The Mystery of The Tower escrita por Morgan


Capítulo 4
Terceiro ato


Notas iniciais do capítulo

boa leitura! ♥



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O Natal sempre fora a época do ano favorita de Rose Weasley. Talvez fosse o clima frio e a neve que tomava conta de todo o castelo, talvez fossem as xícaras de chocolate-quente que Benjamin sempre roubava das cozinhas apenas para ela, ou, então, talvez fosse simplesmente o fato de ser uma Weasley e saber que passaria aquela época do ano n’A Toca, que a partir do primeiro dia de dezembro já estava tomada por decorações natalinas de ponta a ponta. Rose tinha certeza que poderia procurar em todo o mundo, nunca acharia um pinheiro de natal mais bonito do que o que a sua avó Molly decorava no meio da sala. Rose suspeitava que era assim para grande parte de sua família também. Os seus tios eram muito ocupados e grande parte de seus primos já haviam saído de Hogwarts, assim, o natal era a única época do ano em que todos tinham plena certeza de que se juntariam. Estar rodeada pela família que tanto amava era maravilhoso.

Rose gostava de ver Albus e James discutindo como duas crianças enquanto Teddy tentava acalmar os ânimos, gostava de ver Dominique se impor quando ouvia algum comentário conservador demais, gostava até mesmo de ver Louis e Arthur George, os primos mais novos, correndo pela casa, ameaçando derrubar todas as bandejas que ela cuidadosamente carregava em direção à mesa de jantar. Tudo isso lembrava infância e, não obstante, era um duro lembrete de que aquele era o último natal em que ela seria considerada isso também: apenas mais uma das crianças Weasley de Arthur e Molly.

— Quer dizer que este ano o Malfoyzinho não vem? – Brincou Ron assim que Rose juntou-se aos amigos na sala depois de ajudar a sua tia Fleur com a torta especial de biscoito. – Acho uma ótima troca, Albus. Sempre gostei mais do garoto Chang.

Benjamin riu. Sabia que aquilo não era sobre ele e nem sequer sobre Scorpius. Era, antes de tudo, sobre Ron Weasley e Draco Malfoy.

— Não troquei ninguém, tio Ron – falou Albus. – Ben é o meu namorado, Scorpius é o meu melhor amigo. Sempre foi assim.

— Então por que ele vivia enfurnado aqui?

Benjamin enviou um olhar significativo a Rose.

— Acho que ele apenas gosta da sua família, Sr. Weasley, exatamente como eu.

Ron não percebeu o que o olhar do lufano significava, nem mesmo a risada cúmplice que Albus soltou. Quem sabe percebesse caso houvesse virado-se e flagrado a expressão culpada da filha, mas ele não o fez, apenas riu e mudou de assunto: agora querendo saber como estava o filho mais novo de algum ex-colega de sala.

— Você é péssimo – falou Rose sem fazer barulho. Ben piscou para ela em resposta.

A ruiva suspirou e voltou-se para a grande janela que o seu tio Percy havia instalado no andar debaixo da casa no verão anterior quando Molly alegava estar sentindo mais calor do que nunca, e foi então que ela viu as inconfundíveis ondas brilhantes que eram os cabelos loiros de Victoire. A prima estava caminhando sozinha e parecia ir em direção ao pomar. Rose não pensou duas vezes antes de pedir licença e abandonar a sala de estar. Conhecia muito bem a família que tinha e sabia que não teria nenhuma outra chance de falar com a prima com privacidade, especialmente não quando Teddy chegasse do Ministério da Magia.

Victoire estava sentada em cima do pé de árvore quando Rose chegou ao final do pomar, havia uma cesta em seu colo lotada de pequenas amoras.

— Oi, Rosie.

— Vic, você sabia que somos bruxos, não é?

A mais velha dos primos Weasley riu. Rose achava a risada da garota linda, era sincera, contagiante e alta – Victoire nunca teve vergonha de rir alto, não importava onde estivessem. A sua avó francesa odiava isso.

— Só não quero estar ali quando Teddy chegar.

— Vocês discutiram novamente?

Victoire deu de ombros.

Não era uma novidade para alguns membros da família que Teddy e Victoire vinham discutindo mais do que o comum ultimamente. O motivo, para Rose, também não era uma novidade. Teddy contou para James Sirius, que contou para Albus, que obviamente contou aos três melhores amigos.

— Ele é muito cabeça-dura.

