Cinco Vidas escrita por Anna Carolina00


Capítulo 8
Alto mar - final




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Darcy sabia que era uma boa irmã. Desde que se entende como gente estava segurando a mão de Nick sendo levada para suas pequenas aventuras. O loiro sempre gostou de explorar lugares, descobrir coisas novas e, mais do que tudo, sempre foi apaixonado pelo mar. Quando seus pais souberam que o mais velho não iria continuar os estudos, que gastaria cada centavo que lhe restara  para comprar um navio… Não imaginavam que também perderiam sua princesa para as águas desconhecidas. 

E lá se foi a jovem encrenqueira, içando velas, corrigindo rotas, escalando cordas como nenhum outro marujo o faria! Ser a segunda no navio foi conquistado, nada lhe foi dado de bom grado.

—Darcy, eu… Irei me casar. Com Tara Jones.

Casar-se com a herdeira dos Jones foi o último pedido de sua mãe antes da morte, que desejava ver o filho com um lugar para voltar de suas viagens. A jovem sempre fora amiga de seus filhos, mas  felizmente não foi contaminada pelo desejo inevitável de navegar. Darcy morava com ambos, viajava com o irmão, voltava com o irmão, ajudava com a casa e fazia companhia a Tara quando Nick saia para preparar viagens. Sua nova obsessão era navegar ao redor do mundo através das terríveis águas do norte. Nem mesmo Darcy confiava nessa ideia, e nenhum navegador responsável aceitava lhe acompanhar.

—Darcy…Ele…Ficará bem?

Sua esposa não tinha forças para lidar com seus longos desaparecimentos. Sempre abandonada, sempre o recebia de volta com novos ferimentos e torcia para que aquela fosse a última aventura. Daquela vez, nem mesmo Darcy poderia lhe dar uma palavra de confiança. Ao invés disso, tentou aliviar sua dor com o que sabia fazer melhor: uma aventura!

—Qual foi a última vez que ouviu música ao vivo, Tara? Poderíamos… Ir ao teatro. Juntas.

A morena sorriu com a ideia. De fato, sentia falta de eventos normais que um marido levaria sua esposa para se divertir a noite.

Um primeiro encontro. Então um segundo, um terceiro… Todo dia alguma notícia no jornal relatava navios afundando ou embarcações sendo atacadas. Toda noite, a loira encontrava uma forma diferente de lhe fazer sorrir. Com o passar das noites, já não propunha como uma resposta a uma notícia ruim…Apenas queria apreciar a companhia uma da outra. Conheceram o circo, compraram e venderam obras de arte. Ofereceram bailes e liam livros juntas na lareira até perder o sono juntas. 

Uma noite, houve um beijo mal posicionado, mas estranhamente agradável. Pela manhã, outro. Haviam sorrisos sem graças como se pedissem desculpas silenciosas pelo erro, mas logo se tornou um hábito convidativo a ambas, principalmente quando dividiam o sofá para ler poemas românticos juntas:

—DOCE TORMENTO…

"O mal que venho sofrendo

E que em meu peito se lê,

Sei que o sinto, mas porque

O sinto é que não entendo."

Darcy olhou com carinho para Tara esperando que siga as linhas do poema cuja as palavras lhe sufocavam, a morena continuou:

—"Sinto um desejo nefasto

Pelo objeto ao qual aspiro;

Mas quando de perto o miro,

Eu mesma é que a mão afasto."

 Darcy lera a próxima estrofe:

—"Já paciente, já irritada,

Vacilo em penar agudo:

Por ela sofrerei tudo,

Tudo; mas com ela, nada."

—Ele, não? O poema diz que sofreria… Por ele.

—Talvez eu queira sofrer… Por ela, Tara. Por você. Se me quiser.

Com a declaração sutil e sincera, a morena lhe respondeu com um beijo lento e contínuo, enfim sanando todo o desejo acumulado. Sabia todos os erros e riscos que corria, mas como o poema dizia, não entendia o mal que sofria…Mas de alguma forma sabia que apenas sanaria esse desejo quando se entregasse a Darcy, e assim o fez. 

Meses se passaram sem notícias da Nicholas, meses passaram juntas florescendo uma paixão intensa. Quando um ano se seguiu e o Capitão avisou por carta que partiria para dar a volta, o medo se instalara em ambas, pelo carinho que tinham pelo aventureiro, mas já não se sentiam mais culpadas pelos sentimentos uma pela outra. Era real e merecia ser celebrado!

