A Jornada da Fênix: O Ressurgir das Cinzas escrita por FoxFlameWarrior


Capítulo 24
The Tract


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, esse já é o penúltimo cap. da primeira temporada!!! Tô tão feliz!
Quem vem me acompanhando desde o inicio dessa história e leu as notas iniciais e finais sabe o quanto eu sofri, já pensei várias vezes em deletar a fic por achar que estava ruim ou por causa do problema que deu no meu word (Que aliás consegui consertar) e no meu celular (Que voltou a vida também).
Mas foi graças ao carinho de vocês que eu não abandonei A Jornada da Fênix.
Obrigada!!



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Estrela de Fogo estava sentado em cima da Pedra Grande observando todos entrarem nas tocas para irem dormir e, por um momento, ao ver Pata de Hera e Pata de Pomba entrando na toca aprendizes, se lembrou de Fênix em sua época de aprendiz, quase conseguiu visualizá-la entrando aos pulos com a jovem Coração de Cinzas, mas essa lembrança logo se foi junto com as irmãs que desapareceram
dentre as folhagens da entrada da toca.

O líder rubro desceu da pedra e se virou para entrar na sua toca, até que Garra de Amora Doce se aproximou de seu líder e fez um sinal de cauda dizendo que queria conversar. O gato cor de fogo esperou que o guerreiro marrom se aproximasse, e começou:

—Garra de Amora Doce, tem notícias de pra onde Fênix foi?

—Garra de Amora Doce: Fênix é esperta e rápida. Quando ela quer, ela desaparece e só é achada quando deixa que a encontrem. Eu sinto muito. (Notou o líder dar um suspiro de preocupação). Mas Fênix sabe se cuidar, ela fez isso por muitas estações, desde o Clã do Rio até aqui, não se preocupe tanto, ela vai ficar bem. (Disse otimista).

—Estrela de Fogo: Eu sei que está certo, mas ainda assim eu me preocupo, ela pode ser forte e habilidosa, mas está sozinha e não tem pra onde ir.

—Garra de Amora Doce: Eu sinto muito, Estrela de Fogo, mas não há nada que possamos fazer, e mesmo que tivesse, ela nunca aceitaria, Fênix provou isso quando se recusou a dormir no acampamento. (Suspirou). Ela não confia mais em nós.

—Estrela de Fogo: Eu sei. (Se voltou para a entrada de sua toca). Mas eu ainda posso tentar falar com ela. (Falou antes de entrar sem esperar resposta).

Garra de Amora Doce estava preocupado com o líder, Estrela de Fogo não estava comendo direito e passava tempo demais dentro de sua toca, podia contar facilmente quantas vezes o gato rubro havia saído para tomar um pouco do sol quente e confortável do começo da estação do renovo ou para se juntar a alguma patrulha desde que Fênix fora em bora após tirar-lhe uma vida. Ele devia ter se sentido traído, quebrado por dentro, criando uma ferida interna que nunca se curaria mesmo com a erva medicinal mais eficiente da floresta, possivelmente um ferimento que nunca cicatrizaria, que sangraria até que o líder perdesse as forças e tombasse sob as próprias patas enquanto carregava o peso da culpa nos ombros.

O representante entrou na toca dos guerreiros, antes de se acomodar, deu uma olhada ao redor para conferir se todos já estavam deitados, passando o olhar pela toca, reparou Coração de Cinzas sentada em seu ninho, de cabeça baixa, corpo arcado para frente e cauda enrolada em volta do corpo, parecia encarar as próprias patas, além de respirar pesadamente. Se aproximou dela:

—Coração de Cinzas? (Falou entrando na frente dela).

—Coração de Cinzas: Garra de Amora Doce? (Ajeitou a postura). Algum problema?

O guerreiro percebeu que a gata azulada estava com os olhos marejados. Ela estava chorando? Ignorou isso e continuou:

—Não deveria estar dormindo?

