Scientist escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 12
Capítulo 12 – Nosso segredo




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Capítulo 12 – Nosso segredo

                Peter e Gwen deixaram a enfermaria presos num abraço e com sorrisos que pareciam eternos, ignorando os que os observavam nos corredores. Insistindo que já estava bem, e agora na posse de uma lista de recomendações da enfermeira, Gwen decidira continuar acompanhando as aulas do dia, prometendo chamar Peter se algo mais acontecesse. A verdade é que os dois não queriam se separar, por isso adiaram o quanto possível, com Peter a levando até a porta de sua sala.

                - Eu te amo – ela o beijou – Muito – falou com outro beijo.

                - Eu amo vocês – Peter a beijou – Você e nosso bebê – disse lhe dando outro beijo demorado.

                Quando se afastaram ele a viu sorrir cheia de lágrimas nos olhos, como viu no dia em que escreveu com teias para ela na ponte. Gwen respirou fundo e selou seus lábios uma última vez.

                - Quem sair primeiro vai encontrar o outro, não se atrasa. E lembra que até essa noite é nosso segredo.

                Ele sorriu em confirmação, e não resistiu beijá-la mais uma vez antes de Gwen lhe dar mais um sorriso radiante e entrar na sala. Peter queria gargalhar e gritar para toda a universidade o quanto se sentia feliz, mas se conteve, e caminhou com um sorriso gigante na direção de sua sala.

                - Sua esposa está bem, senhor Parker? – O professor perguntou com preocupação sincera quando Peter retornou e sentou-se.

                - Sim... Foi só uma queda de pressão. Ela já melhorou. 

                - Fico feliz – ele sorriu – Estamos dando continuidade aos assuntos de ontem. Aconselho checar suas anotações.

                Peter assentiu, seguindo o conselho e vendo olhares curiosos em sua direção, de amigos dele e de Gwen querendo notícias, mas uma vez que todos levavam a faculdade à sério suficiente para evitar interromper as aulas sem motivos urgentes, ninguém perguntou nada até o final daquela aula.

                - Peter, Gwen está bem?

                - Sim, foi realmente só a pressão que caiu. Ela tem se cansado muito com o trabalho e o fim da faculdade. A enfermeira deu algumas recomendações a ela, vai ficar tudo bem – disse sorrindo para os colegas que o olhavam.

                - Achamos que era algo grave quando você saiu correndo.

                - Ela ficou assustada e pediu pra me chamar. Gwen é muito saudável, desde que a conheci eu só a vi se sentir mal algumas vezes quando teve alta do hospital depois daquele incidente.

                - Caso não a encontremos hoje, diz que desejamos melhoras.

                Peter sorriu em agradecimento.

                - Eu vou dizer.

******

                - Como vamos contar? – Gwen refletia enquanto se pendurava de cabeça para baixo em uma de suas práticas com as teias no laboratório Aranha.

                - Você me contou tão espontaneamente hoje de manhã que achei que já tivesse pensado nisso – Peter falou tomando o rosto da esposa nas mãos e a beijando, como tinham feito quando ele a ensinou a fazer isso – E você devia mesmo tá se pendurando de cabeça pra baixo estando grávida?

                - Querido, não fique paranoico, e veja só, desse jeito o bebê tá de cabeça pra cima, não deve ser tão ruim.

                Peter gargalhou e a beijou outra vez, ele amava o senso de humor de Gwen.

                - Gwen Stacy Parker, desça daí, cuidadosamente, agora mesmo – pediu com carinho.

                Ela obedeceu e se enlaçou no pescoço do marido para abraçá-lo.

                - Provavelmente só tô com um ou dois meses, e você já quer me proibir de fazer as coisas? – Ela dramatizou.

                Peter riu.

                - Você se lembra. Com...

                - Grandes poderes vem grandes responsabilidades, eu sei... Só não consigo ficar parada com isso.

                - Como se eu conseguisse, mas é do nosso filho ou filha que estamos falando, meu amor. E temos que conversar sobre os bandidos.

                - Eu sabia que você ia dizer isso... Eu sei que vou ter que parar por um tempo. Mas... Vou ficar paranoica com você lidando com isso sozinho.

                - Foi assim por muito tempo, Gwen.

                - Eu sei. E você acha que eu ficava em casa despreocupada fazendo minhas pesquisas? Eu só conseguia respirar quando você voltava ou dava notícias, mesmo ferido.

                Peter acariciou seu rosto e beijou sua testa.