— Não é como se você ficasse muito atrás – comentou a ruiva. Victoire desviou os olhos das pequenas amoras que arrancava apenas para olhar para a prima. – Lembra do seu último ano em Hogwarts? Como Teddy estava atrasado para assistir a sua formatura e você simplesmente recusou-se a assinar o livro de Hogwarts até ele chegar? Eu ainda me lembro da expressão da diretora McGonagall.

— Como posso estar sendo cabeça-dura se apenas quero ficar ao lado dele? – Victoire fechou a cesta que segurava e a jogou no chão, pulando da árvore logo em seguida. – Me parece que ele é quem não quer ficar comigo.

— Não seja boba, Vic. Você sabe que o Teddy ama você mais do que qualquer outra pessoa.

— Então por que diabos ele está discutindo comigo para me mandar para França?! – O tom de voz da garota aumentou, as bochechas pareciam coradas e Rose teve certeza que aquela deveria ser a primeira vez que a prima dizia essas palavras em voz alta para qualquer outra pessoa.

Rose não pensou muito para responder.

— Porque ele ama você mais do que qualquer outra pessoa. E ele é o Teddy. Ele não está pensando nele e nem na relação de vocês, está apenas pensando em você. E, no momento, o melhor para você seria, sim, aceitar a vaga na Galeria de Artes Greengrass da tia de Scorpius.

— Eu não quero ficar longe dele – a voz de Victoire saiu baixa.

— E nem ele. São apenas circunstâncias, Vic. Ele não está querendo se livrar de você. Teddy apenas tem muita fé no amor que vocês dividem, assim como todos nós.

Victoire suspirou.

— Quando foi que você cresceu?

Rose revirou os olhos e as duas começaram a andar em direção à Toca. Rose já havia desistido de perguntar alguma coisa à prima. Aparentemente, ela parecia querer muito desabafar naquele momento, portanto, as suas perguntas poderiam esperar.

Exceto que, é claro, Victoire já tinha uma certa experiência com os primos mais novos, especialmente com Rose.

— Mas e você? O que queria?

— Eu? – Rose balançou as mãos na frente do corpo. – Nada. Só vi você entrando e pensei em te fazer companhia.

Victoire riu.

— Não acreditei nisso quando você entrou em Hogwarts e precisava de mim para se esconder de Scorpius Malfoy e não acredito agora, Rosie. É sobre ele?

— Não! Por que todos acham que quero falar sobre ele?

A loira riu, dando de ombros enquanto os olhos azuis brilhavam em divertimento, dizendo: – Por que será?

Rose pigarreou, tentando mudar de assunto.

— Bom, mas já que você tocou no assunto... – começou. – Porém pode ser um pouco delicado. Não sei nem se é correto tocar neste assunto com você.

— Você só vai saber se falar.

— Max Jones. Você a conhecia, não é?

Os pés de Victoire pararam no meio do caminho, fazendo com que virasse para encarar Rose.

— Max? Como... De onde... – as frases padeciam antes de serem completadas. Victoire, que sempre odiava sentir-se confusa e não eloquente o suficiente apenas parou, respirou fundo e começou novamente. – Sim. Eu conheci. Como você sabe disso? Como você sabe sobre ela?

— Os meninos me contaram que você e Teddy eram amigos dela – respondeu cautelosamente. – E... bem, eu sei sobre ela porque a conheci também.

Os olhos de Victoire não possuíam mais nenhum ar de divertimento, estavam fixados na prima, ansiosos e procurando respostas.

— Ela está morta.

— Eu sei, mas ela também está em Hogwarts.

O ar de Victoire pareceu parar por um minuto inteiro. Ela deu alguns passos para trás, encostando-se na primeira árvore que as costas tocaram.

— Ela ainda está em Hogwarts?

— Sim.

— Mas ela não estava lá antes. Fantasmas aparecem assim que... que... você sabe.

— Eu só comecei a vê-la no meu terceiro ano. Acho que foi assim para todo mundo.

— Depois que eu parti?

Rose juntou-se à prima e logo ambas estavam sentadas na grama. Victoire parecia assustada e a Weasley arrependeu-se imediatamente de ter falado sobre aquilo com a prima, que já não parecia tão bem assim. Ela pensou que talvez fosse melhor com a Delacour do que poderia ser com Teddy, mas parecia que havia errado outra vez.

— Faz algum tempo que nós conversamos. Ela gosta de me fazer abrir os livros da biblioteca para que ela possa lê-los também. Livros sobre danças mágicas, principalmente.

— Isso soa como ela – Victoire olhou para Rose. – Mas não entendo. Por que você está falando sobre isso agora?

