Acordei assustada suando frio, havia tido um pesadelo. Mas, ao mesmo tempo, eu sentia que não era só um pesadelo, era algo mais... como uma intuição.

Como se algo estivesse atrás de mim e, ao mesmo tempo, não era eu!

Me chamava com uma voz assustadora.

Olho no despertador que tem no criado-mudo, e marcava cinco e meia. Sei que não vou conseguir dormir novamente e resolvo tomar um banho para tirar um pouco minha cara abatida de noite mal dormida.

A água quente cai sobre meu corpo relaxando a tensão muscular. Tento tirar da mente aquela garotinha assustada e com medo, mas aquilo ficava martelando na minha mente.

Quem era aquela garota? E por que eu estava tendo pesadelos com ela? Será que ela é real?

Após o banho tomado, enrolo uma toalha no meu corpo antes de ir para o quarto procurar uma roupa para vestir. Ao contrário de Lydia eu não preocupo muito com minha roupa, acabo escolhendo uma calça jeans e uma regata básica azul e calço meu all star preto. Passo a escova nos meus cabelos e solto um suspiro vendo meu rosto abatido no espelho.

Pego minha mochila e desço pra tomar café, deixando-a no sofá e vou direto pra mesa, onde minha mãe terminava de ajeitar as coisas pro café da manhã.

— Bom dia.

Digo sentando na cadeira e chamando a atenção da minha mãe pra mim. Ela me olha calmamente e solta um suspiro.

— Achei que os pesadelos tinham acabado. — minha mãe diz preocupada.

— E tinha. Esse foi diferente... — remexo desconfortável na cadeira e desvio o olhar da minha mãe pegando uma torrada e passando geleia. — Tinha... uma garotinha e algo que a chamava de maneira assustadora, eu... eu sentia o medo dela como se fosse eu que estivesse ali. — voltei o olhar no rosto da minha mãe encontrando seu olhar mais preocupado do que antes. — Como eu posso ter tido pesadelo com uma garotinha que eu nunca vi?

— Talvez tenha sido só isso... um pesadelo, afinal. — ela diz meio incerta.

— Acredita mesmo nisso? Mesmo nós sendo bruxas de uma linhagem poderosa? — questiono confusa.

— Não. — ela solta um suspiro preocupado. — Vou ligar pra Bonnie e ver se ela tem ideia do que isso possa ser. Agora tente esquecer isso e tome seu café, você tem aula agora pouco.

Concordo comendo minha torrada, que havia deixado de lado ao prestar atenção no que mamãe dizia, coloco suco de laranja no copo e escuto uma buzina e olho minha mãe de maneira questionadora.

— Pode continuar comendo que eu vou ver quem é. — minha mãe diz já indo em direção a porta. — Ah! Olá Lydia, entre. Aubree está tomando café da manhã, vem se juntar a nós.

— Obrigada tia, mas já tomei em casa. — Lydia fala seguindo pra a mesa. — Mas eu espero Bree acabar. — Lydia se senta ao meu lado sorrindo. — Pensei que talvez quisesse uma carona pro colégio.

— Hm, claro. Só vou escovar os dentes e já podemos ir. — digo e termino de beber o suco e subo.

Após os dentes escovados desço encontrando Lydia e minha mãe na sala. Pego minha mochila e chamo Lydia para irmos.

— Você vai... assim? — Lydia pergunta meio hesitante e minha mãe tenta prender o riso.

— Lydia vamos pra escola, não pra um desfile de moda. — digo indo em direção a porta.

— Mas... você podia pelo menos passar um batonzinho, está muito pálida. — questiona durante o caminho todo, o que me faz ceder e passar pelo menos um gloss nos lábios para Lydia parar de tagarelar sobre isso na minha cabeça.

Chegamos no colégio e Lydia me guia pelos corredores me explicando onde fica tudo e eu simplesmente ignoro tudo que ela diz.

Fico repassando o pesadelo em minha mente. A floresta escura e aterrorizante. A garotinha, que aparentava ter uns sete a oito anos, visivelmente assustada. A voz fria e arrepiante a chamando e parecia que vinha de todos os lados da floresta à sua volta.

