Scientist escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 10
Capítulo 10 – Como é ser um herói


Notas iniciais do capítulo

Sabe aquela história que você não quer terminar? É essa. xD Tá finalmente se encaminhando pra o final que pensei, embora eu ainda não tenha certeza de quantos caps vão ser até lá. Na época que "O Espetacular Homem Aranha" foi lançado eu não só tava num momento horrível da minha vida quanto não me encantei muito pelas mudanças na personalidade e aparência de Peter, mas depois (anos depois) que fui assistir direito, eu gostei muito. E a conexão dele com Gwen é, repito, a coisa mais incrivelmente adorável e bem feita dos filmes! E não era à toa, já que os dois namoravam de verdade e se amavam muito, se separaram amigavelmente e são grandes amigos até hoje. Talvez seja porque minha vida tá atravessando uma fase dificílima, não tenho muito com quem falar sobre isso, e me agarro aos personagens que me dão esperança pra seguir em frente, mas vocês me achariam estúpida de só agora me sentir triste pela separação de Emma e Andrew? Eu sei que a vida nunca funciona como imaginamos, que as coisas acontecem, que eles são humanos como nós, e fico muito feliz de ver que seguiram bem seus caminhos e ainda são amigos mesmo separados. Talvez pela fragilidade interna que tenho sentido sobre tanta coisa eu só tenha em comovido com isso agora, só queria contar pra alguém. E alguém mais aí fica triste toda vez que assiste Tik Tik Boom? Assisti por causa de Andrew, e achei o filme sensacional por várias razões, mas sendo também uma artista anônima enfrentando dificuldades muito parecidas com as de John Larson, esse filme tanto me comove e consola por ver que até lá houve e há pessoas como eu, como me deixa em crise existencial por dias. Voltando ao Homem Aranha, eu amo todos os 3. Minha história com o herói começou em Tobey, Tom tem casado perfeitamente com a personalidade do personagem, mas Andrew se tornou meu favorito. Ele é adorável!! ♥ E é o único Aranha que tem minha cor de olho e cabelo. Sou cosplayer há 11 anos e também faço personagens masculinos, sempre é útil, econômico e emocionante quando você não precisa de lentes e peruca.



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Capítulo 10 – Como é ser um herói

 

                Durante a semana, Peter e Gwen usaram de seu melhor dom de atuação para fingir que sequer sabiam sobre o incidente com a gangue enquanto a notícia corria por Oxford, tanto na universidade quanto na cidade.

                - Os relatos de todos os suspeitos são compatíveis. Eles juram por suas vidas que quem os prendeu e os fez perder a vítima que estavam assaltando foram o Homem Aranha, e uma nova personalidade da qual nunca ouvimos falar, a Mulher Aranha.

                Gwen sorriu discretamente enquanto comia junto com Peter e os colegas de classe no gramado. Estavam no intervalo entre as aulas, e um deles ouvia um noticiário local no celular.

                - Nenhum dos dois foi visto ou filmado. Quando chegamos ao local só encontramos os suspeitos presos por várias teias de aranha. A vítima já tinha fugido, mas foi localizada e confirmou, com muita gratidão, como foi salvo por eles – o chefe de polícia dizia.

                - O que ainda não entendemos é o que o Homem Aranha está fazendo em Oxford – o repórter falou – Será que se cansou de Nova York? Sabemos que ele foi visto poucas vezes depois do incidente na torre do relógio. Será o mesmo ou temos uma nova dupla de heróis que o tomaram como inspiração para nos proteger?

                - De fato – o policial voltou a falar – Isso é o que também estamos tentando compreender.

                - Foi você a garota da torre, não foi, Gwen? – Uma das novas amigas perguntou.

                Ela e Peter se entreolharam e deram as mãos antes de responder.

                - Sim, fui eu. Não lembro de nada direito... Só de estar perto da torre, depois do Duende Verde, e depois de estar no colo no Homem Aranha e mais nada.

                - É verdade que ele mesmo te levou pro hospital e ainda apareceu no seu casamento? – Um dos garotos perguntou.

                - É o que nos disseram. E sim, ele foi no nosso casamento. Peter o viu entre os prédios próximos e conseguiu chamar a atenção dele. Ele concordou em tomar alguns minutos de sua patrulha pra dar um oi às crianças que estavam na nossa festa. Todas ficaram malucas e falando disso por semanas.

                - Nossa! Peter não ficou com ciúmes? – A mesma amiga de antes brincou, fazendo todos gargalharem.

                - Você ficou, amor? Nunca falamos sobre isso – Gwen perguntou.

                - Se não fosse o Homem Aranha eu poderia ter perdido você. Eu sempre vou ser muito grato a ele.

