Contrato de Casamento escrita por Emmy Alden


Capítulo 3
Três


Notas iniciais do capítulo

olá, aqui vai um capítulo novo!!

*capítulo revisado*



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"I know we only met, but let's pretend it's love."

(Live While We're Young)

 

SEBASTIAN

Ninguém, além das partes envolvidas, poderá estar ciente deste acordo nem das cláusulas presentes no mesmo.

Ambas as partes deverão evitar discussões em público.

Ambas as partes deverão se comprometer a colaborar, ou ao menos concordar, com qualquer narrativa criada para o bem do acordo.

Ambas as partes deverão se comprometer a não criar narrativas que firam ou ataquem a integridade do outro.

Nada de contato físico a não ser que seja extremamente necessário ou aconteça em público, para o bem do acordo.

Ambas as partes deverão ser discretas em caso de relacionamentos fora do acordo.

O contrato pode ser finalizado a qualquer momento em caso de descumprimento de qualquer cláusula ou após o período em que o objetivo comum tenha sido alcançado.

Olivia Sartori não deve de jeito nenhum, em nenhuma hipótese, sob nenhuma condição, se apaixonar pelo irresistível Sebastian Ferrante...

 

Olivia bufou deselegantemente.

— Você é idiota? — Sartori disse ao meu lado me empurrando enquanto apagava a última cláusula que eu tinha digitado. — Isso aqui não é brincadeira, Sebastian. Eu ainda terei que passar no cartório para autenticar as duas vias.

— Sério?

— Você inventou esse negócio de contrato. Eu só estou tornando tudo mais oficial.

Passei a mão pelo rosto e funguei — o aroma de morango do shampoo de Sartori irritando meu nariz.

— O que foi? — ela perguntou, saindo da minha frente depois de salvar o arquivo e mandar para a impressora e mexendo no cabelo bem preso em um coque trançado.

Nós estávamos espremidos na sala de impressão porque não podíamos correr o risco de ninguém dar uma olhada por engano — ou curiosidade — no nosso contrato.

O silêncio que recebemos quando saímos das nossas salas, cada um para supervisionar parte da equipe, e alguns sorrisos maliciosos quando fomos juntos para a sala de impressão, significava que a boca enorme do Marco já tinha espalhado a novidade por todo andar.

— Tenho alergia a aroma de shampoo. — respondi enquanto ela pegava as duas vias e voltava para a mesinha com o computador um tanto arcaico onde tínhamos elaborado o contrato. Acabou virando um documento bem mais extenso do que o que eu tinha imaginado. Para cada cláusula que eu sugeria, Olivia tinha mais três. — Todo cheiro forte me incomoda na verdade, mas descobri que cheiro de shampoo é o que mais incomoda.

Sartori parecia me ouvir apenas parcialmente enquanto franzia a testa e se inclinava para assinar uma folha. Eu já assinava a outra.

— Uma alergia bem específica, se me permite dizer.

Dei de ombro e trocamos de folha.

No fim, Olivia estendeu os contratos com as nossas assinaturas na frente do rosto, como se analisasse uma obra de arte.

Ou um gráfico indicando que tivemos um mês de merda.

Ela estava levando aquilo muito mais a sério do que eu esperava quando sugeri o contrato.

Para ser honesto, a ideia tinha sido apenas para irritar Olivia, mas se eu admitisse isso naquele instante, ela me chamaria de imaturo.

— Está consumado. — Sartori disse num tom dramático e guardou tudo numa pasta. — Vou sair mais cedo para pegar o cartório aberto e comprar um anel. Já que você inventou de passarmos o recesso em "família", preciso pelo menos ter um anel no dedo.

— De jeito nenhum. — eu disse prontamente, me levantando.

— Ferrante, ninguém da minha família vai acreditar se eu aparecer noiva sem um anel no dedo. Já vai ser difícil o suficiente convencê-los que estamos namorando há algum tempo e que só agora eu irei falar sobre você.

Neguei com a cabeça.

— Não é isso. De jeito nenhum você vai comprar um anel de noivado sozinha. Eu deveria te dar o anel.

Olivia rolou os olhos.

— Qual parte do conceito de noivado de mentira você ainda não entendeu? Avise logo porque ainda dá tempo de alterarmos o contrato para as coisas ficarem mais claras.

Dei um sorriso amarelo para ela.

— Vou sair mais cedo com você. E aproveito e já te acompanho no cartório também.

— Com medo de eu passar sua assinatura para um contrato em que você vende sua alma para mim?

Soltei uma risadinha.

— Se temos que ser um casal, melhor começarmos o mais rápido possível.

 

OLIVIA

Eu odiava sentir arrependimento, mas enfiar Sebastian em qualquer situação e não esperar se arrepender era uma tarefa quase impossível.

Depois que saímos da sala de impressão com os cochichos cada vez mais ferozes e fomos para nossos respectivos escritórios, pedi para que Marco e Mia fizessem o relatório das transações que aconteceram enquanto eu estava fora.

