Detetive Potiguar VERSÃO ROTEIRO escrita por Helen
Notas iniciais do capítulo
a parte final :)
44 EXT. CASA DE CLEITON (QUINTAL) - NOITE
O quintal não é muito grande. O chão dele é todo de cimento e há uma pequena área de serviço num canto. Do outro lado, o varal.
Cleiton corre até o quintal, onde se esconde atrás de uma máquina de lavar. Ele se senta e olha para o céu.
CLEITON ADULTO
Minha Nossa Senhora, me ajude!
Linaldo aparece com pressa, irritado e meio tonto.
LINALDO
Cariri! Eu vou matar você!
Cleiton olha rapidamente para Linaldo, e depois pra cima de novo.
CLEITON ADULTO
Rápido!
Linaldo vai se aproximando da máquina de lavar quando um outro homem aparece atrás dele, com uma pistola apontada.
PAI DE MIXELE
Paulo!
Linaldo se vira, assustado, e leva um tiro na testa, sem tempo para reagir. O corpo dele cai no chão, sem vida. O PAI DE MIXELE se aproxima de CLEITON na máquina de lavar.
PAI DE MIXELE (cont'd)
Tudo bem, detetive?
CLEITON ADULTO
(um pouco confuso, mas agradecido)
S-sim... Muito obrigado.
PAI DE MIXELE
Quando minha filha disse que ia terminar com ele por causa da traição, ele fez um escândalo em casa. Disse que ia pegar o senhor a qualquer custo. Bem... ainda bem que eu estava aqui pra impedi-lo.
CLEITON ADULTO
(respirando nervoso)
Ah... entendi... mas rapaz...
(olha para o corpo de Linaldo)
O senhor é bom de mira, né?...
PAI DE MIXELE
Ah, eu fui policial algum tempo.
(ele coça a nuca rapidamente)
Mas agora eu trabalho em outras áreas.
CLEITON ADULTO
É... Foi por um triz, né? Muito obrigado, de novo.
PAI DE MIXELE
Sabe, a carreira de detetive particular pode ser muito perigosa se você não tiver uma arma.
CLEITON ADULTO
Eu sei. Mas só ser detetive não me garante uma, sabe? Eu teria que ter uma licença ou algo assim.
PAI DE MIXELE
Sabe, talvez eu possa te ajudar nisso.
CLEITON ADULTO
Pode?
PAI DE MIXELE
Que tal você trabalhar para mim?
CLEITON ADULTO
Pro senhor? Mas... no que?
PAI DE MIXELE
Sendo um detetive, é claro. Investigar pessoas suspeitas... esse tipo de coisa. Mas com armas e tudo.
CLEITON ADULTO
Ah... bem... tá bom. Mas eu vou cobrar o mesmo que eu cobrava.
PAI DE MIXELE
Hahah, não se preocupe com isso. Vou começar te pagando o triplo.
CLEITON ADULTO
Ah... então...
(estende a mão)
Temos um trato.
PAI DE MIXELE
Ótimo.
(aperta a mão)
CLEITON ADULTO
Ah, tem uma coisa que o senhor devia saber.
PAI DE MIXELE
O que?
CLEITON ADULTO
Eu acho que esse tal de Linaldo tava envolvido com o tráfico de drogas.
PAI DE MIXELE
(dissimulado)
Ah, isso explica o comportamento agressivo. Bem, eu preciso ir.
(se afastando)
Amanhã eu posso passar aqui pra te mandar um caso?
CLEITON ADULTO
Claro. Mas meu escritório é por trás da loja de bicicletas de seu Lima.
PAI DE MIXELE
Ah, então é melhor eu ir pra lá. Certo.
(ele para no meio do caminho)
Vou pedir pra alguém levar esse corpo daqui. Não ia ser bom que alguém pensasse que foi você que atirou nele, não é?
CLEITON ADULTO
Com certeza não.
PAI DE MIXELE
Pois bem. Eu conheço um amigo que trabalha numa funerária. Ele vai saber o que fazer. No mais, é isso. Boa noite, detetive Cariri.
CLEITON ADULTO
Boa noite... seu...?
PAI DE MIXELE
Pode me chamar de Saulo.
CLEITON ADULTO
Saulo. Boa noite seu Saulo.
45 EXT. CASA DE CLEITON (FACHADA) - NOITE
Os dois saem pela porta da frente. O PAI DE MIXELE se despede mais uma vez e entra no carro. Lá dentro, ele faz uma ligação.
PAI DE MIXELE
(no telefone)
Ei, vou precisar que você tire um corpo.
VOZ DESCONHECIDA
Onde?
PAI DE MIXELE
Eu vou te mandar a localização. Mas eu não te liguei por causa disso. É que eu consegui o detetive que a gente tava querendo.
VOZ DESCONHECIDA
Que bom. Qual é o antecedente dele?
PAI DE MIXELE
Nenhum.
VOZ DESCONHECIDA
Como assim 'nenhum'? O cara é um civil?
PAI DE MIXELE
É. Mas ele não precisa saber do que a gente faz.
VOZ DESCONHECIDA
Saulo, tu sabe que isso não vai dar certo.
PAI DE MIXELE
Quando ele perceber, já vai ser tarde demais.
VOZ DESCONHECIDA
Tu tem que ter cuidado com essas coisas.
PAI DE MIXELE
Não se preocupe. Não vê a Mixele? Ela até hoje acredita que eu trabalho com guincho. Ganhando todo o dinheiro que eu ganho.
VOZ DESCONHECIDA
É... Mas qual é o nome dele?
PAI DE MIXELE
Detetive Cariri. Confia em mim, ele vai fazer bem o trabalho dele.
VOZ DESCONHECIDA
Se você diz...
46 INT. CASA DE CLEITON (SALA) - NOITE
Cleiton entra na sala, se jogando no sofá. Ele começa a assistir a TV, que ainda está ligada.
CLEITON ADULTO (V.O.)
Essa foi por pouco. Ainda bem que o pai de Mixele tava de olho. Se não eu tinha morrido ali mesmo.
CLEITON ADULTO
(olha pra cima)
Brigado, minha santa.
(volta a olhar para a tv, desconsolado)
CLEITON ADULTO (V.O.)
Bem, ainda assim não foi um caso dos grandes. Teve até uma ação, mas... bem, o tal do Detetive Ness não ficou conhecido por expor traição de marido, né?
(suspira)
Talvez um dia eu pegue um caso grande o suficiente pra abalar esse país. Pra ganhar uma medalha, ou coisa do tipo. Mas por hoje...
CLEITON ADULTO
Eu sou apenas um detetive potiguar.
FIM.:
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