Mate Angela escrita por Sebastian
Notas iniciais do capítulo
Playslit da história: https://open.spotify.com/playlist/0q9BU5gJn2Xk8VhkT6vz1i?si=8ffbb1facd3c4ed0
Ato I
Londres, 1813
“Sempre Angela” uma voz que nunca ouviu antes ressoa em seus ouvidos, mas ele não está lá, a garota contempla as pessoas à sua volta, está sozinha. Aquela visita ao museu não lhe pareceu uma boa ideia desde o princípio, sabia que só serviria de álibi para seu irmão se atracar com moças tão indecentes quanto ele. Agora admira uma pintura a qual não está nem um pouco interessada e aquele voz, chamando-a no fundo de sua cabeça, como se fosse real. Um arrepio percorre o corpo. Têm medo do que possa estar por trás daquele timbre misterioso que sempre a assombrou, mas de onde ele vem? Angela arqueia a sobrancelha direita, expressando uma duvidosa cara de descontentamento. Admira a aquarela sombria e devastadora do quadro, um anjo sendo puxado para o inferno enquanto segura as delicadas mãos de uma mulher, aparenta estar tentando salvá-la.
— O amor sempre condena — Alguém falou atrás dela, fazendo-a tomar um susto.
Ela olha para o lado, não percebeu que estava com uma companhia tão distinta ao seu lado.
— É, com certeza. — Concorda um tanto desconcertada.
— Desculpe, não quis assustá-la, apenas notei que está há um bom tempo parada aí. — Quanto tempo? Será que mergulhou tão profundamente em seus pensamentos assim? — Não que isso seja da minha conta…
— Meu nome é Angela White. — Ela o interrompe, visto que já estava se enrolando nas próprias palavras.
— Ah, o meu é Lucius Phelps. — Ele está com as mãos para trás, a postura cortês de um cavalheiro e imponente como alguém que não quer mostrar muito de si.
“Doze vidas” a voz arranha o crânio da garota como um aviso estranho e aleatório. Ela vislumbra o belo rapaz à sua frente, alguns centímetros mais alto, cabelos dourados e olhos verdes como uma pedra ágata. De alguma forma, o conhece, mas não sabe dizer como ou de onde. Talvez esteja encarando tempo demais, um silêncio constrangedor pairou entre os dois.
“Sempre o mesmo nome.”
— Tenho a impressão que já nos vimos antes, senhor Phelps — diz Angela, finalmente caindo em si.
— Não tenho certeza, nunca esqueceria um rosto como o seu. — Ele sorriu.
— Ah, claro. — A garota ficou sem graça. — Eu tenho que procurar meu irmão. — Muda o rumo da conversa de maneira brusca e desconcertada.
— Quando podemos nos ver de novo? — ele indaga, surpreendendo-a.
— Não tenho certeza se nos veremos de novo, senhor Phelps, foi um prazer conhecê-lo. — Ela o cumprimenta em despedida.
— Não seja tão pessimista. — O rapaz pisca o olho esquerdo com confiança. — Os amantes nunca soltam as mãos. — Ele olha para o quadro. — Nem mesmo no inferno.
Angela franziu o cenho, porque apesar de esquisito e observações inesperadas, gostou de Lucius, espera que seus destinos se cruzem novamente.
— Até mais, senhor Phelps. — A garota abre um sorriso de canto e ele assente com a cabeça.
Ela anda sem olhar para trás e sente que está sendo observada por Lucius, deseja encarar de volta, mas não quer passar pelo constrangimento do olho a olho. Quando o veria de novo? E por que precisa disso? Muitas perguntas para poucas respostas e aquela voz continua a arranhar o fundo do seu crânio.
"Finalmente te encontrei.”
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