No meio da viagem de dois  anos de Nick, Tara foi pega pela praga: tuberculose. Tentaram avisar o navio, sem sucesso. Procuraram tratamentos novos, mas todos sabiam que não havia solução. A loira apenas pode acompanhar seu sofrimento diário e lhe segurar a mão em cada segundo do resto de sua vida, para que se sentisse segura e, principalmente, amada, e assim pudesse sorrir até seu último suspiro.

Darcy jamais contou ao irmão sobre sua paixão, não cabia a ela ferir seu luto, apenas tentou garantir ao mesmo que sua esposa estava bem, apesar de tudo. Quando o loiro falou sobre voltar mais uma vez para o mar, sua resposta não poderia ser diferente:

—Onde zarpamos, capitão?!

Assim seguiram para uma última aventura a bordo de Nellie.

Numa madrugada recheada de bebidas e comemoração junto de Elle e  Isaac, quando ouvira o chamado do marujo juntos aos primeiros raios da manhã batendo na porta de sua canine, a loira não podia acreditar no que ouvira:

—Capitão Harry requisita suas presenças no convés, senhores. Um sereio vivo! De verdade! Ficaremos todos milionários!

Os amigos de Charlie logo prenderam a respiração pensando no amigo, mas aquela notícia preocupou Darcy também em outra perspectiva: Nick…Não saberia como lidar com seu olhar de consumido pelo luto inevitável mais uma vez. Sabia que o irmão estava apaixonado pelo tritão. Reconhecia aquela troca de olhares… Era como ela se via com Tara.

Sem nem pensar duas vezes os três correram escada acima temendo o pior cenário possivel. 

Prendendo a respiração, viram de relance a longa cauda pelo convés com seu dono amarrado ao mastro. Seu rosto tinha uma expressão de pânico absoluto, mas uma pergunta fervilhava na mente dos três:

Quem é você?

O jovem tritão ali amarrado, desconhecido ao olhos de todos, era ninguém menos que Tao Xu. O melhor amigo de Charlie Spring.

* * *

A imensidão azul os cobria por todos os lados, deixando que apenas os últimos traços de luz da lua permitissem uma fraca visão da silhueta de Charlie, mas para Nick isso bastava. Sentia sua pele macia com a ponta dos dedos e um sorriso radiante pincelava o rosto do moreno. 

Era incrível como uma simples pessoa poderia despertar o desejo de abraçar, apertar ou mesmo morder simplesmente existindo! 

—Gostaria de ter te conhecido mais cedo, Nick. Viver no mundo humano seria mais…Fácil.

Nick queria poder dizer o mesmo, mas não podia, não com Tara lhe esperando nos últimos anos. Conheceu o moreno exatamente na hora certa.

—Imagino que seu mundo seja fantástico! Parte de mim quando criança sonhava em poder viver o resto da vida no mar…

—Bem.. Imagine grandes conchas que brilhavam como o Sol, grandes o suficiente para que uma pessoa vivesse dentro dela… Essas eram nossas paredes. Também  tínhamos metais reluzentes e pérolas nas construções, mas as conchas eram a parte importante, a mais bonita com certeza. Outras partes da casa eram feitas delas também…

— Por favor, me diz que você dormia em uma concha, como nos contos de fadas! - o loiro lhe cercou com os braços fazendo uma espécie de fortaleza ao seu redor enquanto o apertava - Assim?

Charlie ria enquanto tentava se soltar.

—Hey! Eu não ficava preso nas conchas…Muito menos com braços tão…

—...Tão o que, Charlie?

—...Fortes…e… Gostosos…

Por incrível que pareça, mesmo na água era possível ver ambos corados. Charlie escondia o rosto depois de ter sido franco sobre seus pensamentos e Nick tinha vontade de lhe apertar ainda mais.

Com a lua se pondo, os primeiros raios da aurora surgiam no horizonte, o que lembrava Charlie de um belo efeito daquela região privilegiada, um ponto de intersecção entre dois mundos.

—Feche os olhos, Nick.

O loiro seguiu sua ordem e foi guiado até a areia do baixo-mar. Estavam próximos o suficiente da praia para encontrarem conchas trazidas pela correnteza. Quando abriu os olhos, uma concha reluzente estava em suas mãos, brilhando como um pequeno fragmento do sol.

—Isso é…Lindo! Obrigado, Char!

—Char…?

—Eu… É…

—Por favor, fala de novo!

