Era espantoso como Alix e Luka haviam criado uma rotina tão rapidamente.

Apesar do primeiro dia ter sido bem estranho, os que se seguiram foram totalmente agradáveis. Principalmente por que eles descobriram que tinham algumas coisas em comum para conversarem. 

Luka sempre a pegava as 7h30 em ponto para acompanha-la até a escola.

Alix tinha arrumado suas coisas e estava terminando o seu café da manhã quando a campainha tocou e ela, involuntariamente, abriu um amplo sorriso de felicidade.

Coisa que não passou despercebido por Jalil que a provocou olhando para o relógio com deboche:

— Que felicidade é essa a está hora da manhã, maninha? Quem é o sortudo? 

Ao ouvir a provocação, Alix fechou a expressão em uma carranca.

— Cala a boca, Jalil! É só um amigo! 

Pegando o seu material, ela se despediu do pai e do irmão antes de começar a descer as escadas. Mas voltou logo em seguida ao se lembrar de algo.

Se voltando para Alim, ela engoliu a vergonha e a timidez, e perguntou:

— Uhn... eh... Papa, eu não tenho o segundo tempo amanhã, então, eu estava pensando em ir à sorveteria com o Luka! Tudo bem?

— Claro, querida. Divirta-se! Só não chegue muito tarde, hein.

— Ok, obrigada! - ela sorriu e desceu correndo as escadas, seu sorriso voltando instantaneamente.

Jalil olhou para o seu pai que estava sorrindo também.

— Sei só amigos, sei - ele resmungou. 

— Deixe-a em paz - Alim o advertiu. 

— Vai me dizer que não está curioso?

— Quando eles estiverem prontos vão vir conversar comigo – disse Alim, simplesmente.

— Não gosto nada disso! - Jalil falou, num tom protetor.

— Ela está crescendo Jalil, não há nada que você possa fazer, a não ser apoia-la.

Jalil fez uma expressão de desagrado, mas não disse mais nada. Mas ai deste moleque se a fizesse sofrer.

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Alix estava mais feliz e empolgada hoje. 

— Bom dia, Guitarrista.

— Bom dia, Marrentinha

Ela fez uma careta para o apelido, mas não disse nada contra enquanto os dois seguiam para a aula falando sobre esportes.

Alix estava mais do que animada enquanto falava sobre o campeonato de rollerderby feminino.

E, para o seu completo espanto, Luka também parecia gostar do assunto. Ele sabia até que ela estava em seu terceiro torneio e parecia realmente prestar atenção enquanto ela contava sobre como tudo era tão novo para ela e cheio de especulações já que tinha começado apenas em 2017.

No caminho, eles passaram na padaria e pegaram algo para o lanche antes de se dirigirem para a escola.

Foi uma caminhada tão agradável que ambos nem notaram quando chegaram ao portão do colégio.

Luka sorriu e disse em forma de provocação:

— Entregue! Se comporte que eu te pego mais tarde para um sorvete.

— Hoje não dá, tenho aquela conversa com o meu pai - ela revirou os olhos.

— Ah, também tenho que conversar com a Capitã - Luka coçou o queixo. - Mas, de qualquer forma, até mais tarde, ruivinha.

Ao invés da habitual carranca que ela lhe dava, Alix se virou sorridente pra Luka e o beijou na bochecha, dizendo:

— Obrigada. Te vejo mais tarde, Roqueirinho.

Dito isso, ela caminhou em direção à Kim e Max que estavam com olhos arregalados já que ela nunca havia demonstrado afeto em publico. Sempre era Luka quem lhe dava um terno beijo ou bagunçava o seu cabelo.

Luka ficou por um momento estatístico com o beijo, sentindo um rubor surgir e despontar em seus lábios um sorriso logo antes de esboçar um sorrisinho presunçoso.

Não resistindo, ele gritou uma provocação na direção dela: 

— Até mais tarde, Ruby-Rose! 

Ela parou na metade do passo e olhou para trás, parecendo envergonhada. Ostentava uma semi-carranca, mas havia também um brilho diferente em seu olhar.