                Gwen sentiu o coração apertar com a comoção na voz dele, que ela sabia muito bem que não era apenas gratidão pela sorte que tiveram, mas também a culpa que ela não tinha ideia de até quando ele carregaria. Acariciou a mão dele com o polegar, deixando-o saber que ela o entendia. Peter fez o mesmo gesto por ela antes de continuar falando.

                -  E se eu tivesse ficado com ciúmes, não teria feito um convite de última hora pra ele.

                O grupo riu novamente.

                - Peter estava com você na torre?

                - Não – ele mesmo respondeu – Nos separamos acidentalmente no meio do tumulto. Eu fui atingido por escombros e desmaiei. Quando eu acordei as pessoas tavam em pânico e fugindo, nem me perceberam ali. Eu comecei a perguntar por Gwen e alguém me disse que tinha visto o Homem Aranha levando uma moça de cabelo louro pro hospital. Foi tão louco... Eu fiquei desesperado porque ela não tava em lugar nenhum, então... Saí correndo pra encontrar minha tia e fomos pra lá.

                Aproveitando que os colegas estavam mudos e boquiabertos com a história, Gwen se abraçou ao marido, encaixando a cabeça entre seu pescoço e seu ombro. E ele entendeu, você está indo bem, mas não precisa continuar se não quiser. Peter acariciou suas costas, achando uma boa ideia encerrar o assunto.

                - Felizmente Gwen reagiu bem e se recuperou logo. Mas tivemos que reajustar nossa viagem pra cá.

                Os demais assentiram.

                - Vocês acham que o Homem Aranha que apareceu aqui é o mesmo que te salvou, Gwen?

                - Não sei – ela sorriu se divertindo ao lembrar do que Peter dissera no café da manhã – Peter sugeriu que ele pode ter ficado cansado de tanto crime que tem em Nova York e ter vindo tirar férias aqui.

                O casal riu junto com os amigos com a piada feita secretamente pelo próprio herói.

                - E a tal Mulher Aranha?

                Os dois deram de ombros, e Peter já tinha mais uma resposta pronta.

                - Super heróis também merecem ter vida. Ele deve ter conhecido alguém legal com poderes e a convidou pra ser parceira no combate ao crime.

                Outra onda de gargalhadas os atingiu.

                - Seu marido é muito engraçado, Gwen.

                - Você não faz ideia – a loura respondeu.

                Peter riu e beijou seus cabelos.

******

                - Ei – Peter chamou suavemente, levando a mão da esposa aos lábios – Tá tudo bem?

                Seus lindos olhos verdes pareciam perdidos enquanto cuidavam dos ferimentos um do outro. Já fazia quase um ano que estavam em Oxford, e o crime continuava de leve a raro, mas hoje haviam enfrentado criminosos mais agressivos, embora comuns e fáceis de combater. O maior problema fora não poderem lutar a sério a fim de proteger as pessoas que estavam perto até que elas recuassem para um local seguro, e foi assim que acabaram um pouco feridos.

Os dois uniformes estavam jogados juntos no fim da cama, e o kit de primeiros socorros, que May criara o hábito de manter sempre abastecido para eles, aberto na cama ao lado do casal. A janela estava fechada e coberta, e os dois em suas roupas esportivas que usavam por baixo dos trajes. Tinham alguns arranhões no rosto e nos braços. Uma faca também acertara a perna de Peter de raspão, o que ao menos serviu para provar que a resistência extra do novo material dos uniformes tinha funcionado, pois apesar do tecido rasgar, o dano em sua pele fora mínimo. Gwen apertou os olhos por um instante quando Peter limpou um arranhão em sua bochecha.

— Querida... Perguntei se você tá bem.

Gwen o olhou, começando a sair de seu transe.

— Fale sobre isso. Eu carreguei peso demais por não falar.

— Hoje eu achei... E me indignei por um instante, pensando que mesmo sendo apenas criminosos comuns, talvez alguém ainda se machucasse.

Peter pensou por um tempo, procurando as palavras certas, e começou lhe dando um aceno positivo de cabeça.

                - Isso acontece às vezes. Já me vi no mesmo dilema que você tantas vezes que perdi a conta. Já fui pra algumas batalhas com medo por causa disso, mas você não tem como saber até que o momento chega, Gwen. Nunca é igual ou exatamente como você queria ou como imaginou, seja no bom ou no mal sentido. Nunca dá pra saber de nada... Nossa intenção é que sempre fique tudo bem, mas a verdade é que não temos como saber até acontecer. Eu tinha certeza que nunca deixaria te acontecer nada, e... E eu tinha certeza que ia te perder depois, mas você tá aqui. É difícil viver, não acha?

