O Desabrochar de Uma Dinastia escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 4
Capítulo III.




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O arquiduque Wilhelm e a arquiduquesa Katharina já não existiam mais, William tinha certeza disso agora. Agora, oficialmente no lugar deles havia apenas William Tudor-Habsburg e sua esposa, Catherine Tudor-Habsburg, o marquês e a marquesa de Bristol.

Claro que eles ainda eram arquiduques, mas esses títulos não seriam usados, apenas os novos, eles eram príncipes, altezas reais, e é claro marquêses.

William iria mentir se falasse que não ficou desapontado por não ganhar um ducado, mas fazia sentido um marquesado na sua situação.

As apresentações a corte tinham acabado e agora William e Catherine estavam sendo levados a sua nova morada, o Palácio de Hampton Court. William só esperava que não fosse como Saint James.

  – Eu acho que seria muito mais conveniente que eu fosse a duquesa de Bristol, casada com o duque de Bristol.- William concordava com Catherine, mesmo sabendo que ela não estava muito chateada.

  – Mas ganhamos um marquesado, ele vai servir, e você sabe que se eu pudesse, nos faria rei e rainha de algum lugar.- William estava falando a verdade, comparando Catherine com suas irmãs, ele era muito mal casada em sentido de títulos.

  – E de onde seríamos rei e rainha? Da Hungria? Da Boêmia? Elas já pertencem ao meu tio.- O tom de brincadeira de Catherine era muito bem-vindo no momento.

  – Eu formaria um exército, navegaria para Nápoles e a tomaria, depois iria conquistar o resta da península e nós coroar reis da Itália.

Isso foi seguido por risos de ambos, já que ambos sabiam que tal coisa seriam impossíveil e inviável.

  – Isso é muito engraçado, a península itálica sendo um só reino um só país, os governantes iriam ficar raivosos, mas isso nunca irá acontecer.

  – Alteza acho que a senhora não deveria brincar com isso.- William e Catherine foram interrompidos por uma mulher, que parece ter surgido do nada, embora a carruagem estivesse parada, aparentemente eles já tinham chegado ao seu destino.

  – Quem é você? E antes que me esqueça, por que está falando conosco?- William compartilhava as perguntas de Catherine.

  – Eu sou Elisabeth Vernon, a condessa de Penryn.- Ela falou isso com uma mesura simples antes de continuar.– O rei ordenou que eu os ajudasse e os ensinasse a andar e se portar na... alta sociedade inglesa, afinal também sou austríaca.

Quando a Lady Penryn falou de ensinar Catherine a como se portar, William percebeu que ela ficou irritada, William sabia o que significava quando os olhos dela dilatavam, ou era medo, ou raiva, e era bem provável a segunda opção no momento.

  – O rei acha então que a marquesa não sabe se portar?- William logo tomou as rédeas dessa conversa, ou não teria um bom desfecho.

  – Eu tenho certeza que ela sabe, apenas existe uma grande diferença entre a vida em Viena e a vida em Londres, para mim foi horrível aprender isso.- Apesar disso Catherine ainda parecia chateada.– Mas vejam, estou impedindo sua passagem, estamos em Hampton Court.

Quando William e Catherine saíram, parecia não haver nada de impressionante no palácio, mas só até serem conduzidos a parte do palácio em que se localizava o apartamento deles.

  – Sua Majestade, o rei os deixou usar um dos apartamentos na ala barroca do palácio.- As palavras do responsável para os levar até lá foram reconfortantes, finalmente algo conhecido.

Logo eles chegaram ao apartamento, que era grande espaçoso, com uma vista linda dos jardins, e principalmente vazio, o apartamento estava completamente vazio.

  – Veja Wilh... William como é grande e espaçoso é lindo e...

 – E está vazio, não tem nenhum móvel, ou objeto de decoração, é uma surpresa que as paredes tem cor. - Catherine apenas o olhou como se ele fosse a pessoa mais sem imaginação do mundo, e ele francamente estava disposto a acreditar.

  – E isso o faz ser perfeito, eu vou transformar esse lugar em um pequeno Hofburg, já posso ver tudo. Eu sabia que seria bom trazer nossos móveis de Viena.