Estou tão absorta em minha mente que só sinto um baque.

Tudo aconteceu tão rápido.

O esbarrão.

Meu desequilíbrio.

E quando penso que ia cair de bunda no chão, sinto braços ágeis e fortes me pegar e puxar contra seu corpo.

Levanto o olhar para ver quem acabara de me salvar, e a única coisa que consigo pensar é que meu salvador tem os olhos mais lindos que já vi.

Olhos tão azuis e cristalinos como uma piscina. Seu olhar assustado logo tranquiliza dando lugar à curiosidade, à medida que continuamos a nos olharmos.

Não consigo desviar de seus olhos curiosos e hipnotizantes. Parece que acontece o mesmo com ele, porque não consegue nem ao menos piscar.

— Cof, cof...

Um barulho de tosse me faz voltar a realidade e olho em direção ao barulho e vejo um garoto moreno que alterna seu olhar entre mim e o garoto à minha frente, com um sorriso enorme no rosto. Desvio o olhar para Lydia e a encontro nos olhando da mesma forma que o garoto moreno.

Qual o problema deles?

— Então... — o garoto moreno fala me chamando a atenção. — Eu sou o Mason. E ele — faz sinal com a cabeça — é o Liam.

— Oi... hm me desculpe por quase te derrubar, sinto muito de verdade. — Liam, meu salvador, diz meio sem graça pelo acontecido. — Você está bem?

O garoto à minha frente tem o cabelo loiro tom de mel, sobrancelhas grossas; o olhar mais doce que já foi direcionado a mim, lábios levemente carnudos e rosados. Subo o olhar em busca de seus olhos azul-piscina e um sorriso involuntário surge em meus lábios.

— Eu estava distraída, mas estou bem graças a você! — falo e agora que percebo que Liam ainda me segura. Uma mão está segurando meu braço e a outra está envolta a minha cintura. E eu estou com as mãos apoiadas sob seu peito. Ao reparar isso arregalo os olhos e tiro rapidamente as mãos dele.

— Desculpe — ele diz com o rosto vermelho e me solta na mesma hora, e sinto meu rosto queimar, devo estar igual um tomate de tão vermelha. Mas não consigo parar de olhar aqueles olhos azuis.

— Bree, temos de ir. Até depois garotos! — Lydia fala já me puxando e já me afastando deles.

— Obrigada por não me deixar cair! — Digo alto pra ele escutar, devido à distância.

— Sempre que precisar! — Ele responde sorrindo e lhe lanço um último olhar agradecido antes de virarmos no corredor.

— O-que-foi-isso? — Lydia pergunta pausadamente. — Ele gostou de você! E ele é uma gracinha, Bree.

— O que? Não, ele só foi simpático! — digo mais para mim do que para ela.

Se bem que... será que ele gostou mesmo de mim? Que isso Aubree para de pensar nisso, ele apenas foi educado, nada mais.

— Ele quase te comeu com os olhos, Bree. — Lydia fala enquanto paramos em frente a sala da secretaria.

— Ele só foi simpático e educado comigo! Só não quero me iludir, tá bom? Ter amigos já está sendo ótimo, não posso ficar criando uma vida normal e perfeita porque eu não posso ter esse tipo de vida. Pode ir pra sua sala, acabando aqui eu encontro a minha. Nos vemos depois e obrigada por tudo Lydia. — falo e entro sem deixar que ela diga algo.

A coordenadora me entrega uma caderneta onde os professores terão que assinar e no final do dia terei de trazer de volta pra ela. Aproveito para perguntar onde fica a sala B-104 e ela me explica que o bloco A é as matérias de humanas, o bloco B é as de exatas, o bloco C é as biológicas e o bloco D é as matérias de artísticas. Os blocos E e F são laboratórios, biblioteca, cantina e vestiários. As salas que começam com 1 é da turma do primeiro ano, 2 do segundo, 3 do terceiro e 4 das matérias avançadas. Depois da explicação, agradeço e saio a procura da minha sala.

O sinal havia batido enquanto eu ainda estava na coordenação.