                - Sim...

                - Mas estamos aqui agora, eu tenho aprendido a não gastar o tempo que temos ficando paranoico, mas só depois de parar de doer. Engolir a dor não faz bem.

                - Então é assim que é ser um herói? Uma eterna montanha russa?

                Peter assentiu.

                - E se vierem outros como o Duende Verde?

                - Eu sei – Peter tomou as mãos dela nas suas, já sabendo o que ela diria – Eu sei mais do que gostaria, Gwen. Depois que você se tornou a Gwen Aranha, eu percebi que é tão difícil começar do zero quanto é começar junto com alguém que já estava lá. Não saber do futuro e saber das possibilidades é difícil do mesmo jeito, e nunca dá pra escolher qual é a melhor opção. Mas acho que só por estarmos falando disso já estamos nos ajudando muito. Isso nos destrava um pouco dos momentos que doem.

                Gwen não respondeu de imediato, refletindo sobre como era sempre ela a consolá-lo e cuidar dele, e agora a situação havia se invertido. Peter tinha crescido, como humano e como herói, e seu orgulho e amor por ele mal cabiam no peito agora.

                - Me sinto tão orgulhosa de você.

                - Engraçado... Tia May me disse isso ontem.

                - Você cresceu muito, Peter. Como humano e como herói.

                - E você também vai – ele lhe garantiu, segurando-a pela nuca e unindo sua testa e seu olhar ao dela – Já fez metade do caminho. Você sempre foi um grande ser humano, Gwen. E esse é o requisito mais importante pra ser uma heroína. Tio Ben sempre me disse que se você tem um grande poder, é sua responsabilidade usá-lo pra ajudar as pessoas, porque é o certo a fazer. Mas foi você que me ajudou a descobrir que é certo fazer isso porque sentimos as mesmas coisas. Se eu fosse uma pessoa comum e me visse em perigo, eu ficaria aliviado e grato se a Gwen Aranha me ajudasse, isso manteria minha esperança, e diminuiria a dor. Não podemos prever tudo, mas podemos fazer algo com tudo que acontece. Eu odeio não poder prometer que nunca mais alguém vai te machucar, mas eu juro que vou até o fim dos meus limites tentando evitar isso. E se ele voltar, ou qualquer outra coisa parecida, vamos estar mais preparados. Nunca podemos garantir completamente que ninguém vai se ferir, essa é uma das coisas mais difíceis disso. Mas sempre dá pra pensar no que fazer se acontecer de novo, em como já ter uma ideia do que fazer.

                Gwen assentiu.

                - Andei tendo umas ideias sobre voar. Vou te mostrar mais tarde.

                - Sério...?! Viu? Você é brilhante, já tá resolvendo.

                Ela riu quando Peter beijou seu nariz.

                - Quer um abraço? – Ele perguntou com o mesmo charme de quando ela cuidou dele após à primeira luta contra o Lagarto.

                - Quero – Gwen respondeu, se confortando contra o corpo do amado quando ambos suspiraram e fecharam os olhos.

                Enquanto deixavam os minutos passarem aproveitando o contato e a sensação agradável da pele de um contra a do outro, o sol começava a se pôr do outro lado da janela, ela sentiu a ardência dos ferimentos começar a reduzir, cortesia do fator de cura dos poderes de aranha. Vinha desconfiando que os ferimentos de ambos pareciam curar um pouco mais rápido quando estavam juntos assim, sentindo-se acolhidos e seguros, mas preferia continuar observando por hora antes de tocar no assunto com Peter, já tinham muito no que se concentrar por enquanto.

******

                Os próximos dias foram tranquilos e sem crimes que exigissem a atenção de Peter e Gwen. Diferente da polícia de Nova York, a de Oxford estava reagindo muito melhor à presença dos dois, e parecia aceitá-los como ajudantes ao invés de ameaças incertas. Peter também vinha tendo muito mais cuidado com a interferência dos dois no trabalho da polícia, a fim de evitar quebrar alguma operação secreta como a do ladrão de carros no passado. Quando estavam incertos sobre isso, apenas seguiam os criminosos para evitar que ferissem pessoas, o que os deixara abismados quando isso fez com que alguns policiais, geralmente pais de crianças que amavam o Casal Aranha, confiassem nos heróis ao ponto de lhes informar quando isso estava acontecendo e não deveriam interferir tanto, e ainda respeitando a vontade de anonimato de Peter e Gwen. Por hora estava dando certo.

Parecia até um sonho às vezes, e tinham ficado muito desconfiados e confusos a princípio, mas por enquanto preferiam esperar o tempo trazer as respostas e acreditar que talvez houvesse policiais com bom senso sobre heróis em Oxford.

