erik, que não parava de chutar os pés no ar.

— Pare com isso – Henry ordenou.

Erik o fitou com raiva e parou, apertando os punhos.

— Não precisa ser tão chato, Henry – Anne saiu em defesa do garoto.

Ele a ficou com um olhar assassino.

— Se eu tiver que ficar mais um segundo nessa carruagem, com ele batendo os pés e fazendo sons irritantes e não poder ficar um segundo a sós com você, vou enlouquecer.

Nancy respirou fundo, ficando vermelha.

— Nancy, não ligue para Henry. Ele está irritado, pois detesta dividir as coisas. É muito egoísta – ela provocou.

— Eu sou – ele concordou, com orgulho – E já disse que quero você para mim.

Nancy fez “ó” mortificada. 

— Eu a levaria a Gretna Green agora e não teríamos que ter uma acompanhante e uma criança a reboque.

— Ei – Erik disse, magoado.

— Você quem quis levar Erik, para socializar – Anne o lembrou. 

— Eu sei...eu não sei por que eu tive essa ideia – ele disse, cansado – Sem ressentimentos, Erik. Mas, o dia que você for adulto e estiver apaixonado, vai entender o que quero dizer.

— Eu...espero...que...não – ele disse, emburrado – É...nojento...

— Muito nojento – concordou Anne, rindo. 

Henry a fulminou com o olhar. 

Para a felicidade de todos, a carruagem parou na propriedade do visconde Bedford. Era uma mansão estilo elisabetana. Enorme e em um tom amarelado. Anne ficou deslumbrada com a quantidade de janelas que tinha. Deveria ter mais de trinta cômodos naquele lugar. Havia campinas rodeando o local e a propriedade era vasta. Henry havia dito que havia um lago reservado, em volta de árvores. E que queria levá-la lá. Era um lugar romântico para dar um passeio. Ela sabia o porquê. Ele estava irritado por ter passado uma semana longe dela. Ordens da Sra. Hackney. Ela não cabia em si de contentamento, pelo fato de vê-lo tão apaixonado.

Eles desembarcaram da carruagem e foram recebidos pelo mordomo, que informou que o visconde e viscondessa estavam na sala de visitas. Eles deixaram as malas e baús aos cuidados dos lacaios. 

O lugar era imenso e Henry parecia conhecer muito bem. Puxou Anne pelo braço e Erik estava com Nancy atrás deles. Ele seguiu por corredores decorados com quadros de ancestrais e outros de paisagens. Havia armaduras em alguns corredores. E um brasão da família. Anne se sentiu enjoada. Ela não iria conseguir ser a esposa dele, vendo a riqueza em que fora criado. Seria impossível, impensável. 

Eles viraram à esquerda e entrarem em uma sala ampla, muito maior que seu quarto e a sala de estar de Henry. Havia janelas imensas, de alto abaixo. Mostravam um jardim magnifico e bem cuidado do lado de fora. E um casal estava sentado um sofá de cor creme, com um sorriso plácido. Eram tão bonitos. Ela reconheceu Jasper, o visconde de Bedford. Os mesmos cabelos loiros, somente os olhos azuis claros. E ao lado dele, sua esposa. Ela tinha cabelos escuros e olhos verdes vibrantes. E se vestia com a elegância de uma duquesa. Estava coberta de joias e tinha um sorriso formal. 

Anne sentiu que não poderia entrar. Não poderia mesmo. Henry a puxou consigo, parando em frente ao casal.

— Milorde – ele disse, fazendo uma reverência.

Bedford se levantou e o abraçou. Eles trocaram tapinhas nas costas. 

— Não precisamos de formalidades, seu tolo – ele disse, com carinho – Sabe que é ridículo me chamar assim, não sabe?

— Eu sei, por isso mesmo que eu o chamo – Henry provocou. 

Anne se sentia à deriva ali. 

— Jasper, quero que conheça minha futura esposa, Anne Williams – ele apresentou – Anne, esse é Jasper Collins, visconde de Bedford. 

— Milorde – ela fez uma reverência rígida.

— Por favor, só Jasper, Anne – ele disse, com um sorriso caloroso – Eu queria ter conversado com você mais no dia que estive na casa do meu irmão. Fiquei curioso para saber como domou Erik.

O menino se aproximou, com um olhar feio.