Isso era verdade, Catherine fez questão de mandar trazer grande parte dos móveis, da decoração, e das pinturas do apartamento deles em Hofburg, para falar a verdade William não tinha certeza se eles poderiam ter trazido certas coisas.

  – Certo, mas temos dinheiro para pagar?- A pergunta foi mais a ele mesmo do que a Catherine.

  – Você se lembra das festas de máscaras em Hofburg? De como você sempre me encontrava na multidão?

  – Sim, como poderia me esquecer. Eu pegava sua mão assim, a beijava assim e perguntava "a mais bela dama, tem um par?"

  – E eu respondia "o meu par é o mais belo dos cavalheiros" e depois dançavamos por horas.- E em algum momento de toda esse lembrança do passado que, William e Catherine acabaram abraçados, um abraço muito reconfortante para William.– A questão é que tudo vai dar certo, não precisamos pensar em nossos problemas, lembrem quem somos, somo o marquês e a marquesa de Bristol. Somos Tudor-Habsburg.

William só poderia agradecer a Catherine de um modo, e ele fez isso, a beijando ternamente.

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A vida de Catherine parecia não ter mudado muito, tirando a falta de festas, ópera, teatro e muitas comemorações da igreja, a vida dela como marquesa era igual a de arquiduquesa.

A reforma do apartamento dos marquêses de Bristol em Hampton Court havia se iniciado, e era Catherine que estava instruindo a reforma, William, graça a Deus, deu essa tarefa a ela, o que Catherine agradeceu muito, ela sabia que o sexo dominante, por mais inteligente e capaz que quisesse sempre parecer, não dava muita importância a decoração.

Logo os Bristol estariam em Hampton Court, seria como voltar a Áustria, mas por enquanto eles ficariam no Palácio de Kensington.

Além disso, Catherine estava sendo instruída por Lady Penryn, que Catherine descobriu ser a filha do conde Von Sonnenstern, basicamente ela era duplamente condessa, filha, esposa e mãe de condes, ela ensinou como as inglesas da alta sociedade agiam, o que não era muito comum, elas eram com toda a certaza iguais as mulheres da corte imperal, mas completamente diferente de arquiduquesas.

E hoje como sempre Catherine estava novamente com Lady Penryn, mas hoje o assunto era sobre a diferença da moda austriaca para a inglesa.

  – A senhora, já deve ter visto que as inglesa não empoam o cabelo, e eu acho que a senhora, caso deseje, também deveria parar então de empoar.

Catherine apenas suspirou, essa era uma coisa que vinham a dias falando para ela, para falar a verdade desde o primeiro dia. Assim como os tecidos, cores, e estampas de seus vestidos, e seus penteados e enfeites.

  – Eu já deixei bem claro que vou continuar a empoar meu cabelo, não sou uma simples filha de um nobre, mas filha, neta e sobrinha de imperadores.

  – Certo, quem sou eu para contrariar a senhora. Só uma pergunta, onde está o marquês? Ele sempre está aqui para nos observar e beber chá.

Outro assunto que deixava Catherine desanimada.

  – Ele está muito cansado, deve estar em seus aposentos. Ontem ele foi dormir tarde.

  – E como a senhora sabe disso, a senhora está grávida, durante esse período o marido não deve dormir com a esposa.

 – Eu tive um sonho ruim.- Lady Penryn deve ter percebido que Catherine passou a mão em seu ventre, já que não falou nada.– E fui buscar o consolo dele. A avó do marquês, a Imperatriz Anna, planejou nosso casamento, e desde muito cedo o ensinou a ser meu amigo, ela e o Imperador Ferdinand também eram amigos.

  – Eu peço perdão, mas não consigo ver como isso o faz ficar cansado.- Se Catherine estivesse de bom humor ela iria apreciar a sinceridade de Lady Penryn.

  – Ele foi rápido em abrir a porta e parecia cansado, e tinham alguns papéis com algo escrito, não eram cartas, eu saberia. Mas ele não quis me dizer.