Fechei a porta quando eles saíram, e me encostei nela, respirando fundo.

Coloquei a mão sobre o coração, eu o senti extremamente acelerado. Por um ato reflexo, pus a mão sobre a barriga temendo passar mal ali, mas quase no mesmo instante me lembrei que eu não tinha com o que me preocupar.

Fazia um bom tempo que não passava mal. Anos de treino.

Mesmo assim, a possibilidade de ter que voltar permanentemente para a casa dos meus pais fazia minha cabeça zunir.

Peguei o celular que havia deixado em cima da mesa e mandei uma mensagem rápida para minha amiga:

 

Eu

Bom tarde, Patty.

Estou noiva.

 

Claro que não levou nem cinco minutos para Patricia responder.

Ela tinha um sexto sentido para quando eu estava em alguma situação de merda e, embora ficasse geralmente a dois quilômetros de distância do celular regularmente, ela sempre "sentia" quando eu precisava falar com ela.

 

Patty

Boa tarde?

Que porra é essa?

 

Eu

Você deveria me dar

parabéns.

Patty

É a porra do seu

aniversário?

Eu

Nosso potinho de

palavrões deve estar

muito lucrativo.

Patty

Transbordando...

Pra caralho.

Vou te ligar.

E foda-se que está

em horário de trabalho.

 

Meu celular tocou e eu disse como cumprimento:

— Estou em horário de trabalho.

— Se você tem a porra de tempo para mandar a porra de uma mensagem, então também tem tempo para atender a porra do telefone. — A voz de Paty soou com zero animação do outro lado. Na verdade, tinha até um toque de fúria nela.

— Acordaram você com um balde de água na cara? Por que está tão puta antes das três da tarde? Esse horário geralmente é meu.

Patricia respirou fundo do outro lado.

— Nada de diferente dos outros dias. Meu carro parou de funcionar pela milésima vez, meu pai continua vendendo fiado na nossa loja, meu irmão foi subir no telhado às 6 da manhã e quebrou o braço. Ah, e minha melhor amiga está noiva. Tudo numa boa.

— Você assistiu Norbit sem mim?

— Você noivou sem mim, quer mesmo falar sobre traição?

Justo.

— Como está Júlio? — perguntei tentando ao máximo planejar como explicaria aquele noivado para Patty.

Ao mesmo tempo que eu me sentia na obrigação de contar toda a verdade para ela, também sabia que qualquer palavra que escapasse tornava possível a quebra da primeira cláusula do contrato.

— Com o braço quebrado, um atestado médico e uma falta justificada na escola, como ele provavelmente queria. — Patty cumprimentou alguém com um grunhido do outro lado da linha. — Agora não fuja do assunto e me conte essa história de noivado. Você está noiva de quem, pelo amor de Deus?

— Sebastian.

Podia jurar que Patricia se engasgou do outro lado da linha, mas, se foi o caso ela se recuperou bem rápido. Ou morreu de vez, porque se fez um completo silêncio entre nós.

— Patty?

— Perdão, estava olhando no calendário. — Franzi a testa embora ela não pudesse me ver e Patty continuou. — Aparentemente, não é 1º de Abril então você pode parar de gracinhas.

Respirei fundo e caminhei até minha mesa, sentando na cadeira.

— Não estou de graça. Estou falando sério. Eu e Ferrante estamos noivos. — repeti segurando o contrato que tínhamos acabado de assinar diante do rosto.

— Que tipo de chantagem fizeram com você? Aquele cara era um pesadelo. — Patty disse furiosa do outro lado da linha. — Na verdade, você me disse que ele era um pesadelo. E ele flertou descaradamente comigo em uma das festas da empresa de vocês. E ele estava acompanhado. Quando foi que ele parou de ser um cafajeste?

Mordi o lábio.

— Na verdade, o pedido foi meu.

O outro lado da linha ficou no mais completo silêncio. De novo.

Por pelo menos uns dois minutos.

Afastei o celular do ouvido para conferir se a ligação não tinha caído.

— Patty?

— Você não é Olivia Sartori, apesar de ter uma voz muito parecida com ela. — Minha amiga começou como se recitasse uma oração de proteção. — Você é uma impostora que provavelmente matou a Olivia, tomou o lugar dela e agora está querendo me matar por telefone.

— Impostora? Que bosta é essa? Aqui não é Among Us.

— Mais uma prova de que você é uma impostora, Olivia não saberia o que é Among Us.

Rolei os olhos.

— Pelo amor de Deus, Patricia, eu não sou uma boomer.

— Não é, mas é muito ocupada. Não tem tempo para atividades mundanas como jogar Among Us, nem ficar noiva de Sebastian Ferrante.

— Você esquece que eu estava noiva ano passado.

— Não de Sebastian, o próprio Satã, aproveitador de mulheres. Palavras suas, aliás.

Era inútil tentar contar algo para Patricia numa segunda-feira. Ela era mais rabugenta do que o normal. Mais rabugenta do que eu.

