Scientist escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 1
Capítulo 1 - Eu escolhi você


Notas iniciais do capítulo

Vocês podem me achar estúpida, mas somente agora entrei de fato em luto pela morte de Gwen nos filmes, especialmente depois de descobrir algo revoltante que está por trás da morte dela nos quadrinhos. Das primeiras vezes que vi os filmes do Aranha de Andrew eu não gostei muito, mas ao longo do tempo me apaixonei que nem pelos filmes de Tobey e Tom. E Mary Jane, me desculpa, mas Gwen é muito mais legal e acrescenta mais na história do que você. xD (Deixando fora disso a MJ de Tom, porque ela é inegavelmente sensacional! ♥) Eu também adoro os atores, e de alguma forma isso contribui pra minha conexão emocional com os personagens. Eu já escrevi uma one-shot que se passa depois dos eventos de "Homem Aranha - Sem volta pra casa", mostrando o que aconteceu com os três Aranhas. Claro que é uma fanfic mostrando apenas uma das infinitas possibilidades, e que eu adoraria que acontecessem.

Mas 1 one só não deu pro meu coração. Logo já tive ideia pra mais 4 e passei o dia de ontem tentando escrever aproveitando 2 das minhas 4 ideias pra 2 ones novas, uma que mostraria um final ruim e outra um final bom pra Peter e Gwen, mas meu cérebro acabou fundindo as duas e criando essa mini fic aqui.

Juntando a isso, eu estive em crise existencial nos últimos dias (e meio que ainda estou) quando uma bola de neve se formou de problemas pessoais, as emoções intensas que tenho com o Homem Aranha desde pequena e depois desse filme novo, finalmente ser atingida pelo impacto da morte de Gwen, a perda recente de um ser amado por mim há alguns meses, e acordar com "Scientist", do Coldplay na cabeça uns dias atrás, além de achar um vídeo sobre a morte de Gwen com essa música de repente no youtube. Por isso a fic tem esse nome e envolve a música. A one triste que eu pretendia fazer ia ser toda com essa música, por isso a deixei no primeiro capítulo. Mais que isso não vou revelar pra não dar spoiler do desfecho da história. XD Artistas "anônimos" como eu e tantos outros que as pessoas nem sabem que existem também entram em imensas crises existenciais às vezes (embora todo ser humano, artista ou não, entre em algum momento). A arte é uma expressão da força divina, ela mexe diretamente com sua alma, por isso é tão difícil lidar bem com ela e separar suas emoções das dos personagens que você vive, e às vezes você vive crises emocionais por você e pelos seus personagens sem entender direito o que tá acontecendo e como fazer a dor parar, acabamos também usando o que nos identificamos com nossos personagens pra buscar a saída do que nós estamos vivendo. Se você não tem com quem conversar sobre isso é ainda mais difícil. Se as pessoas tivessem noção do quanto trabalhar com qualquer ramo da arte mexe com a alma do artista, talvez não fôssemos tão menosprezados como somos às vezes. Sem querer me gabar, mas me gabando (#referencia), somos muito mais fortes do que parecemos. ♥

Como eu queria poder falar com Andrew e dizer a ele, de fã pra ator, o mesmo que "Peter 1" disse pra ele (Peter 2) no filme, que ele "É espetacular"! Que os filmes do Aranha dele também alcançaram o coração das pessoas, mesmo que algumas coisas do roteiro não tenham ficado tão boas. Eu até procurei se ele tinha instagram pra eu mandar mensagem, mesmo sabendo que provavelmente nunca seria lida, mas parece que ele não tem.

*Sobre os pesadelos de Peter no hospital, isso aconteceu comigo há mais de um ano, mas era meu filho de 4 patas no lugar de Gwen, e de fato algo aconteceu em 2021, e quase o perdemos. Mas ele está aqui, e bem. ♥



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Capítulo 1 – Eu escolhi você

 

Vim pra lhe encontrar

Dizer que sinto muito

Você não sabe o quão amável você é

Eu tive que te encontrar

Dizer que preciso de você

E te dizer que eu escolhi você

 

                - Eu não posso viver sem você! – Peter clamou em desespero quando um filete de sangue surgiu do nariz de Gwen, que não o respondia não importando o quanto ele chamasse.

                Suas lágrimas, o coração disparado, e a dor que atravessava seu corpo, muito maior do que a dos poucos ferimentos que sofrera na batalha, não o deixavam se concentrar em procurar os batimentos cardíacos dela.

                - Gwen! Respira! – Ele chorou contra o rosto da amada enquanto a abraçava com cuidado, apesar do quão desesperado estava.

                Então sentiu algo e ergueu o rosto para olhar o dela. Não era o momento para discutir consigo mesmo se o pulsar de respiração que tinha acabado de sentir fora ou não sua imaginação.