                - Me desculpe – pediu sinceramente, seus lábios ainda na pele suave da esposa – Mas agora não temos escolha.

                Gwen assentiu.

                -  Eu deixaria pra discutir isso depois, mas a cidade pode precisar de nós daqui a, sei lá, cinco minutos, então vamos acertar algumas coisas previamente. Você não vai me acompanhar se houver armas ou alturas enormes envolvidas. E se alguma luta ficar muito pesada você vai se afastar, de preferência perto da terra firme, se você se sentir mal do alto não sabemos em que isso pode dar. E você vai tirar férias daqui algum tempo até o bebê nascer. Temos que ficar mais próximos e mais baixo quando nos deslocarmos pelos prédios, assim posso pegar você se algo acontecer, tudo bem?

                Gwen pareceu pensar.

                - Eu posso viver com isso.

                - Ótimo. Vou pensar em algum jeito de fortalecer seu traje na frente do corpo, algo pra absorver melhor impactos e que não seja muito perceptível. Quando começar a ficar evidente podem querer usar isso contra nós, e até fazer suposições de quem somos, então lembre-se de que não falta muito pra suas férias.

                - E quando notarem a falta da Mulher Aranha e começarem a perguntar sobre isso pra você?

                - Ainda não pensei nisso, posso simplesmente ignorar... Ao menos enquanto invento um motivo. Mas ainda me sinto preocupado, e acho que falaremos mais sobre isso.

                Ela concordou.

                - Então... Vamos pensar sobre o jantar? Vamos só dizer que temos algo importante pra dizer sem dar pistas – Peter sugeriu.

                Gwen sorriu animada.

                - Peter... Amanhã, já que não temos aulas, eu gostaria de ir a um hospital, a enfermeira recomendou isso inclusive. Ver como o bebê e eu estamos. Você virá comigo?

                - Óbvio que sim, meu anjo – ele prometeu, lhe dando um forte abraço.

                Gwen suspirou, sentindo-se relaxar completamente.

                - Eu te amo tanto – ela falou baixinho fechando os olhos.

                - Também te amo – Peter beijou sua têmpora – Cansada? Quer dormir?

                - Agora não. Vamos falar com os outros e programar o jantar.

                - Tem certeza?

                - Sim.

                Os dois trocaram um sorriso e um beijo antes de saírem para a casa de May. Ela acabava de chegar do trabalho e guardar suas coisas quando Peter e Gwen a chamaram na porta, com sorrisos suspeitosamente radiantes.

                - Peter, Gwen... Posso saber o motivo de tanta alegria?

                - Tia May... – Peter começou – Hoje aconteceu uma coisa incrível na universidade e nós vamos contar pra todos no jantar. Seria pedir muito cozinharmos algo diferente e mais sofisticado pra hoje? Eu prometo que venho ajudar assim que falarmos com a mãe e os irmãos de Gwen. Vamos jantar todos no nosso apartamento hoje, pode ser?

                May sorriu e estreitou os olhos, brincando com o sobrinho enquanto tentava desvendar o que ele queria dizer.

                - Prometemos que vai ser a melhor notícia que já demos desde que nos admitiram em Oxford, tia May – Gwen lhe disse ainda sorrindo.

                - Tem algo a ver com a formatura?

                - Não exatamente.

            - Tudo bem – ela respondeu – Então vou pensar em alguma coisa enquanto você volta pra ser meu auxiliar, Peter.

                - Eu vou sugerir o mesmo à mamãe e ajudá-la também.

                - Certo, Gwen – May sorriu.

                Os dois se dirigiram para o apartamento dos Stacy, e a própria Helen abriu a porta.

                - Gwen, Peter – ela sorriu – Os meninos ainda não chegaram. O que vocês precisam? E por que estão tão felizes?

                - Mamãe, hoje aconteceu uma coisa incrível na universidade, e vamos contar pra todos no jantar. Eu queria saber se podemos cozinhar algo especial hoje. Sugerimos o mesmo a tia May, Peter vai ajudá-la e eu ajudo você. E vamos jantar todos na nossa casa se vocês concordarem.

                - E o que aconteceu? Digam logo! – Ela pediu empolgada.

                - Não, mamãe. Vai esperar a surpresa como todo mundo.

                Peter riu de como sua sogra pareceu indignada e surpresa ao mesmo tempo.

                - Tudo bem. Mas vamos começar já – ela disse puxando Gwen para dentro.

                - Até mais tarde, amor – a loura falou beijando o marido.

