Contrato de Casamento escrita por Emmy Alden


Capítulo 22
Vinte e Dois


Notas iniciais do capítulo

OLHA QUEM TÁ AQUI DE NOVO!! A MARATONA CONTINUA!



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"You gotta help me,

I'm losin' my mind,

Keep gettin' the feeling you wanna leave this all behind."

(History)

 

OLIVIA

Deixei Hunter e Patricia conversando sobre artistas, materiais e exposições de arte que eu não fazia a mínima ideia do que significavam e fui percorrer a loja.

Eu estava analisando um pequeno armário de madeira com vários entalhes detalhados, que estava na vitrine, quando o vi do outro lado da rua.

Era como se meu peito se enchesse de ar rápido demais e agora não soubesse como soltar.

Max estava exatamente da mesma maneira como no dia que terminamos.

Ele estava na quitanda do outro lado da rua conversando com o vendedor.

Eu só conseguia ver seu perfil, mas era o suficiente. Conhecia cada parte de Max como se fosse a palma da minha mão.

Cada expressão que ele deveria estar fazendo enquanto conversava, a maneira como seus ombros se sacudiam quando ele ria. A maneira como ele parecia resplandecer cada vez que a luz do sol incidia sobre seus fios de cabelo.

Quase como se sentisse meu olhar, Max se virou na direção da loja de Patricia e, embora tivesse certeza que o vidro da loja mais o reflexo impediriam com que ele me visse do lado de dentro, eu me encolhi quando percebi seus olhos se estreitando na direção da loja.

Minutos depois ele se pôs a avaliar a caminhonete de Sebastian que era desconhecida para ele.

Meu coração bateu mais forte quando ele pagou ao vendedor, pegou sua sacola e estava prestes a atravessar a rua quando um gritinho soou e uma menininha cambaleante veio andando em sua direção, com os braços esticados para alcançá-lo. A avó vinha sorrindo logo atrás. A mãe de Rebecca.

Meu coração se comprimiu junto com meu estômago e eu tive certeza que iria vomitar. Ou desmaiar.

Sinceramente, eu não sabia o que era pior.

É claro que eu sabia que agora Max era casado e tinha uma filha, mas era a primeira vez que eu os via junto.

Era como estar numa linha do tempo diferente, um universo paralelo.

Eu ainda lembrava da gente fazendo planos, dos seus beijos na minha pele e dos seus "eu te amo" contra o o meu ouvido.

"O & M. Para sempre."

Como aquela poderia ser minha realidade? Observar o cara que eu um dia amei pela vitrine? E apesar de por fora ele ser tão parecido com o homem pelo qual me apaixonei, eu saber que por dentro ele era uma pessoa totalmente diferente.

Max carregou a menina que agora deveria estar com quase dois anos e a beijou, provavelmente parabenizando-a pelo esforço.

Ele cumprimentou a sogra e ela apontou para onde estava indo.

Max deve ter dito que a acompanharia porque eles seguiram na mesma direção. Antes de virar na esquina Max voltou a olhar para o carro e para a loja, então seguiu seu caminho.

Esperei que eles sumissem de vista antes de me assegurar que Hunter e Patricia ainda conversavam.

Só levei alguns minutos para pegar a bicicleta dela e desaparecer dali, deixando apenas um bilhete para que Patty pegasse uma carona para casa com Sebastian.

 

SEBASTIAN

Ok, a situação estava preocupante.

A princípio, quando Patricia encontrou o bilhete preso onde deveria estar sua bicicleta, ninguém além dela estranhou.

Olivia era adulta e poderia ir aonde quisesse. Poderia ter surgido alguma emergência ou ela poderia ter ido visitar alguém.

A amiga dela não parecia muito convencida e ao notar aquilo, eu também passei a não me convencer. Principalmente quando ela tentou ligar para o celular de Sartori e não conseguiu nenhuma resposta.

Resolvemos levar Patricia para casa — o que levou algum tempo para convencê-la, já que a mulher era tão teimosa quanto a amiga. — e voltar para a casa dos pais de Olivia sem fazer nenhum alarde.

E, apesar de ter me sentido eufórico com a sensação de finalmente estar fazendo algo certo na minha vida em relação à Julie, tudo evaporou quando comecei a perceber que ninguém tinha mesmo ideia para onde Olivia poderia ter ido.

Olivia não era o tipo de pessoa que sumia do nada. Desaparecia sem deixar nenhum rastro.

Aquilo era algo que você poderia esperar de mim, não dela. Nunca dela.

— Você precisa se acalmar. — Hunter disse segurando o meu ombro quando eu fui para a varanda observar toda a extensão do terreno da casa dos Sartori com um binóculo.

— Eu estou calmo. Claro que estou calmo. Olivia deve está voltando a qualquer minuto, não tem porque eu não estar calmo.

Hunter me lançou um sorriso solidário.

— Se eu não te conhecesse bem, diria que Olivia está conquistando um espaço no seu coração. Quer dizer, toda essa preocupação...