                - Fica comigo, não se atreva a ir embora agora!

                Usou o casaco longo de Gwen para manter o corpo dela imobilizado contra o seu da melhor maneira que era possível enquanto disparava para um hospital. Beijou a têmpora da amada quando finalmente chegaram em frente ao grande estabelecimento, e se virou para segurá-la e colocar sua máscara de volta enquanto corria para a porta da frente, desviando de todos os seguranças e pessoas que tentavam se aproximar e tirá-la dele. Só cedeu quando uma equipe chegou com uma maca e ele não pode mais segui-la quando a levaram pelo corredor.

                Peter só tirou os olhos dela quando a equipe médica desapareceu com Gwen em uma porta ao longe, e fez o melhor que podia para não ter um colapso com o coração assustadoramente acelerado e fornecer as informações restantes pedidas por uma enfermeira.

                - Nós avisaremos à família dela. Muito obrigada, Homem Aranha – a mulher sorriu de forma gentil enquanto corria pelo corredor para a mesma porta aonde haviam levado Gwen.

                Peter saiu correndo pelo mesmo lugar que havia entrado, ignorando qualquer um que pensasse em lhe perguntar alguma coisa, e correu pela cidade até a janela de seu quarto para trocar de roupa e contatar tia May.

 

Conte-me seus segredos

E faça-me suas perguntas

Oh, vamos voltar para o começo

Correndo em círculos

Perseguindo caudas

Cabeças numa ciência à parte

 

                - Garoto... Peter – um dos enfermeiros tentava falar com Peter em vão, enquanto outro consolava a mãe de Gwen – Nós já percebemos o quanto ela é importante pra você, mas está ferido, precisa de cuidados também. Não vão te deixar vê-la quando terminarem se não for cuidado antes.

                Peter não pareceu ouvir. Ele estava sentado chorando num dos bancos da recepção, com tia May ao seu lado, também falhando em consolá-lo desde o momento em que um dos médicos viera para dizer que Gwen estava em cirurgia e não podiam prometer nada diante dos danos em sua cabeça e seu pescoço, e que isso levaria horas.

                Já fora difícil o suficiente chegar com ela como Homem Aranha, e sem mover tanto seu corpo para não piorar os danos, sair para trocar seu uniforme por roupas normais e voltar, pouco se importando com os questionamentos de como suas roupas estavam em bom estado se seu corpo tinha ferimentos e poeira de escombros.

                Gwen, tão doce e amável, seu anjo particular em tantas crises de identidade e momentos em que chegava ferido até ela, que o tornara muito mais sensível e empático do que costumava ser, e que provavelmente lhe diria para não odiar Harry agora... Mas o ódio, a dor, a incerteza, a culpa, e várias outras coisas que Peter se esquecera do nome, brigavam dentro dele agora. Ele a tinha escolhido, os dois estavam tão felizes...

                O enfermeiro ainda fazia tentativas frustradas de convencê-lo a se levantar e segui-lo, e de forma alguma conseguia movê-lo da cadeira, sendo Peter muito mais forte que qualquer um ali. Quando seu corpo cansado cedeu por um segundo, ele caiu de joelhos para o chão, sentindo as vozes dos outros em volta se tornarem confusas e tia May puxá-lo para um abraço enquanto beijava e afagava seus cabelos e falava alguma coisa que ele não conseguia entender.

 

Ninguém disse que era fácil

É uma pena nós nos separarmos

Ninguém disse que era fácil

Ninguém jamais disse que seria tão difícil assim

Oh, me leve de volta ao começo

 

                Eles já tinham visto isso acontecer tantas vezes em tantas histórias, reais e fictícias, e ainda quiseram pagar para ver. Ele nunca culparia Gwen por sua teimosia, bem como sabia que ela nunca o culparia por escolhê-la como o rumo de sua vida. Mas Peter não parava de se perguntar se as coisas ainda estariam assim se tivessem parado por alguns minutos para pensar nos piores cenários possíveis que podiam ocorrer, se havia uma forma de Gwen ajuda-lo à distância, já que ela queria tanto estar ao seu lado, se teria sido mais prudente fazer algo para conter Harry antes que ele perdesse completamente a sanidade, por complicado que seria fazê-lo por meios legais. O que eles não viram? Por que não a tirou dali imediatamente quando as coisas começaram a se complicar? Por que não pulou antes e mais rápido? Por que não a levou para o chão no instante em que o Duende apareceu?

                A cada pergunta que o condenava em sua mente, Peter chorava mais enquanto finalmente era levado a outro lugar para ser cuidado. Ele conseguia perceber como tia May queria lhe dizer coisas que sabiam que não poderia ali, a fim de não entregar sua identidade, assim como ela fazia o possível para se manter calma diante do estado dele e de Gwen.