                - Eu te amo – Peter respondeu com outro beijo, voltando para tia May quando as duas fecharam a porta.

******

                À noite, já com todos no apartamento de Peter e Gwen, com Simon e Howard os pressionando e tentando adivinhar qual seria a grande surpresa, todos rindo muito com isso, e o jantar já pronto, ambos tinham uma ideia de como falar sobre o bebê começando suavemente, embora ainda assim fosse ser um choque.

                - Já começaram os desejos? – Peter cochichou no ouvido da esposa após elogiar o bolo de chocolate que ela mesma tinha feito.

                Gwen riu.

                - Talvez...

                - Vamos comer logo! Vocês já fizeram mistério demais – Simon reclamou, levantando a outra onda de risadas.

                - Calma, Simon – Peter pediu – O que você acha que vamos contar? Que nós somos o Casal Aranha?

                Gwen e May fizeram o maior esforço de suas vidas para não rir ou reagirem ao comentário. Todos os três achavam que talvez fosse inevitável esconder isso para sempre, e apesar de Peter ter feito a brincadeira ao acaso, era uma boa introdução para começar a acostumá-los com essa possibilidade.

                - Seria o máximo se vocês fossem! – Howard disse.

                - Seria... – Philip, já mais sensato que os irmãos mais novos, falou com um sorriso sincero, mas pensativo – Mas eles também lutam e se machucam, não deve ter só coisas boas nisso.

                Peter trocou um olhar cheio de dizeres ocultos com a tia e a esposa, e decidiu começar o assunto principal da reunião.

                - Tudo bem, vamos nos sentar, eu e Gwen vamos contar antes do jantar.

                Os dois garotos mais novos exclamaram de excitação e todos sentaram juntos na cozinha, Peter ao lado de Gwen, segurando sua mão por baixo da mesa.

                - Hoje de manhã – Gwen começou – Eu me senti mal no início das aulas e as meninas me levaram pra enfermaria. Eu tô bem, mãe – falou diante do olhar assustado de Helen – Escuta até o fim. Eu tenho me sentido mais cansada ultimamente e isso hoje de manhã foi uma queda de pressão, a enfermeira me ajudou e passou rápido, ela me deu uma lista de recomendações também. E eu pedi que alguém chamasse Peter.

                - Sim, eu tava com ela nessa hora.

                - Você acha que pode ser alguma consequência tardia do que aconteceu em Nova York naquela época? – Philip perguntou.

                - Passou pela minha cabeça, mas era tão improvável. Eu estive bem todos esses anos.

                - Eu quase tive um infarto quando foram me chamar na minha aula, que nem vocês agora – Peter falou – Mas temos boas notícias – ele sorriu – Nem contamos a ninguém, nenhum de nossos amigos, dissemos que foi só uma queda de pressão, que Gwen já estava bem, e se esforçando além da conta com o trabalho e o fim da faculdade.

                - É, queríamos contar em casa primeiro.

                - Digam logo, nem eu consigo me segurar mais – May pediu.

                - Nós vamos ter um bebê – Gwen falou com um sorriso radiante, deixando até Simon e Howard boquiabertos.

                - É sério? – Helen e May perguntaram ao mesmo tempo como se estivessem num sonho.

                - Sim – Peter confirmou tão sorridente quanto a esposa.

                As duas mulheres exclamaram de alegria e levantaram para abraçar os dois, enquanto os irmãos de Gwen também faziam sua festa particular, na esperança de algum dia May e Helen os soltarem para que os três também pudessem abraçá-los. Peter agradeceu mentalmente por estarem dentro do horário de tolerância para barulho no prédio, detestando a possibilidade da celebração ser interrompida por reclamações dos vizinhos.

                - Eu ainda não acredito. Preciso de alguns dias pra colocar isso na cabeça – May falou rindo quando finalmente voltou a se sentar.

                - George adoraria estar aqui agora – Helen falou ainda chorando de emoção.

                - Eu tenho certeza que ele está feliz por nós agora, Helen – Peter lhe disse com um sorriso, sendo retribuído da mesma forma – Não sei se ele ia querer me prender por engravidar a única filha dele, mas acho que mudaria de ideia quando visse o neto ou neta.

                Todos gargalharam, especialmente Gwen.

                - Ele também gostava de você, Peter – Helen lhe disse quando conseguiu se controlar – E o mais importante, ele confiava em você, mesmo com tanto receio no início.