Acabo encontrando com facilidade a sala, e dou três batidas na porta antes do professor me deixar entrar.

— Aluna nova? — o professor questiona falando um pouco alto. Apenas concordo entrego a caderneta, que pega assinando e me devolve. — O que tá esperando? Um convite formal pra ir se sentar?! Vai, agora!

Me assusto com ele gritando. Qual o problema dele? Eu tô bem ao seu lado. Desvio o olhar do professor e procuro uma carteira vaga. Tinha apenas uma, então, sigo na direção dela enquanto sinto os olhares dos meus colegas sobre mim enquanto passo.

Estou morrendo de vergonha, sento na carteira e mantenho o olhar na mesa com a cabeça baixa. Que droga! Odeio ser o centro das atenções.

— Oi!

Um garoto ao meu lado diz e espera... eu conheço essa voz. Levanto a cabeça em direção a voz e me surpreendo ao encontrar ao meu lado aquele par de olhos azuis-piscina me olhando com um sorriso nos lábios.

— Oi, Liam! Mason. — digo cumprimentando o garoto atrás dele antes de voltar o olhar aquelas piscinas cristalinas — Desculpe, eu nem apresentei. Sou a Aubree, mas pode me chamar de Bree. — digo estendendo a mão que ele pega.

Assim que nossas peles se encostam sinto como se uma corrente elétrica passasse por todo meu corpo, solto a mão dele rapidamente e olho minha mão confusa.

O que acabou de acontecer aqui?

— Então, quem se interessar pode ir pro campo depois da aula. Eu estarei realizando os testes para os novos jogadores do time. — o professor grita e eu fico confusa.

— Não era aula de economia? — sussurro questionando Liam e Mason, antes de voltar o olhar pro professor.

— Pelo que entendi ele também é o treinador de lacrosse. Eu vou jogar, quero entrar pro time. Você podia ir ver o treino, eu... ia gostar muito. — Liam fala e no final parece um pouco constrangido. — O Mason também vai. Não é, Mason?

— Claro, cara! — ele confirma sorrindo.

— Tenho que ver com minha prima primeiro, eu vim com ela. Mas eu vou adorar! Nunca assisti um jogo de lacrosse, na minha antiga escola eles jogavam futebol americano.

A aula que era para ser de economia acabou virando aula de lacrosse. O treinador ficou explicando passes e jogadas para os garotos que iam fazer o teste pra entrar pro time.

Após o sinal soar, juntamos nossas coisas e seguimos pra próxima aula.

Nossos horários eram bem parecidos, tínhamos muitas aulas juntos. O que eu achei muito bom, pelo menos eu não ficaria sozinha.

Liam e Mason, me apresentaram a dois colegas que estudavam com eles na antiga escola. Um garoto loiro de olhos azuis, Garrett, e uma garota magra morena, Violet, que me olha de cima a baixo com uma cara de desdém.

Garota nojenta!

Assim que aperto suas mãos os cumprimentando, sinto um calafrio percorrer todo meu corpo.

Não sei o que aconteceu aqui, mas não gostei. Ficarei o mais longe possível desses dois aí.

Para minha felicidade os dois foram para outro bloco. O que foi bom, não queria ter que encontrar com eles tão cedo.

Liam e Mason, me contaram um pouco de suas vidas e que são amigos desde a infância, enquanto estamos na fila na cantina.

— Você vem? — Liam questiona assim que me vê parada ao invés de segui-los.

— Eu vou me sentar com minha prima, quero perguntar sobre o treino. Se quiserem podem se sentarem conosco. — digo e eles olham na mesa que Lydia está.

— Os dois garotos do vestiário estão lá. — Liam sussurrou para Mason, mas eu acabei escutando. — Hm... nós já havíamos combinado de sentar com o Garrett. Se der passa lá depois.

Olho na direção da mesa onde Garrett está e encontro a garota, a tal Violet, me encarando.

— Ok. — desvio o olhar da garota e encontro um olhar cheio de expectativas. — Qualquer coisa nos encontramos na sala, temos a próxima aula juntos.