                - Vai ser difícil cuidar dele assim... Ele precisa se acalmar um mínimo que seja – a voz gentil de uma mulher falou.

                - Não é melhor...? – O mesmo enfermeiro começou.

                - Não – ela respondeu – Vamos esperar. Ele não está em estado grave.

 

Eu só estava pensando em números e figuras

Rejeitando seus quebra-cabeças

Questões da ciência

Ciência e progresso

Não falam tão alto quanto meu coração

 

                Peter desmaiou em algum momento, depois de muito lutar contra a exaustão. Agora o peso de uma mão gentil estava em seus cabelos e os raios do sol da manhã entravam pela janela.

Peter tivera pesadelos. Gwen estava internada, e ele não conseguia se lembrar porque, apenas que era grave. E sua maior agonia fora a voz de alguém da equipe médica confirmando que a tinham perdido. Ele não percebeu como se contorceu em seu sono nesse momento, acordando tia May, que falou com ele e afagou suas costas, apesar dele não acordar, sem saber que nesse instante o mesmo pesadelo se reiniciava, mas com um final melhor, Gwen viva. Peter sentiu isso, apesar de não ouvir ninguém confirmando. Ele despertou em pânico enquanto aguardava as palavras que nunca vieram, olhando em volta e não reconhecendo o local.

Parecia que nem tinha dormido, apenas apagado por poucos segundos, seu corpo agora doía e sua cabeça pesava, apesar dele ter certeza que estaria bem pior no dia anterior se ele tivesse conseguido se concentrar na dor. Levou a mão ao rosto e sentiu a pele mais limpa e os ferimentos tratados, alguns já quase totalmente curados por seu fator de cura acelerada. Uma voz gritou no fundo de sua mente alertando sobre o risco de terem coletado seu sangue e descoberto sua condição de super herói, mas a voz dentro dele que gritava por Gwen era muito mais alta e urgente.

Olhando para tia May, e vendo-a ainda adormecida, cuidadosamente tirou a mão dela de sua cabeça e se esgueirou para fora da cama, saindo do quarto ao ter certeza que a tia estava confortável na poltrona reclinável do quarto. Apesar de ainda parecer muito cedo, vozes já preenchiam o corredor, e certamente já havia pacientes na sala de espera. Peter olhou em todas as direções, tentando reconhecer algum dos profissionais ou ver a mãe de Gwen, e ao localizá-la chorando numa cadeira mais à frente no corredor, Peter sentiu medo, seu corpo gelou por dentro, e suas pernas perderam um pouco da força. Seu coração afundou, e jurou para si mesmo que se Gwen sobrevivesse, a proibiria de segui-lo em batalha, mesmo se com isso nunca mais ela quisesse vê-lo. Ela teria que entender de algum jeito como sua vida era valiosa para ele.

A mulher parou de chorar ao ver Peter na sua frente.

— Não me diga isso, por favor... – ele pediu com a voz já embargada pelas lágrimas.

— Eles corrigiram o traumatismo craniano da melhor forma possível, e os danos no pescoço, mas é gravíssimo. A qualquer momento... – a voz dela se perdeu quando voltou ao chorar.

Peter ficou em silêncio, sem conseguir dizer ou fazer mais nada além de derramar suas próprias lágrimas e mergulhar em outro poço de dor. Por que sobrevivera? Por que ele não podia ir também? As pessoas que amava sempre iam pagar...

 

Diga-me que me ama

Volte e me assombre

Oh, quando eu corro para o começo

Correndo em círculos

Perseguindo nossas caudas

Voltando a ser como éramos

 

Tia May o consolava outra vez depois dele correr de volta ao quarto para lhe contar.

— Querido, querido... Gewn jamais culparia você. Sem você ela sequer chegaria aqui a tempo. E ela não nos deixou ainda.

— Eu sei...

Na televisão ligada do quarto passavam notícias aleatórias, as quais ambos ignoravam, incluindo a preocupação de cientistas e outras pessoas com uma nova espécie de aranha que escapara do centro de estudos no dia anterior, felizmente apenas um espécime. Os ouvidos de Peter o alertaram diante das palavras aranha, nova espécie e escapou, devido à familiaridade da história, mas logo a dor insistente em seu peito apagou a informação de seus pensamentos, deixando um Peter apático e uma tia May triste por mais horas à espera de notícias, fossem da cura ou da partida de Gwen.

 

Ninguém disse que era fácil

É uma pena nós nos separarmos

Ninguém disse que era fácil

Ninguém jamais disse que seria tão difícil assim

Eu estou indo de volta para o começo


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