Nick lhe abraçou, ficando próximo o suficiente para sussurrar em seu ouvido:

—Char…Meu…Char…

Certamente Charlie ficaria arrepiado naquele momento  se não estivesse dentro do mar. Ao invés disso, selou a distância com mais um beijo e propôs uma última brincadeira antes de voltarem para o navio: coletar conchas.

O casal se separou para procurar conchas escondidas na areia e presas entre corais mais a fundo. O moreno tentava criar uma espécie de  pequena cabana com as que encontrara quando Nick voltou com uma expressão séria. 

—Charlie, você precisa ver isso.

 Seguindo mar abaixo, o moreno  se deparou com o que parecia ser uma linha pontilhada de conchas. Não pareciam ser aleatórias, todas elas pareciam com as conchas de sua Casa pois reluziam com a luz do Sol. A trilha seguia para o fundo mar.

—Isso é…

—Um caminho.

—Tao! Meu melhor amigo…Nós  costumávamos fazer essas trilhas de conchas quando crianças! Ele deve ter feito isso para me ajudar a voltar para Casa! 

O loiro continuava sério e seguiu com Charlie para um local mais próximo ao navio onde apontou para o que parecia ser um amontoado de conchas jogadas que pareciam estar ali para dar continuidade a linha, mas o processo foi interrompido de alguma forma inesperada recentemente. Foi o suficiente para aterrorizar o moreno:

—Temos que voltar para o navio agora!

* * *

—Elloit! Amigo! Até que enfim! Venha mais de perto para apreciar nossa iguaria única! - Harry tocava no cabelo  do tritão amordaçado como quem  se refere a um objeto exposto em um museu - Será que conseguiria se comunicar com essa criatura adorável? Os marujos disseram que ele parecia gritar em um idioma estranho e, se bem me lembro, você entende a língua das sereias, certo? Quero que deixe claro para nosso convidado que ele está sendo intimado a nos guiar até o lugar de onde veio! Imagine! Capturarmos sereias de verdade! Teremos mais ouro que qualquer palácio submarino!

—Mas…O capitão Nicholas havia dito que…Iriamos para a ilha…Procurar tesouros lá.

—Meu caro…Quando o co-capitão vir essa criatura, certamente vai concordar com meus planos! Você- apontou para Darcy - prepare a tripulação para zarpar, vamos voltar para o alto-mar! E você- agora falando com Isaac- Encontre o co-capitão Nicholas no navio e peça para que venha falar comigo imediatamente. Dispensados! 

Harry voltou para sua suíte depois de deliberadamente distribuir funções. Os três restantes - únicos com coragem de estarem próximos de Tao - se olharam com preocupação sem saber o que fazer. Darcy tomou sua posição de imediato e disse o que imagina que seu irmão faria naquela situação:

—Não podemos atrair atenção agora. Por hora, ajam como se fizessem o que Harry sugeriu. Elle, tente conversar com o tritão, talvez ele conheça Charlie, podemos ajudá-lo a fugir, Nick saberá como. Isaac, ache aquele namoradeiro e diga que a lua-de-mel acabou, precisamos agir o mais rápido possível!

Dito isso, cada um seguiu seu caminho.

Elle estava próximo de Tao e sentia um aperto no coração só de olhar para a expressão de fúria e medo no jovem tritão. A primeira coisa que fez foi lhe tirar a mordaça implorando com os olhos para que não fizesse alvoroço. Então sussurrou:

—Você entende inglês, certo? A comunicação de tritões é diferente…Pode aprender um idioma só com o contato com um humano…Certo?

O tritão lhe olhava confuso. Segundo as pesquisas de Elle, ele teria a habilidade "mágica" de aprender o idioma só com o contato mais íntimo com alguém que se comunica assim. 

Talvez esse seja seu primeiro contato com ingleses, foi o que Elle pensou. Nesse caso… Olhando para os lados, o navegador sabia que ninguém sequer ousava olhar para "a criatura ", então num movimento rápido lhe selou um beijo por motivos práticos, confiando que agora o tritão lhe entenderia.

—Meu nome é Elle… Sou amigo do Charlie Spring. Você o conhece?

—Charlie?! Onde ele- Mais baixo, por favor! 

Elle cortou a voz alterada de Tao.

—...Se souberem que agora fala inglês, Harry vai querer lhe interrogar. Precisamos ser discretos. Qual o seu nome?

—Tao…Xu…

—É um prazer conhecê-lo, Tao. Você é magnífico, desculpe, mas eu precisava falar! Gostaria que pudéssemos ter nos conhecido em outra circunstância. Tenho tantas perguntas!