Acenamos afirmando um ao outro e desviamos o olhar constrangidos. Parecia que nenhum de nós queria se separar, mas não queríamos sentar com os amigos uns dos outros. Isso ficou bem perceptível.

Vou em direção a mesa de Lydia depressa e sento ao seu lado me encolhendo na cadeira.

— Você os conhece, Bree?

Quando escuto meu nome levanto a cabeça encontrando Scott me encarando curioso.

— Eles se conheceram hoje quando chegamos. Ele ficou todo interessado na Bree. —Lydia respondeu antes de mim.

— Qual deles? — Stiles questiona curioso.

— O hetero, óbvio! — ela fala enquanto todos olham pra ela.

— O quê? O Mason... como você sabe? — questiono confusa.

— Meu amor, eu farejo homens héteros a quilômetros de distância. É um dom! — Lydia responde simples.

— O que vocês dois fizeram com o Liam no vestiário? — questiono Scott e Stiles, que se entreolham — Porque ele não parece que gostou muito.

— S-só conversamos. — Stiles diz gaguejando fazendo um gesto com as mãos no ar, como se estivesse nervoso.

— Isso! Conversamos sobre lacrosse. — Scott completa.

Eu não engoli muito essa história que só conversaram não, mas deixei quieto, por enquanto. Me encontrei com os garotos na saída da cantina e seguimos em direção a nossa sala.

— Então, por que vieram para Beacon Hills? — Liam questiona.

— Eu morava aqui antes, mas ficamos morando um tempo com minha tia e agora, minha mãe e eu, voltamos pra cá.

— E seu pai? — Mason pergunta.

— Ele nem sabe que eu existo. E vocês? Por que vieram para Beacon Hills? — questiono.

— O Liam foi expulso do colégio. — Mason diz e Liam o encara com uma cara nada boa.

— Expulso?!

— Não foi nada demais, Bree. De toda maneira eu estava vindo pra cá, meu padrasto foi transferido pro hospital daqui. — Liam explica, mas parecia que ele queria mudar de assunto.

— Seus pais são separados, então?

— Não, meu pai morreu quando era bebê. — Liam fala triste.

— Eu sinto muito! Me desculpe eu não queria ser intrometida.

— Tudo bem, Bree. Eu nem me lembro dele. — Liam diz tentando me tranquilizar, mas o clima ficou meio estranho.

Ele pode dizer que tudo bem que não se importa, mas eu sei que não é verdade. Eu sinto a mesma coisa em relação ao meu pai. Aquela sensação de vazio, sempre vai estar lá. E a vontade de conhece-lo também, mas no caso de Liam isso não será possível.

— Que colar bonito! — Mason fala, e percebo que é somente pra mudar o assunto.

— Obrigada! Minha tia Bonnie que me deu antes de voltarmos. Ela disse que era pra mim a sentir, sempre perto de mim. — digo pegando no colar que tinha nossa foto dentro do pingente.

Nos separamos na última aula, e para o meu total azar eu tive aula com os amigos do Liam que não iam nem um pouco com a minha cara. Não sei se foi por isso, ou porque eu queria muito que a aula acabasse que ela passou mais devagar do que uma lesma.

Assim que tocou o sinal eu corri para tentar encontrar Lydia, mas encontrei apenas as garotas.

— Vocês viram a Lydia?

— Ué... — Kira começa a olhar em volta a procurando e Malia faz o mesmo. — Ela estava aqui agora. Você viu pra onde ela foi, Malia?

— Não. Você vem? O Stiles e o Scott vão jogar agora. — Malia fala para Kira sem dá importância.

— Malia. — Kira a repreende.

— Que foi? Logo ela aparece por aí. — ela diz simples. — Vem Bree, se a Lydia não aparecer até o fim do jogo eu peço o Stiles para te deixar em casa.

Logo concordei, afinal eu queria mesmo ver os garotos jogarem. Vamos em direção ao campo e sentamos nas arquibancadas.

— Terrível. Horripilante. Patético. Incrivelmente patético. São todos? — o treinador grita e Stiles se abaixa perto dele, bufando e cai no chão — É, são todos!