— Erik, se comporte - pediu Anne, em tom de reprimenda – Faça um reverencia, como eu ensinei.

O menino fez um reverencia curta e disse:

— Milorde.

— Tem certeza de que é a mesma criança? – zombou Bedford.

— Vou...chuta-lo...- o menino disse, entredentes.

Anne respirou fundo, assim como Nancy ao lado dela. A viscondessa olhava tudo com um sorriso estampado no rosto. 

— Ah, agora sim é o mesmo garoto – Jasper o pegou no colo, para desespero de Erik, que fez uma careta de assombro – Eu gosto desse menino.

— Eu...não...gosto...de...você – Erik disse, irritado.

— Erik – ralhou Anne.

— Deixe-os – a viscondessa disse, se levantando – Sou Janet. Já que meu marido não me apresenta, farei isso por mim.

Anne apertou a mão estendida dela, segurando a respiração. 

— Milady – ela fez uma reverência.

— Por favor, Anne. Seremos da família. Posso chamá-la assim? – a viscondessa perguntou. 

— Er...sim...- respondeu, corada. 

— Que ótimo. Vejo que seremos aliadas – ela disse, piscando e puxando Anne pela mão – Nós vamos dar uma volta querido. Não se matem, por favor – ela se virou para o cunhado e acenou - Henry.

Ele a fitou mortificado. 

— Não vai levar minha noiva agora, Janet. Que ideias absurdas você tem dessa vez? – ele ralhou.

— Ó, nenhuma, querida. Apenas quero compartilhar alguns segredinhos com ela – a viscondessa disse, com um ar malicioso.

— Que Deus nos ajude – Henry disse. 

— Eu acho que precisa mais de Deus para parar Janet – Jasper disse, com humor, soltando Erik que saiu correndo – E lá se foi minha presa.

Nancy fez uma reverência e saiu do cômodo, atrás de Erik. Anne fez um movimento involuntário para ir atrás também, mas a viscondessa a segurou. 

— Fique. Deixe que a jovem o pegue. Temos muito que conversar – ela disse, com um olhar intenso.

Anne engoliu seco. Que família era aquela?

***

Anne e Janet, como a jovem viscondessa insistiu para chamá-la, percorreram a mansão, de braços dados. Por enquanto, Janet mostrava o lugar para ela e os ancestrais da família Collins, em uma galeria de pinturas. 

— Todos eles são parentes de Henry e Jasper? – Anne perguntou.

Eram homens soberbos. E havia retratado de familiares unidos, mas todos sérios e sem vida. A maioria tinha cabelos escuros, muito diferentes em aparência, com relação aos irmãos Collins, que eram loiros. 

— Bom, alguns são parentes distantes. A família Collins conseguiu o título no ano de 1700. É bem recente. Foi um alvoroço, pois todos os descendentes da família morrerem. Era uma família poderosa. A família Brandon perdeu todos os seus descendentes masculinos e passou o título para os Collins. Eles eram da nobreza pequena. Insignificantes, mas cresceram. Se tornaram importantes. Mas, essa família é cheia de escândalos. Eles sempre se casavam com pessoas abaixo deles na escala social. Só parou com avô de Jasper e Henry. Se casou com a filha de um marques. E então, aqui estamos, eu e você. Somos intrusas nessa família que deveriam rastejar diante deles – ela a fitou com ar de desafio e com o queixo erguido - Minha sogra é uma cobra venenosa e queria tanto que eu sumisse. Foi um escândalo quando eu e Jasper fugimos para Gretna Green. O pai dele ainda estava vivo e não queria permitir o nosso casamento. Mas, aqui estamos, dez anos depois. E agora sou a viscondessa, minha sogra goste ou não – ela fitou Anne com intensidade - Vou apoiá-la, Anne. Se realmente ama Henry, será bem-vinda na família. Mas, lhe aviso, a viscondessa viúva de Bedford é uma cobra. Vai fazer de tudo para derrotá-la. Entretanto, estaremos preparadas.

— Estaremos? – perguntou Anne, sufocando. 

— Sim, sim – Janet disse, com um brilho o olhar – Eu tenho certeza de que seremos boas amigas. 

Anne assentiu, ainda se sentindo atordoada. Elas andaram mais um pouco e Anne ficou deslumbrada com a propriedade. Andaram pelo jardim. E apesar do frio, Janet parecia muito disposta a uma caminhada. Não nevava aquela hora da tarde, o que era bom para uma caminhada. 