—Coração de Cinzas: Perdi o sono. (Falou dando de ombros).

—Garra de Amora Doce: Pelo menos, deite e descanse. Ou amanhã você não acorda para a patrulha do amanhecer.

—Coração de Cinzas: O que vai acontecer com ela? (Falou ignorando o que o representante disse).

—Garra de Amora Doce: Vocês eram amigas, não eram? (A guerreira assentiu. O representante então entendeu a preocupação da azulada). Fênix escolheu o caminho dela, não podemos fazer nada a respeito. Mas ela vai ficar bem, ela deve saber o que está fazendo.

—Coração de Cinzas: Bom... (Se deita no ninho). Da última vez que ela pareceu saber o estava fazendo, as coisas não deram muito certo. (Virou a cabeça para o lado oposto ao que o representante estava sentado, se aconchegando para dormir). Boa noite, Garra de Amora Doce.

[...]

Fênix acordou na mesma floresta escura na qual já despertara uma vez, continuava com a mesma bruma avermelhada e o céu escuro de antes, mas dessa vez se ouvia o som de um rio com água corrente seguindo calmamente por dentre as árvores mortas. Ouviu um galho se partir e preencher o silêncio, se virou rapidamente para a direção da qual viera o som e se deparou com o mesmo gato de antes, se bem se lembrava, ele se chamava Garra de Cardo.

—Garra de Cardo: Fênix. (Falou como um cumprimento).

—Fênix: Garra de Cardo. (Devolveu no mesmo tom).

—Garra de Cardo: Já tem uma resposta, eu suponho.

—Fênix: Eu gostaria de saber o que exatamente eu ganharia se viesse treinar aqui.

—Garra de Cardo: Eu já disse, você poderia descontar sua força e raiva enquanto luta contra os gatos daqui e pode até ficar mais forte com isso, além disso, muitos líderes de clã vieram parar aqui e talvez possam te ajudar com sua nova posição de líder. A propósito, o Clã do Sangue está de pé de novo, certo?

—Fênix: Por que quer saber? (Indagou se preocupando). 

—Garra de Cardo: (Suspirou). Me acompanhe. Estrela Tigrada vai te explicar.

—Fênix: Estrela Tigrada? (Falou reconhecendo o nome).

—Garra de Cardo: Apenas me acompanhe. (Falou enquanto se dirigia dentre as árvores).

Garra de Cardo ignorou todas as demais perguntas de Fênix, apenas continuou seguindo na frente, a gata negra começava a desconfiar sobre as intenções do gato acinzentado, se ele servia a Estrela Tigrada, então não era tão bom assim confraternizar com esses gatos, até porque se foram parar na Floresta das Trevas, suas razões para convidá-la a se juntar a eles no treinamento não seriam das melhores.

Pouco tempo de caminhada depois, estavam em uma clareira cheia de gatos, todos feridos e de pele meio apodrecida, como se estivessem entrando em decomposição, as únicas feridas que pareciam continuar intactas eram aquelas que lhes haviam causado a morte, supôs Fênix. Um deles se aproximou trotando, em seu pescoço havia uma ferida semelhante à um túnel, se aprofundava em sua pele e o sangue continuava a escorrer, mas ele parecia não se importar, quando estava mais perto, a gata negra o reconheceu como o próprio Geada de Falcão, o gato que havia tentado matar Estrela de Fogo.

—Garra de Cardo: Onde está Estrela Tigrada? A convidada já chegou!

—Geada de Falcão: Estou vendo. (Se voltou para Fênix). Já não nos conhecemos?

—Fênix: Acho que sim. Não foi você que tirou uma das vidas de Estrela de Fogo com uma armadilha de raposa?

—Geada de Falcão: Nada mal, baixinha. A não ser pela língua afiada! Além disso, você também tirou uma das vidas de Estrela de Fogo.

—Fênix: Como você... (Interrompida).