Luka não sabia dizer ao certo o que era aquilo, mas se sentiu feliz com isso e foi embora sorrindo, com leveza no coração.

Alix então voltou a sua atenção para os dois amigos que ainda estavam com expressões de espanto, e disse num tom irritado:

— Que foi? Nunca viram namorados antes?

Kim, com um sorriso malicioso, disse:

— Cara! Vocês dois são estranhos!

— Ahn... Cala a boca, Kim!

Max estava fazendo seu habitual cálculos e mostrou aos dois.

— Tem uma estatística de 95% chances de vocês estarem totalmente apaixonados um pelo outro.

Ao ouvir isso, Alix revirou os olhos:

— Max, estamos namorando então temos sentimentos um pelo outro.

— Mas eu não entendo! - Kim estava quase arrancado os próprios cabelos.

— O que não consegue entender? - Alix cruzou os braços.

— Se vocês se gostam porque não fazem aquelas coisas de namorados? - Kim gesticulou, como se não conseguisse achar as palavras certas.

— Ao que exatamente você está se referindo? - Alix arqueou uma sobrancelha, em desafio.

— Acho que ele se refere a beijos e abraços - Max corre em socorro do amigo. - Como o Nino e a Alya. Ou até o próprio Kim e a Ondine.

— Exato! - Kim gritou, apontando para Max.

— Não vemos essa necessidade de ficar se agarrando e deixar as pessoas desconfortáveis. - Alix responde, simplesmente.

— Ei! Eu não fico me agarrando! - Kim diz, em tom de protesto.

Como que para lhe contradizer, Ondine chegou e lhe deu um selinho, agarrando-o pela cintura. 

Eles eram tão melosso que Max e Alix tiverem que desviar o olhar, em total desconforto, até eles se separarem.

— Oi gente! - Ondine cantarolou antes de voltar a sua atenção para Kim novamente - E aí campeão, podemos ir?

— Só se for agora - Kim disse.

 Alix então se virou para Max e disse:

— Viu, é disso que estou falando.

Max assentiu em compreensão antes de dizer:

— Vamos ou iremos nos atrasar para aula.

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Le Grand Paris

Restaurante

Alix estava no restaurante com seu pai, ele havia lhe levado para comerem algo. Ela olhou para ele pela vigésima vez desde que chegaram ali e praguejou baixinho, estava tentando criar coragem para falar com ele sobre Luka.

Sentada a mesa em frente ao pai estava se perguntando qual seria a melhor maneira de aborda-lo para falar sobre seu namoro falso, já tinha duas semanas que ela e Luka estavam nessa situação, precisava contar a seu pai antes que isso chegasse aos seus ouvidos ou ele visse uma de suas fotos nas redes sociais, isso seria desastroso. 

Ela mexeu na comida novamente, sem apetite nenhum.

Talvez agora seria um bom momento? 

Assim ele não poderia gritar com ela já que estavam em público, ou poderia? 

Ela não tinha certeza de como ele iria reagir a isto.

— Uhn, papa? - ela olhou para ele com a expressão séria.

Alim ergueu os olhos de sua comida com um pequeno sorriso na face:

— Sim, querida.

— Você conhece o guitarrista da banda Kitty Section?

O homem deu a sua filha um olhar confuso.

— O Luka?

— Sim... ele mesmo.

— Acho que sim... - ele disse, pensativo. - Sei que ele é filho de Jagged Stone e irmão de sua amiga Juleka, estou errado?

Alix assentiu.

— Não papa, você está certo - ela respondeu, se mexendo inquieta em sua cadeira.

— Há algo que queira me dizer?

— Bem é que nós... Eu... Bem... Eu estou namorando com ele.

Alim tinha acabado de dar uma garfada em sua comida apenas para engasgar com o que ela havia dito. Ele tossiu levemente, mas logo se recompôs:

— Mas é o que?  - vendo o olhar de dúvida nela ele tentou outra abordagem suspirando. - Certo. Há quanto tempo?

Alix encolheu os ombros, tinha um olhar divertido em seu rosto agora:

— Duas semanas?