                Hoje era Peter quem tivera mais aulas do que ela e ainda não havia chegado em casa. Seus irmãos e sua mãe também estavam fora, estudando e trabalhando. E Gwen decidira ajudar May, que também estava fora do horário de trabalho no momento, a preparar o almoço para todos em seu apartamento.

                - Você parece menos preocupada hoje – May falou – Peter não me falou nada, só pra você saber. Eu aprendi a perceber com ele.

                - Crise de heroína iniciante – Gwen respondeu – Nós falamos bastante sobre isso. Depois de tanto tempo, ainda é difícil pra ele. Ainda não sei se saber disso me ajudou ou amedrontou. Mas ele tem feito tudo pra me manter confiante.

                - Essa foi uma das melhores coisas que o Homem Aranha trouxe pra ele, o ensinou a cuidar bem das pessoas com quem se importa, infelizmente a preços altíssimos. A partida dos pais dele na infância fez muito mais do que eu e Ben conseguimos perceber... O Homem Aranha trouxe luz pra todos nós. Demorou, mas está dando certo.

                Gwen sorriu em concordância enquanto as duas se moviam arrumando coisas pela cozinha.

                - Peter contou a você como perdemos Ben?

                Gwen esperou um pouco para responder, buscando sinais de que May sabia o que realmente tinha acontecido. Isso ainda doía em Peter também, e ele contava aos poucos sobre a morte de Ben, cada vez adicionando informações novas, indo um pouco mais longe, e se curando enquanto conversavam.

                - Ele demorou – May falou ao notar que Gwen estava em dúvida sobre o que responder – Mas me contou tudo que aconteceu. Foi um choque e eu não sabia o que sentir na hora, mas não podia culpá-lo. Ele também sofreu muito.

                - Ele contou sim – Gwen finalmente disse – Isso foi um dos maiores marcos da transformação dele no Homem Aranha que conhecemos agora.

                - Eu imaginava.

                - Como a senhora descobriu que era ele? Ele tocou no assunto, mas depois esquecemos de falar disso de novo.

                - Ele não me disse nada, por todos os motivos que você já deve saber. Mas os problemas que ele tinha começaram a parecer maiores. Ele chegava tarde e machucado em casa, às vezes nervoso e estressado, sumia de repente em horários incomuns, e logo depois ou na mesma hora surgiam notícias na TV do Homem Aranha combatendo criminosos. Então comecei a deduzir. Ele percebeu que eu sabia, mas não teve coragem de falar sobre isso comigo até a noite em que quase perdemos você.

                Gwen passou alguns segundos refletindo se queria realmente saber mais sobre essa noite, se valia a pena trazer de volta as lembranças de May também.

                - Como foi? Tudo bem se a senhora não quiser dizer. Não foi uma noite boa pra ninguém.

                May lhe deu um sorriso compreensivo.

                - Ele simplesmente entrou pela janela, vestido de Homem Aranha, sem a máscara, chorando no maior desespero que já vi depois que os pais dele partiram e que perdemos Ben, e disse que responderia tudo que eu quisesse perguntar depois, mas que naquela hora precisava voltar pra você. Eu só concordei e o ajudei a ficar apresentável pra irmos até o hospital. Ele estava tão nervoso, eu sugeri que chamássemos um carro, mas ainda assim fizemos parte do percurso de teia, e sinceramente eu adorei, apesar de dar um medinho na primeira vez – May riu junto com Gwen quando ambas concordaram – Graças a Deus você está aqui. Eu não sei o que teria acontecido com ele se tivéssemos perdido você. A vida dele parou completamente enquanto estávamos no hospital. Peter já suportou muito. E os riscos sempre estão lá seguindo o Homem Aranha. Ele sabe disso, mas que bom que você está aqui, Gwen. Ele não consegue viver sem você.

                Gwen sorriu, pensando em mil maneiras de agradecer ou continuar a conversa, mas o som da porta abrindo e Peter anunciando que estava em casa as interrompeu. Ele entrou alegre e sorridente, dando um longo abraço na tia, que riu com a empolgação dele, e tirando Gwen do chão para abraçá-la e beijá-la. O som dos três rindo felizes nesse instante certamente seria uma das melhores memórias eternizadas em seu coração.

                - Eu amo vocês, mas tô morrendo de fome.

                - Antes de comer vai nos ajudar a terminar – May falou – Vai, como eu te ensinei – ela brincou o empurrando na direção do fogão enquanto Gwen se divertia com a cena e apanhava alguns itens na geladeira, sentindo o carinho pela tia de coração crescer, e seu amor por Peter aumentar ao ponto de doer.


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