—O Charlie…Ele…

—Sim, Charlie faz parte da tripulação usando uma espécie de concha enfeitiçada para se parecer com um humano.

O tritão sorriu, também tinha ganhado uma concha daquelas antes de sair de Casa.

—Victória, a primogênita dos irmãos do Charlie, é versada em magia antiga… Também carrego uma concha dessas comigo…

Algo na forma de Tao falar impressionava Elle. Seriam as palavras, a cadência…O tritão era simplesmente…Charmoso aos seus olhos.

—...Elle?

O navegador percebeu estar olhando por mais tempo que gostaria para o tritão.

—Oh, desculpe… Bem… O capitão Nicholas está do nosso lado e não deve deixar que você seja obrigado pelo Harry a nos levar lá. Tínhamos um plano do Charlie seguir o mapa e fechar a passagem para o mundo submarino antes do Harry alcançar o lugar, mas com você as coisas ficaram muito complicadas…

—Mapa?

—Oh! Sim, para a passagem para o mundo submarino.

—Então foi assim que humanos chegaram tão perto dessa passagem. Fiz ele apenas para Charlie e torci para que ele o encontrasse, mas de alguma forma ele caiu das mãos daquele troglodita! 

—Você fez aquele mapa?!

—Bem…

A fala foi cortada pela chegada inesperada do imponente capitão Nicholas subindo as escadas para o convés vindo de Deus sabe onde. O loiro fez uma cena teatral dizendo estar impressionado com Harry e empolgado com a ideia de seguirem para capturar mais sereias. Ouvir isso deixou Tao completamente indignado com o mesmo, apesar da explicação de Elle deixar claro que tudo aquilo era uma invenção. 

Enquanto todos observavam o loiro, Charlie se aproximou sorrateiramente de Tao lhe cortando as cordas que mantinham preso ao mastro. Um truque banal, mas funcional.

—Capitão! Estão soltando o sereio!

Alguém gritou entre os marujos, levando a atenção de Harry e Nick para Charlie armado de uma espada se desfazendo das cordas.

—Como ousa! - O loiro sacou sua própria  espada e investiu contra o moreno, tentando fatidicamente lhe ferir. Outros membros da tripulação fizeram menção de interferir, logo cortados pelo capitão - Não interfiram! Já deixei Harry Greene interferir o suficiente em meu navio. Mudou meu navio! - um estalo entre as espadas se chocando - Mudou as rotas deliberadamente ! -ou estalo - E ainda contratou insubordinados para trabalhar em MEU NAVIO!

Num movimento rápido, o loiro arrebentou o fio da concha em seu pescoço revelando sua forma original: um tritão!

A tripulação ficou alvoroçada, mas no que parecia ser uma  reação emergencial, Charlie fechou os olhos e começou a cantar. Sua voz doce e envolvente parecia entorpecer os que o ouviam, fazendo com que todos fossem paralisados pelo que escutavam. Podiam ver e ouvir, mas não se moviam. Elle e Darcy não foram afetadas pelo canto, a segunda felizmente entendeu a trama e continuou paralisada para manter as aparências, mas Elle se virou para Tao por impulso, ajudando-o a se mover até a borda do navio.  Tudo isso aos olhos de Harry, o que claramente o delataria como um aliado dos sereianos. 

Nick mantinha-se congelado com espada em punhos e segurando a concha em outra mão, olhando irado para Charlie se movendo para o mesmo lugar que Tao e ambos se preparando para saltar para o mar.

—Pule… Agora…

Foi o que Charlie conseguiu sussurrar para Elle enquanto apontava para os próprios ouvidos e para Nick, revelando que o mesmo usava tampões para evitar o controle pelo canto do tritão da realeza. O navegador entendeu o recado e se jogou com Tao mar abaixo.

 O tritão restante bravejou sabendo que seria ouvido por toda a tripulação:

—Não se atrevam a se aproximar de nossas águas, ou sofrerão consequências severas !   - estendendo a mão em direção ao capitão Nicholas, seu corpo fingia ser puxado em direção a Charlie, que o empurrou no alto mar - Que isso sirva de aviso aos que nos importunar novamente. As profundezas lhe servirão de túmulo! 

Dito isso, o tritão se jogou na água e segundos depois a tripulação saiu do transe, mantendo um misto de sentimentos de medo e ira. 

—Não fiquem aí parados, vão atrás dos sereios! 

Harry esbravejou olhando para a tripulação que não saiu do lugar. 

—Mas capitão, você ouviu… Temos que sair daqui, o sereio nos amaldiçoou!