—Garra de Cardo: Como eu disse, estamos te observando desde que você deixou o Clã do Trovão. (Contornou os dois e começou a trotar em direção a uma grande pedra). Vou chamar Estrela Tigrada. Mostre o lugar a ela enquanto isso.

Assim que Garra de Cardo se retirou, Geada de Falcão deu uma patada na cabeça de Fênix e a derrubou, a gata negra logo se recuperou e avançou direto no pescoço do guerreiro, o mordendo próximo a ferida e o prensando no chão, com as garras se enfincando na terra e a ajudando a impedi-lo de se levantar, logo seus dentes penetraram a pele dele e o sangue jorrou para todo o seu focinho. A gata o soltou e ele se sentou, estava sorrindo com satisfação e seu novo ferimento não pareceu lhe incomodar muito, até porque ela só fez o suficiente para imobilizá-lo e não para matá-lo.

—Geada de Falcão: Você é uma assassina incrível, um bom treinamento e você será invencível. (Falou com o mesmo tom de voz de antes, como se a ferida não doesse).

—Fênix: Por que exatamente vocês me querem aqui?

—Geada de Falcão: Meu pai vai te explicar melhor, mas, por enquanto, você pode conhecer os outros gatos daqui. (Apontou para os outros com a cauda).

A guerreira seguiu meio relutante na direção que o gato lhe apontara, caminhava de cabeça baixa analisando cada indivíduo do lugar, todos possuíam cicatrizes horríveis, suas peles pareciam que desgrudariam de seus corpos a qualquer momento, a maioria tinha ferimentos não curados que ainda sangravam e pareciam infeccionados, mas nenhum deles se importava aparentemente.

Fênix notou uma dupla de gatos sentados em uma pedra, cada um carregando suas próprias cicatrizes, eles riam juntos, pareciam ser amigos ou algo assim, e aparentavam estar felizes, mas como poderiam ser felizes em um lugar como este? Claramente não havia água limpa ou comida, era triste ver que guerreiros de bom coração estavam em um local tão cheio de escuridão e podridão. Afastando esses pensamentos, a gata negra se aproximou deles pacificamente, só queria conversar.

—Fênix: Com licença. (Falou timidamente aos dois ao se aproximar o bastante). Eu...

A guerreira foi interrompida pelo gato marrom escuro com listras negras e olhos cegos que estava a sua frente:

—Você é aquela miniatura de gato que Garra de Cardo comentou, não é? Acho que ele não estava exagerando quanto ao tamanho afinal, não acha, Sombra de Bordo? (Falou divertido, mas com uma ponta da intenção de zombar do baixo porte da guerreira de olhos roxos).

—Sombra de Bordo: Estrela Partida! (Chamou-lhe a atenção a gata tricolor que completava a dupla). Desculpe, querida. Ele não gosta de novatos.

—Fênix: Tudo bem, já estou acostumada. (Falou não muito convencida se a gata ao seu lado realmente estava a defendendo ou se era só um “disfarce” para parecer legal).

—Sombra de Bordo: Bom, é sempre bom ter um novo rosto por aqui. (Se levantou, fazendo a gata negra notar o quão grande a outra ficava ao seu lado, mas nada temeu, afinal sempre era a menor de todos). Me diga, você sabe lutar, certo?

—Fênix: O que acontece se eu disser “não”? (Falou em um tom mais natural possível, como se fosse apenas uma simples pergunta).

—Estrela Partida: Nós te ensinaremos, é isso que fazemos aqui. É como um campo de treinamento para guerreiros insatisfeitos.

—Fênix: Certo. Mas eu não estou insatisfeita.

—Sombra de Bordo: O que ele quer dizer é que apenas aperfeiçoamos as habilidades de jovens guerreiros espertos que sabem que podem fazer
mais do que os outros pensam.