                Peter sorriu e assentiu, mas Gwen conseguia sentir como as palavras de sua mãe trouxeram uma pontada de dor ao coração do marido, porque também trouxeram ao seu, uma vez que os dois tinham informações que ela ainda não fazia ideia. Claro que Helen não fizera por mal, mas ambos detestavam se lembrar das consequências daquela promessa, que por um tempo fez Gwen sentir tanta raiva de seu pai por sugeri-la, e de Peter por cumpri-la, ainda que a falta de seu pai e do amor de Peter fossem muito maiores.

                Dando um aperto cheio de significado na mão do marido, ao qual ele entendeu imediatamente e retribuiu, os dois decidiram mais uma vez deixar esse passado para trás e aproveitar a noite de hoje e o abraço triplo dos irmãos de Gwen, que finalmente tiveram sua vez.

                - Vocês já sabem o que é? – Simon perguntou empolgado.

                - Não, irmãozinho. Provavelmente ainda não tenho nem dois meses, só dá pra saber disso com certeza aos quatro.

                - Sim, foi por volta dessa fase que descobri sobre todos vocês – Helen falou com um sorriso ao se lembrar – Quando Gwen nasceu achamos que teríamos um monte de meninas, mas vejam só. Não é à toa que seu pai te protegia tanto.

                - Eu sempre quis ter irmãos, mas não dei essa sorte. É bom saber como é agora.

                - Valeu, Peter – Philip falou sorridente.

                - Eu e seu tio fomos felizes juntos sem filhos, mas foi muito melhor com você.

                - A senhora foi uma ótima mãe, tia May – Peter falou se erguendo rapidamente para beijar o rosto da tia.

                - Já estão pensando nos nomes? – Howard perguntou.

                - Eu sempre pensei nisso – Gwen confessou – Nem sei porque, mas pensei. Tem alguns que eu gosto, mas não vou comentar agora. E você, querido?

                - Depois que falamos sobre isso no casamento eu pensei algumas vezes também, e acho que já tenho algumas ideias. Vamos conversar depois.

                - Estão mesmo discutindo isso desde aquele dia? – May se surpreendeu.

                - Sim, é por isso que eu tava chorando antes do bolo. Ele disse que queria ter filhos um dia.

                - Eu vou ter netos – Helen falou sonhadora.

                Eles começaram a comer e passaram o restante da noite rindo, se divertindo e falando sobre o futuro. Helen e May continuavam tão radiantes quando seguiram para suas casas quanto no momento em que souberam da gravidez de Gwen.

                - Pensar em algumas coisas me assusta – Gwen confessou quando estavam confortavelmente abraçados em sua cama para dormir.

                - O que, querida?

                - Como a irmã mais velha eu vi minha mãe grávida três vezes, e eu ajudei a cuidar de todos os meus irmãos, eu até trocava as fraldas e dava banho em Simon. E eu me lembro bem. Foi tão natural na época, eu espero que também seja agora. E me lembro de como às vezes mamãe se estressava com baterias de exames preventivos e pré-natal.

                Peter beijou sua testa demoradamente, acariciando suas costas para confortá-la.

                - Eu acho... Que nós dois vamos surtar com muitas coisas ainda até lá, incluindo o Casal Aranha. Mas estamos aqui um pra o outro. Eu não tive muito o que aprender com meus pais perdidos e meus tios não tendo filhos, eu também me sinto aterrorizado, Gwen. Mas vamos achar um caminho, achamos pra coisas muito mais difíceis. E eu vou ficar o dia todo com você amanhã, e em todas as consultas que você tiver, e na hora que nosso filho chegar, e sempre.

                - Eu sempre fico com receio de detectarem meus poderes nos exames de sangue. Se a gravidez alterar alguma coisa?

                - Não pensa nisso, você não deve se estressar com nada agora. Não aconteceu até hoje, e não acho que vá. Uma das habilidades das nossas mutações sempre pareceu ser se esconderem quando estão sendo procuradas. Eu morria de medo de alguém notar até eu descobrir que tava seguro nisso. E você estará também. Querida, nós vamos ser pais. E vamos rir muito cuidando do nosso bebê juntos quando ele estiver aqui. Não esqueça que você é minha direção, e que vou seguir você pra todos os lugares. Vamos dormir pensando nisso?

                Gwen lhe deu um belo sorriso quando acenou em concordância e se esticou para beijá-lo.

                - Boa noite, mamãe Aranha – ele lhe disse sorrindo.

                - Boa noite, papai Aranha.

                Os dois se beijaram mais uma vez antes de fecharem os olhos e adormecerem confortáveis no abraço que compartilhavam.

 


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