Scott pega Stiles no chão, e logo eles se juntam aos outros no canto do campo, onde alguns estavam sentados, deitados ou como o Liam que estava fazendo flexões.

— O que há de errado? — Malia pergunta à Kira.

— Comigo? Nada — ela responde.

— Você está fedendo a ansiedade, e isso me distrai. O que está havendo? — Malia questiona.

— Ela tem razão, você parece nervosa também. — digo a observando.

— Estava rolando algo entre Scott e eu, mas não era grande coisa. Estou começando a achar que nunca foi nada... de mais.

— E você quer que seja o quê? — Malia pergunta.

— Mais. — Kira responde e a observo com compaixão, esse é um dos problemas de se gostar de alguém. Você sofre com a expectativa de sempre esperar que a pessoa te note ou se algo a mais.

Stiles custa pegar a bolinha com o taco e pega com a mão, fazendo alguns jogadores rirem. Ele joga a bola e acerta bem no taco do goleiro. Liam é o próximo.

Liam atira a bola e acerta o gol.

— Isso! — Grita o treinador.

Scott pega a bola e se adianta, ele joga a bola que acerta na trave e os garotos riem. Liam acerta todos os outros lançamentos, Scott e Stiles só erram.

— O capitão não tem que ser um dos melhores jogadores do time? — Kira pergunta a Malia — ou só bom?

Liam faz outro gol e todos comemoram.

— É, é isso aí garoto. — um dos garotos fala para Liam o parabenizando pelo gol. O treinador apita.

— Juntos! McCall e Stilinski, peguem os tacos compridos. Vocês vão para defesa no dois contra um. — o treinador grita — Vamos lá, em fila.

Liam coloca o capacete e Garret que está na frente pega a bola e corre em direção ao gol, sendo impedido por Scott.

— É isso garoto! — treinador grita — Eles são como filhos pra mim.

Outro garoto vai e é impedido pelo os dois.

— É assim que se faz! É assim que eu gosto — o treinador grita de novo, Scott e Stiles pulam e batem o peito um no outro, Stiles cai no chão.

Liam vai até a bola e a pega no chão. Quando vejo que ele vai jogar desvio o olhar do caderno prestando atenção. Ele corre até os garotos e desvia de Stiles e de Scott, acertando o gol.

— Isso, Liam! — levanto e grito sorrindo, ele olha em minha direção e sorri de volta. Assim que me viro para sentar dou de cara com Kira e Malia a encarando.

— É sério isso? — as duas perguntam e dou meu melhor olhar de "que foi?" e logo Malia olha pro campo.

— Foi sorte! — Malia grita e Stiles a olha descrente como se pedisse pra ela ficar quieta. — De novo!

— Docinho, não tem essa de "de novo". É um treino — o treinador fala.

— Dez dólares no Scott e no Stiles — Malia grita de volta.

— Agora eu gostei! — o treinador diz — Aí volta aqui, Liam!

Os três se preparam. Liam pega a bola e desvia de Stiles e Scott passa por baixo de Liam, o derrubando no chão. Me assusto com o barulho, levanto e saio correndo em direção ao campo.

— Ai, ai — Liam geme de dor tentando se levantar.

— Fica quieto aqui! Ninguém toca nele! — o treinado grita.

— Eu tô bem treinador, hm... tá tudo certo. — Liam fala fazendo caretas e tentando segurar pra não gritar de dor.

— Liam, ei... você não está bem! — afirmo preocupada olhando ele fazendo careta de dor — Ei, vocês dois ajudem ele a levantar — digo apontando para Scott e Stiles.

— Acho que é minha perna — Liam diz baixo segurando a dor.

— Qual o problema de vocês dois? — questiono alternando o olhar entre Scott e Stiles.

— O que ela tá fazendo aqui? — o treinador questiona.

— Melhor levar ele pra enfermaria — Stiles diz alternando o olhar entre mim e o treinador, que apenas levanta o braço indicando para eles irem. Eles saem ajudando Liam e acabo seguindo-os.