Virei para meu amigo insuportável:

— Eu não estou preocupado. Para eu estar preocupado eu teria que achar que algo poderia estar acontecendo com Sartori nesse momento e eu não estou achando nada. Sei que ela está bem e que o celular dela pode ter só descarregado.

— Claro, numa cidade que todo mundo a conhece e poderia emprestar o carregador por cinco minutos.

Olhei para Hunter com a cara feia.

— Pensei que você disse que era para eu me acalmar.

— Pensei que você disse que estava calmo. — ele retrucou.

Bufei e voltei a olhar pelo binóculo.

— Então, você e Julie...— Hunter disse baixinho para que só eu ouvisse.

— Estamos nos acertando. Olivia deu uma ajuda.

Ele estalou a língua.

— Claro que deu.

Olhei para ele pelo canto do olho.

— Acha que estou sendo precipitado?

Hunter deu uma risada sem humor.

— Precipitado? Você conhece Julie há tanto tempo quanto eu, considerando esses anos todos, se tem uma coisa que você não são é precipitados.

— Mas...

— Definitivamente não tem um "mas", porém se você está pensando num "mas"... Talvez deva analisar a situação com mais cuidado.

— O que quer dizer com isso?

Hunter levantou as mãos na altura dos ombros.

— Eu não estou querendo dizer nada. Não precisa que eu diga nada, Sebastian. — Ele se esticou, estalando as costas. — A essa altura acho que você é maduro o suficiente para perceber o que é melhor para você e não se deixar ser guiado pelo que outras pessoas acham que é o melhor.

— E agora o que você quer dizer com isso?

Meu amigo deu um tapinha no meu ombro.

— Você já tem a resposta. Ela costuma ficar bem na sua frente, em evidência, vira e mexe está na sua cabeça. Só que você insiste em colocar um obstáculo na frente. Vem, vamos entrar.

Quando Pedro Sartori começou a me olhar como se fosse minha obrigação saber onde a filha dele havia se metido e como se eu fosse o pior dos noivos que já existiram, eu resolvi subir para o quarto.

Tentei ligar para Olivia novamente. Milhares de vezes.

— Oi, Sartori. Esse é o milésimo recado que eu deixo na sua caixa postal. Você não responde meus áudios, minhas mensagens, meus SMS, meus directs no Instagram, minhas dms no Twitter (sim, eu achei o seu Twitter). E eu só estou te pedindo para aparecer. Mandar um sinal de fumaça. Seu pai está a ponto de me matar, sua mãe está quase infartando e eu não sei o que dizer para ninguém. Está todo mundo preocupado...eu estou preocupado...muito. Se você só mandar um "tá tudo bem" mais uma prova de que está viva, eu prometo ficar sem te infernizar por um...

— Tio Sebastian? — uma vozinha do soou da porta.

Tio Sebastian, mas que porr...?

Desliguei a caixa postal, parando minha caminhada de um lado para o outro no quarto e encontrando Lucy na porta, me olhando com aqueles olhos grandes como os de um desenho animado.

— Olá, Lucy, o que houve?

Ela inclinou o corpo para trás, olhando de um lado a outro no corredor.

— Vamos passear?

Franzi a testa e estreitei os olhos.

Lucy apenas sorriu abertamente mostrando a janela no lugar um dos seus dentes da frente.

Passear...Por que...— Me interrompi. — Você sabe onde ela está, não sabe?

A menina apenas deu de ombros, sem se comprometer.

— Seus pais ficariam doidos se eu te perdesse nesse fim de mundo.

— Vovô tem uma espingarda.

Olhei para ela com a boca aberta ainda sem ter certeza se a espingarda seria para protegê-la ou para me matar.

Mas resolvi pensar sobre isso depois.

Olivia estava sumida e aquela criança dizia saber seu paradeiro.

— Por que você não leva seu vovô ou sua mãe para onde ela está?

— Quero ir com você.

Estreitei os olhos para ela, que fez o mesmo para mim, mas começou a rir.

Lucy parecia muito com alguém que eu conhecia.

— Está bem, está bem. Façamos do seu jeito.

Não era como se sobrasse muitos recursos para mim.

— Vamos pelos fundos, você pega a bicicleta do papai e eu vou com a minha. — ela disse firme como se já tivesse tudo planejado na cabeça e pelo visto tinha mesmo.

Era gratificante saber que na falta de Olivia Sartori, eu tinha uma Olivia mirim para governar minha vida.

Faltavam ainda algumas poucas horas para o pôr-do-sol, mas a paisagem pelo campo era de tirar o fôlego, eu tinha de admitir.

Os tons de laranja, amarelo e vermelho se derramavam pelo céu como se estivéssemos dentro de uma pintura.

— É verdade que você e a titia Liv vão se casar? — Lucy perguntou de repente enquanto pedalava ao meu lado.

— Sim, daqui a um pouco mais de uma semana.

— E você vai fazer oficialmente parte da família? Tipo sempre que tia Liv vier visitar você vai vir junto?

Eu não achava que meu "casamento" com Olívia duraria tanto para aquilo ser possível ou frequente, mas quando encarei Lucy, ela me observava com os olhos esperançosos.