Lady Penryn continuou calada, o que irritou Catherine, Lady Penryn era uma pessoa sincera pensativa, pelo que parecia.

  – Acho que a senhora deveria levar chá para ele, falar algo doce, perguntar e insistir. Os homens são desejam nos irritar, mas devemos ser insistentes.

Era uma ótima tática, Catherine deveria concordar, por mais que não quisesse. E foi isso que fez quando Lady Penryn foi embora.

  – Meu querido marido! Eu tenho chá para você.- Catherine se repreendeu muito por isso, ela nunca falava "meu querido marido".

 – Obrigado... Você deseja algo?- Isso irritou Catherine.

 – Não desejo nada.– William apenas a olhou de um modo que a faria falar qualquer coisa.– Só desejo saber o motivo de você parecer tão cansado.

   – Não é nada....

  – Me diga agora.- William apenas suspirou derrotado, não foi uma luta difícil.

  – Estou preocupado com nossas finanças, os custos da reforma em Hampton Court, está sendo bem caro.- Isso era estranho, o objetivo não era gastar?

  – O que você quer dizer com isso? Estamos sem nada?

  – Não! Apenas podemos ficar, o subsídio da Áustria e do governo britânico não é o suficiente para manter uma vida luxuosa, por muitas décadas. Geralmente os nobres tem terras e propriedades que geram lucro, e não temos isso.

  – Por que então não adquirimos terras?

   – É preciso dinheiro, muito dinheiro.

  – Talvez possamos usar o meu dote. Ou vender minhas joias.- William pareceu pensar.

  – Talvez eu posso devolver algumas joias da minha avó, para o imperador, e em troca podemos pedir que ele nos dê terras. Também posso vender algumas joias de minha mãe.

  – Eu estou disposta a sacrificar minhas esmeraldas e safiras, e alguns diamantes.- Catherine só poderia fazer isso, grande parte dessas joias eram herança, uma herança que foi adiantada, sua mãe ainda não tinha morrido.– Eu pensei que o rei iria devolver as propriedades e terras confiscadas da sua bisavó.

  – Se formos colocar nossas esperanças nisso, vamos morrer, além do mais acho que só vai ser um castelo em Cornwall, e terras em outro lugar.‐ A situação não era boa, mas eles iriam construir seu sucesso.

  – Vamos vencer isso.‐ William apenas deu um sorriso franco.– Não! Não faça isso, eu estou confiando em você, você William nos fara uma família poderosa e influente.

William apenas continuou calado, isso irritou Catherine.

  – Vamos nos tornar uma família poderosa e influente, se não nos, nossos filhos ou netos. Você tem razão, somos Tudors, vamos vencer, e somos Habsburgo, vamos prevalecer.

Isso alegrou Catherine, eles não iriam vencer sendo pessimistas, os tempos não eram de pessimismo.


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Notas finais do capítulo

• Ferdinand III, (1608-1657), foi imperador do Sacro Império Romano Germânico de 1637, quando sucedeu seu pai, Ferdinand II, até sua morte em 1657, assim como também foi rei da Hungria, Croácia e Boêmia. Ele ascendeu ao trono no início da última década da Guerra dos Trinta Anos, e introduziu políticas para acabar com a guerra, o que culminou com a Paz de Vestfália entre 1746 e 1648. Ferdinand se casou três vezes, primeiro com a Infanta espanhola Maria Anna da Espanha em 1631, o que lhe rendeu três filhos vivos; segundo com a Arquiduquesa Maria Leopoldina da Áustria em 1648, o que lhe rendeu um filho; e terceiro com Eleonora Gonzaga em 1651, uma princesa italiana, o que lhe rendeu duas filhas a Arquiduquesa Eleonore e a Arquiduquesa Maria Anna Josepha.
Na minha história, vamos esquecer de Eleonora Gonzaga, no lugar dela, Ferdinand se casou em 1651 com a fictícia Arquiduquesa Anna, sua prima, mas as filhas que Ferdinand teve com Eleonora são as mesma e com os mesmos nomes, apenas não a mesma mãe, e a mais nova Maria Anna, com uma história um pouco diferente, sendo ela a mãe de William.



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