— Eu... Bem, eu não sabia a forma que ela havia morrido. Quando soube, percebi que não fazia muito sentido. Ela tirou a própria vida e, ao mesmo tempo, escolheu passar o resto de seus dias trancafiada no lugar onde, aparentemente, queria fugir? – Rose fez uma pausa. – Eu fiz algumas perguntas por aí. Não há nenhum outro fantasma no castelo que morreu como ela, ao menos nenhum que tenha escolhido ficar.

— O que você quer dizer?

— Você realmente acha que ela tirou a própria vida?

— Eu... – Victoire engasgou. – Eu... Não entendo. Foi o que disseram!

— Sim, mas é o que você realmente acha? Você acredita nisso? É algo que Max faria?

Victoire ficou em silêncio pelo que pareceram noventa milhões de segundos.

— Um dos professores me disse, logo após o que aconteceu, que há coisas que não sabemos. Que Max poderia estar sentindo algo tão horrível dentro de si que foi difícil suportar, mas que tudo bem. Não era culpa dela.

Rose não disse nada. Continuou observando a prima, que parecia imersa nas próprias memórias enquanto fitava um espaço vazio à sua frente.

— Eu sei disso, sei mesmo. Contudo, não acho que Max sentia algo tão horrível dessa forma, tão grande que não cabia mais dentro de si e nós não percebemos. Ela teria nos contado algo, eu sei que teria. Essa era Max. Se ela estava escondendo algo, então estava fazendo isso muito bem. Quando tudo aconteceu, eu não acreditei, no entanto, dizer isso perto de Teddy era como torturá-lo um pouco mais todos os dias. McGonagall e Longbottom disseram que haviam investigado e tudo parecia como o esperado. Os Aurores também. Eventualmente, eu abandonei a ideia. Aceitei que a minha amiga apenas havia nos deixado.

— Um tempo atrás, o irmão dela entrou em Hogwarts. Demorei para lembrar, mas percebi que durante todo o tempo de Peter no castelo, Max desapareceu. Era como se ela estivesse fugindo dele.

— Talvez estivesse. Ver o fantasma de um ente querido, mesmo em Hogwarts, é doloroso. Não apenas por saber que aquela pessoa se foi, mas por vê-la presa no nosso mundo.  

— Essa é a questão: por que ela está? Tudo parece esquisito demais, você não acha? Sei que não posso garantir nada, Vic, mas há algo de errado. Foi por isso que eu vim até você.

— Rose... Se você pode vê-la, deveria perguntar a ela. Quem mais saberia?

— Não acho que ela lembre.

— Deveria tentar da mesma forma. É a vida dela. Eu também achei que havia algo de errado quando aconteceu, mas nunca tive provas e ela não estava lá – Victoire respirou fundo. – Merlin, não acredito que ela ainda está lá. Está lá há todo esse tempo e nunca pude vê-la!

— Talvez ela tenha pensado que teria sido ruim para você e para Teddy como seria ruim para Peter.

Victoire apenas balançou a cabeça, os olhos pareciam marejados, então, sem pensar muito, Rose agarrou a mão dela em um aperto carinhoso.

— Sentimos tanta falta dela, Rose. Tanta. Foi tão difícil. Todos os dias foram difíceis. Até hoje eu me pego pensando como teria sido. Max seria uma bailarina famosa, rica, seria minha madrinha de casamento também. Não há ninguém melhor para isso do que ela. Eu não me importaria de vê-la mais uma vez.

— Tenho certeza que ela também sente falta de vocês, mesmo que não fale sobre isso. Antes de voltar para Toca, ela pediu para que eu desejasse um feliz natal para toda a família. É óbvio que, na verdade, tudo que ela queria dizer é que a mensagem pertencia a você e a Teddy.

Então Victoire chorou. Chorou por mais tempo do que Rose pensaria ser possível e parou tão repentinamente quanto havia começado. A francesa mirou os olhos azuis de Rose, parecendo determinada.

— Se você estiver certa...

— Se eu estiver certa, vou provar, Vic. Não se preocupe.

Victoire Weasley negou com a cabeça no mesmo instante. A mão livre cobriu a de Rose, apertando-a com força, quase desesperada.

— Não, Rose. Se você estiver certa, existe um assassino solto por aí. Talvez até mesmo solto em Hogwarts.


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Notas finais do capítulo

então, o que acharam? sei que o foco da história é outro, mas não consigo não contar um pouco sobre outros personagens, como o Teddy e a Vic hahah. esses são os capítulos que eu tinha pronto, agora preciso escrever os dois últimos, então pode ser que demore um pouquinho para sair, mas tudo bem pq dá tempo para todo mundo criar a própria teoria hahaha. me contem nos comentários o que estão achando! até o próximo ♥



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