— Provavelmente — respondi, dando de ombros.

Já estávamos bem longe da casa dos Sartori e eu conseguia ver outras casas com cercas separando a propriedade.

— Eu achava que a tia Liv iria casar com o tio Max.

Ok, território perigoso.

Ainda que não fosse da minha conta, eu era curioso para saber mais sobre o cara que tinha contribuído em partes para Olivia ser do jeito que era agora.

Porém, crianças gostavam de falar e eu não teria culpa se Lucy acabasse me dando alguma dica sobre como era o relacionamento dos dois.

Ainda assim a primeira coisa que eu perguntei foi:

— Você está triste que sua tia não vai casar mais com ele e sim comigo? — De certa forma, eu estava ansioso para sua resposta.

Poderia ouvir a voz de Olivia me chamando de infantil.

Porém, mesmo que eu não fosse um noivo de verdade, eu ainda queria ser o melhor. Acho que tinha algo a ver com meu espírito competitivo.

Lucy olhou para mim, desconfiada.

— Você vai ficar triste se eu falar que sim?

Balancei os ombros, tentando parecer indiferente.

— Não...

— Bem, sendo assim... — ela começou e eu já me preparei para ser bombardeado de elogios ao meu predecessor. Quer dizer, ainda que tudo fosse mentira entre mim e Olivia, era sempre difícil ouvir contrapontos positivos de uma pessoa que ocupava a mesma posição que você. — Não estou triste que eles não estão mais juntos.

Fiquei abrindo e fechando a boca por alguns segundos. Aquela garotinha estava claramente brincando comigo.

No entanto, quando olhei para ela com uma sobrancelha arqueada, ela não tinha mais o sorriso espertinho no rosto e sim, encarava o caminho a frente o cenho franzido como se estivesse relembrando algo.

— Tio Max era legal, apesar de eu ser pequena demais para lembrar de muitas coisas. — ela disse ponderando como se fosse muito mais velha do que aparentava. — Ele sempre brincava comigo e me empurrava alto no balancinho da pracinha, mas ele fazia a tia Liv chorar. E eu não gostava disso.

Parei de pedalar quase que bruscamente, Lucy parou a poucos metros de distância quando percebeu que eu não estava mais ao seu lado.

— Como assim ele a fazia chorar? — Será que Max era um agressor de mulheres?

Eu esperava que não, para o meu próprio bem porque eu acabaria preso se aquele fosse o caso e eu acabasse trombando com ele na cidade.

Agressão contra mulher era uma das coisas mais covardes que existiam e só de imaginar Olivia se encolhendo num canto com medo de apanhar de um canalha...

— Eu não sei muito bem. — Lucy respondeu minha pergunta e interrompeu meus pensamentos. — Acho que ele dizia algo a ela que a deixava triste. Então ela ia ficar sozinha para chorar. Acontecia várias vezes. Tia Liv não gosta de chorar na frente de ninguém, ela só chorava na minha frente porque eu sempre achava ela.

Voltei a pedalar.

Ainda não tinha certeza, mas pelo menos estava meio convencido que Max não a agredia.

Contudo, eu também sabia o quanto algumas palavras poderiam fazer tanto estrago quanto a força bruta.

E fiquei surpreso ao notar que também não me agradava em nada a ideia de Olivia chorando por causa de um homem.

— Você não faz a tia Liv chorar, né, tio Sebastian?

— Érr...eu espero que não. — Provavelmente Olivia chorava por mim de desgosto e de raiva, mas era complexo demais para explicar aquilo para Lucy.

— Eu acho que o senhor faz a tia Olivia feliz. Tô animada que ela vai casar também.

— Também?

— É... Tio Max se casou com a melhor amiga da tia acho que ano passado. A tia Becca.

— Ele se casou com a melhor amiga de Olivia?

Lucy assentiu.

— Tio Max ficou um tempo sem aparecer e a tia Liv vinha sozinha para os feriados. Alguns meses depois, teve a festa de casamento com a tia Becca.

Puta merda.

Se a cronologia de Lucy estivesse certa, era muito provável que o término de Olivia e Max tenha sido causado pelo caso que ele estava tendo com...a melhor amiga dela?

Sério, aquilo começava a explicar tanta coisa sobre o jeito de ser de Olivia.

— Tio Max está feliz. Tia Liv também vai ficar depois que vocês se casarem, não é?

— Claro, Lucy, — Mas eu mal estava ouvindo as coisas ao meu redor enquanto minha mente processava as informações. — Claro.

✥✥✥


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Notas finais do capítulo

Heeyyy, meus amores!

Façam suas apostas: por onde andará Olivia Sartori? Sebastian já está a ponto de ter um piripaque

SEI QUE FALEI QUE PROVAVELMENTE TERIA UMA CENA EXTRA HJ, mas resolvi arrumar minha estante (e to até agora arrumando ), além disso a cena ainda não tá no tom que eu queria (prometo que sai em algum ponto nessa semana)

NÃO FIQUEM TRISTES PQ AMANHÃ TEM ATT DUPLA!

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