— Eu quero que saiba Anne que você pode se sentir em casa aqui. É livre para ser quem é. E não sentir vergonha de sua origem.

— Eu agradeço, minha senhora – ela respondeu.

— Por favor, só Janet – a viscondessa pediu – Eu me sinto uma velha assim.

— Quantos anos tem? Se me permiti perguntar.

— Trinta e quatro. Já sou uma senhora – ela disse, rindo – E você?

— Hum...dezenove – ela respondeu, receosa.

— Uau, você é jovem. Eu tinha vinte e três quando conheci Jasper. Ele era um demônio libertino. E eu não o queria. Por Deus, ele era um problema enorme para mim – ela confessou, rindo.

Continuaram a caminhada e Anne se sentia mais à vontade. Havia poucas arvores no local e o campo era aberto e amplo. 

— E por que não queria? – perguntou.

Janet a fitou de soslaio. 

— Ele queria me prender, Anne. Gosta de se imaginar presa a um homem?

Anne negou. Sabia qual era sensação. De impotência. Se sentia assim com Thomas, mesmo ele não tendo a prendido de fato. Mas, não ter controle sobre o futuro, sobre o que poderia ter feito para mudar a vida deles era enervante. 

— Então, sabe o motivo de eu não o querer. Eu tinha a música para me satisfazer. Eu cantava por amor. E as vezes tinha meus amantes. Não eram muitos. Eles se tornavam pegajosos com o tempo e eu os deixava. Mas, Jasper... – ela suspirou, com um olhar distante - Ele...eu não sei o que ele tem. Eu simplesmente o amei quando o conheci. Ele era vivaz, tão gentil e galante. E ainda é – ela piscou, de uma forma maliciosa para Anne - E eu tinha uma fila de admiradoras para enfrentar. E um passado libertino dele para aguentar. Além de ele ser um herdeiro. Eu queria sair correndo. Não queria ter problemas maiores. Eu não queria me casar e ter que abandonar minha carreira. Aqui não é Paris, sabe? Lá é tudo mais liberal. Não tem esse decoro estupido – ela suspirou, dramática - Eu disse que poderia ser sua amante e só. Que poderíamos ter um caso. E nos deixar levar pela paixão por um tempo. Mas, ele era insistente, ciumento demais. Precisei fugir, pois ele iria se arruinar. Eu não queria isso para ele. Contudo, ele estava muito mal por causa de mim. E Henry insistiu que eu deveria dar uma chance a ele. Henry intercedeu a favor do nosso amor. E eu sou muito grata a ele – ela disse, com carinho, sobre o cunhado - E a Robert também, que procurou indícios da minha família. Minha avó se casou com um homem comum, do povo e perdeu o direito de ser da aristocracia. Mas, bem, temos o sangue azul maldito correndo nas veias e isso contou para abafar o caso. E agora, vamos fazer mais um escândalo. E estou ansiosa para isso. Na verdade, seria bom vocês se casarem aqui, longe dos holofotes.

Anne congelou ao ouvir a palavra casamento. Casar-se? Era isso que ela faria? Ela faria. Mas, havia Klyne. E precisava contar a verdade a Henry. Ele só precisa perdoá-la. Era só isso que precisava acontecer. 

— Eu não sei...Janet...eu preciso contar algo a Henry. E temo que ele não possa me perdoar – ela disse, com pesar.

— Ó, mas vai ter que perdoá-la. Eu o obrigarei – ela disse com veemência e isso fez Anne rir – Mas, é muito grave?

— Eu temo que isso possa causar um alvoroço – Anne respondeu, soltando um suspiro – E temo que ele fique enciumado.

— Não é mais virgem? Isso não é um grande problema – Janet disse, com uma opinião díspar dos seus pares – Eu sei que a noiva precisa ser, mas isso é tão antiquado.

Anne riu.

— Se as matronas ouvirem isso, elas iram arrancar os cabelos.

— Ó, de fato sim – Janet concordou, em tom jocoso – Mas, então, sugiro que conte a verdade para seu Henry. É o caminho melhor, Anne. Mentir nunca é uma boa opção. 

Anne assentiu e ficou temerosa. Precisa falar com Henry. Precisava urgente. 

 


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