— Por que você não me contou antes? - ele perguntou, calmamente.

— Eu... não tinha certeza de como fazer isso - ela admitiu sem olhar para ele.

Alim suspirou levemente.

— Eu realmente pensei no inicio que vocês fossem só amigos, mas já estava desconfiado dele te levando todos os dias para a escola e tantas idas a sorveteria. Meu deus, não imaginei que poderia ser algo mais.

Alix deu uma risadinha e seu pai murmura:

— Eu deveria saber que isto ia acontecer um dia... afinal você está crescendo – ele sorri para ela, que devolve o sorriso. - Parabéns, minha querida. Estou feliz por você. Ele parece ser um bom rapaz.

Ele tinha um sorriso carinhoso no rosto enquanto sua filha sorria feliz, ela tinha crescido e realmente mudado. Bem contanto que ela estivesse feliz, isso era o que importava.

— Você vai ter que me apresentar a ele em breve, mocinha - ele disse.

— Claro papa, por isso que eu te contei. Ele quer... Bom, ele quer oficializar isso... se estiver tudo bem para você.

— E como não poderia.

— Certo. Vou falar com ele então.

Alix pegou o celular sorrindo e mandou uma mensagem para Luka. E, involuntariamente, seu pai sorriu também.

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Liberty

Quarto Luka

Anarka passou em frente ao quarto de seu filho novamente, e mais uma vez, ele estava olhando para o telefone com um sorriso suave.

Ela não pode deixar de sorrir também, definitivamente algo havia mudado em seu comportamento nas últimas semanas.

Ele não parecia mais estar sofrendo por Marinette. Parecia que algo novo - ou alguém - estava ocupando os pensamentos do rapaz

— Luka? - ela o chamou, o azulado olhou por cima de seu telefone ainda sorrindo.

— Sim, mãe?

— Marujo, eu devo dizer que você tem agido diferente ultimamente. Aconteceu alguma coisa que queira me contar?

Luka sorriu, feliz.

Alix já havia aberto o jogo com o pai, agora era a vez dele fazer isso com a sua mãe.

— Sim, eu tenho uma nova namorada.

Anarka sorriu, suavemente.

— É mesmo, que bom para você garoto. Ela é bonita? Eu a conheço?

— Sim, você a conhece, é a Alix Kubdel!

Anarka deu uma risada solta.

— Então é isso... achei estranho ela vir todos os dias aqui, mas já estava desconfiada. É um bom partido, gosto dela marujo. E espero que a trate bem!

Luka respondeu imediatamente:

— Sim, ela é... Bom, não se preocupe mãe, ela é pequena, mas é capaz de chutar minha bunda se ela quiser!

Ele riu levemente, se lembrando da marrentinha.

Anarka riu alto.

— Bom saber! E já falou com o pai dela?

Luka passando a mão na nuca ansioso:

— Ainda não, mas queremos fazer isso em breve. Ela conversou com ele e ele aceitou que façamos um jantar.

Anarka o sentiu tenso e perguntou:

— Está nervoso?

— Ansioso seria a palavra mais adequada, Alix nunca namorou, serei o primeiro a ir falar com o Sr. Kubdel.

— Entendo! Seja você mesmo querido. Não precisa ficar assim, ele irá gostar de você, tenha certeza

Luka assentiu para as palavras da mãe, mas ainda parecia levemente inquieto. Ela então ofertou-lhe:

— Quer que eu vá com você?

— Sim, seria ótimo - ele sorriu, um pouco mais animado.

— Eu também gostaria de fazer algo especial para vocês - ela disse.

— Ok, vou avisa-lá - ele assentiu.

— E mais uma coisa Marujo - ela apontou o dedo, a expressão seria.

— Sim? - ele arqueou a sobrancelha.

— Apenas certifique-se de lembrar da proteção!

O rosto de Luka se iluminou furiosamente de vermelho.

— MÃE! - ele reclamou. - Somos muito novos para isso.

As risadas de Anarka ecoaram pelo corredor.

— Fico feliz em saber que pensam assim!