Scott sai da enfermaria, para encontrar com Kira que estava esperando por ele. Eles conversavam um pouco e ele volta entrando na enfermaria de novo.

— Qual o seu problema? — questiono assim que ele passa pela porta — Eu escutei! Volta lá e conserta isso, Ok?

— Mas como eu faço isso? — Scott pergunta.

— Só faz o que sente. — digo sorrindo, pensando no que Kira disse mais cedo. Scott me olha e depois pra Stiles que estava ouvindo.

— Vai Scott. — Stiles fala e afirmo com a cabeça e ele sai.

Chegamos ao hospital e de cara encontramos com a mãe do Scott, Melissa, que trouxe uma cadeira de rodas para que Liam sentasse.

Scott e Stiles ficaram na recepção com os papéis que a enfermeira do colégio havia entregado e eu acompanho Melissa e Liam até uma sala, onde ela pediu pra aguardar até o padrasto do Liam chegasse.

— Olha... Eu sei que provavelmente você não me quer aqui, mas eu estou preocupada com você. — digo olhando Liam na cama.

— Não, tudo bem! Eu quero que você fique. — Liam fala me olhando de maneira intensa que fico constrangida e provavelmente corada, mas não consigo desviar o olhar.

— Hm... Me desculpe pelo Scott e Stiles, eles são legais, juro. Só não sei o que aconteceu, mas tenho certeza que não foi de proposito. — digo tentando tirando o foco dele de mim. O que funciona, porque ele desvia o olhar para o pé enfaixado.

— São amigos há muito tempo? — Liam pergunta um pouco acanhado.

— Acreditaria se eu dissesse que conheci eles ontem? — digo e ele fica surpreso — Conheci eles na minha prima, ela me apresentou aos amigos dela e conversamos bastante. Digamos que o pouco que conheci, dá pra dizer que eles são boas pessoas. — ele assente e o médico entra — Vou deixar você a sós, depois eu volto pra saber como está.

— Não! Pode ficar... Se quiser, é claro. — Liam diz sorrindo.

— Tudo bem! Então, eu fico. — digo também sorrindo.

O médico começa a examina-lo.

— Quebrou né? — Liam pergunta.

— Com certeza precisa de raio-x. — Dr. Geyer diz olhando Liam.

— Quebrou e a culpa é minha! — Liam diz jogando o corpo no encosto da cama.

— Quer me contar o que aconteceu? — Dr. Geyer pergunta.

— Joguei contra dois do segundo ano — Liam começa — e um deles é capitão do time.

— Lembra o que a gente sempre falou? — Dr. Geyer questiona — Seja astuto, não bruto.

— Está bravo comigo? — Liam pergunta e começo a ficar confusa.

— Não, claro que não! — Dr. Geyer fala — Sua mãe que vai ficar brava comigo por eu te apresentar lacrosse, mas é melhor esperar o raio-x antes de entrar em pânico. E acredite, eu tenho mais motivos para entrar em pânico do que você. Não acabou... espere o raio-x.

— Ah, desculpe... Então, você que é o padrasto do Liam?! — pergunto.

— Sim, e você é? — Dr. Geyer questiona virando pra Liam — Não me disse que estava namorando!

— Não estamos namorando! — Falamos juntos, eu totalmente constrangida e vermelha igual a um pimentão.

— Essa é a Aubree, somos amigos. — Liam fala me olhando.

— Sim, somos amigos! — confirmo sorrindo para Liam.

Dr. Geyer nos olha como se duvidasse disso, depois sai da sala nos deixando sozinhos.

— Então, acho melhor deixar você descansar! — digo o olhando na maca — Você vai ficar bem?

— Vou sim! Obrigado por ficar aqui comigo. — Liam fala me olhando daquele jeito intenso e desconcertante.

— Eu não ficaria tranquila se não soubesse que está bem. — digo colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Eu já vou indo, minha mãe já deve estar encerrando o plantão. Te vejo depois?

— Sim, claro. — Liam diz pegando na minha mão e me puxando pra perto dele, me dando um beijo na bochecha. — Boa noite!

— Boa noite, Liam! — digo e vou a procura da minha mãe para irmos embora.