—Besteira! Nossa glória é mais  importante! Como podem ter uma criaturinha grotesca como aquela!? Avante, marujos- Calado!

O herdeiro da coroa sequer percebeu atrás de si a movimentação de Darcy Nelson lhe acertando uma coronhada na nuca.

—Avante, homens! Icem as velas, recolham a âncora! Devemos estar há milhas daqui antes do sol a pino! Perdi meu irmão nessas águas…Ninguém mais da minha tripulação será sacrificado por uma tolice! Vamos voltar a navegar! 

Por um segundo a tripulação parecia não saber como reagir, quando um velho no meio da tripulação gritou:

—Três hurras para a capitã Nelson! Darcy, a destemida! Hip hip!

— Hurra!

—Hip hip!

—Hurra!

—Hip hip! 

—Hurra!!!!

 Harry Greene foi cordialmente convidado a passar o resto de sua viagem enclausurado em sua lustrosa cabine. Sua mãe, a condessa, fora informada da fatalidade ocorrida com o capitão  Nicholas e delegou à sua irmã a árdua tarefa de levar o jovem herdeiro são  e salvo  de volta para terras inglesas, sendo o mesmo designado a trabalhar na viagem como qualquer outro tripulante. Isaac foi promovido a navegador de Darcy, aproveitando todos os livros deixados por Elle  para se adequar a função.

A loira olhava para o horizonte sendo consumido pelas águas do mar e pensava em como estariam seus amigos.  No fundo, sempre soube que seu irmão pertencia ao lado submerso da Terra… Ele apenas havia enfim encontrado seu caminho para casa. Aos olhos de todos, Nick seria conhecido por morrer lutando bravamente por sua tripulação contra criaturas marinhas, mas ao menos ela saberia que aquele era apenas o começo de sua nova história de amor. 

Nick havia enfim encontrado Charlie e jamais o deixaria ir sem ele. 

Elle, assim como Nick, pegou o colar de Tao para mudar sua forma para aquilo que mais desejava naquele momento.  Assim como o loiro, seu corpo se modificou e logo pode respirar embaixo d'água. Curiosamente, suas escamas lhe cobriam até a altura dos seios, não apenas até a cintura.

—Elle, você se vê como uma…

—Sereia!

—Uma bela sereia, devo reconhecer.

A jovem de cabelos cacheados sorria com a sensação de enfim ser vista como realmente se enxergava em seu coração.  Ali conheceria o mundo que por tanto tempo admirou e estudou; enfim poderia ver com seus próprios olhos todas as maravilhas do mundo submarino.

Os quatros seguiram a trilha de conchas no fundo do mar até encontrarem o que parecia ser uma  caverna marinha sugando toda a água ao seu redor, então o fluxo mudava de direção  e passava a expelir água, como uma corrente marinha com vida própria. Extremamente arriscado para navios e barcos, mas soava como um parque de diversões para sereias e tritões.

—Charlie - Tao começou a falar - Você sabe que no momento em que retornar, estará assumindo sua posição no trono e a última passagem para o lado humano será fechada enquanto você viver. Está pronto para isso?

—Eu… Tenho tudo que mais desejo do mundo humano aqui comigo. Podemos ir.

De mãos  dadas com Nick, o moreno requisitou mais um beijo selando o acordo feito por ambos de que enfrentariam juntos essa nova aventura.

Tao, que olhava ainda com desconfiança para Nick, foi o primeiro a entrar acompanhado de Elle, ambos sendo puxados pela forte correnteza da água.  Charlie e Nick se abraçaram com as caudas entrelaçadas e deixaram seus corpos serem levados pela água num turbilhão de sensações.

 Apesar de não  terem mais para si o calor do Sol ou a visão da aurora boreal, sabiam que teriam um ao outro e através de seus olhos poderiam sentir o pulsar de toda a beleza do universo. Juntos.  Aquela não seria a primeira nem a última vez que escolheriam um ao outro para compartilhar o resto de suas vidas.


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Notas finais do capítulo

Espero ter fechado todas a spontas soltas! Charlie e Nick foram governar juntos o mar no reino submerso e criaram uma "fábula" para que ninguém mais procurasse aquele lugar.
Particularmente, achei que o final devia ter um epilogo com Charlie e Nicl reinando e cuidando de um cachorro do mar chamado Nellie, mas estou com tantas ocupações academicas que preferi terminar a história logo e não deixar vocês esperando mais.
Obrigada a todos que acompanharam a aventura até aqui!

Alguma palpite de onde vai se passar a próxima vida?



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