A guerreira negra estreitou os olhos, suas orelhas lentamente se colavam em sua cabeça, era como se seus instintos lhe estivessem colocando em posição defesa como uma forma de avisá-la que era uma armadilha, que não era seguro, mas, por algum motivo, Fênix confiava naquelas palavras, afinal, depois de ter sido subestimada por tanto tempo e ter desperdiçado as duas chances que tivera para fazer parte de um clã e cooperar para algo que realmente valesse a pena, a gata negra daria de tudo para provar seu valor novamente.

Foi tirada desses pensamentos quando uma voz grossa e áspera ecoou pelo silêncio entre os três gatos:

—Então, essa é a tal Fênix, a filha daquele que me matou no dia da minha inegável vitória.

Ela virou-se e avistou a figura mais assustadora que poderia imaginar, já tinha ouvido muitas histórias sobre Estrela Tigrada, soube como havia
vivido e morrido: com ambição no coração, e isso o levou a morte. Só de ouvir já ficava arrepiada, mas vê-lo pessoalmente foi como uma fria onda eletrizante de medo e pavor, lhe subindo pela espinha e deixando todo o seu pelo em pé, mas demonstrar suas fraquezas nunca foi de seu feitio:

—Sim, sou eu. E você deve ser Estrela Tigrada.

Sua voz saiu mais firme do que esperava, mas seu desespero ao ver as feridas do gato a sua frente ainda eram presentes: ele tinha uma cicatriz horrível que começava no queixo e ia até a base do estômago. Ouviu dizer que a barriga dele havia sido aberta ao meio e nove de seus órgãos haviam sido gravemente atingidos, isso era evidente na forma como o corte se estendia em seu corpo. Fênix continuou:

—Por que me chamou aqui?

—Estrela Tigrada: Eu estive pensando, e imagino que Garra de Cardo já tenha te explicado que estamos a algum tempo acompanhando suas atitudes, e quando você tirou uma das vidas de Estrela de Fogo, decidimos que te queremos do nosso lado.

—Fênix: De fato, ele me disse. Mas eu não entendo a razão de vocês estarem querendo me ajudar, eu nem conheço vocês e vice-versa.

—Estrela Tigrada: Só queremos ajudar, afinal só estamos tentando evitar que jovens como você cometam os mesmos erros que nós.

—Sombra de Bordo: Exatamente. Só o que queremos em troca é que siga nossos conselhos e passe longe dos caminhos que nós escolhemos para nossas vidas, isso só nos trouxe dor, e cá estamos: na Floresta das Trevas. (Disse com as orelhas baixas).

—Garra de Cardo: Cabe a você escolher. Mas deve fazer isso agora, em breve vai amanhecer e você deve voltar ao seu clã no ninho dos Duas Pernas.

—Fênix: Bom, eu... (Suspirou). Certo, eu aceito. (Falou ainda meio relutante).

—Estrela Tigrada: Ótimo. Nos vemos amanhã à noite.

Antes que Fênix pudesse responder, tudo se escureceu novamente e ela abriu os olhos, ainda estava deitada em cima do galho, um feixe de luz passava dentre as copas das árvores e atingia seu rosto. Ela ergueu a cabeça e olhou em volta, se lembrando de tudo o que acontecera no dia anterior e do que havia passado em seu sonho, se é que aquilo foi mesmo só um sonho.

[...]

—Geada de Falcão: Gatinhos de gente acreditam em qualquer coisa. (Falou com desprezo).

—Garra de Cardo: É incrível como os desesperados se deixam levar tão fácil assim, achei que ela era mais esperta que isso.

—Estrela Tigrada: Eu sei. Mas conseguimos, e é só isso o que importa! Fênix está em nossas patas agora, e se ela tiver um pingo de semelhança com o pai, então não será difícil acender uma chama de ambição nela. Flagelo queria a floresta para si, eu sei que podemos fazê-la abraçar essa vontade também.

—Sombra de Bordo: E se ela não corresponder as nossas expectativas?

—Garra de Cardo: Então nós a matamos.


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