O que dizia bastante.

— Espero que você esteja sozinha porque se meus pais descobrirem isso da boca do fofoqueiro do seu pai, eu não terei paz.

— Você já não vai ter paz porque eu não vou permitir um minuto disso até você me contar direitinho que loucura é essa.

— Na verdade, não sei se você ouviu, mas estou no trabalho. Não posso ficar conversando, só queria que você fosse a primeira a saber. — A primeira, quer dizer, tirando Sebastian, Santiago e o restante daquela droga de empresa. — Tenho que ir.

— O quê? Você solta uma notícia dessas e agora—

Eu não ouvi o restante porque apertei o desligar antes que acabasse contando toda a merda que me enfiei de bom grado para Patricia.

Ela não podia saber. E aquilo me tornava a pior das melhores amigas que já existiram e eu não poderia arriscar.

Numa cidade pequena como a que eu e Patricia nascemos os segredos se espalhavam tão rápido quanto o torrent dos filmes da Marvel.

Não, quanto menos pessoas soubessem, melhor.

 

SEBASTIAN

— Um casamento de mentira? — Hunter, meu melhor amigo de infância gritou do outro lado do telefone. E então começou a gargalhar. — Quem é a doida?

Soltei o ar pelo nariz indignado, ainda que minutos atrás eu estivesse chamando Olivia de doida psicótica por aquele plano maluco.

Porém, eu estava tentando, certo? Se tudo desse errado, ainda poderia dizer: Bem, pelo menos eu tentei de todas as maneiras. Até me meti num casamento de mentira com minha colega de trabalho psicopata.

Quer dizer, a ideia de um namoro/relacionamento de mentira era excitante. Às vezes. Tipo, vocês dois tem um segredo que vai favorecer ambos e ninguém sabe de nada. E todo mundo está acreditando porque vocês são atores impecáveis.

Mas casamento de mentira era um pouco...sério demais.

Embora eu imaginava que não era mais sério do que um casamento de verdade.

— Olivia.

O outro lado da linha ficou em silêncio por quase um minuto.

Então Hunter disse gravemente:

— Olivia como em Olivia Sartori. — Claramente não era uma pergunta.

Então não respondi.

Meu amigo praguejou baixinho.

— Que merda você fez?

— Por que eu tenho que ter feito alguma merda?

— Porque é assim que você funciona.

Sério, eu devia ter achado o Hunter numa caçamba de lixo.

— Queria ter forças para discutir com você, mas Sartori já sugou todas com esse plano maluco.

Hunter soltou uma risada sarcástica.

— Assim que é bom, um relacionamento saudável.

—Vai se foder. — Girei na minha cadeira, pensando que deveria abordar logo o assunto que eu queria. Então foi o que fiz. — Preciso que você conte para minha mãe e meu pai que vou me casar. E que houve uma mudança de planos para o recesso.

— Como assim, cara? A gente não ia para aquelas praias belíssimas no litoral? — Hunter perguntou com uma voz chocada.

— Como eu disse, mudança de planos. Tenho que conhecer os pais da Olivia e ela conhecer os meus. Temos que estar casados em menos de duas semanas.

A voz de Hunter parecia genuinamente preocupada quando ele comentou:

— Eu não acredito que você vai mesmo fazer uma loucura dessas.

Suspirei.

Nem eu acreditava.

Primeiro: minha família teria um treco e faria um chilique no meu ouvido.

Segundo: muitas coisas poderiam dar errado naquele plano.

— Vê se não abre essa boca grande para ninguém. Para todos os efeitos, esse casamento é totalmente real.

— E a Julie?

Puta que pariu, havia me esquecido da Julie. Filha dos melhores amigos dos meus pais.

Que costumava ser minha melhor amiga, mas que eu ferrei com tudo e não nos víamos há um bom tempo.

Por que minha vida tinha que ser uma bagunça?

— Nem ela deve saber. De maneira nenhuma. Não depois do que aconteceu.

— Ela vai tentar mostrar que não, mas vai ficar arrasada. — Hunter comentou. Então ficamos em silêncio por uns segundos. — Estou curioso: Você e a Olivia, pelo que me lembro, nunca se deram muito bem. Sabe que poderia ter cortado esse plano antes mesmo de começar, né? E por que tá insistindo nisso?

Olhei para o teto tentando achar alguma resposta.

— Eu não faço a mínima ideia.

Mas aquilo, claro, era uma mentira que eu não queria admitir para mim mesmo.

✥✥✥


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Notas finais do capítulo

Heeyyy, meus amores!

Cedo demais para dizer que eu amo Hunter e Patricia e vou protegê-los??? Espero que não

Queria agradecer a BaneStan_88 por favoritar a história! Muito bom te ver por aqui.

Não se esqueçam de comentar o que estão achando, deixar aquele votinho básico e compartilhar a história com os amigos ♥

Se tudo der certo, a gnt se vê no domingo ♥ bjinhos

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